terça-feira, 13 de maio de 2008
A testemunha
«A Liga baseia os argumentos no depoimento da dita senhora [Carolina Salgado], tal como o Ministério Público.»
Pinto da Costa, Visão, 01/05/2008
«As escutas não foram decisivas no processo, longe disso. Desmistifique-se essa ideia de que, sem escutas, não havia nada. Aliás, se só tivéssemos escutas, teríamos algumas dificuldades.»
Ricardo Costa, presidente da CD Liga, 09/05/2008
«Pinto da Costa foi considerado culpado em dois casos (...). Por de trás de ambos os casos está a sua ex-companheira Carolina. No caso de Augusto Duarte, foi aceite a palavra de Carolina que jura que o presidente do FC Porto recebeu na sua casa, na Madalena, o árbitro na véspera do jogo com o Beira Mar, “e lhe ofereceu um envelope com 2500 euros em dinheiro. No caso do FC Porto – Estrela Amadora, foi dado como provado que o FC Porto subsidiou prostitutas para o trio de árbitros, chefiado por Jacinto Paixão, Carolina foi a chave do processo ao traduzir “fruta” por prostitutas.»
Diário de Notícias, 11/05/2008
Em menos de dois anos, Carolina passou de 1ª dama do FC Porto à testemunha-chave nos processos contra Pinto da Costa e contra o FC Porto. Por isso, hoje em dia Carolina é uma espécie de santa para os benfiquistas e para a generalidade da comunicação social lisboeta, e Maria José Morgado mandou a polícia protegê-la dia e noite (de quem?), não fosse acontecer alguma coisa a este seu “bem precioso”.
Mas vale a pena recuar um pouco tempo e recordar alguns factos.
Outubro de 2004
«A polémica em redor da questão dos bilhetes para o clássico de domingo agravou ainda mais as já tensas relações entre o Benfica e o FC Porto. De tal forma que nem a mulher de Pinto da Costa terá autorização para entrar na tribuna do Estádio da Luz. Pelo menos, é essa a intenção dos encarnados.
Segundo o nosso jornal apurou, os responsáveis benfiquistas já deram instruções no sentido de proibir a entrada de Carolina Salgado na tribuna presidencial do recinto encarnado. Esta pretensão tem antecedentes e decorre de um episódio registado na temporada passada. No último Benfica-FC Porto disputado no Estádio da Luz, a esposa do presidente portista foi uma das convidadas para a tribuna de honra e deixou Luís Filipe Vieira "pendurado" quando este lhe estendeu a mão para a cumprimentar. Uma situação que o presidente do Benfica não gostou. Nem esqueceu.»
in Record, 13/10/2004
Confrontada com o veto presidencial, nesse jogo Carolina não foi para a tribuna de honra do estádio da Luz. Dessa vez preferiu ir para a bancada, junto com os Super Dragões, de onde exibiu um célebre cartaz dirigido ao presidente do SLB.
Fevereiro de 2006
No dia 26/02/2006, aquando de mais um Benfica – FC Porto, Carolina ainda não era venerada e amada por milhões benfiquistas. Pelo contrário, o cartaz “Orelhas tou aqui” não estava esquecido e os adeptos fizeram questão em demonstrá-lo.
Ainda mais incisiva foi a claque ‘Diabos Vermelhos’, tendo exibido duas tarjas com uma mensagem muito clara.
Dezembro de 2006
«Pinto da Costa não quis tecer qualquer comentário quanto ao lançamento do livro e, segundo fonte próxima do dirigente, por detrás deste lançamento pode estar a eterna ‘guerra’ entre FC Porto e Benfica, dirigida por dois ‘inimigos’: Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira. É que corre o boato que a publicação deste livro só foi possível devido ao financiamento de alguém ligado ao clube de Lisboa, uma vez que os custos seriam demasiado altos para serem suportados pela ex-companheira de Pinto da Costa. Mas fala-se também que a estadia de Carolina Salgado por Lisboa, numa unidade hoteleira da capital, tem sido ‘patrocinada’ por alguém ligado ao Benfica.
A ex-namorada de Pinto da Costa apresenta hoje publicamente a sua obra no Fórum Almada, pelas 15h30, numa acção que promete reunir naquele centro comercial muitos curiosos.»
in Correio da Manhã, 09/12/2006
Após o lançamento do livro ‘Eu, Carolina’, a ex-companheira de Pinto da Costa passou de prostituta (a quem os ‘Diabos Vermelhos’ mandavam fechar a perna), a heroína dos benfiquistas. Além de a promoverem a escritora, transformaram-na numa santa, uma verdadeira Carolina D’Arc.
