"Pizzi e Samaris tinham de ser expulsos. Fomos beneficiados no segundo golo, talvez, não vi mas disseram-me, mas ninguém fala dos jogadores do Benfica, da pressão do banco do Benfica sobre o quarto árbitro e o assistente. Não vale tudo para ganhar o jogo."
Declarações de Inácio (treinador do Moreirense) na conferência de imprensa após a meia final da Taça da Liga que ditou o afastamento do SLB
Na conferência de imprensa de análise ao jogo, e quando questionado pelos jornalistas presentes sobre o que teria ido dizer à equipa de arbitragem no final, Rui Vitória afirmou que "eles [árbitros] sabem aquilo que lhes disse e a que propósito me manifestei, mas não vou tornar publico. O que disse só a nós diz respeito".
Portanto, um treinador vai queixar-se aos árbitros da performance destes e aquilo diz apenas respeito aos próprios... O relatório do árbitro e do observador devem ser omissos quanto àquilo que ouviram. É este, basicamente, o entendimento de Rui Vitória. E isto diz muito da sua personalidade.
["Depois venham queixar-se. Tens o que querias. Era isto que querias? Conseguiste." Terão sido estas as frases dirigidas em tom ameaçador a um elemento da equipa de arbitragem, liderada por Tiago Martins, que levaram à expulsão de Rui Vitória após o jogo com o Moreirense, quinta-feira, no Algarve, em que o Benfica perdeu (1-3) e foi eliminado da Taça da Liga. O Correio da Manhã sabe ainda que Augusto Inácio, técnico do Moreirense, tinha razão quando afirmou que Rui Vitória passou parte do encontro a dirigir-se ao quarto árbitro (Paulo Ramos) com expressões do tipo: "Não são sérios. Estão a deixar-se intimidar. Estão com medo. Lindo serviço."
No final da partida, o treinador do Benfica dirigiu-se ao centro do terreno, onde estavam os árbitros, e voltou a reiterar as mesmas críticas, mas terminou com um intimidador e ameaçador: "Depois venham queixar-se." O árbitro Tiago Martins (Lisboa) não tolerou as ofensas, expulsou Rui Vitória e escreveu no relatório tudo o que se passou.]
Estas declarações foram retiradas do CM. Dada a proximidade e o notório afecto existente entre a administração do grupo Cofina e a direcção do SLB, vertida nos escritos diários deste "meio de comunicação social", admito que as declarações nele atribuídas a Rui Vitória já mereceram o devido "desconto" e que, portanto, as expressões citadas se tratam de eufemismos...
Ainda assim, é interessante concluir que, face ao desespero causado pela percepção de uma iminente eliminação do SLB (daquela que é a sua competição favorita) às mãos de um modesto clube minhoto, o treinador e todo o "staff" benfiquista, incluindo jogadores, não se inibiram de ameaçar e de tentar coagir o comportamento da equipa de arbitragem.
Aparentemente Rui Vitória sabe que os árbitros se queixam, ameaçando-os que depois não vale a pena queixarem-se. Mas queixarem-se de quê?! E queixarem-se a quem?! Das classificações que lhes são atribuídas? Das nomeações (ou falta delas) de que são alvo depois de "incidentes" nos jogos em disputa pelo Benfica?! Das idas para a "jarra"?!
Estas declarações, a quente e em plena ressaca do escândalo que foi a eliminação com o Moreirense, são lapidares e reveladoras do poder do Benfica no seio da arbitragem. Veja-se o que aconteceu a Marco Ferreira por não ter agradado ao SLB em algumas arbitragens da época 2014/15.
(Kit oferecido aos árbitros pelo Benfica. Inclui uma camisola, entradas em museu e vouchers para refeições)
Os tempos de lua-de-mel entre o Benfica e os árbitros parecem agora mais distantes. Impossibilitado de presentear os homens do apito com vouchers e camisolas do Eusébio pelo escândalo causado pela oportuna divulgação pública de Bruno de Carvalho, presidente do Sporting Clube de Portugal, e que acabou por originar uma pífia investigação da Liga de Clubes, o Benfica parece agora adoptar a "linha dura" para com os árbitros: "quem não é por mim, então é contra mim".
O facto de a maioria dos novos árbitros, promovidos recentemente a internacionais, ser benfiquista não parece sequer tranquilizar o clube lisboeta. Isso não parece ser suficiente nem dará as "garantias" que Luís Filipe Vieira tanto gosta. Caso contrário teríamos visto Rui Costa e o restante "staff" menos apreensivo no Algarve.
Veremos o que acontecerá a Tiago Martins e às suas próximas arbitragens que envolvam o SLB ou os seus principais rivais para percebermos se a coacção de que foi alvo terá deixado marcas.
Veremos o que acontecerá a Tiago Martins e às suas próximas arbitragens que envolvam o SLB ou os seus principais rivais para percebermos se a coacção de que foi alvo terá deixado marcas.