O ponto mais saliente desta primeira parte da época de 2011/12 e aquilo que a nós portistas mais deveria importar é, sem qualquer dúvida, a dívida para com o Standard Liége.
Qualquer outro assunto deve ser relativizado perante as potenciais consequências desta nossa (grave) falha.
Nem Vítor Pereira, nem Villas-Boas, nem Falcao, nem Kléber ou Walter. O que mais marcou este arranque, foi mesmo este inédito problema financeiro. Que não se repita, nunca.
O nosso prestígio está também aqui em jogo. Nem tudo se resume às quatro-linhas.
Quanto ao que se tem visto no relvado, e começando pelos nossos rivais, temos que, aqueles treinados por Domingos, estão numa sequência de vitórias raramente vista nos últimos anos por aquelas bandas.
E só de pensar que estiveram, em Paços de Ferreira, a escassos 15 minutos de verem toda a sua temporada arruinada...
Izmailov, antes de se voltar a lesionar para o resto do ano, marcou um golo (caído do céu) que tudo alterou. Depois, uma série de 2/3 jogos com abundância de "fortuna", fizeram o resto.
Teremos que esperar por um novo percalço para, de acordo com a reacção, vermos se temos, ou não, adversário a sério.
Que esteja para breve.
Já quanto aos orientados por JJ, aconteceu, mais ou menos, o de sempre. Naquela fase em que, verdadeiramente, se decide se duram, ou não, até ao último terço de época (ou seja, nos 4/5 primeiros jogos da temporada), o "amparo" arbitral pesou de forma significativa (principalmente nos jogos caseiros contra Feirense e Guimarães).
Depois, a comunicação social lisboeta fez o resto. Inclusive, transformando o empate europeu na Luz, perante o Manchester United, numa "grande vitória".
A confiança, essa parte tão complicada de se conquistar, foi assim aparecendo aos "empurrões".
E, pronto, desta forma aí estão eles lançados. Há que ter muito cuidado.
E nós? Bem, tudo ainda está algo vago no nosso caso.
Muitas incertezas pairam no ar, e estas não aconselham grandes conclusões.
Duas correntes de opinião se formaram, logo desde o principio desta temporada, em quase todos os seus aspectos-chave:
1 - Uns consideraram Villas-Boas um traidor sem perdão, que nos hipotecou o futuro. Outros, que terá sido "vítima" do enorme sucesso alcançado pelo FCP em 2010/11 e que mais e melhor, no FCP, seria sempre impossível;
2 - Depois, tivemos uns que consideraram a derrota na Supertaça Europeia (mais uma) um "bom resultado" dado a enorme valia do oponente e outros para quem uma derrota é sempre uma derrota e que, na verdade, nunca o FCP esteve sequer perto de obter qualquer outro resultado. Seria apenas uma questão de tempo até o Barcelona arrumar o assunto;
3 - Por último, e já quando a bola deixou definitivamente de entrar tantas vezes, muitos passaram a defender a saída imediata do treinador "enquanto ainda temos tempo". Outros, não inocentando o técnico, consideram que o seu despedimento seria precoce e que, perante a tamanha indefinição que existiu aquando da constituição do plantel, Vítor Pereira ainda justifica um período mais largo de avaliação;
Em dois aspectos, porém, existiu quase unanimidade entre a massa adepta:
1 - Praticamente todo a gente, no já longínquo mês de Junho, apoiou a decisão (de "continuidade") de Pinto da Costa de optar pelo adjunto de Villas-Boas;
2 - Praticamente ninguém é capaz de lançar um nome (realista) que possa, no imediato, substituir o nosso actual treinador;
Tudo é ainda demasiado cinzento, pois.
Existe o real perigo de um novo "2004/05", sem qualquer dúvida, e as coisas não estão a sair nada bem.
Que ninguém acredite, porém, que o nível alcançado em Abril/Maio passado seria algo possível de ser mantido.
Falcao representava muito mais que apenas 1/11 avos no poder global da equipa. O futebol tem uma matemática muito própria.
Infelizmente, também, tanto a defesa, como o meio-campo, não terão sido reforçados como deveriam e isso, mais cedo ou mais tarde, ser-nos-á fatal em termos europeus. Aí, haverá já pouco a fazer.
Resta-nos, contudo, a liga nacional e, aí, as coisas poderão (ainda) cair para qualquer um dos lados. Falta ainda tirar uma ou outra dúvida quanto ao verdadeiro grau de motivação dos melhores jogadores.
E temos ainda Hulk connosco (ainda que oxigenado), o que é uma óptima notícia a qual nos podemos agarrar.
São tempos de consumos muito rápidos, estes.