Mais. Como Maria José Morgado ainda não tinha posto à disposição de Carolina dois policias, 24 horas por dia, pagos por todos nós, a segurança da “escritora” foi garantida durante uns tempos por elementos dos Diabos Vermelhos, isto segundo o jornal “Tal e Qual” de 15/12/2006.
Na mesma altura, Paulo Lemos que, segundo o próprio, foi um “amigo colorido” de Carolina após a separação desta de Pinto da Costa, afirmou, numa entrevista ao jornal ‘24 horas’ de 15/12/2006, ter assistido a um encontro entre Luís Filipe Vieira e Carolina Salgado num restaurante de Lisboa.
Na altura, o envolvimento de pessoas do Benfica no “arrependimento” de Carolina ainda era um segredo bem guardado e, por isso, não surpreendeu que estas declarações tenham sido desmentidas por Ricardo Maia, assessor de imprensa de Luís Filipe Vieira.
Contudo, em 13/01/2007, o jornal SOL publicou um artigo, assinado por Felícia Cabrita, onde é dito que “o primeiro encontro entre os agentes da DCICCEF e Carolina Salgado ocorreu num hotel da Praça de Espanha, em Lisboa, e teve como intermediário o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira. Com Carolina, estava a redactora do livro, Maria Fernanda Freitas, e a jornalista Leonor Pinhão”.
Esta notícia nunca foi desmentida por Luís Filipe Vieira, nem pela PJ.
Mais tarde, veio-se a saber que o papel desempenhado por Leonor Pinhão tinha sido ainda mais relevante.
Em 08/09/2007, o jornal SOL referiu que o livro ‘Eu, Carolina’ teve duas versões: a original, com 99 páginas, e a que foi publicada, com 157 páginas. A versão estendida contou com a preciosa colaboração de Leonor Pinhão, conforme referiu Maria Fernanda Freitas e a própria Carolina, em declarações efectuadas na PJ.
Novembro de 2007
Como um livro não era suficiente para entreter o espírito faminto de uns largos milhares benfiquistas, havia que também fazer um filme. Chegados a este ponto, como já não era preciso disfarçar o objectivo, nem quem estava por trás, o casal Leonor Pinhão (como argumentista) e João Botelho (como realizador) meteram mãos à obra e, em 01/11/2007, estreava o filme ‘Corrupção’ baseado no livro ‘Eu, Carolina’.
Algures daqui a uns anos...
... quando terminarem todos os processos que estão a correr em tribunal, espero que estes “amigos” não se esqueçam da pobre Carolina, porque é muito provável que ela precise da ajuda deles para pagar indemnizações por difamação. Sim, porque convém não esquecer que falta provar, em tribunal, todas as acusações que fez.
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12 comentários:
Muito bem analisado.
Isto só tem pernas para andar porque há interesse em liquidar o FC Porto e o seu Presidente.
Qualquer incauto pode ver a vergonha e a sujeira a que as pesoas se prestam, no caso dos benfas, para conseguirem os seus intentos que não atingem no relvado.
É revoltante.
Mas se a justiça civil for isenta, vai concluir que esta santa é de pau carunchoso e a Liga do pavãozito ainda nos vai dar uma indemnização.
De menina de vão de escada a Sra que luta pela transparencia foi um passo pequenino. Bastou acusar o inimigo publico nº 1 de qualquer benfiquista, Pinto da Costa. Já que não nos conseguem vencer, há que nos tentar destruir.
Parabens pelo excelente trabalho de investigação e cronologico que é este artigo e que tão bem ilustra ate onde vão os verdadeiros interesses que corropiam atras da figura de Carolina Salgado.
Mais um excelente artigo do José Correia sobre esta corja de medíocres.
É inequívoco que existe um forte enviesamento da justiça, causado por Procurador-geral, MJM e as suas ligações perigosas a LF Vieira e sua trupe.
