Comecemos pelos lances duvidosos. O jogo de ontem teve dois:
1) o lance do golo anulado ao Sporting (Romagnoli está em linha ou está adiantado?);
2) o derrube de Polga a Lisandro no prolongamento (foi em cima da linha ou fora da área?).
Em lances destes, que nem a televisão esclarece totalmente, é justo dar o beneficio da dúvida ao árbitro. Já o mesmo não se pode dizer relativamente à enorme dualidade de critérios na mostragem dos cartões, em claríssimo prejuízo do FC Porto, ou em lances como o duplo derrube a Lisandro na área do Sporting, uns segundos antes do João Paulo ser expulso.
Comecemos por analisar o critério disciplinar seguido por Olegário Benquerença.
3’ Falta feia de Grimi sobre Quaresma. O árbitro viu, marcou a falta, mas evitou mostrar o cartão amarelo.
23’ Mais uma entrada dura de Grimi sobre Quaresma. O árbitro avisou o lateral esquerdo do Sporting mas, claro, o cartão (que já deveria ser o 2º) ficou novamente no bolso.
35’ Cartão amarelo para Paulo Assunção, por falta sobre Romagnoli ainda no meio-campo do Sporting. À primeira oportunidade para amarelar um jogador do FC Porto, o árbitro não hesitou.
68’ Ao rodar, com a bola controlada, Quaresma, de costas, acerta com o braço na garganta de João Moutinho. Este atira-se para o chão, como se tivesse sido alvo de uma terrível agressão, e inclusive sai de campo para ser assistido...
72’ O João Paulo teve uma entrada a pés juntos sobre Moutinho e, mais uma vez, o árbitro não hesitou: vermelho directo! Contudo, convém salientar que este lance ocorreu imediatamente a seguir a dois derrubes ao Lisandro dentro da área do Sporting, que Olegário fez de conta que não viu...
80’ Tonel teve uma entrada perigosa, por trás, atingindo o calcanhar do Lisandro (foi com uma entrada destas que o Marco Van Basten ficou incapacitado para o futebol). Cartão amarelo ou vermelho para o central do Sporting? Qual quê, o árbitro nem falta marcou.
85’ Abel, que já tinha um cartão amarelo, fez uma falta dura sobre Raul Meireles. Seria o 2º cartão amarelo, os jogadores do FC Porto protestaram mas, mais uma vez, Olegário fez de conta e deixou ficar o cartão no bolso. Poucos minutos depois, o treinador do Sporting substituiu o Abel, não fosse o diabo tecê-las.
93’ Derlei faz jogo perigoso sobre Pedro Emanuel, acertando-lhe com um pontapé na cara e deixando o defesa-central do FC Porto a sangrar do nariz. Não houve qualquer acção disciplinar por parte do árbitro.
96’ Raul Meireles é atingido pelo braço de Tonel e, tal como tinha feito João Moutinho em lance idêntico com Quaresma (68’), fingiu ter sido alvo de uma agressão. Desta vez, e ao contrário do que tinha acontecido com o jogador do Sporting, Olegário não gostou da fita e zás, toma lá um amarelo.
100’ À 5ª falta cometida, finalmente o árbitro entendeu mostrar um cartão amarelo a Derlei.
Sobre o critério disciplinar do árbitro não é preciso dizer mais nada, os factos falam por si. Mas não foi “só” no critério disciplinar que o FC Porto foi claramente prejudicado.
O lance mais flagrante, em que Olegário mostrou ao que vinha, ocorreu aos 71 minutos, instantes antes da expulsão de João Paulo.
Primeiro Polga e depois Miguel Veloso derrubam Lisandro dentro da área do Sporting, em ambos os casos sem nunca tocarem na bola, conforme se pode ver neste vídeo.
Dois derrubes seguidos! Que mais é preciso para os árbitros marcarem um penalty a favor do FC Porto?
Fruto desta decisão de Olegário Benquerença, de uma situação em que o FC Porto poderia ter passado para uma vantagem no marcador, passou, isso sim, a jogar com menos um jogador!
Mas não é tudo. Aos 110', Polga comete uma falta claríssima sobre Lisandro López, mais uma vez sem sequer tocar na bola.
Dentro ou fora de área?
Honestamente, e tal como no golo anulado a Romagnoli, não é possível dizer com 100% de certeza, mas de uma coisa tenho a certeza: a falta existiu e, no mínimo, deveria ter dado origem a um livre contra o Sporting e cartão amarelo para o central sportinguista.
Contudo, mais uma vez, o árbitro fez de conta que não viu e na jogada seguinte o Sporting marca o 1-0. Com menos um jogador, e a poucos minutos do fim, o jogo acaba aí.
O jogo terminou com os sportinguistas em festa (“a arbitragem foi justa”, afirmou João Moutinho) e com os jogadores do FC Porto a chorar, com a revolta estampada no rosto.
Há portistas que dizem: sim, a arbitragem prejudicou o FC Porto, mas tínhamos obrigação de ter jogado melhor.
A esses portistas eu respondo: Precisamente por o FC Porto não ter feito um jogo brilhante (longe disso) é que a influência da arbitragem foi determinante. É nos jogos equilibrados (e não quando se está a ganhar 5-0) que os erros dos árbitros se tornam mais relevantes, principalmente quando a tendência desses erros é sempre para o mesmo lado.
4 comentários:
Concordo inteiramente, no campo só não tive oportunidade de anotar tudo. Mas confere...
Sim, na aplicação de critérios as dualidades foram diferentes para ambas as equipas e sente-se claramente que o arbitro esteve verdinho na sua maturidade de arbitro.
Apenas quero realçar a brilhante exibição de Nuno que ontem demonstrou que é um guarda-redes á altura de defender o seu país.
Não concordo.
A arbitragem vem claramente em lugar secundário no que a este nosso (péssimo) jogo diz respeito.
A grande verdade é que terminámos a época tal como a iniciámos (supertaça):
com uma equipa medrosa, mais preocupada em não deixar jogar o adversário do que a preparar o seu próprio jogo.
Jesualdo, mesmo 20 pontos de avanço depois, continua essencialmente o mesmo...
é... Jesualdo o tal...
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