domingo, 31 de agosto de 2014

Radomir Antić sobre Maicon

Radomir Antić é sérvio mas fez quase toda a sua carreira de treinador em Espanha.
De facto, entre 1988 e 2004, foi treinador de seis clubes espanhóis: Saragoça, Real Madrid, Oviedo, Atlético Madrid, Barcelona e Celta Vigo.

Apesar de já não treinar qualquer clube espanhol há 10 anos, Antić mantém um grande prestigio em Espanha e, na passada terça-feira, foi convidado pela TVE para comentar a transmissão televisiva do FC Porto x Lille, da 2ª mão do play-off da Liga dos Campeões.

Radomir Antić (O JOGO, 30-08-2014)

Entre as afirmações de Antić, que O JOGO reproduziu, saliento a seguinte:

Gostei muito do Maicon. No futebol atual, poucos centrais têm tanta qualidade como ele. Defensivamente é muito bom e distribui a bola como poucos

Vindo de quem vem, muito interessante este elogio a Maicon, até porque, para alguns adeptos portistas, o FC Porto precisaria de contratar um defesa-central de top, que soubesse distribuir a bola e/ou sair a jogar.

Maicon, FC Porto x Lille (fonte: LUSA)

sábado, 30 de agosto de 2014

Estou muito contente, pois claro!

Rúben Neves

Estou muito satisfeito pelo facto do FCP ter cumprido o primeiro grande objectivo da época: a passagem à fase de grupos da CL, com as vantagens desportivas e financeiras que a inclusão na prova maior permite acolher. Não foi perfeito o exame da passada terça-feira, mas a prova correu bem porque trabalhámos muito e fomos competentes. Vencemos com um agregado de 3-0, mas há quem esteja descontente, porque não chega: a rapaziada é razoável e exige o limite. Aos outros de preferência. Assobia-se porque a equipa perdeu alguma coesão a meio da primeira parte ou porque o treinador entendeu não meter o Quaresma na última substituição que podia fazer, depois de ter queimado uma por incapacidade física de Alex Sandro. Que pecado capital cometeu o mister para merecer tanta severidade? Nunca bati tantas palmas a um treinador para ajudar a abafar essa opinião sonora de descontentamento incompreensível que não serve o clube, não apoia o jogador que vai entrar, legitima a rebeldia de Quaresma e potencia um aval indirecto de revelia à autoridade do treinador. No FCP, para alguns, a autoridade do treinador acaba quando a integração de Quaresma se intromete e se torna uma obrigação para esses iluminados. Que estranha obsessão.

A exibição do FCP contra o Lille não foi perfeita. Mas, um bom gestor deve reconhecer as forças e fraquezas do grupo e agir em conformidade com essas realidades. Mais, deve acomodá-las ao modelo de jogo do clube, aos actores que tem à disposição e aos diferentes momentos da competição. A ultrapassagem do play-off que a equipa tinha de cumprir (obrigatoriamente) no início da época para estar na CL, não permitia devaneios artísticos. O treinador chamou a si todas as responsabilidades e não teve medo de correr riscos em defesa da segurança e do controlo de jogo que entendeu imprescindível para passar o Rubicão. Da última vez que tivemos idêntico desafio, calhou muito mal com um precário Anderlecht.
Temos uma equipa jovem e ainda não fomos derrotados o que é estranho numa equipa com um treinador sem experiência na CL e tarimba de balneário e em que Fabiano não dá confiança, Danilo escorrega sem jeito, Indi não sabe saltar e sair a jogar, Reyes está verde, Casemiro talvez sirva mas não é forte na posição 6, Herrera não sabe passar a mais de 10 metros de distância, o miúdo ainda não é gente, tal como Óliver que retém a bola e joga para o lado. Salvam-se o Martinez e o Brahimi, por enquanto. Maicon está no limbo e Alex Sandro sujeito a novas observações. Se fosse cínico, diria que o treinador conseguiu um milagre, dada a sua inexperiência e à fragilidade dos atletas que temos, por quem ajuíza e sabe da poda.

Pela minha parte, estou entusiasmado com o trabalho produzido, embora reconheça que precisámos de melhorar a nossa presença no ataque. Mas, nestas coisas da bola não basta consultar a wikipedia ou estar atento aos conselhos de Freitas Lobo para lá chegar. Demora e é feito de riscos, porque não raramente tapa-se de um lado mas destapa-se do outro. Brahimi fez uma excelente segunda parte a que não foi alheio o facto de haver mais espaços porque chegámos à vantagem no arranque do segundo tempo.
Assino por baixo a política de contratações e alienações no plantel, embora Ádrian Lopez ainda esteja muito longe de justificar o investimento que foi feito. Uma última consideração para o Rúben que deve ser tratado como uma pedra rara que deve ser lapidada com muito carinho. Acho que o miúdo saiu da sua zona de conforto e está a aprender a jogar num registo diferente. Acredito na perspicácia de Jullen para acompanhar o seu crescimento. Por fim, espero que Lopetegui saiba gerir o conflito com o Ricardo Quaresma e que o clube lhe saiba dar apoio esclarecido, como fez com Mourinho aquando do processo disciplinar a Vítor Baia, até porque o Mustang não é uma referência como foram Fernando Gomes e Jorge Costa e acabaram por sair por razões disciplinares. Estou muito contente, pois claro e o Rúben representa essa crença de confiança no futuro.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Podstawski, a próxima aposta de Lopetegui?


"Centro-campista claramente posicional que pode beneficiar-se muito da saída de Fernando para dar o salto á primeira equipa. Extremamente valorizado nas categorias inferiores portugueses, onde é o capitão da selecção de sub 19 e por quem já jogou mais de 50 encontros internacionais desde que se estreou nos sub 16. Ideal para o estilo de Lopetegui."
Axel Torres in Guia Marca 2014

Axel Torres é um dos mais brilhantes jornalistas espanhóis da actualidade. Menino-prodígio, começou a trabalhar para o Grupo Marca ainda quando estudante tendo desenvolvido na última década uma carreira notável tanto na imprensa escrita, radiofónica e televisiva. É o responsável do programa Marcador Internacional da Rádio Marca (o programa líder em relação ao futebol internacional em Espanha), locutor e apresentador do canal pago GolTV (onde conta com um programa próprio, Planeta Axel) e cronista habitual do jornal Marca. A sua popularidade granjeou-se ao facto de, num país excessivamente interessado na sua liga, ter servido como porta de abertura para o que se disputava fora das fronteiras.
Axel é também um expert em futebol de formação. Começou aí a sua carreira e ainda, hoje, com o prestigio acumulado, não perde um torneio de formação in loco. Em Espanha é provavelmente a voz mais autorizada quando se trata de avaliar o potencial de jovens jogadores. O seu pequeno texto sobre Tomas Podstawski não é casualidade. Torres conhece pessoal e profissionalmente o trabalho de Lopetegui como poucos. Seguiu as suas equipas de formação ao detalhe, escreveu longos e interessantes artigos sobre as equipas de sub-20 e 21 espanholas dos últimos cinco anos e entende perfeitamente o que Lopetegui quer das suas equipas. Partindo do principio que o treinador espanhol tem uma ideia de jogo clara – que já deixou antever nos jogos até agora disputados – poderá Podstawski ser, como indica Axel, um jogador a lançar este ano?

