quarta-feira, 30 de julho de 2008
Quem não se sente...
Um artigo saído no DN ontem, da autoria de João Miguel Tavares, mereceu da minha parte um e-mail que dirigi ao autor, porque considerei que se excedeu, usou de uma linguagem insolente, despropositadamente agressiva, coloridamente marcada e com um registo intolerante. Como quem não se sente não é filho de boa gente, respondi-lhe desta forma:
Prefácio
Hoje a Comunicação Social cada vez mais tende, no exercício do pleno direito de informar, a exercer o magistério de influência de forma absolutista (e falsamente moralista), violando sistematicamente o segredo de justiça e formatando a verdade, de modo a controlar o que as pessoas pensam. Obcecada pelo espectáculo, mistura tudo o que é relevante com o que é acessório, para melhor culpabilizar de imediato grupos específicos que detesta, nomeadamente os que são menos defendidos pelos poderes públicos e publicados.
Querendo fomentar uma vingança justiceira, ficam cegos, surdos e mudos. Enchem a boca de justiça e comportam-se como autênticos diabos vermelhos, ansiosos por incendiar autocarros, paixões e, pelo caminho, “decapitar” algumas cabeças. O direito à defesa fica consignado ao seu entendimento. Por isso, julgam e condenam, colocando o ónus da prova do lado da defesa.
No Terceiro Mundo a Comunicação Social não se comportaria pior que alguma do nosso país, nomeadamente a mais sulista, elitista e encarnada, que é feia, oportunista e má.
Resposta
Estou em muitos pontos de acordo com o documento que o FCP exarou, o que não me impede de discordar do comportamento do CJ da FPF. Essa imagem que usou “de as almas decentes só entrarem no futebol tapando o nariz”, cheira mesmo mal.
Que raio de argumento, João.
Então o Ricardo Costa, o Hermínio Loureiro, o Vítor Pereira, o bando dos cinco e o Freitas de Amaral não entraram, como já o tinham feito, antes, ilustres figuras do seu universo, na altura em que o SLB se coligou com o BFC e Valentim Loureiro para dominarem a LPF e para o SLB vencer o campeonato.
A falência económica dos clubes e a dificuldade em que vivem todos os clubes nacionais (uns mais que outros) nada tem a ver com isto. Aliás, esta problemática só se põe quando o FCP ganha campeonatos. Não me lembro de alguma vez ser descrito um cenário tão dantesco, quando os campeonatos foram ganhos pelo BFC, pelo SCP e pelo SLB, já neste século.
É óbvio que é preocupante que clubes acabem com o futebol profissional (Alverca, Salgueiros, Campomaiorense, são apenas alguns deles) e outros estejam em grandes dificuldades financeiras, mas se acha que é esta “guerra” que vai resolver os problemas e ajudar a ultrapassar as dificuldades, engana-se. As dificuldades são estruturais e não acabarão com a guerra que o SLB quer desesperadamente ganhar ao FCP administrativamente, já que no terreno de jogo são cabazadas sucessivas.
A guerra entre o novo e o velho mundo que proclama é de compêndio. O que vocês desejam é o "back to basics", que desportivamente significa a total subordinação dos poderes desportivos ao clube do regime e que, no antanho, determinava que 4 em 4 anos, três campeonatos eram para o SLB e um para o SCP.
Dizer que sofre de paralisia cerebral quem não viu a manobra do presidente do CJ da FPF para manipular o conselho, é o mesmo que (eu) poderia dizer relativamente ao João, porque penso que o bando dos cinco poderia estar tão manipulado quanto o presidente, pois estaria muito provavelmente convicto dos seus vastos poderes e ciente que prevaleceriam aos que supostamente teria o presidente, conforme aconteceu e Diogo Freitas do Amaral subscreveu.
Sou dos que tenho muitas dúvidas relativamente ao parecer do Dr. Freitas do Amaral, quanto mais não seja porque ouvi o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e outros juristas afirmarem exactamente o contrário. E, neste país, quem decide são os tribunais, que num estado democrático funcionam com direito ao contraditório. Os julgamentos populares e os tribunais plenários acabaram no pais, espero. E de pareceres infalíveis estão os presídios cheios. Aliás se os pareceres favoráveis tivessem valor absoluto, PdC só poderia ter ganho o recurso, tanto mais quanto esses pareceres foram confirmados por um juiz com plena competência em tribunal.
Pela sua vontade o presidente do CJ da FPF era expulso da Ordem dos Advogados, proibido de exercer qualquer cargo público, sem direito a defesa e recurso. "Guantánamo" com ele, é o que defende. A Comunicação Social no seu pior, tal como em outros tristes processos, como foi recentemente com o caso Maddie.
