segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Há horas para tudo...


«Pinto da Costa entregou o Dragão de Ouro a Villas-Boas e recebeu em troca um relógio. Mas não um relógio qualquer. Um Franck Muller, de edição muito limitada a 33 cópias, tantas quantas os anos de vida do agora treinador do Chelsea. O que o presidente portista levou consigo para Chipre, para ver se dá sorte à equipa, é o número 1. O zero está no pulso direito do "Treinador do Ano".»
in ojogo.pt


Ao levar para Chipre o relógio que André Villas-Boas lhe ofereceu na semana passada e ao fazer questão de divulgar esse facto, até parece que Pinto da Costa está a fazer de propósito em "picar" a franja de adeptos portistas que não aceita a entrega de um Dragão de Ouro a Villas-Boas.

Eu estou à vontade porque, como já referi várias vezes, entendo que o Dragão de Ouro para o treinador do ano foi muito bem entregue mas, respeitando quem pensa de forma diferente, acho que não havia necessidade de por mais sal na ferida. Há horas para tudo...

domingo, 30 de outubro de 2011

Quem paga aos Rodríguez?


Vejo isto [situação do central Rodríguez] de forma desagradável, porque não quero por em causa o profissionalismo de um jogador. É jogador do Sporting e não da seleção do Peru. Quem lhe paga é o Sporting. Fico triste, mas quero acreditar que seja uma coincidência [estar lesionado no SCP mas depois jogar pela sua seleção].
Domingos Paciência, 29/10/2011


Pois é Domingos, tens de ter paciência. Já devias saber que há jogadores que, de forma descarada, põem os interesses pessoais e dos seus clubes à frente das selecções (não é Danny?) e há outros, principalmente jogadores sul-americanos, que fazem exactamente o contrário.

Qual é o problema se o Rodríguez regressar novamente lesionado da sua seleção? O SCP vai continuar a pagar-lhe, não vai?

Este caso do Alberto Rodríguez fez-me lembrar uma situação idêntica, ocorrida há dois anos atrás, e por coincidência protagonizada por um outro Rodríguez.

Só lamento que a "cebola" amarga, adepto fervoroso do Peñarol, ainda faça parte do plantel azul-e-branco.

SMS de uma manhã dominical


Houve muita especulação tipicamente portuguesa acerca das "verdadeiras intenções" da atribuição do Dragão de Ouro a André Vilas Boas (para o português, um tipo desconfiado por natureza, as coisas nunca são o que parecem). Pois bem, ontem, depois de ver o resultado final do Chelsea-Arsenal, eu concluí: com a atribuição deste prémio e toda a efusão que demonstrou para com Vilas Boas, Jorge Nuno Pinto da Costa pretenderia apenas convencer o nosso ex-treinador a levar para Londres o Vítor Pereira, que tanta falta vem manifestamente fazendo ao "cenoura". E mais: desta vez fará um desconto de € 17.999.999.

sábado, 29 de outubro de 2011

O slb quer manter Vítor Pereira


«O Benfica quer manter Vítor Pereira na cadeira das nomeações e trocou o apoio, inequívoco e sem contrapartidas, a Fernando Seara pela manutenção do “status quo”, que tanto criticou há duas épocas. Foram essas críticas, aliás, que levaram Vítor Pereira a alterar o seu comportamento em relação às nomeações para os jogos do Benfica. Ia “entrar em campanha”. Não lhe interessava ter um clube com a representatividade do Benfica a criticá-lo publicamente. E, por isso, acabou com as análises de cinco em cinco jornadas. Sintomático.

Fica bem claro que aos nomeadores não são concedidas condições que os levem a fazer um exercício de autonomia plena e independência. Nem os nomeadores parecem muito preocupados com a ausência dessas condições. São pressionados e coagidos; infletem as estratégias com total despudor – e siga a banda...

Significa isto duas coisas: que, na verdade – deixemo-nos de hipocrisias –, é muito importante ter no Conselho de Arbitragem um responsável sensível às sugestões e às “reações”; perante essa “inevitabilidade”, a alegada capacidade para realizar, inovar e reformar, que estaria ao alcance de Seara, conta “zero”...

O Sporting não estava satisfeito com Vítor Pereira e com as arbitragens na Liga, mas depois de ensaiar esta época um combate semelhante ao dos encarnados na temporada anterior, com a eficácia que ora salta à vista – onde está o desejo de afirmação da autonomia propalada por Vítor Pereira? –, percebeu que poderia ir a reboque do Benfica, com mais ou menos ruído...

Godinho Lopes apoia Fernando Gomes e, cumulativamente, Vítor Pereira.»

----------

O texto anterior é da autoria de Rui Santos e foi retirado de um artigo publicado no Record na passada quinta-feira, dia em que foram entregues as duas listas que vão concorrer às eleições da FPF.

A minha "simpatia" pelo comentador da SIC e ex-jornalista de A Bola é conhecida dos habituais leitores do RP, mas não posso deixar de elogiar a forma desassombrada como, neste artigo, desmascara a hipocrisia, contradições e reais intenções dos dirigentes do slb (e, por arrasto, do SCP).

Qual verdade desportiva, qual carapuça! O que eles querem é alguém da sua confiança a nomear os árbitros e o resto é conversa.

E se, para atingir esse objectivo estratégico, for preciso deixar cair os amigos (Fernando Seara) e "apoiar inequivocamente" um portista (Fernando Gomes) para a presidência da FPF, nem hesitam.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Não há "vacas sagradas"


"A segunda parte foi mais conseguida, jogámos com uma equipa bem organizada, bem trabalhada, que sai com qualidade nas transições ofensivas. Na primeira, circulámos a bola num ritmo baixo e tivemos dificuldade em encontrar espaços. Na segunda a dinâmica foi diferente."
Vítor Pereira


O Moutinho é melhor que o Defour e o Kléber é melhor que o Walter. Naturalmente, estas duas substituições, e o facto de estar a ganhar, fizeram com que a equipa melhorasse na 2ª parte.

Contudo, o momento do jogo é a substituição de Hulk por James. Não sei se com esta substituição Vítor Pereira ganhou uma equipa mas, seguramente, conquistou um maior respeito entre os adeptos.

No FC Porto não há, não pode haver, "vacas sagradas" e é bom que todos percebam isso, a começar pelo incrível Hulk, o melhor jogador do plantel.


Fotos: record.pt

Perguntas para a AG do clube

Infelizmente não pude estar presente na AG de ontem (a distância é um problema, ainda mais quando o clube comunica a data no próprio dia...). Mas se estivesse, há umas quantas perguntas - e que dizem respeito ao clube, já que não deixam que se fale de futebol na AG do clube - que gostaria de colocar:


1) quais foram os contornos ao certo do negócio Porto Canal? Qual o impacto esperado nas contas do clube nos próximos 2 ou 3 anos?


2) qual a estratégia para os escalões jovens das modalidades (pegando por ex no caso dos escalões femininos do básquete que foi aqui abordado num artigo do RP pelo José Correia)?


3) Que planos existem para melhorar a comunicação com os sócios (pegando por ex no anuncio desta AG no site do clube no proprio dia)?


4) Qual e' o ponto da situação no museu (timings, financeiro, imagens do projecto, etc)?


5) Estão todos os salários nas modalidades em dia, e estiveram sempre nos últimos meses? Se não, porquê, e como vai isso ser evitado no futuro?


Teria também 3 propostas a apresentar a moção:


1) aumentar de 20 para 50% de receitas de quotas que vai para o clube (vs SAD).


2) levar à AG da Futebol SAD uma proposta para aumentar de 0 para 20% o lucro do merchandising )Porto Comercial) que vai para o clube (vs SAD).


3) estabelecer que a decisão para extinção ou criação de novas modalidades (ou de escalões de formação) seja tomada em AG extraordinária após consulta e discussão com os sócios.


Para rematar: publiquei aqui há dias um artigo a criticar o público do Dragão e nomeadamente os assobios - mas a bem dizer a Direcção não se pode queixar muito de que os sócios se comportem como meros espectadores de ópera quando os trata, ela própria, como meros consumidores de produtos (bilhetes, merchandising)... e não como sócios. Food for thought...

Evitou borrar as contas 2010/11







Sem a contabilização da cláusula de rescisão paga pelo Chelsea - 15.000m€ - qual teria sido o resultado das contas 2010/2011?
É só fazer uma continha de subtrair...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

AG - Anunciada hoje, para hoje!

27/10/2011
Assembleia Geral esta quinta-feira, pelas 20h30

O relatório e contas do FC Porto, relativo ao período entre 1 de Julho de 2010 e 30 de Junho de 2011, é discutido esta quinta-feira, pelas 20h30, no piso -3 do Estádio do Dragão, em Assembleia Geral ordinária.

A ordem de trabalhos é a seguinte:

1 – Apreciação, discussão e votação do Relatório e Contas da Ex.ma Direcção e respectivo Parecer do Conselho Fiscal, referente ao período de 1 de Julho de 2010 a 30 de Junho de 2011;

2 – Meia hora para serem tratados assuntos de interesse para o Clube.