Lopetegui chega ao Dragão com uma dupla missão. Ser campeão – o que se exige a todos os treinadores do clube em todas as temporadas desde que Pinto da Costa é presidente – e lançar a base do futuro. Entre cessões (só Oliver não tem opção de compra), jogadores jovens adquiridos e futebolistas da sua confiança pessoal (Jose Angel, Adrian, Marcano), foi dado ao técnico espanhol material suficiente para armar dois bons onzes, algo que outros treinadores na história recente do clube não tiveram. Sobretudo, Lopetegui tem a sorte de contar com um escalão de formação que realmente promete depois de anos de deserto. Na equipa B, Luis Castro conta com oito a nove futebolistas que podem perfeitamente ambicionar com um lugar na A. O técnico espanhol já deu a titularidade a Ruben Neves – um gesto de aplaudir e um sinal de confiança para os restantes continuarem a trabalhar – mas há muitos outros futebolistas que pode ir integrando. Podstawski é seguramente um deles.


Num plantel que carece de um seis com critério a jogar, hábil nas marcações e que pode subir no terreno transformando-se num 8 em situações de posse, o médio de ascendência polaca é uma escolha natural. A tomada de decisão, cada vez o elemento mais diferenciador da qualidade individual de um futebolista numa era onde há pouco tempo e espaço, de Tomás está claramente acima da média e o sentido de jogo posicional é excelente. A sua ausência da pré-época azul-e-branca – devido ao compromisso internacional do Europeu – afastou-o do trabalho diário com o treinador e abriu as portas a Ruben  Neves para ocupar o seu lugar. Á medida que Lopetegui entre em contacte diário com essa fornada de jogadores (onde estão ainda Rafa, Francisco Ramos e André Silva) que já conhece em video ao detalhe, espera-se que estes venham, mais tarde ou mais cedo, fazer parte das suas opções, particularmente em jogos das Taças e algum que outro encontro em casa no lote de convocados.



Se por um lado a contratação (para mim excessiva, mantenho-o, nos casos de Fernandez, Opare, Jose Angel, Marcano, Adrián e Evandro) de meia dúzia de jogadores é um claro tampão à ascensão imediata desses jogadores, por outro a mensagem que Lopetegui deixa à cantera portista com a confiança depositada em Ruben permite pensar que mais caras novas podem ter a sua oportunidade mesmo que isso signifique deixar no banco a jogadores contratados (foi o caso de Casemiro, ainda que por empréstimo mas com um perfil mediático muito superior e que deverá, a médio prazo, ter muitos mais minutos do que Ruben). Tendo em conta a forma como Axel Torres entende, talvez melhor que qualquer um de nós, como é o Lopetegui treinador, convém ter em atenção até que ponto Tomás Podstwaski pode vir a ser uma das boas surpresas da temporada.
O jovem internacional por todas as categorias já treinou varias vezes com o plantel principal nos últimos anos. Falta dar um último passo. Aquele que parece estar mais perto do que nunca para o jovem de 19 anos que pode vir a ser mais uma peça chave do nosso futuro. 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

(Antevisão do) Sorteio da fase de grupos

O JOGO, 28-08-2014

A distribuição pelos quatro potes, dos 32 clubes que vão participar na fase de grupos da Liga dos Campeões 2014/2015, é a seguinte:

POTE 1
Real Madrid (Espanha), 161.542
FC Barcelona (Espanha), 157.542
Bayern Munique (Alemanha), 154.328
Chelsea (Inglaterra),140.949
Benfica (Portugal), 129.459
Atlético Madrid (Espanha), 119.542
Arsenal (Inglaterra), 112.949
FC Porto (Portugal), 105.459

POTE 2
Schalke 04 (Alemanha), 95.328
Borussia Dortmund (Alemanha), 82.328
Juventus (Itália), 80.387
Paris Saint-Germain (França), 80.300
Shakhtar Donetsk (Ucrânia), 78.193
Basileia (Suíça), 75.645
Zenit (Rússia), 73.899
Manchester City (Inglaterra), 72.949

POTE 3
Bayer Leverkusen (Alemanha), 70.328
Olympiakos (Grécia), 67.720
CSKA Moscovo (Rússia), 66.899
Ajax (Holanda), 61.862
Liverpool (Inglaterra), 58.949
Sporting (Portugal), 58.459
Galatasaray (Turquia), 55.340
Athletic Bilbao (Espanha), 54.542

POTE 4
Anderlecht (Bélgica), 50.260
Roma (Itália), 39.887
APOEL Nicosia (Chipre), 37.650
BATE Borisov (Bielorrúsia), 33.725
Ludogorets (Bulgária), 18.125
Maribor (Eslovénia), 16.200
Monaco (França), 11.300
Malmoe (Suécia), 6.285


Em termos de sorteio, as minhas preferências (por ordem) são as seguintes:

do POTE 2:
Basileia (Suíça), Shakhtar Donetsk (Ucrânia), Zenit (Rússia)

do POTE 3:
Ajax (Holanda), Olympiakos (Grécia), Galatasaray (Turquia)

do POTE 4:
Maribor (Eslovénia), Ludogorets (Bulgária), Anderlecht (Bélgica)


A evitar (por ordem inversa de preferência):

do POTE 2:
Paris Saint-Germain (França), Manchester City (Inglaterra), Borussia Dortmund (Alemanha)

do POTE 3:
Liverpool (Inglaterra), Bayer Leverkusen (Alemanha), Athletic Bilbao (Espanha)

do POTE 4:
Roma (Itália), Monaco (França)




O sorteio é hoje, a partir das 16h45.


Saiu uma das equipas que eu preferia (o Shakhtar Donetsk, do pote 2) e uma das equipas que eu gostaria de evitar (o Athletic Bilbao, do pote 3).

Penso que vai haver uma luta a três pelos dois lugares de acesso aos oitavos-de-final e, nesse aspecto, não fiquei satisfeito com o sorteio, mas podia ter sido pior (que o diga o Benfica).

Quanto à ordem dos jogos...

FC Porto x BATE Borisov (17 de setembro)
Shakhtar Donetsk x FC Porto (30 de setembro)
FC Porto x At. Bilbao (21 de outubro)
At. Bilbao x FC Porto (5 de novembro)
BATE Borisov x FC Porto (25 de novembro)
FC Porto x Shakhtar Donetsk (10 de dezembro)

... começar em casa é bom; ir a Kiev (?) a 30 de Setembro não é mau; mas ter de ir à Bielorrússia a 25 de novembro, não vai ser nada agradável.

