I. Um antijogo obsceno (o crime compensa – parte I)
«O pedido de assistência médica por parte de jogadores do V. Setúbal levou o Dragão à loucura. Bruno Varela, guardião dos sadinos, esteve no epicentro da contestação repartindo com Vasco Fernandes a maior necessidade de auxílio. Pinto da Costa juntou-se ao coro de protestos ao intervalo.
Além dos assobios com que o Estádio do Dragão brindou algumas cobranças de faltas ou pontapés de baliza mais demorados, os protestos elevaram-se sempre que o corpo clínico adversário foi chamado à partida, ao todo em nove ocasiões. Segundo relatos recolhidos pelo Record, Pinto da Costa esteve na zona do túnel de acesso ao relvado ao intervalo, tendo dado a conhecer a sua insatisfação pelo que se tinha passado tanto à equipa de arbitragem como a elementos do V. Setúbal, o que foi presenciado por um elemento da Liga.
Diga-se que o facto de os dois primeiros substituídos sadinos, Bonilha e Vasco Fernandes, terem saído em maca e acabarem por se levantar após ultrapassarem as quatro linhas não ajudou ao serenar dos ânimos. A demora provocada por este tipo de situações levou o árbitro Manuel Oliveira a dar 5 minutos de descontos na primeira parte e mais 7 na segunda.»
in record.pt, 19-03-2017
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O antijogo de Bruno Varela (foto: Maisfutebol) |
«A primeira parte resume-se numa frase: FC Porto a atacar, Vitória de Setúbal a defender, usando e abusando do antijogo, nomeadamente Bruno Varela. Aliás, algo de estranho se deve passar com um guarda-redes que se lesiona pelo mero impacto com o relvado e que é assistido por três vezes em meia hora.»
Crónica publicada no site oficial do FC Porto, após o final do jogo
«(…) num jogo que ficará na história deste campeonato como o pior exemplo de antijogo desde o primeiro minuto. O árbitro Manuel Oliveira concedeu 12 minutos de descontos (final de primeira parte e final de jogo), mas isso não compensa as constantes quebras de ritmo provocadas pelo Setúbal, com inúmeras entradas da equipa médica em campo, mas nenhuma quando o resultado lhes era desfavorável - no total, a equipa médica do Setúbal entrou em campo sete vezes, três com o resultado em branco, quatro com o resultado empatado a um golo, num total de 9m26s de tempo perdido só nestas sete paragens. Mas o antijogo do Setúbal não se cingiu às assistências médicas, começou com o apito inicial do árbitro - aos cinco minutos já o árbitro avisava Bruno Varela para não perder tempo - e chegou a ser obsceno. Infelizmente, o crime continua a compensar e assim será enquanto não houver coragem de expulsar os jogadores infratores.»
Francisco J. Marques, Dragões Diário, 20-03-2017
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Mais de 16 minutos de paragens (infografia Record) |
O antijogo obsceno que foi praticado pelos jogadores do Vitória de Setúbal, cortou permanentemente o ritmo de jogo, reduziu drasticamente o tempo de jogo e quase levou ao desespero os mais de 49 mil portistas que encheram o Estádio do Dragão e pagaram bilhete para assistir a um jogo de futebol (e não a uma palhaçada).
Perante a pouca vergonha que se viu, houve vários tipos de reações, quer no estádio, quer nas redes sociais.
O treinador da equipa principal do FC Porto reagiu assim:
“O antijogo é algo que tem sido recorrente ao longo do campeonato. Esse critério do árbitro em dar aqueles minutos de compensação é o que deve ser seguido sempre, penalizando as equipas que fazem antijogo. Mas não quero comentar esse tipo de estratégia, cada equipa adota a que considera melhor, nós só temos que estar concentrados no jogo e procurar que o tempo de jogo seja o mais útil possível.”
Nuno Espírito Santo, na conferência de imprensa
II. Mais três penalties por assinalar (o crime compensa – parte II)
Poucos minutos após o final do jogo, alguém do FC Porto (presumo que do Departamento de Comunicação), partilhou um vídeo nas redes sociais, com três lances de possíveis penalties a favor do FC Porto que ficaram por assinalar (dois agarrões a André Silva e uma carga do guarda-redes sadino sobre Brahimi).
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3 penáltis por marcar |
O 'Tribunal de O JOGO' também não teve dúvidas e, por unanimidade, considerou que ficaram mesmo três penalties por assinalar a favor do FC Porto (aos 20', 49' e 61').
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Três penalties por assinalar no FC Porto x Vitória Setúbal (Tribunal de O JOGO) |
Admito que no estádio e da posição onde estava, Nuno Espírito Santo (NES) tivesse dificuldade em ver (eu também tive), mas estou certo que alguém da estrutura do FC Porto o informou, senão durante o jogo, logo após o final do mesmo.
Assim sendo, após um empate dramático em casa, em que ficaram por assinalar 3 (três!) penalties a favor do FC Porto, o que disse NES sobre o assunto, quer na flash interview, quer na conferência de imprensa?
Népia. Absolutamente nada.
De que adianta, então, os adeptos protestarem, quer seja no estádio ou nas redes sociais?
De que adianta o Departamento de Comunicação do FC Porto fazer (e bem) o seu trabalho, denunciando (com factos, imagens e vídeos) estas e outras situações relacionadas com as arbitragens deste campeonato?
De que adianta lutarmos contra o "polvo" fora das quatro linhas, se o atual treinador do FC Porto e principal rosto da equipa é incapaz de se indignar, é incapaz de se revoltar, é incapaz de dar um murro na mesa e dizer BASTA!
Por aquilo que tem sido o seu comportamento ao longo da época, NES parece decidido em passar pelo FC Porto sem criar inimizades e cultivando uma imagem de bom rapaz (não sei se é feitio ou se já estará a pensar no seu futuro).
Eu tenho pena que assim seja e duvido que, com esta postura, NES venha a ter sucesso no FC Porto mas, naturalmente, espero estar enganado.