Parecia impossível ! Até me vêm as lágrimas aos olhos quando me recordo. Que grande equipa, que grande futebol que jogava ! E com o saborzinho especial de ter sido contra os arrogantes alemães. Creio que eles também jamais se esquecerão. E Madjer ? Quando se verá de novo um jogador assim ?
Parece que foi ontem. O dia futebolisticamente mais feliz da minha vida, que acabou a receber a equipa no estádio já com a manhã alta. Esta manhã, como acontece muitas vezes, vi o Jaime Magalhães no ginásio. Devia ter ido cumprimentá-lo pelo dia de hoje, mas não quis parecer 'melga'...
Às quartas tínhamos aulas à tarde, linguagens de programação ou coisa que valha, 4 IBM PC para uma turma, uns monitores verdinhos, verdinhos, uma disquete de 5"1/4 com muitas siglas (2S, 2D, RH, TPI) que davam para uns magníficos 512 Kb - mais que suficientes para gravar os trabalhos de GW-BASIC, para quê um disco duro se uma disquete chegava e sobrava?
Pois bem, era 4ª feira, no dia anterior na aula de Filosofia já se tinham efectuado as apostas, e havia unanimidade - a vitória ia ser nossa, mesmo os que não eram azuis (dois salgueiristas e um boavisteiro) concordavam. Ali estávamos nós ao ladinho das Antas - onde dávamos sempre um salto para ver um bocado do treino quando algum professor decidia dar um 'furo' - e duvido que nessa tarde alguém tenha dado uso às disquetes, a ânsia era muita.
Acabaram as aulas, era tempo de procurar o lugar cativo em frente a uma TV.
Tinha combinado com o meu Pai, irmos ver o jogo ao Palácio de Cristal, havia por lá uns ecrãs gigantes e assim já ficávamos mais perto dos Aliados para a festa.
Como ainda faltava algum tempo, lá fui a pedantes do Oliveira Martins até ao Palácio (hoje já fico cansado só de me lembrar das caminhadas que na altura fazia), chego ao Palácio e espero ansiosamente a visão do velhinho Toyota Corolla vermelho. Finalmente lá chega, carro estacionado e vamos lá ver esse jogo. Os ecrãs gigantes, eram uns projectores com uma qualidade duvidosa, mas felizmente o dia estava a escurecer e lá se conseguia ver qualquer coisa. O jogo decorre, a 1ª parte é má, e ali de pé o ânimo começa a esmorecer. A 2ª parte começa, estamos a jogar bem, o Futre faz uma jogada de encantar, mas a bola não quer entrar e já se ouve: "Não temos sorte nenhuma nestas finais, vai-nos acontecer o mesmo que em Basileia, jogamos melhor e perdemos".
E eis que Rabah Madjer decide fazer aquilo que bem sabemos, é a loucura total, toda a minha gente salta e pula, resultado: o projector pifou. Não há imagens para ninguém. E agora? Toca a correr para o café mais próximo. Na altura havia uns cafés nos jardins do Palácio, junto ao antigo teatro, onde agora está a biblioteca, e felizmente que havia porque foi praticamente chegar e ver o Celso levanta pró ataque, Madjer minha gente! está sozinho, vai simular, outra finta, vai prá linha, o cruzamento ... GOOOOOLLLLLLLLOOOOOOO!
Como há tempos escrevia o JRP no seu Comboio Azul, e roubando-lhe as palavras: "Nunca fui rapaz de drogas nem de álcool, o que me deixa entre os poucos da minha geração que nunca se sentiu embriagado nem "passado". Não é por isso de estranhar que uma grande parte dos momentos de verdadeira euforia que vivi na minha vida tenham sido no futebol."
E este dia de 27 de Maio de 1987, figurará para sempre no topo.
5 comentários:
Parecia impossível ! Até me vêm as lágrimas aos olhos quando me recordo. Que grande equipa, que grande futebol que jogava ! E com o saborzinho especial de ter sido contra os arrogantes alemães. Creio que eles também jamais se esquecerão. E Madjer ? Quando se verá de novo um jogador assim ?