(post atualizado às 23:00)

terça-feira, 26 de agosto de 2014

À chuva também ganhamos

Brahimi (fonte: LUSA)

O dia de hoje mais parecia de Inverno. Nublado, chuvoso, daquela murrinha chata que parece que não molha, mas molha (eu fui a pé e quando cheguei ao meu lugar estava encharcado).
E os primeiros 45 minutos foram como o dia. Cinzentos, ao ponto de alguns adeptos portistas terem manifestado o seu descontentamento assobiando.

Um dos alvos dos assobios foi Óliver Torres, que é uma "pérola", que tem sido dos melhores, mas que a meio da 1ª parte do jogo de hoje parecia perdido.

Outro jogador que hoje esteve irreconhecível foi Rúben Neves, ao ponto de ter oferecido um golo ao Lille, que Maicon (grande jogo!) salvou in extremis. A sua substituição por Evandro só pecou por tardia.

Ironicamente, o médio mais regular e aquele que, ao longo de todo o jogo, se exibiu num patamar mais elevado, foi o "patinho feio" Herrera. Quando os miúdos (Óliver Torres e Rúben Neves) pareciam assustados e desapareceram do jogo, foi Casemiro e, principalmente Herrera, quem segurou a equipa, vindo atrás, levando a bola para a frente, surgindo nas alas e pressionando os adversários.
E se na 1ª parte Herrera foi o melhor dos médios portistas, na 2ª parte a exibição deste internacional mexicano foi de grande nível. Só lhe faltou voltar a marcar ao Lille, o que esteve quase para acontecer em duas ocasiões e seria mais do que merecido.

Herrera (fonte: LUSA)

Não marcou Herrera, mas marcou Jackson. O terceiro golo em quatro jogos oficiais. Um golo à ponta-de-lança, finalizando de forma colocadíssima, após um entendimento perfeito com Brahimi.
Jogo após jogo Jackson demonstra que a sua renovação (nos moldes em que foi feita) foi, talvez, a melhor "contratação" que o FC Porto fez para esta época.

E que dizer do "mago" argelino?
Não me quero precipitar mas, depois da exibição de hoje e por aquilo que também já vi noutros jogos, Brahimi parece ter tudo para ser um digno sucessor de outro argelino que, há quase 30 anos atrás, vestiu de azul-e-branco: Rabah Madjer.

À chuva (com a cobertura amovível do Estádio do Dragão, que não existe, aberta...) e com o relvado bem molhado, o FC Porto voltou a ganhar. Ponto final... para o Lille.

P.S.1 Tal como já tinha acontecido em Lille, no jogo da 1ª mão, o FC Porto voltou a ser prejudicado por um erro grave de arbitragem (felizmente sem consequências no resultado da eliminatória). Com o resultado em 0-0, o árbitro norueguês Svein Oddvar Moen fez "vista grossa" a um agarrão que desequilibrou Jackson dentro da área e não assinalou o penalty (claríssimo) que se impunha.

P.S.2 Hoje não jogaram Quintero, Quaresma, Tello, Adrián López e Aboubakar. Do meio campo para a frente, o FC Porto tem qualidade para dar e vender.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Atenção ao Lille fora de casa

Na conferência de imprensa de antevisão do FC Porto x Lille de amanhã, Julen Lopetegui chamou à atenção para um aspeto importante:

[O Lille] é uma equipa que joga melhor fora do que em casa.
É um rival que não perdeu nas visitas ao Mónaco ou ao Paris Saint-Germain no ano passado.

Fui confirmar e, de facto, no campeonato francês da época passada, o Lille empatou 1-1 no Mónaco e 2-2 em Paris.

Jogos do Lille fora de casa no campeonato 2013/2014 (fonte: zerozero)

Mais. Em 19 deslocações para a Liga francesa 2013/2014, o Lille perdeu apenas quatro vezes (a última derrota fora de casa foi no início de Fevereiro!) e sofreu apenas 16 golos (média de 0,84 golos sofridos nos jogos fora de casa).

E se juntarmos a estes números os do início desta época…

Jogos do Lille fora de casa na época 2014/2015 (fonte:zerozero)

… não há dúvida que estamos perante uma equipa cujo modelo de jogo está bem trabalhado e adaptado aos jogos fora de casa.

Assim sendo, para além dos "mistérios" do jogo da 1ª mão, esta é mais uma razão para os jogadores do FC Porto estarem alerta.

domingo, 24 de agosto de 2014

Un petit amour


A semana passada, a equipa do Boavista deslocou-se a Braga para a 1ª jornada do campeonato e perdeu por 3-0.
Apesar da derrota ter sido por números claros, o treinador dos axadrezados não esteve com meias medidas e, sentindo-se prejudicado em algumas decisões, no final do jogo atirou-se à arbitragem do SC Braga x Boavista.

Hoje, para a 2ª jornada, os boavisteiros receberam, de braços abertos, os seus amigos benfiquistas no Bessa e aconteceu aquilo que era de esperar: a vitória dos encarnados de Lisboa.

Contudo, aos 84 minutos, foi anulado um golo ao Boavista que daria o empate e, pelas imagens que eu vi (pouco claras), pareceu-me mal anulado.

Mas quem estava à espera de um treinador do Boavista nervoso e indignado pelo golo anulado à sua equipa a poucos minutos do final do jogo, enganou-se redondamente.

Muito calmo, eu diria quase satisfeito, Petit limitou-se a dizer: “O golo (anulado) do Brito seria um prémio justo para a minha equipa. Deixa-me algumas dúvidas.

Algumas dúvidas? Pois…


P.S. Ao intervalo, no caminho para o túnel, Jorge Jesus dirigiu-se ao árbitro de forma imprópria e, naturalmente, foi expulso.

No final do jogo, na conferência de imprensa, o treinador dos encarnados limitou-se a dizer:
Tenho a consciência tranquila. Não falei nada sobre o jogo. O árbitro achou que eu não devia voltar ao banco.

Ele é árbitros, árbitros assistentes, treinadores adversários, jogadores (inclusive da própria equipa), policias, etc.
Este Jesus é tão bom rapaz…

Só nunca o vi foi a fazer isto com árbitros das competições europeias. Por que será?

sábado, 23 de agosto de 2014

No intervalo do Play-off

68 horas e meia após o final do jogo de Lille, teve início o jogo em Paços de Ferreira.

Na próxima terça-feira, às 19h45, 72 horas após o final do jogo de Paços Ferreira, terá início o FC Porto x Lille, da 2ª mão do Play-off da Liga dos Campeões.