Se à hora marcada não estiver presente o número de Associados imposto estatutariamente, a Assembleia reunirá, em segunda convocatória, no mesmo local e com a mesma Ordem de Trabalhos, uma hora depois, com qualquer número de Associados presente, de acordo com as disposições estatutárias.

www.fcporto.pt


Será que não há interesse em ter os sócios nas assembleias?
Se há interesse em que os sócios participem activamente no clube, porquê de ter sido anunciada (ou, espero que não, marcada?) apenas no próprio dia, no site oficial do clube?
Será que este anúncio tão em cima da hora a ver com o momento de forma da equipa de futebol, ou com os resultados expressos no relatório e contas da SAD?

Não que eu tenha razão em algumas das questões acima, mas dá que pensar…

O que se passa com Moutinho?

«João Filipe Iria Santos Moutinho tem 25 anos, 1,70m de altura para 61kg de peso. Jogou os 90 minutos nos últimos seis jogos da campanha portuguesa para o Euro 2012, soma 38 internacionalizações pela selecção A e conquistou nove títulos oficiais na sua carreira: uma Liga Europa, uma Liga portuguesa, três Taças de Portugal e quatro Supertaças, quase metade deles (4) depois da sua sensacional transferência do Sporting para o FC Porto, no final da época 2009-2010.

Se quiséssemos continuar com números e estatísticas, havia muito por onde seguir, desde os quilómetros que corre em campo até à eficácia dos seus passes. Mas concentremo-nos numa coisa: João Moutinho é um dos futebolistas mais aplicados, talentosos e regulares a actuar em Portugal. OK, são três coisas. Fiquemo-nos pela última.

Na época passada, provavelmente a melhor da história do FC Porto, Moutinho fez 27 dos 30 jogos da I Liga (com 2195 minutos jogados, foi o quarto mais utilizado da equipa), juntou-lhe mais 445 minutos na Taça de Portugal (cinco encontros), outros 155 na Taça da Liga (em três partidas), 81 na Supertaça (só um jogo) e ainda 1260 (em 17 embates) na Liga Europa. Deixando de fora os encontros particulares e os compromissos de selecção, foram 53 jogos, 4136 minutos (e mais o tempo de compensação...). Conhecendo João Moutinho, também sabemos que muito deste tempo em campo foi passado em alta rotação.

E, de repente, eis um João Moutinho cansado, pessimista, a falhar passes e tempos de entrada à bola, a confessar que as coisas não lhe estão a sair bem... Como?! João Moutinho, o mouro de trabalho, está cansado em Outubro?! Contem-me outra.»
Luís Francisco, 26/10/2011
in publico.pt


De facto, é pouco credível a ideia de que o Moutinho está cansado.

Após ter sido "promovido" ao grupo dos capitães e de ter sido premiado com um Dragão de Ouro, o que realmente se passa com João Moutinho?

Não é fácil dar uma resposta mas, para quem olha de fora, parece que um jogador que sempre foi um exemplo do colectivismo (um jogador à Porto, como diria Pinto da Costa), está a sofrer de alguns dos males da equipa: desorientação dentro de campo, pouca acutilância e baixo ritmo competitivo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ponto da situação



O ponto mais saliente desta primeira parte da época de 2011/12 e aquilo que a nós portistas mais deveria importar é, sem qualquer dúvida, a dívida para com o Standard Liége.

Qualquer outro assunto deve ser relativizado perante as potenciais consequências desta nossa (grave) falha.
Nem Vítor Pereira, nem Villas-Boas, nem Falcao, nem Kléber ou Walter. O que mais marcou este arranque, foi mesmo este inédito problema financeiro. Que não se repita, nunca.
O nosso prestígio está também aqui em jogo. Nem tudo se resume às quatro-linhas.

Quanto ao que se tem visto no relvado, e começando pelos nossos rivais, temos que, aqueles treinados por Domingos, estão numa sequência de vitórias raramente vista nos últimos anos por aquelas bandas.
E só de pensar que estiveram, em Paços de Ferreira, a escassos 15 minutos de verem toda a sua temporada arruinada...
Izmailov, antes de se voltar a lesionar para o resto do ano, marcou um golo (caído do céu) que tudo alterou. Depois, uma série de 2/3 jogos com abundância de "fortuna", fizeram o resto.
Teremos que esperar por um novo percalço para, de acordo com a reacção, vermos se temos, ou não, adversário a sério.
Que esteja para breve.

Já quanto aos orientados por JJ, aconteceu, mais ou menos, o de sempre. Naquela fase em que, verdadeiramente, se decide se duram, ou não, até ao último terço de época (ou seja, nos 4/5 primeiros jogos da temporada), o "amparo" arbitral pesou de forma significativa (principalmente nos jogos caseiros contra Feirense e Guimarães).
Depois, a comunicação social lisboeta fez o resto. Inclusive, transformando o empate europeu na Luz, perante o Manchester United, numa "grande vitória".
A confiança, essa parte tão complicada de se conquistar, foi assim aparecendo aos "empurrões".
E, pronto, desta forma aí estão eles lançados. Há que ter muito cuidado.

E nós? Bem, tudo ainda está algo vago no nosso caso.
Muitas incertezas pairam no ar, e estas não aconselham grandes conclusões.

Duas correntes de opinião se formaram, logo desde o principio desta temporada, em quase todos os seus aspectos-chave:

1 - Uns consideraram Villas-Boas um traidor sem perdão, que nos hipotecou o futuro. Outros, que terá sido "vítima" do enorme sucesso alcançado pelo FCP em 2010/11 e que mais e melhor, no FCP, seria sempre impossível;

2 - Depois, tivemos uns que consideraram a derrota na Supertaça Europeia (mais uma) um "bom resultado" dado a enorme valia do oponente e outros para quem uma derrota é sempre uma derrota e que, na verdade, nunca o FCP esteve sequer perto de obter qualquer outro resultado. Seria apenas uma questão de tempo até o Barcelona arrumar o assunto;

3 - Por último, e já quando a bola deixou definitivamente de entrar tantas vezes, muitos passaram a defender a saída imediata do treinador "enquanto ainda temos tempo". Outros, não inocentando o técnico, consideram que o seu despedimento seria precoce e que, perante a tamanha indefinição que existiu aquando da constituição do plantel, Vítor Pereira ainda justifica um período mais largo de avaliação;

Em dois aspectos, porém, existiu quase unanimidade entre a massa adepta:

1 - Praticamente todo a gente, no já longínquo mês de Junho, apoiou a decisão (de "continuidade") de Pinto da Costa de optar pelo adjunto de Villas-Boas;

2 - Praticamente ninguém é capaz de lançar um nome (realista) que possa, no imediato, substituir o nosso actual treinador;

Tudo é ainda demasiado cinzento, pois.

Existe o real perigo de um novo "2004/05", sem qualquer dúvida, e as coisas não estão a sair nada bem.
Que ninguém acredite, porém, que o nível alcançado em Abril/Maio passado seria algo possível de ser mantido.
Falcao representava muito mais que apenas 1/11 avos no poder global da equipa. O futebol tem uma matemática muito própria.
Infelizmente, também, tanto a defesa, como o meio-campo, não terão sido reforçados como deveriam e isso, mais cedo ou mais tarde, ser-nos-á fatal em termos europeus. Aí, haverá já pouco a fazer.

Resta-nos, contudo, a liga nacional e, aí, as coisas poderão (ainda) cair para qualquer um dos lados. Falta ainda tirar uma ou outra dúvida quanto ao verdadeiro grau de motivação dos melhores jogadores.

E temos ainda Hulk connosco (ainda que oxigenado), o que é uma óptima notícia a qual nos podemos agarrar.

São tempos de consumos muito rápidos, estes.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"Eu faço o prefácio"


"Fico muito feliz por o Dragão de Ouro de treinador ter sido atribuído, por unanimidade, a quem não podia deixar de ser."

"A ti, André, quando um dia escreveres as tuas memórias, dá-lhe o título 'A minha cadeira de sonho', porque eu sei que essa foi a tua cadeira de sonho. Quando o disseste, disseste com a convicção e amor que tens ao FC Porto. Será sempre a tua cadeira de sonho, que te fará sentar em muitas outras cadeiras. E se as escreveres [as memórias] nos próximos 30 anos, se quiseres, faço o prefácio."


Já tinha expressado a minha convicção que, ao contrário das aparências iniciais (para inglês ver e... pagar!), André Villas-Boas não tinha saído do FC Porto em ruptura com a SAD e muito menos com o seu presidente. Mas, se ainda havia dúvidas, estas afirmações de Pinto da Costa, os três (!) abraços calorosos que deu a André Villas-Boas no palco do Coliseu e o brilho intenso no olhar do presidente dos dragões, desfizeram-nas completamente.

E quanto ao sentimento dos adeptos portistas (principalmente os que escrevem e comentam na blogosfera), haverá sempre aqueles que, apesar do que se viu ontem, irão continuar a chamar-lhe ingrato, traidor, Judas, etc. Contudo, perante o universo portista presente nesta Gala dos Dragões de Ouro, é sintomático que André Villas-Boas tenha recebido uma das maiores ovações da noite, aplaudido de pé e com Vítor Pereira a ser um dos primeiros a levantar-se.