Um dos pontos de viragem na história do FC Porto.
Uma grande equipa com jogadores portugueses que sentiam verdadeiramente a camisola. Memorável.
Recordar é viver.
A minha memória é muito selectiva, mas tem bem vivos quase todos os detalhes do jogo.
É, provavelmente, o jogo da minha vida.
Parece que foi ontem. O dia futebolisticamente mais feliz da minha vida, que acabou a receber a equipa no estádio já com a manhã alta.
Esta manhã, como acontece muitas vezes, vi o Jaime Magalhães no ginásio. Devia ter ido cumprimentá-lo pelo dia de hoje, mas não quis parecer 'melga'...
Um abraço de parabéns a todos
É um "copy-paste" de algo que escrevi há um ano:
Às quartas tínhamos aulas à tarde, linguagens de programação ou coisa que valha, 4 IBM PC para uma turma, uns monitores verdinhos, verdinhos, uma disquete de 5"1/4 com muitas siglas (2S, 2D, RH, TPI) que davam para uns magníficos 512 Kb - mais que suficientes para gravar os trabalhos de GW-BASIC, para quê um disco duro se uma disquete chegava e sobrava?
Pois bem, era 4ª feira, no dia anterior na aula de Filosofia já se tinham efectuado as apostas, e havia unanimidade - a vitória ia ser nossa, mesmo os que não eram azuis (dois salgueiristas e um boavisteiro) concordavam. Ali estávamos nós ao ladinho das Antas - onde dávamos sempre um salto para ver um bocado do treino quando algum professor decidia dar um 'furo' - e duvido que nessa tarde alguém tenha dado uso às disquetes, a ânsia era muita.
Acabaram as aulas, era tempo de procurar o lugar cativo em frente a uma TV.
Tinha combinado com o meu Pai, irmos ver o jogo ao Palácio de Cristal, havia por lá uns ecrãs gigantes e assim já ficávamos mais perto dos Aliados para a festa.
Como ainda faltava algum tempo, lá fui a pedantes do Oliveira Martins até ao Palácio (hoje já fico cansado só de me lembrar das caminhadas que na altura fazia), chego ao Palácio e espero ansiosamente a visão do velhinho Toyota Corolla vermelho. Finalmente lá chega, carro estacionado e vamos lá ver esse jogo. Os ecrãs gigantes, eram uns projectores com uma qualidade duvidosa, mas felizmente o dia estava a escurecer e lá se conseguia ver qualquer coisa. O jogo decorre, a 1ª parte é má, e ali de pé o ânimo começa a esmorecer. A 2ª parte começa, estamos a jogar bem, o Futre faz uma jogada de encantar, mas a bola não quer entrar e já se ouve: "Não temos sorte nenhuma nestas finais, vai-nos acontecer o mesmo que em Basileia, jogamos melhor e perdemos".
E eis que Rabah Madjer decide fazer aquilo que bem sabemos, é a loucura total, toda a minha gente salta e pula, resultado: o projector pifou. Não há imagens para ninguém. E agora? Toca a correr para o café mais próximo. Na altura havia uns cafés nos jardins do Palácio, junto ao antigo teatro, onde agora está a biblioteca, e felizmente que havia porque foi praticamente chegar e ver o Celso levanta pró ataque, Madjer minha gente! está sozinho, vai simular, outra finta, vai prá linha, o cruzamento ... GOOOOOLLLLLLLLOOOOOOO!
Como há tempos escrevia o JRP no seu Comboio Azul, e roubando-lhe as palavras: "Nunca fui rapaz de drogas nem de álcool, o que me deixa entre os poucos da minha geração que nunca se sentiu embriagado nem "passado". Não é por isso de estranhar que uma grande parte dos momentos de verdadeira euforia que vivi na minha vida tenham sido no futebol."
E este dia de 27 de Maio de 1987, figurará para sempre no topo.
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