Assim, no jogo de hoje, Danilo, Herrera, Brahimi e Óliver Torres não fizeram parte do onze inicial e, em sentido contrário, estrearam-se a titulares Ricardo, Evandro, Tello e Adrian Lopez.

É óbvio que o plantel desta época tem maior qualidade e profundidade do que os planteis dos últimos três anos e, conforme Lopetegui já repetiu várias vezes, para ele não há 11 titulares. Contudo, parece evidente que as escolhas para este Paços Ferreira x FC Porto foram condicionadas pela importantíssima eliminatória frente ao Lille.

Apesar das muitas alterações, a equipa revela já uma organização apreciável para esta fase da época. Aliás, nesse aspecto, faz-me lembrar o que de bom tinha o FC Porto de Vítor Pereira.

Três jogos (dois dos quais fora de casa) e zero golos sofridos é, obviamente, bastante positivo e que tem algum significado.
É um chavão mas é verdade: as boas equipas começam a construir-se de trás para a frente.

Mas, por outro lado, este FC Porto de Lopetegui ainda revela dificuldade em criar oportunidades de golo, incluindo em lances de bola parada.

Há uma estatística no jogo de hoje que me parece relevante. O FC Porto teve 12 cantos a seu favor (contra apenas dois do Paços de Ferreira), mas foi incapaz de criar perigo para a baliza dos castores em qualquer um deles.

É fundamental começar a ter jogadas estudadas para os lances de bola parada, de modo a melhorar o aproveitamento deste tipo de lances.

Sem deslumbrar, foi uma boa e merecida vitória do FC Porto num campo onde, suspeito, não vai ser fácil ganhar.

O discurso da "espinha dorsal" cai no "Fundo"

“Cancelo é propriedade da Meriton Capital, fundo de investimento de Peter Lim, e passará a ser jogador do Valência assim que se formalize a compra do clube. É um futebolista joven, que chega por empréstimo desportivo do Benfica mas que, tal como André Gomes e Rodrigo, no momento da compra, pasará a pertencer formalmente ao clube. Praticamente já podemos dizer que é jogador do Valência”.
Amadeo Salvo, presidente do Valência a 21-08-2014

“Segundo o jornal espanhol Super Deporte o SL  Benfica vendeu os direitos económicos dos jogadores Bernardo Silva, João Cancelo e Ivan Cavaleiro a um fundo asociado a Jorge Mendes, empresario dos jogadores, antes de formalizar os seus empréstimos a AS Monaco, Valência e Deportiva la Coruna, respectivamente. O jornal espanhol indica que os restantes dois futebolistas estão destinados a rumar ao Valência no final da temporada se o clube for finalmente adquirido por Peter Lim. Entretanto o AS Monaco divulgou também que tem opção de compra sobre Bernardo Silva, informação que Luis Filipe Vieira não facilitou e que poderá explicar na entrevista televisiva agendada”
Diario de Noticias, 09-08-2014

Eu sou muito repetitivo com a questão da formação do FC Porto.
Gostaria de ter um 11 com valor suficiente para ser titular do clube que tenha passado pela formação ainda que saiba que isso é impossível. Mas sou consciente de que, num plantel de 25 jogadores, há sempre espaço para meia dúzia de futebolistas da casa. Mais tendo em conta esta brilhante geração que nos bate à porta e do qual o Ruben Neves é a mais agradável surpresa. No FC Porto há espaço para todos, desde que sejam bons, ainda que eu tenha uma preferência pessoal pelos jogadores da casa. O que eu nunca disse (nem ouvi dizer dentro do Clube) foi que ambicionava ser a “Espinha Dorsal” da selecção. Esse discurso vem lá de baixo, cheira a mofo e contradiz-se com o que o respectivo clube que orgulhosamente o prenuncia faz.

O Benfica nos anos 60 foi, efectivamente, a equipa que compunha o “core” da selecção. Não o era nos anos 40, nos anos 50, não o foi nos anos 80, 90 e 2000. Na década de 70 partilhou protagonismo com Sporting e Porto, nas distintas metades da década. E no entanto o discurso da “espinha dorsal” sempre foi dado como verdade absoluta. Repetido até à exaustão como se a selecção fosse propriedade privada do Benfica. A formação do “clube de Portugal” tem sido penosa  a tal ponto que qualquer Miguel Bastos, Hugo Leal ou Manuel Fernandes eram tidos como os arautos de uma nova era dourada. Nos últimos cinco anos a tendência começou a inverter-se. O novo centro de estágio (com o patrocínio do banco de todos nós num clube que se queixa agora de ser perseguido pela banca) e, sobretudo, o aliciamento a vários treinadores e olheiros do vizinho Sporting permitiram melhoras evidentes. Qualidade há, como provou a último Youth Champions League, ainda que não seja tanto como para criar uma dose de euforia típica daqueles lados. Foi o pretexto perfeito para o populista Vieira retomar o discurso do futuro estar em casa, da “espinha dorsal da selecção vir com selo do Benfica”, etc, etc. Uma pena que Vieira tenha o hábito de dizer uma coisa e fazer outra.

Jorge Jesus, um treinador que contrata 50 jogadores para aproveitar seis e ficar com o rótulo de fazedor de estrelas, não gosta da formação. Já o provou varias vezes que prefere jogadores de fora aos da casa e por mim que o continue a fazer se isso significa trazer os quilates de qualidade que importa. A isso o Benfica alia a falta de cash flow, evidente desde que as empresas de Vieira, que era o fiador do clube, ficaram na lista negra na derrocada pós-BES. Com empréstimos por pagar, sem dinheiro fresco em mãos e salários no limite, era preciso decidir pelo presente ou pelo futuro. Vieira fez uma coisa e disse outra.


O Benfica vendeu os passes das suas “pérolas portuguesas” da formação. De golpe, André Gomes (que é formado entre FC Porto e Boavista, onde esteve dos 15 aos 19), Ivan Cavaleiro (o novo Mantorras), João Cancelo (um lateral incapaz de sobreviver à preferência de Jesus por um carniceiro) e o “novo Rui Costa”, Bernardo Silva, foram todos vendidos ao fundo de Jorge Mendes e Peter Lim, acabando emprestados aos clubes onde o agente tem particular influencia: Deportivo, Valencia e Monaco. De toda a formação benfiquista estes eram, provavelmente, os poucos jogadores que se aproveitavam realmente. O presidente do Benfica não teve problemas em vendê-los – continuando a investir nos jogadores pedidos por Jesus – e em cortar as pernas a mais uma geração da casa. Mas fê-lo de forma cobarde, como lhe é habitual, sem o dizer nem aos sócios nem à CMVM (o que é mais grave e diz muito da capacidade de investigação da entidade). Seguramente que em Julho falarão de um valor mirabolante, impossível de confirmar, ao que se seguirá uma justificação pomposa e uma nova campanha de marketing patrocinada pelo vierismo “hardocre” da imprensa amiga. O Super Deportes – o jornal mais bem informado do que se passa em Valencia – não tem de render pleitesía a Vieira e a Mendes e não se importa de chamar os bois pelos nomes. Para eles a situação é clara e evidente. Só em Portugal se continua a acreditar em fadas e gnomos.