Parabéns, André!

domingo, 23 de outubro de 2011

Uns tristonhos 5 secos


A bênção da chuva trouxe muitos golos ao estádio do Dragão, um renovado figurino no onze inicial do FC Porto, mas o futebol insípido continuou a prevalecer. Cinco caras novas a alinharem a partir do 1º apito de Cosme Machado, com o miolo e a frente de ataque a serem os sectores mais visados. Eficácia bem lá no alto, mas a confirmação do momento de viragem ainda vem longe.

Sem apego e numa resposta às críticas, Vítor Pereira baralhou as cartas e voltou a distribuir um novo naipe. Defour e Belluschi logicamente calçaram a bota para dinamizar o amorfo futebol azul e branco. Objectivo cumprido… apenas nos 20 minutos iniciais. Nesse hiato de tempo a equipa foi rápida a mexer e a circular a bola. Tão simples, mas tão raro de se ver.

O dínamo do arranque parecia perder fulgor e o marasmo pairava no ar. Na falta de criatividade e imaginação sai bomba do meio da rua para testar como vai a sorte por estes dias. Bem lá no alto para Defour, por sinal. A bola resvala no defesa do Nacional e trai Marcelo, num capricho que o belga fez por merecer.

Ainda antes do intervalo, Walter encostou o 2º da noite, aproveitando um desvio de cabeça de Rolando. E, do encontro desta noite, é máximo que o leitor conseguirá ler sobre nosso ponta de lança titular. Tudo o resto não se viu ou passou ao lado. Na verdade, o Bigorna não só é lento a agir, como a pensar, tornando inconsequentes jogadas prometedoras.


Os segundos 45 minutos não nos ofereceram melhor do que aquilo que havíamos presenciado no 1º tempo. Futebol sem chama e pouco atraente, apesar do bom aproveitamento e consequente vantagem. Nessa toada morna, bastou aproveitar os deslizes da paupérrima defesa insular para dilatar o resultado. Destaques para a jogada do golo de Kléber e o chapéu de Hulk, de belo efeito, a fechar a contagem.

Pode-se cometer sacrilégio de afirmar que espetar 5 num adversário é sinónimo de seca? Sim, pode-se. Esta noite, o FC Porto goleou o Nacional num encontro onde a vitória nunca foi posta em causa. Mas o futebol triste continua lá. Tão triste como a pobreza da maioria das equipas que compõem a nossa Liga.

Estamos em primeiro

Apesar das fracas exibições, o FC Porto está em primeiro lugar no campeonato e, por isso, não faz sequer sentido colocar a hipótese de substituição do treinador principal, certo?

Por aquilo que percebi, dando uma vista de olhos pela blogosfera azul-e-branca, é esta a opinião de muitos portistas. Ora, a mim, parece-me redutor tomar uma decisão baseada (quase) unicamente na posição que a equipa ocupa na tabela classificativa. Além disso, é muito diferente ser 1º com 10 pontos de avanço (e após várias exibições empolgantes), ou estar em 1º mas com os mesmos pontos do slb.

Já lá vão 10 anos, mas vale a pena recordar o que se passou em 2001/02, época em que o FC Porto chegou à liderança à 4ª jornada, posição que voltou a ocupar à 8ª jornada e, novamente, nas jornadas 12 e 13 (ver gráfico seguinte).


Será que estarmos em primeiro à 13ª jornada da época 2001/02, após quatro vitórias consecutivas (uau!), era sinónimo de que não havia problemas e que as coisas estavam bem encaminhadas? A resposta é conhecida. A partir daí foi sempre a descer e, após a derrota no Bessa à 19ª jornada, Octávio saiu mesmo e foi substituído por José Mourinho (que já só foi a tempo de garantir o 3º lugar final).

Continuando a centrar a análise nas lideranças, a época 2004/05 foi ainda mais sui generis. A equipa jogava pouquinho, mas esteve na frente do campeonato em 11 das 34 jornadas. Mais. No primeiro terço da prova, quando já eram notórios diversos problemas, o FC Porto alcançou uma série de seis vitórias e um empate (entre a 4ª e a 10ª jornada). Segundo estes indicadores, talvez não fosse preciso mudar de treinador...
Contudo, tal como em 2001/02, o treinador – Vítor Fernandez – foi substituído após uma derrota à 19ª jornada (1-3 em casa, contra o SC Braga de… Jesualdo Ferreira).


Fazendo uma análise fria e racional, que significado tinha estarmos em primeiro à 10ª, 11ª, 12ª, 13ª, 15ª, 18ª, 20ª, 21ª, 22ª, 23ª e 24ª jornada?

Moral da história: É bom estar em primeiro (candeia que vai à frente…), mas é preciso ver mais fundo e analisar o desempenho da equipa de forma global, bem como, a atitude dos jogadores dentro de campo (por exemplo, correm à mesma velocidade para a frente e para trás?) e a evolução da equipa ao longo das semanas de competição. Por isso, não me parece que ser líder à 7ª jornada sirva, por si só, para mascarar os problemas existentes e signifique que não há nada a mudar.

De resto, só espero que se tivermos de mudar de treinador não seja à 19ª jornada. É que, ainda por cima, os campeonatos agora têm 30 jornadas (em vez das 34 que existiam em 2001/02 e 2004/05), o que torna mais difícil qualquer recuperação.

P.S.1 Estamos em primeiro e espero que continuemos em primeiro até à última jornada. Para isso serão precisas vitórias, se possível acompanhadas de exibições convincentes. Já agora, seria óptimo se hoje devolvêssemos os 0-4 da época 2004/05...

P.S.2 Como é óbvio, nada me move contra o Vítor Pereira, que me parece ser um profissional sério, não masca chicletes e, ainda por cima, é portista. O único problema é que desejo o melhor possível para o FC Porto.

Fonte: Os quadros e gráficos anteriores foram obtidos no site zerozero (clicar nas imagens para as ampliar).

sábado, 22 de outubro de 2011

SMS do dia

Com esta coisa do aumento do IVA já se sabe que quem vai pagar são os adeptos. Por cá sempre foi assim e muito surpreendido ficarei se desta vez for diferente.

Mas não seria uma excelente oportunidade para os clubes fazerem notar aos jogadores que não podem pagar-lhes tanto?

As culturas são diferentes mas o exemplo do lockout na NBA poderia servir para alertar consciências, mas estranhamente (ou não) é coisa de que não se ouve falar na imprensa Portuguesa.

Lições cipriotas... também dos adeptos

Venho aqui falar do público, e da sua atitude. Já é um assunto batido, mas não deixa de ser actual.

Os cipriotas estiveram excelentes. Excelentes, repito, e desde o 1o minuto. Já os portistas sinceramente assobiaram sem o mínimo critério, e nunca puxaram pela equipa como deviam. Nem sequer nos primeiros 10 minutos.

Como já disse anteriormente não sou um fundamentalista anti-assobios, mas caramba... se calhar até só faz bem vaiar ou assobiar quando por exemplo um jogador está a ser extremamente guloso tendo um colega sozinho em frente à baliza; ou não corre para chegar a uma bola; ou para a equipa toda (e/ou treinador) ao intervalo ou no fim do jogo se a exibição em geral foi má. Em todos esses casos a vaia ou assobio é uma espécie de "wake up call", digamos.

Mas caramba, os adeptos no Dragão não só estão quase todos calados sem cantar/gritar na maior parte do jogo, como assobiam a torto e a direito. Se um passe ou um corte sai torto (mas a opção tomada esteve correcta), de que é que vale assobiar? Alguém executa um passe (ou um corte) mal de propósito? Por causa do assobio vão fazer melhor da próxima vez? Claro que não.

O Dragão hoje em dia não tem lá muita gente com mentalidade de "supporter", apenas "espectadores". Essa é que é essa. Será que também assobiam um filho num jogo de iniciados quando não consegue executar bem um passe? São casos algo diferentes, mas a atitude não devia ser assim tão diferente como isso.

Concluindo: o V. Pereira (e jogadores) têm alguma coisa a aprender com os do Apoel, sem dúvida, mas os nossos adeptos também.

PS - O RP agradece ao fotosdacurva.com pela foto que ilustra o artigo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SMS do dia

Imperdível às 22 de sexta feira (ou numa repetição posterior) no Porto Canal: Azul e Branco. De longe as melhores reportagens desportivas da TV Portuguesa.

100 primeiros jogos



Infografia: record.pt

Indisciplina e descontrolo emocional


«Na partida de ontem [FC Porto x APOEL], foram oito os portistas que viram o cartão amarelo e, desde 2001, quando a UEFA começou a fazer as estatísticas dos jogos sob a sua égide, só a Roma (2006/07), frente ao Lyon, havia visto tantos amarelos num só compromisso.»
in record.pt


Alguns dos amarelos do jogo de quarta-feira terão sido exagerados, mas vale a pena recordar os cartões já mostrados a jogadores do FC Porto nos jogos europeus disputados esta época:

26 de Agosto de 2011
Barcelona x FC Porto (Supertaça Europeia)
Árbitro: Björn Kuipers (Holanda)
2 cartões amarelos
2 cartões vermelhos

13 de Setembro de 2011
FC Porto x Shakhtar Donetsk (Liga dos Campeões)
Árbitro: Felix Brych (Alemanha)
1 cartão amarelo

28 de Setembro de 2011
Zenit x FC Porto (Liga dos Campeões)
Árbitro: Howard Webb (Inglaterra)
3 cartões amarelos
1 cartão vermelho

19 de Outubro de 2011
FC Porto x APOEL (Liga dos Campeões)
Árbitro: Antony Gautier (França)
8 cartões amarelos

Resumo: 4 jogos, 4 árbitros de países diferentes, 14 cartões amarelos e 3 cartões vermelhos!
Estes números são irrelevantes ou significam alguma coisa em termos de indisciplina e descontrolo emocional?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SMS do dia

e quem pagaria os 18 milhões? 