Ai meu Deus! Lá estão vcs a tentar saber o que os Benfiquistas pensam ou deixam de pensar. Pessoalmente quero lá saber o que diz Carolina Salgado. O que eu queria mesmo em nome da credibilidade do football Português, é que Pinto da Costa não viesse confirmar que recebe árbitros em casa, é que digam que as escutas são forjadas. E sinceramente estou-me marimbando para os tribunais. Não fico contente com prisões, nem com descidas de divisões nem com perdas de pontos. Fico contente é com o que ficou provado. Que em vésperas de jogos, há encontros em casa do Sr. Pinto da Costa com árbitros...
Fico contente tlv não... fico triste até. Mas fico finalmente esclarecido... afinal não eram só rumores!
O mais engraçado nesta historia toda é que as instituições do futebol português são corruptas, viciadas, controladas pelo Sistema(esse monstro papudo que serve para tudo), até que, um dia, há uma decisão desses mesmos órgãos contra o FCP e a partir daí muda tudo. É um ponto de viragem, no sentido da credibilidade do futebol. As instituições passam a ser da maior seriedade, e ainda temos de ouvir o Sr. Costa da Comissão Disciplinar da Liga, qual abade de uma paroquia do Portugal profundo, a dar-nos 1 sermão sobre competência, credibilidade, isenção e verdade desportiva.
Com mais ou menos carolinas de barba e orelhas compridas que para aí andem, o que estes senhores nao entendem (e ainda bem!), é que o FCP, o Presidente e os seus adeptos ficam mais fortes e unidos quando sao atacados. Os momentos desportivos mais importantes desta Presidência foram sempre em alturas de forte ataque sulista.
Mais um artigo certeiro, implacável, brilhante como sempre.
Caro César,
Pois aí é que o sr. se engana.
Nada ficou provado, nem poderia ficar, até que o seja de facto nos tribunais.
Não é pelo facto de uma Ricardina ligada ao slb ter feito um trabalho de corta e cola nas certidões enviadas pela Morgado, que agora fica provado o que quer que seja. Ainda por cima um trabalho ao nível de qualquer tribunal de uma ditadura terceiro mundista.
PS- Também não são "só rumores" o telefonema escutado de Vieira e Loureiro em que o orelhas só aceita o 5º ou o 6º árbitro sugerido para a meia-final da Taça de 2003/04. E no entanto...
Caro Nuno Nunes,
se se dirigir ao site da Liga, e procurar nos extensos pdfs, de acordãos, processos etc... vai reparar que o sr. Jorge Nuno Pinto da Costa, assumiu que se reuniu com um árbitro em vesperas de jogo. Se o testemunho das 3 pessoas presentes, incluindo os arguidos, não serve como prova então não sei.
Também não tenho conhecimento do sr. PdC alguma vez ter posto em causa a veracidade das escutas...
Em relação ao telefonema (que foi feito pelo Major), onde realmente o sr. LFV aparece a discutir árbitros, nada me deixou como Benfiquista mais triste. Apesar de ser algo ligeiro, a comparar com encontros caseiros, frutas, cafés com leite, e chocolates, é éticamente reprovável, e devia no meu entendimento ser proíbida tal prumiscuidade. E se pode ser entendido como tráfico de influências, e se os regulamentos previrem tal situação, espero então que LFV seja também punido.
Agora convém ter algum conhecimento do que se fala. O jogo em questão era para a Taça, logo não está sobre a alçada da Liga, nem do CD. O CJ da FPF não abriu ainda nenhum processo, pq o apito dourado até começou em divisões fora da Liga. Logo não compete ao CD punir LFV.
Caro César, este artigo é sobre A Testemunha, ou mais precisamente, sobre a forma como uma relação de ódio passou para uma relação de adoração (dos benfiquistas em relação à Carolina Salgado, obviamente).
Este artigo cita e ilustra (com fotos) factos. Desmente alguma coisa do que consta deste artigo?
Este artigo torna evidente, para as poucas pessoas que ainda não tinham percebido, que por trás dos depoimentos de Carolina Salgado estão mãos encarnadas. Sobre isso, não tenho qualquer dúvida. O César tem?
Quanto ao facto de Pinto da Costa receber um árbitro em sua casa, também lamento, mas não é crime, pois não?
Já agora, como é que classifica os almoços/jantares do Director do futebol do Benfica - José Veiga - com o ex-árbitro assistente Devesa Neto?
Como é que classifica o convite a esse mesmo ex-árbitro assistente, para integrar a comitiva benfiquista que se deslocou a Liverpool?
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