Oficialmente os jogadores estão emprestados, na realidade nunca mais vestirão a camisola encarnada. Mas todos sabemos que o discurso da “espinha dorsal” vai continuar a ser perpetuado e que o próximo miúdo de 20 anos a jogar pela equipa principal está fadado a ser o novo Eusébio. O FC Porto aposta pouco, muito menos do que eu desejava, na sua formação. Mas exceptuando o discurso quase embriagado de Antero Henriques quando se lançou o Visão 611 (um projecto que caiu no esquecimento e silêncio absoluto) pelo menos nós não vendemos banha da cobra.

PS: Quanto ao “clube que melhor forma em Portugal”, estão em estado de euforia orgásmica com o repatriamento de um jogador que foi um fantasma de futebolista nos últimos dois anos e que se não fosse pela teimosia de Paulo Bento tinha desaparecido do mapa nos últimos anos. Entre outras coisa, vêm com o paleio de que é mais um jogador da “formação”, nascido e criado em Alcochete, no plantel. Gostam de viver na mentira e na ilusão, pobres coitados. Nani, esse portento de Alcochete, foi formado no Real Massamá até à tenra idade de 17 anos. Tem o ADN lagarto desde pequenino, não haja dúvidas. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Debaixo dos holofotes

O JOGO, 21-08-2014

A imprensa francesa esteve, naturalmente, atenta a um jogo que envolvia uma equipa francesa.

Mas, este novo FC Porto desperta um particular interesse no Brasil e em Espanha.

A imprensa brasileira destacou o facto do FC Porto ter alinhado com cinco jogadores brasileiros – Fabiano, Danilo, Maicon, Alex Sandro e Casemiro.
Aliás, depois de Danilo e Alex Sandro, não me admirava que esta atenção da imprensa brasileira também favorecesse o regresso de Casemiro à canarinha.

Quanto à imprensa espanhola, o facto do FC Porto ter contratado o ex-selecionador espanhol de Sub-19 e Sub-21 e de ter no plantel vários jogadores espanhóis, faz com que o interesse seja muito maior do que o habitual.

Há que saber aproveitar esta atenção mediática.
Os jornais de Madrid estão particularmente interessados em Óliver e Casemiro.
Os jornais de Barcelona estão particularmente interessados em Tello.
Mas, ao estarem atentos ao desempenho de alguns jogadores espanhóis, acabam por também ver e descobrir alguns “desconhecidos”, como é o caso de Rúben Neves.


P.S. O Lille x FC Porto foi o programa mais visto do dia (1,66 milhões de espectadores), com 17,2% de rating (audiência média) e 40,6% de share (quota de mercado). Nada mau, para um jogo disputado no período de férias por um "clube regional"...

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Mistérios de Lille

1. Um jogo disputado num “pavilhão”

O JOGO
O que terá levado a UEFA a concordar com a pretensão do Lille, de disputar o jogo contra o FC Porto com a cobertura amovível do Estádio Pierre Mauroy fechada?

As coberturas amovíveis (nos estádios que as têm) servem para preservar os relvados e proteger os espectadores das agruras do Inverno, nomeadamente quando está a nevar e/ou se registam temperaturas negativas.

A questão é que o Lille x FC Porto foi disputado em pleno Agosto, num dia em que nem sequer se registaram aguaceiros e com uma temperatura exterior à hora do jogo de 12 graus centígrados (excelente para a prática de um jogo de futebol).

Eu compreendo que os dirigentes do Lille quisessem “abafar” os jogadores do FC Porto (pouco habituados a jogar em “pavilhões”).
Eu sei que, num estádio fechado, 30 mil espectadores a gritar parecem o dobro e poderiam impressionar uma equipa com uma média de idades inferior a 23 anos.
Mas pensava que a UEFA, apesar de ser liderada pelo francês Michel Platini, era isenta (cof, cof, cof…).


2. Uma arbitragem “inteligente”

O que terá levado o senhor Bjorn Kuipers a, logo aos 6 minutos, amarelar um defesa do FC Porto (Danilo), num lance de bola dividida, sem perigo para a integridade física do adversário e em que não foi anulada qualquer jogada de perigo?

O que terá levado o mesmo Bjorn Kuipers a, por exemplo, aos 30 minutos, nem sequer assinalar falta, num lance em que o francês Gueye entra de pé em riste sobre Maicon, atingindo-o de forma perigosa (podia ter provocado uma lesão grave)?

Aos 28 minutos, numa altura em que o resultado estava em 0-0, Jackson foi ostensivamente agarrado e puxado por Basa em plena área do Lille, quando tentava cabecear uma bola.
Dos cinco árbitros holandeses, as imagens da transmissão televisiva mostraram que, pelo menos o árbitro de baliza, estava a olhar para os dois jogadores e viu perfeitamente.

Perante um lance desta clareza, o que terá levado o senhor Bjorn Kuipers (um árbitro do grupo de elite da UEFA, que arbitrou a última final da Liga dos Campeões) a não assinalar a grande penalidade que se impunha?

Bjorn Kuipers expulsa Rolando (Supertaça Europeia 2011/2012)

Nota: Para quem não se lembra, Bjorn Kuipers é o mesmo árbitro que, há três anos atrás, no dia 26 de agosto de 2011, na final da Supertaça Europeia entre o FC Barcelona e o FC Porto, não assinalou um penalty óbvio sobre Guarín (e que seria uma oportunidade flagrante para o FC Porto reestabelecer a igualdade no marcador).


Para além do valor do Lille, uma equipa com uma boa organização defensiva e que aposta no erro do adversário, é também por causa deste tipo de "mistérios" que estou de pé atrás em relação ao jogo da 2ª mão.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Superioridade absoluta

Lille x FC Porto (foto: LUSA)

Uma sólida exibição, uma justissima vitória e um apuramento no bolso. O FC Porto volta de Lille com a sensação de que só algo muito estranho poderá impedir estar no sorteio da fase de grupos da Champions League. A vitória tem ainda mais método tendo em conta a qualidade dos franceses, uma equipa que defende muito bem e está rotinada, contra um projecto novo e que se manejou bem no jogo de espaços curtos que o Lille concedeu a contra-gosto. Lopetegui mudou a abordagem, viu os dragões controlarem o jogo mas só quando abriu o campo se encontrou com o golo da vitória marcado por aquele que foi, precisamente, o mais fraco elemento em campo. O resultado é justo, sobretudo porque escassearam as oportunidades, o único senão da noite. Jackson continua demasiado só.