Se PdC sempre foi renitente a despedir treinadores, com uma cláusula destas nem lhe passa tal ideia pela cabeça.

Por isso deixem-se de delírios.

Os jogadores são os mesmos da época passada…

(onze inicial do FC Porto contra o APOEL)

«Um mau jogo acontece a qualquer equipa, duas exibições fraquinhas também podem suceder aos melhores clubes, mas este FC Porto começa a desiludir e a abusar da paciência dos seus adeptos com uma regularidade surpreendente, quase chocante. Ontem viu-se uma equipa portista quase sempre desordenada, sem chama e sem ideias. Os jogadores são os mesmos da época passada (trocando Falcao por Kléber), mas parecem outros, abúlicos, como se tivessem sido mordidos por uma mosca tsé-tsé. Ao fim de apenas 12 jogos oficiais, pode até ser injusto relacionar a baixa de produção apenas com a troca de treinadores. Mas salta à vista que a margem de manobra de Vítor Pereira se reduziu muitíssimo nos últimos tempos. (…)

Ontem, a exibição portista foi ainda pior do que o resultado. Não se viu uma ideia colectiva de jogo e não houve pinta da intensidade que já se lhe viu noutros momentos. Individualmente, nem é bom falar... Salvou-se apenas Helton, que evitou o descalabro. Hulk foi bem marcado, mas ainda criou três ou quatro lances com a sua chancela. O resto foi um deserto de ideias e um conjunto de disparates, designadamente defensivos, que ajudam a explicar os vários golos sofridos esta época. Até disciplinarmente se notam diferenças: oito cartões amarelos, sendo que toda a defesa acabou "amarelada". Rolando continua numa fase de delírios permanentes (começa a justificar-se uma aposta no jovem francês Mangala) e até Otamendi parece afectado.»
Bruno Prata, 20/10/2011
in publico.pt

SMS da Madrugada

Ando nisto há mais de 40 anos, e nunca vi semelhante murcão.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sem pedalada para isto


Pois é, confirma-se em absoluto que qualquer época a seguir a um triunfo europeu (com a excepção de 2004) rapidamente se transforma num pesadelo sem fim.

Já poucos têm a mesma vontade e, quando assim é, tudo descarrila ao primeiro desaire (que, neste ano, foi o empate com o Feirense, confirmado depois contra Zenit e slb).

Sim, o APOEL realmente demonstra um crescimento notável em relação aos últimos anos e tivemos azar em jogar contra eles numa altura destas (nem todos têm a sorte de calhar num grupo fácil), mas o nosso problema é sobretudo mental e não há remédio no curto/médio prazo.

Ninguém tem grandes ideias para alterar o estado das coisas e os jogos vão invariavelmente se arrastando e todos apenas contam com um ressalto ou um desvio que nunca chegam a acontecer (isso é coisa que só acontece a Sul).

Para além dos bons jogadores se encontrarem completamente bloqueados mental e fisicamente (uma consequência do primeiro), temos depois a confirmação, pela negativa, de um ou outro caso que, durante a época transacta, ficaram um pouco escondidos pela grande força global demonstrada.
Assim, Otamendi, que já nos tinha colocado de pé-atrás com as suas falhas sucessivas nos jogos mais difíceis de 2010/2011, confirma agora definitivamente que não é o grande central que precisávamos para este nível-Champions. (E, assim, fica também explicado um dos porquês da Argentina de Messi ficar muitas vezes aquém do esperado).
Por outro lado, depois dos últimos jogos pela selecção e dos mais recentes pelo nosso clube, muitos começam agora a descobrir que, afinal, o Moutinho "não tem aquela rotação" necessária.
Sapunaru, esse, é um caso perdido e Guarín e A.Pereira, além de cansados, também estão completamente desmotivados.

O Hulk ajudou a esconder tanta coisa, durante tanto tempo...

Entretanto, James e Kléber, para grande azar de ambos, estão no ano "errado", e nas circunstâncias erradas, para demonstrarem o seu potencial

Que pena.

P.S.: 1 - Árbitro mais enervante do que este, mesmo em Portugal, seria difícil de arranjar. 2 - A "estrelinha" da temporada passada, essa desapareceu completamente. Onde pára ela? Na Luz ou em Stamford Bridge?

IVA no futebol a 23%

De acordo com o artigo 84º do Regulamento de Competições da Liga de Clubes, os preços mínimos dos bilhetes estão fixados nos cinco euros para a I Liga e nos dois euros para a II Liga, enquanto que o preço máximo que um clube pode praticar na I Liga é de 65 euros e de 20 euros na II Liga.

Contudo, a partir de Janeiro, o IVA dos bilhetes (e lugares anuais) passa de 6 para 23%.

O que irá acontecer? Os clubes/SAD’s irão suportar este aumento de 17%, ou transferi-lo para os bolsos dos, cada vez menos, espectadores ao vivo dos “espectáculos futebolísticos”?

Falta pouco tempo para sabermos mas, atendendo aos gastos crescentes dos clubes/SAD’s, receio bem que, também no futebol, o depauperado Zé pagante seja confrontado com um aumento do preço médio dos bilhetes.

P.S.1 Nas competições europeias também há limites mínimos e máximos para os preços dos bilhetes?

P.S.2 Os clubes/SAD’s pagam IVA sobre os convites que distribuem?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Adeus Porto, Bonjour Paris

Viena, 27 de Maio de 1987. Um clube do Norte de Portugal, um país pobre, pequeno e periférico, surpreende a Europa do futebol, ao derrotar o colosso da rica Baviera na final da Taça dos Campeões Europeus.
À boleia deste sucesso, o quase desconhecido Artur Jorge Braga Melo Teixeira (licenciado em Germânicas e que tinha estudado metodologia de treino em Leipzig, na antiga Alemanha de Leste), juntamente com uma geração de jogadores fantásticos – Madjer, Futre, Juary, João Pinto, etc. – saltaram para a ribalta europeia.

Ainda mal refeitos da “bebedeira”, os adeptos portistas sonhavam com novas conquistas além fronteiras na época seguinte. Contudo, uns dias depois de ter regressado ao Porto de braço dado com Pinto da Costa, Artur Jorge pede ao presidente do FC Porto para o deixar sair. De França, o milionário francês Jean-Luc Lagardére, presidente do Matra Racing, acena-lhe com uma pipa de massa e o desafio de transformar o ex-Racing Club Paris num grande do futebol europeu.

Aos 41 anos, entre a possibilidade de continuar como treinador principal dos dragões e os francos franceses, o portuense e portista Artur Jorge nem hesitou e Pinto da Costa não teve outro remédio senão deixá-lo ir. E, como na altura ainda não havia cláusulas de rescisão nos contratos dos treinadores, o FC Porto ficou sem treinador e de mãos a abanar.

Lagardére (uma espécie de Abramovich dos anos 80) contratou diversos craques, mas as coisas não correram bem e em Novembro de 1988 o “Rei Artur” estava de regresso ao Porto, para substituir Quinito. Ficou duas épocas e meia – 1988/89, 1989/90, 1990/91 – até voltar a ser seduzido pelo perfume ($$$) parisiense, desta vez do Paris Saint-Germain, que tinha sido comprado pelo Canal+.

Ao comando do PSG, Artur Jorge haveria de ganhar uma taça de França e um championnat (1993/94), para além de bons desempenhos nas competições europeias. Regressou novamente a Portugal em 1994/95, mas dessa vez para treinar o… slb!

Apesar de ter trocado duas vezes as margens do Douro pelo charme da cidade luz, não ficaram mágoas e, hoje em dia, Artur Jorge é visto como um dos nossos: portuense, portista e o homem que ficou para a história ao comando da nau azul-e-branca em Viena, vencendo o Adamastor.

P.S. Não me lembro se o Artur Jorge recebeu algum dragão de ouro mas, a acontecer, não me parece que isso fosse motivo de grande contestação.

SMS do dia

Walter: "É triste não poder jogar na Liga dos Campeões"



Como aqui disse já no fim de Agosto, estou convicto que foi um erro inscrever apenas um ponta-de-lança (ainda por cima muito jovem e acabado de chegar ao clube) nos 6 jogos da Liga dos Campeões, deixando Walter de fora (em constraste, inscreveu-se 5 extremos...).

Ainda bem que Kléber está recuperado para a recepção ao Apoel... o V. Pereira deve ter ficado com o coração nas mãos aquando da sua lesão. Enfrentar sem avançados de área (um deles de fora por opção em Agosto) uma equipa que certamente vai jogar fechadinha no Dragão e que sofreu apenas 2 golos nos jogos anteriores (nós sofremos 4 contra os mesmos adversários) complicaria ainda mais as coisas... desnecessariamente.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O tempo e o mérito - II

A recente reportagem da Sport TV sobre José Maria Pedroto (para quem não viu está no youtube) é mais uma excelente demonstração de como o tempo nos altera a percepção das coisas, e que muitas vezes interpretamos a mesma situação de forma antagónica consoante nos dá jeito.

São histórias já conhecidas mas que relembradas me fazem sorrir e olhar para ditos mais recentes dando-lhe a pouca importância que têm e reconhecer, mais uma vez, como é fácil manipular massas - que sendo fácil não é para qualquer um - é preciso ter um dom. E Pinto da Costa tem carradas dele. As vitórias realmente são o ópio do povo.

As histórias das contratações do Pedroto são nesse aspecto deliciosas.

Alguém que passa de banido em assembleia geral a treinador bandeira, faz-me ter a certeza que se um dia PdC fizer regressar Mourinho ou AVB, as ofensas de "não ter festejado", "de Palermo", "da traição", e coisas que tais, vão ser todas relativizadas e o pessoal vai aplaudir.

Como PdC recordava o local onde às escondidas de todos (e do Boavista) assinou dentro do carro o contrato com Pedroto, imagino daqui a uns anos Abramovich a recordar o restaurante Camelo.

Se foi assim que o nosso sucesso começou porquê criticar Mourinho (ou o AVB) e o Chelsea, e elogiar Pinto da Costa e Pedroto?

Não podemos / devemos ter dois pesos e duas medidas. Mas às vezes dá mesmo jeito, não é?

domingo, 16 de outubro de 2011

Supertaças (e não só) é connosco

7 de Agosto de 2011
Futebol
FC Porto x Vitória Guimarães (2-1)
18ª Supertaça, primeiro “tri” na competição e o 70º troféu oficial.



5 de Outubro de 2011
Basquetebol
FC Porto x CAB Madeira (76-62)
5ª Supertaça, sete anos depois.



15 de Outubro de 2011
Hóquei em Patins
FC Porto x Oliveirense (4-1)
18ª Supertaça.



É lamentável o FC Porto não ter ganho as supertaças de ginástica artística e sameirinha...

O tempo e o mérito - I

Se anúncio tivesse sido em Junho o aplauso era unânime - só que não o foi.

Foi agora em Outubro e o tempo entretanto fez o favor de não ficar parado.

Basta olhar aqui para a direita deste artigo, tivemos aqui uma votação que não tem nenhum rigor científico mas que deu o seguinte resultado:

"A melhor equipa do FC Porto foi..."
2010/11 André Villas Boas com 34%
Este resultado foi obtido durante o mês de Setembro, em Maio/Junho tínhamos efectuado exactamente a mesma votação, tendo na altura o resultado sido:
2010/11 André Villas Boas com 52%
Relativamente ao cerne da questão, não aconteceu absolutamente nada que alterasse a resposta, então por que motivo caiu 18%?

Todos sabemos a resposta. É exactamente o mesmo motivo porque se ouvem hoje críticas ao Dragão de Ouro atribuído.

Pela minha parte, em relação aos Dragões de Ouro sempre defendi três coisas:

- Não fazia sentido entregá-los em Março ou Abril do ano seguinte, 9 ou 10 meses depois de acabada a época. Felizmente nos últimos anos têm sido entregues bem mais cedo.

- Os premiados devem ser anunciados no final da época - e a entrega também o deveria ser. Embora no caso da entrega perceba a dificuldade em efectuar a cerimónia em pleno início de verão e com as várias modalidades a não acabarem todas exactamente ao mesmo tempo.

- Os prémios devem ser ao mérito, quer isto dizer que independentemente de o (ou potencial) premiado estar ou não a representar o FC Porto, se o mereceu deve ganhá-lo. A atribuição também deve ser independente de já ter sido premiado ou não.

Vejo com satisfação que só falta mesmo atribuir os prémios no final da época. Pela primeira vez é atribuído a alguém que já não representa o FC Porto - André Villas Boas - e pela primeira vez alguém repete um prémio - Hulk - como futebolista do ano.

É verdade que vai ser um risco a presença (se se confirmar) de André Villas-Boas, e pela minha parte não retiro uma linha daquilo que escrevi aqui. Mas uma coisa é ter ficado fodido com ele, outra é reconhecer-lhe o mérito.

Neste caso aplaudo-o de pé (e a quem lhe atribuiu o prémio).

sábado, 15 de outubro de 2011

Muitos golos, naturalmente...



Nem se esperava outra coisa. Na deslocação ao concelho de Sintra o FC Porto arreou o Pêro Pinheiro por uns concludentes 8 golos sem resposta, num encontro que nem para treino serviu. O clube que milita no terceiro escalão nacional revelou ingenuidade a rodos, numa tarde de sonho onde, afinal, uma escapadinha à praia teria sido mais proveitosa do que o massacre a que foram alvos. Walter assinou metade da factura, enquanto Iturbe, Alex Sandro, Bracali e kadu estrearam-se de dragão ao peito.

Sem grande espanto, Vítor Pereira aproveitou um jogo de menor exigência para ensaiar uma espécie de via alternativa e dar minutos aos menos utilizados. Num sintético ardiloso combinado com um sol escaldante, a circulação de bola foi lenta na fase inicial da partida. Os propósitos dos visitados iam-se cumprindo, porque entrar em correrias não favorecia a sua menor condição física. Os portistas levaram tempo a contornar a bitola e colocar a bola no terreno, promovendo a sua circulação.

Alguns fogachos de Walter com a baliza adversária em mira ditavam uma ligeira ascendência azul e branca no encontro e o fim da resistência caseira. Numa recuperação a meio campo, Walter lança Defour para o 1º de muitos. Mais dois vieram na mesma encomenda aos 33´e 35´, ambos pelo nosso ponta de lança, que ainda faria o 3º da sua conta pessoal, antes do intervalo. A falsa organização do Pêro Pinheiro revelava-se. Mas a competência do detentor da Taça de Portugal muito contribuía para isso.

Com 5 no papo os segundos 45 minutos converteram-se em mera formalidade. Iturbe dava lugar a Varela que haveria de converter a 7ª bola na rede dos locais. Antes disso, Djalma, autenticara o 0-6 numa altura em que todos aqueles que assistiam esta espécie de treino/recriação com bola já bocejavam à boca grande.

Walter fechou a contagem e fez poker com estrondo. A tarde foi sua e amealhou mais uns créditos ao seu prestígio perante o técnico. O adversário não foi competitivo o bastante, mas não se podia pedir muito mais. Ao FC Porto coube-lhe o papel de dinamizador da contenda e assumiu-o com toda naturalidade. Apuramento garantido numa goleada que não ficará para contar.

Em busca do 11º consecutivo

Por Fernando Delindro


Nota: Na sequência do balanço da época 2010/11, publicado em Junho passado, o Fernando Delindro faz neste texto uma antevisão da época que tem hoje início, com a disputa da Supertaça (FC Porto x Oliveirense, 18h00, no Pavilhão Municipal de Ponte de Lima).


Agora que se vai iniciar a época desportiva do hóquei em patins do FC Porto vamos fazer a antevisão da mesma.

Começando pelo plantel quase podemos falar em revolução face aos anos anteriores. Este ano vamos ter 10 jogadores no plantel principal e não 9 + 2 juniores. Para além desta mudança saíram dois jogadores – Emanuel Garcia e André Azevedo. O primeiro vai para Itália e o segundo mudou-se para a Oliveirense e terá o seu primeiro encontro oficial contra o FC Porto.

Em sentido contrário a André Azevedo temos o novo treinador Tó Neves, o adjunto Pedro Lopes, o defesa/médio Nélson Pereira e o avançado Tiago Santos. Foi ainda contratado um jogador do 2º classificado – Caio. À excepção do Tiago Santos todos os novos já conhecem os cantos à casa.

Analisando o plantel parece ser um plantel mais comprido e tão competitivo como o da época passada que nos levou ao Deca-Campeonato. O treinador responsável pelos 10 campeonatos consecutivos, que os entendidos do sul consideram negativos para a modalidade, ficará como responsável pela secção e estará sempre perto da equipa que tão bem orientou, o que penso ser uma vantagem, pois não haverá um corte profundo com a lógica vitoriosa do passado recente.

Os principais rivais deverão ser os mesmos da época passada, com o 2º classificado como maior rival, logo seguido da Oliveirense e dos açorianos do Candelária. No 2º classificado saíram o Caio para o FC Porto, bem como, tiago rafael e ricardo pereira. Em sentido inverso, vem o Carlos Lopez, em fase de pré-reforma choruda, e o sérgio silva, que também já passou o pico da carreira. Assim, penso que este rival encontra-se menos forte do que na temporada passada. Na Oliveirense e no Candelária as saídas parecem ter sido bem colmatadas para manterem o nível dos anos anteriores, mas não parecendo suficiente para estarem no 1º pote de candidatos ao título.

A nível de calendarização houve uma revolução em que os quatro primeiros da época anterior só se podem defrontar nas últimas 5 jornadas de cada volta. Assim, ditou o “sorteio” que o FC Porto se desloque ao sul a 9 de Junho e a fechar o campeonato frente ao Candelária. Este tipo de calendarização mantém o suspense até ao fim, o que parece indicar que a FPP tinha medo que os rivais do FC Porto quebrassem e não conseguissem manter o campeonato até ao fim da época. Parece ser um calendário novamente alterado para, pela enésima vez, tentar acabar com a hegemonia do FC Porto. Atendendo ao que foi escrito anteriormente penso que não vão conseguir.