O FC Porto entrou muito bem. Com autoridade e vontade de se impor, sendo fiel ás palavras de Lopetegui na véspera. O treinador espanhol abdicou das alas e colocou Brahimi e Oliver - essencialmente interiores - a abrir o campo. Fê-lo sabendo que o Lille ia fechar-se bem atrás e deixaria poucos espaços para grandes galopadas. Com o apoio da guarda pretoriana composta por Casemiro, Herrera e Ruben (que grande jogo, mais uma vez), os azuis-e-brancos encostaram o Lille contra as cordas. Em momentos de posse a equipa jogava em 3-4-3 com os dois laterais bem abertos e Casemiro a recuar para dar inicio ao jogo. Ruben, Oliver e Brahimi iam combinando. Os problemas chegavam com a conexão Herrera-Jackson. O mexicano foi o pior jogador em campo. Correu muito mas sem critério e raramente se soube associar ao colombiano. Jackson esteve sempre só. Passou o mesmo contra o Maritimo. É um predador, um dos melhores goleadores da história recente do clube. Mas precisa de quem o assista. Os seus melhores sócios - Quaresma e Tello - estavam no banco. De certa forma, Martinez sofre o mesmo mal de todos os avançados das suas características no esquema que Lopetegui quer impor e que é fiel ao ideário do "tiki-taka". Passou o mesmo com o Barcelona, com Mandzukic no Bayern e com Diego Costa e Negredo com Del Bosque. Jogadores que não entonam no concerto colectivo de constantes trocas de bola, que se perdem a recuar linhas e que sem ter passes rápidos no espaço perto da zona da área vão perdendo influência. Martinez cresceu quando Tello entrou. Não foi coincidência. O golo partiu de um passe do extremo e um primeiro remate de Jackson brilhantemente defendido por Eneyma que Herrera rematou na recarga. Pouco depois Tello, numa rápida diagonal, isolou Jackson que podia ter ampliado a conta. Estava em fora-de-jogo, o disparo foi á figura, mas o lance não valeu.

Jackson Martinez (foto: LUSA)

O golo foi mais do que merecido face á superioridade dos dragões mas o Lille teve as suas opções. A defesa ainda sofre com o esquema táctico no posicionamento em campo nas perdas de bola. Maicon esteve imenso mas antes do intervalo Corchia esteve a ponto de levar os franceses a ganhar para os balneários. Não era justo e não aconteceu. O Porto entrou a matar na segunda parte, marcou e controlou a partir de aí um resultado extremamente favorável. Lopetegui nunca arriscou muito. Colocou Tello para abrir o campo mas optou por tirar Brahimi - mais perdido hoje na ala, como Oliver - e a poucos minutos do fim lançou um Quaresma que não parecia contente. Lopetegui esteve acertado na decisão. Quaresma, neste modelo, dá menos à equipa do que o seu natural virtuosismo compensa. Terá de demonstrar ser capaz de fazer algo mais do que sacar coelhos da cartola para somar minutos de jogo. Nem ele nem Adrian parecem fazer parte do leque de protagonistas que Lopetegui elegeu no inicio da temporada. O oposto de Ruben.
A Europa está a salivar com a jovem promessa e com bons motivos. O golo começou num golpe de génio seu. O dinamismo ofensivo da equipa também passou sempre pelos seus pés. Com 17 anos é cada vez mais uma certeza e o mérito é de Lopetegui, que o lançou depois de um grande Europeu de sub17. O tempo dirá se a aposta se prolonga mas para o jogador estes minutos valem ouro. E tem-nos merecido.

Lopetegui (foto: LUSA)

Superiores em todos os momentos do jogo, os azuis e brancos voltam á Invicta sentindo-se superiores. No Dragão a organização defensiva do Lille será inconsequente se o ataque não responder á altura. Talvez vejamos mais de Marcos Lopes, chamado, como Ruben, a liderar o futuro de Portugal. Mas isso dará também os espaços que Tello ou Quaresma, seguramente mais protagonistas, saberão aproveitar. Há ainda muito por melhorar, sobretudo nos processos defensivos e na conexão entre o ponta-de-lança com o meio-campo. Na ausência de um avançado móvel, como Lopetegui gostaria de ter (em Espanha tinha Rodrigo e Morata para esse papel), Jackson terá de se habituar a mover-se mais e os seus colegas terão também de dar um passe em frente na zona de decisão e oferecer-lhe mais a bola em situações de remate. Só isso impedirá o Porto de ser uma equipa implacável no controlo de jogo mas inofensiva na criação de oportunidades de golo. Ainda assim, os sinais são positivos. Tudo está bem encaminhado para uma nova presença na fase de grupos.

Massa salarial, propaganda e os burros

Na véspera da “entrevista” de Luís Filipe Vieira ao canal do clube, o vice-presidente José Eduardo Moniz também quis falar e, entre outras coisas, afirmou o seguinte:

Aquilo que o FC Porto faz, representa um caminho. Não vou considerar se é bom ou se é mau. É simplesmente um caminho diferente que leva a aumentar significativamente a massa salarial que o clube tem de suportar

Outro vice-presidente do Benfica, no tempo de antena que tem às segundas-feiras na SIC, tem insistido na mesma tecla (até fico comovido com a preocupação dos benfiquistas em relação à massa salarial e saúde financeira do FC Porto…).

Para mostrar que estão a seguir um caminho diferente do FC Porto, os encarnados de Lisboa decidiram ir ao mercado e contratar o “baratinho” Júlio César, para suceder a outro guarda-redes brasileiro – Artur – na baliza das águias.


Naturalmente, antes de assinar um contrato de dois anos com o Benfica, Júlio César teve de rescindir o contrato que tinha com o Queens Park Rangers até Junho de 2016 e onde ganhava £100,000 por semana.

«Julio Cesar is set to clinch a season-long loan move to Benfica this week after being deemed surplus to requirements at Queens Park Rangers.
The Brazilian is earning a staggering £100,000-a-week at Loftus Road and the club are keen to get the goalkeeper off the wage bill.
Cesar’s salary is a problem for the Portuguese side but they are likely to reach a compromise for the 34-year-old.»
in Daily Mail, 17-08-2014


Deixa ver se eu percebi. Júlio César ganhava cerca de £5 M (cerca de 6,2 milhões de euros) por ano no QPR mas, segundo a propaganda ao serviço do clube do regime, aceitou vir para Lisboa ganhar 1 milhão de euros por ano.

Capa do Correio da Manhã de 20-08-2014

Ou seja, provavelmente pelo prazer de jogar no Benfica (mais um que deve ser benfiquista desde pequenino…), Júlio César aceitou rescindir um contrato que lhe assegurava cerca de 12 milhões de euros até Junho de 2016 para, no mesmo período, receber 2 milhões de euros.

«Todo o burro come palha, a questão é saber dar-lha»
Provérbio português

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Os 20 de Lopetegui


Com o plantel quase todo disponível – as excepções são os lesionados Helton (fez treino condicionado e trabalho de ginásio) e Opare (tratamento) – Lopetegui escolheu os seguintes 20 jogadores para o importantíssimo jogo em Lille, da primeira mão do play-off da Liga dos Campeões:

Fabiano, Andrés Fernández, Danilo, Maicon, Martins Indi, Alex Sandro, Reyes, José Ángel, Casemiro, Rúben Neves, Herrera, Óliver Torres, Evandro, Brahimi, Quintero, Ricardo, Quaresma, Jackson Martínez, Tello e Adrián López.

De fora, para além de Helton e Opare, ficaram mais cinco jogadores:

Ricardo Nunes – Na hierarquia da baliza é o 3º guarda-redes. Penso que seria útil que continuasse no plantel, pelo menos até Dezembro e depois, em função do estado da recuperação do Helton, seria tomada uma decisão.

Marcano – Chegou mais tarde e, nesta altura, é o 4º defesa-central para Lopetegui.

Carlos Eduardo – A concorrência é grande (o plantel tem muitos médios de qualidade) e, segundo a comunicação social, o próprio tem consciência disso e pretende sair para jogar com regularidade.

O JOGO, 19-08-2014

Kelvin – Depois de Vítor Pereira, Paulo Fonseca e Luís Castro, parece que o homem do “Minuto 92” também não convenceu Lopetegui. Não sei se tem cabeça (profissionalismo, maturidade, atitude, etc.) para, algum dia, ser jogador de futebol. Penso que lhe faria bem um empréstimo a um clube estrangeiro, que o fizesse sair da sua zona de conforto e o obrigasse a “crescer”.

Sami – Se Tello e Adrián López ficaram de fora do onze inicial que alinhou contra o Marítimo era (é) previsível que Sami não ia ter vida fácil.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

FC Porto, SLB, o Atlético Madrid e Jorge Mendes

Paulo Assunção
Após quatro anos como jogador do FC Porto (no primeiro ano esteve emprestado ao AEK Atenas), a 29 de Maio de 2008, Paulo Assunção, invocando o artigo 17 do Regulamento do Estatuto e Transferência dos Jogadores da FIFA (conhecido pela Lei Webster), rescindiu o seu contrato com Futebol Clube do Porto. A 6 de Julho de 2008, foi anunciado oficialmente como reforço do Atlético de Madrid.

Nota: O FC Porto acabaria por receber uma indemnização de 3,5 milhões de euros.

A forma como o médio defensivo brasileiro saiu do FC Porto, motivou um corte de relações institucionais com o Atlético de Madrid, o que levou os dirigentes portistas a não participarem no convívio entre direcções, em Fevereiro de 2009, quando os dois clubes se defrontaram para a Liga dos Campeões.


Cristian Rodriguez
Após quatro épocas de azul-e-branco (2008/2009 a 2011/2012), Cebola não aceitou renovar com o FC Porto e, como jogador livre, em Maio de 2012 assinou pelos colchoneros a custo zero.


Época 2014/2015…

Óliver Torres e Adrian López
Depois de, nos últimos seis anos, Paulo Assunção, Radamel Falcao e Cristian Rodriguez terem ido do Porto para Madrid (em contextos pouco do agrado do FC Porto), no início desta época Óliver Torres e Adrian López fizeram o trajecto contrário.


Óliver Torres, um extraordinário médio criativo espanhol, de apenas 19 anos, chega ao Porto por empréstimo do Atlético de Madrid.
No caso de Adrian López, o FC Porto comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários ter pago 11 milhões de euros por 60% dos direitos económicos do jogador (nota: não sei se é verdade, mas já ouvi que parte desta verba visa um acerto de contas com o Atlético Madrid, ainda a propósito da transferência de Falcao).


Ora, se as relações entre o FC Porto e o Atlético Madrid parecem estar a atravessar um período excelente, mais a Sul sucedem-se diversos casos.

Siqueira
O lateral esquerdo brasileiro Siqueira, que na época 2013/2014 esteve emprestado pelo Granada ao Benfica, assinou pelo Atlético de Madrid no dia 3 de junho de 2014.


Oblak
Em declarações ao jornal A Bola, efetuadas no dia 14-07-2014, o guarda-redes esloveno referiu que foi ele que forçou a saída do Benfica para assinar pelo Atlético Madrid.
“O Benfica queria que continuasse e o presidente tudo fez para que não saísse, mas a minha vontade era de assinar pelo Atlético Madrid”, disse Oblak.


Guilavogui
Em breve vamos anunciar um trinco. Tínhamos dois jogadores possíveis, um deles não foi possível, mas chegará outro.
Luís Filipe Vieira, 14-08-2014, em entrevista à Benfica TV

«O Atlético Madrid desmentiu as declarações feitas por Luís Filipe Vieira, que afirmou que os colchoneros haviam oferecido Jan Oblak ao Benfica depois de terem contratado o esloveno neste defeso. Nas palavras do presidente das águias, foi o clube da Luz a rejeitar essa proposta, mas os dirigentes colchoneros garantem que não houve qualquer negociação. Quem o diz é o jornal Marca, que também justifica as declarações de Vieira com o descontentamento após a operação Guilavogui ter falhado, tendo o médio francês acabado por ser emprestado ao Wolfsburgo
in record.pt


Sílvio
O Atlético Madrid mandou devolver o certificado internacional do Sílvio, por isso é uma incógnita
Luís Filipe Vieira, 14-08-2014, em entrevista à Benfica TV


Perante uma clara aproximação do Atlético Madrid ao FC Porto e um aparente afastamento do Benfica, qual o papel do super-agente Jorge Mendes?


P.S. No meio disto tudo, penso que a visita de Cristian Rodriguez ao Olival e o abraço dado a Antero Henrique será uma mera coincidência.

domingo, 17 de agosto de 2014

Brahimi, na ala ou no meio?

Yacine Brahimi é filho de pais argelinos, mas nasceu em Paris e fez toda a sua formação futebolística em França.
Em 2003, Brahimi foi selecionado para a academia de Clairefontaine, onde passou três anos. Depois disso, Brahimi foi internacional francês nas seleções de Sub-16, Sub-17, Sub-18, Sub-19, Sub-20 e Sub-21.
Apesar de um currículo significativo nas seleções de formação francesas, em Fevereiro de 2013 Brahimi decidiu que, como sénior, iria jogar pela seleção argelina. E foi com a camisola da Argélia que Brahimi disputou o Mundial de 2014.

Após os quatro jogos da Argélia no Brasil (Brahimi participou em três desses jogos), de regresso à Europa o Garrincha de Granada “aterrou” no Dragão, onde já começou a brilhar.