Na Liga Europeia o sorteio não foi nada amigo e colocou no caminho do FC Porto o campeão europeu Liceo, os italianos do Valdagno, no que parece tradição recente da competição, e os suíços do Genève, reforçados este ano com vários portugueses onde podemos destacar o veteraníssimo Pedro Alves. O FC Porto inicia a competição com a recepção ao campeão europeu (19/11), desloca-se a Genebra (17/12), recebe os italianos (21/1), desloca-se a Itália (18/2), desloca-se à Corunha (17/3) e recebe o Genève a (14/4). A final 8 irá decorrer de 24 a 27 de Maio. Nesta competição as aspirações do FC Porto crescem de ano para ano e arrisco-me a dizer que o merecidíssimo título europeu está para breve.

Espero que as notícias que a meio da época passada surgiram sobre ordenados em atraso não se repitam e que o FC Porto honre os seus compromissos com todos os briosos atletas que tão bem representam as nossas cores. Só assim podemos exigir o máximo de todos os atletas. Os atletas não merecem ter que ocupar as suas cabeças com esses problemas devendo focar-se única e exclusivamente nos treinos e na competição.

A expectativa é que esta época seja, pelo menos, tão vitoriosa como a anterior, mas considero que existem condições para ser ainda de mais sucesso.


Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Fernando Delindro a elaboração deste artigo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

André é Dragão de Ouro


Muitos portistas não perdoam a André Villas-Boas a forma e o timing em que saiu do FC Porto. Há quem lhe chame ingrato, traidor, Judas, borrado, Libras-Boas, etc.

Eu, que há muito deixei de acreditar no conceito de "amor à camisola" entre os profissionais da bola, percebo perfeitamente que lhe tenha sido atribuído o Dragão de Ouro para treinador do ano 2010/11. É verdade que o André abandonou a sua "cadeira de sonho" mas, por aquilo que fez e ajudou a conquistar enquanto cá esteve, é um galardão inteiramente justo.

E quero felicitar Pinto da Costa por ter permitido este reconhecimento, mesmo sabendo que ia contra a opinião de muitos adeptos. Os verdadeiros líderes são assim.

P.S. Além de ter cumprido exemplarmente enquanto profissional, também cumpriu o contrato que assinou. Ou não é verdade que a SAD recebeu os 15 milhões de euros da cláusula de rescisão?

Equipas B de regresso?

"Está prestes a sair do estirador uma revolução na Liga Orangina que permitirá a entrada em cena das equipas B nos escalões do futebol profissional português. É um desejo antigo dos maiores clubes nacionais que se concretiza, ainda que em moldes mais optimistas do que o inicialmente projectado. FC Porto, Benfica, Sporting, Braga, Guimarães e Marítimo entram directamente na Liga Orangina, que passa a envolver 22 clubes, transformando-se numa maratona que expõe as equipas B à descida e as inibe, naturalmente, de aspirar à subida a um escalão onde esteja a principal equipa do mesmo clube.

- Liga Orangina passa de 16 para 22 clubes. Em aberto a possibilidade de passar a promover 3 equipas, despromovendo outras tantas FC Porto, Benfica, Sporting, Braga, Guimarães e Marítimo são os clubes que vão avançar para a Liga Orangina já na próxima época.

- Não podem participar nas mesmas provas que as equipas principais do mesmo clube, pelo que estão excluídas da Taça de Portugal e da Taça da Liga.

- Cada equipa B só pode ter até 3 jogadores maiores do que 23 anos na ficha de jogo

- Nenhum jogador pode competir pela equipa principal e pela B em menos de 72 horas

- Propostas serão apresentadas em Novembro e sujeitas a aprovação na Assembleia Geral da Federação já em Janeiro"


Acho muito bem que se ressuscitem as equipas B. É bom para o futebol português (cria-se mais espaço para talento português jovem progredir, principalmente na etapa 18-20 anos em que dão o salto para seniores), para a 2a Liga (maior interesse de adeptos e TV) e, espero eu, para o FCP (assim os jogadores podem ser acompanhados de muitíssimo perto nas primeiras épocas de senior, com vantagens para as duas partes; e é também a oportunidade para jogadores do plantel A afastados das convocatórias poderem ir mantendo o ritmo).

Acho também muito bem que as equipas B possam jogar na 2a divisão, ao contrário do passado. Para um jogador, fazer a 1a época de senior numa equipa da 1a Liga pode ser complicado, mas fazê-la na 2a B pode não dar competitividade suficiente. A 2a Liga pode ser o "sweet spot" em muitos casos.

Para mim o percurso típico de um jovem promissor no FCP será: juniores -> 1-2 épocas na equipa B -> 1-2 épocas num clube da 1a Liga -> FCP, i.e. lá para os 21-22 anos (claro que se for mesmo bom nada impede que não possa entrar no plantel A mais cedo).

Já não acho tão bem que comecem directamente na 2a Liga, em vez da 2a B (por mim começavam aí e se demonstrassem mérito para subir, tudo bem, passado um ano estavam na 2a Liga); e acho uma coisa um bocado portuguesa que se aldrabe uma época com 22 equipas, o que se vai traduzir numa maratona de jornadas. Mas pronto, isso são pequenos detalhes.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Gulag com eles!




Francamente, discordo em absoluto do artigo do José Rodrigues acerca dos processos-crime do Ministério Público contra vários jogadores do F.C. Porto. Eu acho que o Código Penal português é demasiado permissivo, e o único local onde esses tenebrosos criminosos poderiam devidamente expiar os seus infâmes actos seria o Gulag.

Por isso eu exclamo: Gulag com eles!

PS: Eu sei que, a exemplo dos negacionistas do Holocausto, também há negacionistas do Gulag, e, porventura, alguns deles lêem-nos. Para eles, desde já a minha total e absoluta incompreensão.

A justiça portuguesa

"O Ministério Público considerou provadas as agressões, a soco e pontapé, aos Assistentes de Recinto Desportivo Sandro Correia e Ricardo Silva, incorrendo os jogadores numa pena de prisão até três anos, embora a acusação considere que a pena aplicável a Sapunaru -- acusado de dois crimes - não deverá ser superior a cinco anos, porque não possui antecedentes criminais e a sua conduta "não produziu consequências especialmente graves nos ofendidos".



Ao ler isto, a primeira pergunta que me vem à cabeça - sendo leigo em matérias de Direito - é a seguinte: pode um jogador ser punido duas vezes pela mesma coisa, primeiro na Justiça Desportiva e depois na Justiça Civil?

Se sim (como parece ser o caso), então penso que se abre com isto a caixa de Pandora com este precedente único (e como de costume, parece que se estabelecem precedentes únicos quando o FCP está envolvido, o que não deixa de ser uma coincidência do caraças).

Eu pergunto: o que impede então o MP, nesse caso, de acusar e condenar jogadores por "atentado à integridade física" por agressões dentro de campo e durante um jogo, mesmo que tenham sido expulsos e suspensos pela Justiça desportiva? "Atentados" desses vejo eu às carradas todos os fins-de-semana, e se a moda pega as vítimas das agressões (pontapés, cotoveladas, murros, entradas violentas sem bola) podem muito bem passar a fazer queixinhas ao MP e (pelos vistos) vamos ter muita gente sujeita a penas de prisão até 3 ou 5 anos...

De resto, alguns pensamentos que me ocorreram:

1) é óbvio que se trata de mais uma campanha para desestabilizar o FCP e os jogadores envolvidos, mesmo que os processos se arrastem e dêem apenas em multa.

2) Parece-me que o MP tem que colocar a casa em ordem, porque andam para a frente com coisas destas mas em outros casos muitíssimo mais importantes para o país fica tudo em águas de bacalhau.

3) Admira-me um pouco o enquadramento jurídico deste crime, nomeadamente a sua severidade (podendo dar direito a penas de prisão de 3 anos, não havendo ninguém hospitalizado e no contexto que foi). Se eu insultar um vizinho e ele me der uma chapada em resposta ele fica sujeito a penas semelhantes de prisão se eu fizer queixinhas e tiver testemunhas? Idem aspas se um segurança numa discoteca (ou num estádio...) me der uma chapada se eu o insultar? OK... dessa não sabia. Pessoalmente acho que o país precisa muito mais de uma Justiça muito mais rápida (principalmente em casos graves) do que penas pesadas.

4) Parece que os seguranças empregados pelo slb são mas é uns grandes mariconços (*): pelos vistos não só não protegem ninguém como não conseguem proteger-se a si próprios, e ainda por cima vão fazer queixinhas à polícia quando levam um "enfesto" no "focinho", coitadinhos (depois de fazerem queixa à mãezinha). Se o LFV quiser tenho uns contactos na Rússia de seguranças a sério, é só pedir que se arranja facilmente. Mas ele se calhar já os conhece...

(*) como pelos vistos estes seguranças são uns queixinhas, presumo que se calhar agora também me vão processar por os chamar aquilo que são. Bem, é só pedir por email e dou-lhes o meu endereço aqui na Bélgica, estão à vontade...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Pepe, Coentrão e a Selecção



E ainda há quem se admire que tenha saltado a tampa ao Ricardo Carvalho na véspera do jogo em Chipre, quando percebeu que ia ser suplente, enquanto Pepe ia ser titular, após ter estado vários dias sem treinar por estar... lesionado.

Um problema de matéria-prima


Se bem me lembro, no EURO 2004 o onze base da selecção portuguesa era o seguinte:

Ricardo
Miguel, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Nuno Valente
Costinha, Maniche, Deco
Figo, Pauleta, Cristiano Ronaldo

Principais alternativas:
GR: Quim (Vítor Baía não foi convocado por Scolari!)
Defesas: Paulo Ferreira, Fernando Couto
Médios: Petit, Tiago, Rui Costa
Avançados: Simão Sabrosa, Nuno Gomes

Ontem, frente à Dinamarca, Portugal alinhou com a seguinte equipa:

Rui Patrício
João Pereira, Rolando, Bruno Alves, Eliseu
Raul Meireles, Moutinho, Carlos Martins
Nani, Postiga, Cristiano Ronaldo

Suplentes utilizados:
Miguel Veloso, Quaresma, Nuno Gomes (com mais 7 anos que em 2004…)

Em pouco mais de sete anos, parece-me evidente que a qualidade do onze e das principais alternativas decaiu substancialmente. E quando se chega ao ponto de uma selecção portuguesa apresentar como titulares jogadores do nível de um João Pereira, Eliseu, Carlos Martins e… Postiga (!), está quase tudo dito.

P.S. Há um ano atrás, a culpa pelas más exibições da equipa portuguesa era apenas de um homem – Carlos Queiroz. Um ano depois, após Portugal ter escapado por um triz a sair goleado e humilhado de Copenhaga, a culpa é de Paulo Bento?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Iturbe e Kelvin

Iturbe está em período de maturação. Não estranhamos porque no FCP tem havido sempre muita cautela com o lançamento de jovens jogadores, nomeadamente os que entram já com estatuto de vedeta.
Faz bem o Porto : as expectativas do clube, destes jovens e dos adeptos que anseiam por vê-los devem ser geridas com inteligência para defender a carreira do atleta, o investimento do clube e evitar algum desanimo dos sócios, frustrados se o rendimento não corresponder de imediato à promessa : Iturbe é uma espécie de clone de Messi.

Vi Iturbe na selecção argentina e do pouco que vi fiquei com a ideia que o miúdo tem jeitinho e se crescer e se adaptar é bem provável que possa vingar. Não fez a pré-época e só esse facto deve ter obrigado a cuidados especiais acrescidos. A sua estreia deve estar para breve. Oxalá !

Kelvin é franzino, chegou sem o mesmo carisma de Iturbe, fez a pré-época e já o vimos em competição, ora representando o FCP e, mais recentemente, o Rio Ave nos jogos com o SCP e VS. Não sei se o moço vai singrar, mas tem um futebol que encanta e que raramente se vê.

O rapaz baila com a bola ao ritmo do samba, corre que nem um galgo, serpenteia com agilidade, leva o adversário no engodo, procura a bola como um fanático e tenta construir com engenho. Só vê a bola e é com arte que procura a eficácia.
Movimento, alegria e espectáculo, foi o que Kelvin nos ofereceu. Fiquei entusiasmado e quero ver mais vezes o miúdo. Sei que o caminho é duro e não raramente “prodígios” como este ficam pelo caminho. Espero que o FCP o resguarde tão bem quanto Iturbe. Acho que temos ali um diamante por lapidar, e seria um pecado perder tal promessa. Estou ansioso pelo regresso de Kelvin

sábado, 8 de outubro de 2011

Avenida José Maria Pedroto

(clicar na imagem para ampliar)


Ontem, Luís Filipe Menezes inaugurou em Gaia a Avenida José Maria Pedroto. Para além de familiares do grande Zé do Boné - a esposa e o filho -, não faltaram à cerimónia ex-futebolistas que foram treinados pelo mestre - Fernando Gomes, António Oliveira, Quinito, Frasco, João Pinto e Lima Pereira - bem como ex-colaboradores - João Mota, José Neto e Domingos Gomes.
O FC Porto esteve representado pelo presidente da Assembleia Geral - Sardoeira Pinto - e por Reinaldo Teles.

Ausência muito notada foi a de Pinto da Costa, amigo e companheiro de muitas lutas de Pedroto.

O que afasta, actualmente, Pinto da Costa de Luís Filipe Menezes?
Não sei, mas há alguns dias atrás, durante uma cerimónia em Melres, Gondomar, já Pinto da Costa tinha feito declarações que foram entendidas por todos como sendo um recado dirigido ao actual presidente da câmara de Gaia:
Não quero [para presidente da câmara do Porto] alguém que venha de outras terras, de outras câmaras, e que veja o Porto como mais uma etapa na sua carreira política e importante para os seus objectivos finais. O Porto precisa de alguém que ame a cidade e o seu povo”.

Na altura, Menezes respondeu dizendo que reconhecia em Pinto da Costa o “melhor gestor desportivo da Europa e talvez do mundo”.

É muito provável que, daqui a dois anos, Luís Filipe Menezes seja eleito presidente da câmara do Porto. Ora, depois de 12 anos de Rui Rio, espero que não seja devido a amuos, ou pequenas tricas, que a câmara e a principal instituição da cidade do Porto continuem de costas voltadas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Treinos em período de selecções


«Cumpridos dois dias de folga, o FC Porto regressou ao trabalho esta quarta-feira, no Olival, onde não marcaram presença os internacionais Rolando, Moutinho e Varela (Portugal), Djalma (Angola), Otamendi (Argentina), Defour (Bélgica), Hulk (Brasil), Guarín e James (Colômbia), Alvaro, Cristian Rodríguez e Fucile (Uruguai), e Mangala (Sub21 da França).
Para colmatar as ausências, Vítor Pereira contou com quatro jogadores dos Sub19: o guarda-redes Caio, o médio Fábio e os avançados Vion e Gonçalo Paciência.
Em termos clínicos, Kléber mantém-se em tratamento e Alex Sandro em treino integrado condicionado.»
in www.fcporto.pt, 05/10/2011


«O FC Porto cumpriu, esta quinta-feira, o segundo treino da semana, com destaque para as presenças repetidas, no Olival, de quatro atletas da Formação (...).
Quanto ao boletim clínico, não apresenta alterações (tratamento para Kléber e treino integrado condicionado para Alex Sandro).»
in www.fcporto.pt, 06/10/2011


«O FC Porto finalizou a semana de trabalho esta sexta-feira, com mais uma sessão cumprida no Olival. Os Dragões desfrutam agora de uma dupla folga, estando o regresso ao Centro de Treinos apontado para a próxima segunda-feira, às 16h00 (...).
Relativamente a esta manhã, além das ausências dos internacionais (...), de referir que Kléber e Alex Sandro mantiveram os respectivos planos de recuperação (tratamento para o avançado e treino integrado condicionado.»
in www.fcporto.pt, 07/10/2011


10 dias seguidos sem poder contar com a maior parte do plantel é algo que parece fazer pouco sentido, mas o calendário da FIFA é assim e, tal como no resto, no futebol manda quem pode.

Deste modo, com apenas 12 jogadores do plantel principal disponíveis, incluindo os guarda-redes, não deve ter sido grande a utilidade desta "semana" de treinos.
Para além da manutenção física, terá sido possível ensaiar alguma jogada?

P.S. Ao longo desta semana de três dias, Sapunaru nunca fez parte do boletim clínico. Se não se lesionar nas folgas, faço votos para que nenhuma mialgia de esforço o exclua da próxima convocatória...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O pai futebolístico de Falcao


El Oporto lo trajo a Europa. ¿Qué aprendió en Portugal?

Allí se encontró con Jesualdo Ferreira, algo decisivo. Es como su padre futbolístico. Tuvo mucha suerte porque no suele haber muchos entrenadores profesionales que pierdan el tiempo enseñando a sus jugadores. Te piden cosas, pero no te enseñan. Jesualdo no es así. Falcao siempre le estará agradecido. Le corregía mucho, me lo contaba todos los días. El Falcao de hoy es también producto del trabajo de Ferreira.

Estas declarações são de Radamel Garcia, pai de Falcao, e foram feitas numa entrevista ao jornal espanhol AS.

Há cerca de um ano atrás, no dia 27 de Outubro de 2010, um outro extraordinário jogador recebeu o Dragão de Ouro. Na hora dos agradecimentos, Hulk afirmou:
É um orgulho receber este prémio. Estou agradecido por tudo. Agradeço sobretudo a Jesualdo Ferreira, que me ajudou bastante quando cheguei e me ajudou a ser melhor jogador.

Jesualdo Ferreira chegou ao FC Porto uns dias antes do início do campeonato 2006/07 (após a deserção de Co Adriaanse) e, durante grande parte do tempo, trabalhou num contexto particularmente difícil. Como é sabido, perante o impacto tremendo do Apito Dourado, e com o presidente “amordaçado”, foi ele que deu o peito às balas e protegeu o grupo de trabalho, inclusive quando houve a ameaça do clube ser excluído da Liga dos Campeões.

Contudo, e apesar dos sucessos desportivos que alcançou, Jesualdo nunca entrou nos corações dos portistas e para muitos era mesmo um mal-amado.