Aparentemente, Lopetegui pretende usar Brahimi encostado a uma das alas (contra o Marítimo jogou a maior parte do tempo no lado esquerdo do ataque portista), mas eu olho para o Brahimi e vejo nele um médio de ataque, um jogador com características para ser um extraordinário Nº 10 e gostava de o ver jogar no meio.

Tendo laterais com o perfil de Danilo e Alex Sandro e extremos com a qualidade individual de Quaresma e Tello, este FC Porto de Lopetegui está condenado a fazer fluir grande parte do seu jogo ofensivo pelas alas. Contudo, é fundamental que Jackson não se transforme numa “ilha”, isolado dentro da área adversária, com o companheiro de equipa mais próximo a “quilómetros de distância”.

Ora, Brahimi, que já demonstrou ser muito bom nos duelos um-contra-um e a jogar em espaços curtos, pode ser a solução para este problema, jogando no meio, nas costas de Jackson.

O JOGO, 16-08-2014

Mas, a acontecer, isso iria causar outro problema: com Brahimi na posição 10, onde colocar Óliver Torres?

Na ala ou no meio, uma coisa parece-me evidente: Brahimi tem de jogar (quase) sempre.

sábado, 16 de agosto de 2014

Rúben Neves, Casemiro e a posição 6

O JOGO, 16-08-2014
Não conheço um único portista que não goste de ver jogadores portugueses, provenientes da formação azul-e-branca, a jogar na equipa principal do FC Porto.
Assim sendo, a coragem do espanhol Lopetegui, em entregar a titularidade a um miúdo de 17 anos no primeiro jogo oficial da época 2014/2015, foi apreciada por mim e por todos os portistas que eu conheço.

Ao prazer de vermos Rúben Neves a estrear-se com a camisola dos dragões, acresce uma exibição personalizada, em que o golo inaugural do desafio não é um mero pormenor.

Rúben Neves mostrou ter uma boa visão de jogo, um passe preciso (apenas dois passes falhados em 35 efectuados) e não complica quando tem a bola nos pés.
Mas, na minha opinião, Rúben Neves é demasiado macio para jogar na posição 6 (“trinco”).
Apenas uma falta e dois roubos de bola são indicadores dessa macieza, embora haja outros aspectos a considerar.

Jogando como médio mais recuado, a ligação com a dupla de defesas-centrais também não me pareceu a melhor.
As compensações à dupla de centrais, quando estes foram ultrapassados pelos avançados do Marítimo, foram feitas, quase sempre, pelos laterais (Alex Sandro fê-lo duas vezes).
E quando o Marítimo pressionou e apertou os defesas-centrais nas saídas de bola, o Rúben Neves não se viu.

O JOGO, 16-08-2014
«A primeira substituição de Lopetegui no campeonato foi acertadíssima. Havia uma dificuldade tremenda para sair a jogar com bola, porque o Marítimo tapou bem as zonas de saída no corredor central. Rúben Neves não é um trinco puro e duro, Herrera não estava bem e saiu para dar lugar a Casemiro. Foi o brasileiro quem acabou por colocar ordem no meio-campo
in O JOGO, 16-08-2014


Em jogos no Estádio do Dragão, contra equipas do nível do Marítimo, penso que não será muito arriscado Lopetegui continuar a apostar em Rúben Neves para a posição 6, mas contra equipas mais fortes e, principalmente, nos jogos fora de casa, não me parece que seja uma boa solução.

Nesses jogos (de grau de dificuldade mais elevado) apostava em Casemiro que, tal como Rúben Neves, também não é um "6" de raiz (tipo Costinha ou Fernando), mas tem outra compleição física e uma maior agressividade e intensidade na disputa da bola.

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A ilusão voltou ao Dragão

48036 espectadores (números oficiais) assistiram, ao vivo, a um cheirinho do perfume que a equipa do FC Porto promete para a época 2014/2015.

Óliver Torres e Brahimi são daqueles futebolistas que não enganam, têm magia nos pés e, mesmo que só cá fiquem uma época, vale mesmo a pena pagar bilhete para os ver jogar.

Há aspectos a corrigir e outros a melhorar/afinar?
Concerteza (falarei disso noutro post), mas saí do Estádio do Dragão confiante.

Haveria vários aspectos (positivos) que poderia salientar, mas um dos que me parece mais relevante é o seguinte: de fora do primeiro onze inicial de Lopetegui ficaram "só" Casemiro, Evandro, Quintero, Tello e Adrian Lopez.
Há muito tempo que não via tanta qualidade no banco de suplentes ou fora do lote de convocados.
E parece que ainda poderá vir mais um médio, o internacional holandês Clasie.

Em termos gerais, gostei do que vi hoje - a titularidade e o golo do menino Rúben Neves (17 anos e 155 dias!) foi a cereja no topo do bolo -, mas contra o Lille vai ser preciso jogar mais e melhor.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O meu 1º onze após a “revolução”

O JOGO, 14-08-2014

“Revolução”, “Reinvenção”, “Revolução”, “Reformulação”, “Revolução”, “Mudança de rosto”, “Revolução”, “espanholização”, etc., são algumas das expressões mais utilizadas para caracterizar a equipa do FC Porto versão 2014/2015.

Eu não sei qual vai ser o onze escolhido por Julen Lopetegui para a recepção ao Marítimo (1ª jornada do campeonato) mas, se fosse eu o treinador, seria o seguinte:

Fabiano
Danilo, Maicon, Martins Indi, Alex Sandro
Casemiro, Herrera, Brahimi
Quaresma, Jackson, Tello

Se for este o onze escolhido por Lopetegui, terá 7 (sete!) jogadores que transitam da época passada.
Ou seja, a anunciada “revolução”, de não ficar pedra sobre pedra, poderá ser uma “revoluçãozinha”…

E, já agora, voltando ao tema polémico das nacionalidades, este onze tem:
5 brasileiros;
1 português;
1 luso-holandês;
1 mexicano;
1 argelino;
1 colombiano;
1 espanhol.

Veremos se o onze escolhido por Lopetegui será muito diferente deste.

256 anos depois...

Portistas no Mundo (Madrid), 45 Minutos à Porto (17-12-2013)

A propósito da polémica e contestação exacerbada a um artigo publicado pelo Miguel Lourenço Pereira neste blogue…

Em 1758, Claude-Adrien Helvétius (1715-1771), um filósofo francês, publicou o livro De l'espirit, o qual foi fortemente contestado pela Sorbonne, pelo Parlamento francês e até pelo Papa, chegando a ser queimado.

Apesar do desacordo explícito em relação ao pensamento de Helvétius, François-Marie Arouet, mais conhecido pelo cognome Voltaire (1694-1778), não concordou que o livro fosse banido e terá dito (?) uma frase que ficou célebre:

Não concordo com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo

256 anos depois, apetece-me dizer algo semelhante.