Saiu do FC Porto como um Senhor, respeitando o clube e sem nunca fazer (até agora) uma única declaração desagradável. Atrás de si deixou um rasto de títulos e um grupo de jogadores que ensinou e ajudou a crescer.

O tempo se encarregará de lhe fazer justiça, mas é bom ver o tributo público que lhe é prestado pelos seus ex-jogadores.


P.S. Em Maio de 2008, Jesualdo Ferreira foi a Lisboa, receber um Globo de Ouro da SIC. As palavras que proferiu, perante uma plateia maioritariamente hostil, ficam para a história:

Do Vale do Garrão para o Dragão


A Selecção portuguesa vai disputar amanhã à noite, frente à Islândia, o penúltimo jogo de qualificação para o Euro 2012.
Para preparar este desafio, que terá lugar no Estádio do Dragão, a Selecção está desde segunda-feira em estágio, no Vale do Garrão.
Que engraçado, até rimou, mas…
… se o jogo vai ser disputado no Porto, por que razão é que a Selecção portuguesa rumou a Sul e foi estagiar para Faro?
No Porto e norte do país não há locais apropriados onde a Selecção pudesse treinar?
Os hotéis do norte de Portugal não são do agrado dos craques da bola?
A FPF tem algum acordo com a Região de Turismo do Algarve?
Ou, tal como dizia o inenarrável Scolari, o Porto fica longe e não convém ir lá muitas vezes?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O apoio inequívoco do slb

«Benfica e Sporting estão a ponderar apoiar em conjunto a candidatura de Fernando Seara à presidência da Federação Portuguesa de Futebol. O SOL sabe que Luís Filipe Vieira e Luís Duque estiveram ontem reunidos com o presidente da Câmara Municipal de Sintra para acertar agulhas tendo em vista o acto eleitoral de 10 de Dezembro. Próximo do presidente dos ‘encarnados’ e do administrador da SAD leonina - seu vereador em Sintra e homem forte para o futebol em Alvalade -, Seara juntou à mesa os dois ‘grandes’ de Lisboa, cada vez mais concertados no apoio ao autarca. Segundo apurou o SOL, a ‘troika’ tem mantido contactos regulares nos últimos meses para alinhavar ideias e a estratégia a seguir. Se o incentivo do Benfica à candidatura já era conhecido, o do Sporting torna-se agora cada vez mais evidente, depois de Luís Duque já ter admitido em entrevista à RTP N, antes do arranque do campeonato, que via em Seara uma boa solução.»
01/09/2011


O Benfica apoia inequivocamente a candidatura de Fernando Gomes. Trata-se de um projeto assente na credibilização e transparência. Vai realizar uma reestruturação muito importante no futebol português. A Federação precisa de liderança bastante forte, com ideias próprias. Fernando Gomes é um homem muito conceituado. (...)
Sou amigo do Fernando Seara e ele é que poderá dizer um dia porque não quis candidatar-se
.”
Luís Filipe Vieira, 04/10/2011, na sede da Associação de Futebol de Lisboa


Depois de N contactos e aproximações estratégicas à mesa de diversos restaurantes da capital (estas coisas convém serem discutidas de barriga cheia), o slb e, tudo indica, também o SCP irão, de facto, apoiar um Fernando para a presidência da FPF. Aliás, o ex-administrador da SAD portista está habituado aos elogios e a ser eleito com o apoio dos dois principais clubes da Lisboa, porque já foi assim quando se candidatou à presidência da Liga.

Evidentemente, se as coisas correrem mal dentro das quatro linhas, significa que não há verdade desportiva e que a culpa é do "Sistema", o qual, como toda a gente sabe, é controlado pelo Pinto da Costa...

P.S.1 Para não dizerem que ele ficou a ver navios, ouvi dizer que Godinho Lopes ficará plenamente satisfeito se Hermínio Loureiro integrar a lista de Fernando Gomes no lugar de vice-presidente. Será?

P.S.2 Como é que o Manha irá justificar o apoio inequívoco do seu benfica à candidatura de Fernando Gomes?

Renovação de contrato de A. Pereira

Álvaro Pereira acabou de renovar (na semana passada) pelo FCP.

Normalmente as renovações são despoletadas (da parte do FCP) pela vontade de evitar outro caso Assunção (se não renovarmos de 2 em 2 anos estamos sujeitos a ve-los sair por uns tostões à luz do acórdão Webster), ou então para aumentar cláusulas de rescisões no caso de jogadores bastante cobiçados.

Lembrando o que está em jogo com o Acórdão Webster: um jogador de menos de 28 anos que cumpra contrato há já 3 anos pode sair do clube pagando apenas os salários que ia receber até fim de contrato, o que normalmente corresponde a "peanuts" comparado com o valor do passe. Idem para jogadores de mais de 28 anos, ao fim de 2 anos de contrato.

Neste caso parece-me mais ou menos evidente que nenhuma dessas duas hipóteses se coloca (tinha renovado há apenas um ano - não havendo portanto o risco de invocar o acórdão Webster por pelo menos mais 2 anos - e já tinha uma cláusula de rescisão bastante alta), por isso é menos claro porque quis a SAD renovar. Duvido que eles pensem que ele se vai valorizar este ano para cima da clausula de rescisão que detinha, quando neste Verão o Chelsea de AVB não se aproximou sequer desse valor (aliás, não é sequer claro que a cláusula de rescisão tenha agora aumentado).

A hipótese mais plausível é que lhe aumentaram o salário como rebuçado por não o terem deixado sair no Verão... uma espécie de "vitamina" monetária para a sua motivação, digamos.

Agora falar em querer dar "sinais de confiança" como se escreveu n O Jogo é que é um bocado para o ridículo: penso que o facto de ser titular indiscutível e o facto de o clube não aceitar vende-lo no Verão já eram sinais claríssimos de que o treinador e SAD tinham e têm imensa confiança nele, ou não?

Falar em "dar sinais de confiança" aquando de uma renovação de contrato faz sentido quando se trata de um jogador que raramente joga e com pouco mercado (sei lá, um Mariano há um ano ou um E. Rafael hoje). Não é de todo o caso, o que estava aqui em jogo era uma coisa bem diferente.

O que fica então o FCP a ganhar com isto? Bem, apesar de aumentar um pouco a folha de salários, fica com um jogador menos amuado (se é que o estava...) depois da transferência gorada, e evita ter que se preocupar em negociar uma renovação com ele daqui a 12 ou 18 meses (por causa do tal acórdão) caso ainda cá esteja (o que duvido muito, tendo em conta o elevado investimento feito em Alex Sandro).

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Incomparável José Maria Pedroto


Tive a oportunidade de ver na Sport Tv 1 no Sábado um documentário sobre José Maria Pedroto.

Já aqui escrevi sobre esse incomparável herói da saga azul-branca, mas, de facto, nunca é de mais relembrar esse Homem (sim, com "H" grande) que esteve na base do F.C. Porto actual, juntamente, é claro, com Jorge Nuno Pinto da Costa.

Dizia Pinto da Costa no referido documentário que Pedroto estava 50 anos à frente do seu tempo. Eu não iria tão longe, mas estou certo que, pelo menos 30 anos ele estava adiantado. Fosse hoje, e seria decerto cobiçado pelos "grandes" da Europa, não sendo certo, contudo, para quem o conheceu, que fosse a correr para os braços deles.

Mais do que outros, Pedroto era de facto especial, sem se preocupar em salientá-lo. De tôcos de vassoura (por respeito, não os menciono) fazia internacionais. De Vitórias de Setúbal e Boavistas fazia candidatos ao título. De um F.C. Porto timorato e resignado, fez um campeão nacional e uma equipa europeia.

Mais que tudo isso: José Maria Pedroto, muito mais que um treinador de futebol, era um gestor de futebol e, acima de tudo, um portista. Tinha a modéstia dos homens verdadeiramente grandes, e não padecia de necessidades de afirmação.

É conhecida a história em que o presidente do Sporting, João Rocha, lhe colocou à frente um contrato em branco, estava ele no Vitória de Guimarães, para ele lá pôr o montante que pretendia auferir e ele, pura e simplesmente, recusou.

Estava, de facto à frente do seu tempo, mas numa coisa ele se superiorizava ao tempo actual: o dinheiro e a fama não o embriagavam.

Tenho a certeza que, lá no Céu dos portistas, velas por nós, Zé do Boné!


Foto: Retrato de José Maria Pedroto por Henrique Medina

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um Dilema Teológico


O propagandista de um banco português - cujas acções ombreiam, nas suas vertiginosas perdas de valor, com as das SADs dos clubes de futebol - e treinador de um clube castelhano, saiu a terreiro, sem dúvida que no âmbito da sua incomensurável modéstia e infinita sabedoria, a apoiar a candidatura do Dr. Fernando Gomes a Presidente do venerável orgão que é a Federação Portuguesa de Futebol.

É público o nojo que tal candidatura provoca em certos escribas mouriscos, os quais, contudo, de um modo geral, veneram o dito actor publicitário mais do que o profeta, ou até o bom senso, lhes recomendaria.

Eu imagino o dilema teológico em que essa malta se encontra, e só posso recomendar-lhes:

"Obedecei, portanto, filhos da justiça, à advertência de João que vos diz: Endireitai as veredas do Senhor", S. Cirilo de Jerusalém.