Com justiceiros , do tipo do João, é de temer a Justiça. Com jornalistas como o João, a Imprensa corre para o abismo. Só enxerga para um lado, não admite a opinião contrária e escreve que nem um iluminado. Fujo dos que nunca erram e raramente se enganam. O seu discurso cheio de bondade remata da forma mais grosseira e própria de um magarefe. Nem é corajoso nem inocente, e apela aos sentimentos mais primários. Por isso, acho o seu artigo tão desprezível.
Passe bem.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
12 comentários:
Uma resposta brilhante, embora ache que o palerma nem sequer tem sobriedade para entender o seu alcance.
subscrevo inteiramente o que disse, e penso, tal como o nuno nunes, que o imbecil nao consegue compreender o que por si foi escrito...
como disse, quem nao sente nao pode ser filho de boa gente, e por isso aqui vai, na boa maneira da nossa regiao: o gajo nao passa de um monte de merda
«O parecer de Freitas do Amaral sublinha apenas o óbvio, com a vantagem de sustentar esse óbvio com argumentos jurídicos irrefutáveis»
João Miguel Tavares, in DN 29/07/2008
Este pseudo jornalista do DN, acena com o parecer do Diogo Freitas do Amaral como se aquilo fosse a Biblia, uma verdade insofismável.
Evidentemente, o pseudo jornalista ignora que o FC Porto apresentou 4 (quatro!) pareceres de quatro especialistas em Direito (incluindo um do Professor Catedrático responsável pelo Departamento da Faculdade de Direito de Coimbra onde o Ricardo Costa da Liga dá aulas), sustentando que o recurso às escutas, no âmbito de processos disciplinares, é ilegal.
Aliás, o mesmo foi defendido publicamente pelos conhecidos juizes Fátima Matamouros e Rui Rangel (este é um fanático benfiquista).
Qual foi o destino de todos estes pareceres?
O bando dos 4+1 mandou-os para o caixote do lixo.
Por isso, e da minha parte, este pseudo jornalista que vá pregar para outros "fieis".
Caro Mário Faria
Excelente resposta a um jornaleiro que pensa (?) que é iluminado.
Os seus textos brilhantes enchem-me de orgulho de ser seu consócio.
O meu muito obrigado.
Também tinha lido o texto e reparando que lá estava o mail do escriba, pensei em escrever-lhe uma resposta.
Não da forma excelente, em tom letrado e educado como o José o fez, mas num tom ofensivo, insultuoso, mal educado e agressivo - uma verdadeira resposta "à letra" àquele emaranhado de cagalhotos a que alguém convencionou chamar opinião!
Não que entenda que essa forma é melhor do que a sua, mas tão somente por achar que seria mais apropriada a ser assimilada pelo excremento.
Não o fiz porque "valores mais altos" se levantaram...
Mas os meus parabéns por mostrar aquele sorriso gorduroso sabujo que "quem não se sente não é filho de boa gente". Parabéns!
Caro Pedro Reis, o autor desta brilhante resposta ao benfiquista doente, disfarçado de pseudo jornalista do DN, foi o Mário Faria.
Já tinha percebido depois de "postado" o comentário.
Redirecciono então os meus parabéns ao Mário Faria.
De um muçulmano na Bósnia...
Parabéns, Mário Faria!
O parolo jornalista que se julga erudito na escrita nem percebeu que:
apesar de escrever: "a vantagem de sustentar esse óbvio com argumentos jurídicos irrefutáveis e numa linguagem compreensível por qualquer mortal"
O parecer pago ao Freitas é tudo menos legível, com um contorcionismo linguístico que baralha tudo e todos de forma a deixar à tona a merda que lhe dá jeito.
Uma no cravo, outra na ferradura.
Alanos destes é o que mais há.
Não li o parecer do Dr. Freitas do Amaral, nem faço planos de ler, mas acho brilhante, que um parecer que serve para dizer se uma reunião foi regular ou não, sirva para na opiniao publica passar a imagem que as decisões tomadas pelos conselheiros não violam as normas mais basicas do direito penal, a saber a invalidade das escutas em processo disciplinares e o principio do contraditorio.
Acho simplesmente escandaloso, que se faça este tipo de propraganda de mais baixo nivel.
E cá fica o que escrevi agora a esse senhor.
"Não sei se esse seu texto é escrito por ódio primário ao FCP ou por pura ignorância.
Mas já que gosta de ler material jurídico, aconselho-o a ler o Código de Processo Penal e Código Penal, bem como a constituição da Republica Portuguesa, e se descobri lá onde são validas escutas jurídicas em processos disciplinares, bato-lhe palmas pelo brilhantismo.
E se realmente leu, e percebeu, o parecer do Prof. Freitas do Amaral, ele diz que a reunião na opinião dele foi legal, não contesto isso, nem faço planos, o que a assim ser torna as decisões validas, o que é muito diferente de serem as decisões em si serem legalmente correctas, mas isso vai descobri no recurso de Pinto da Costa para o TAF, ou então quando ler o Código de Processo Penal, e descobri lá um artigo que diz que quando uma sociedade é condenada por comportamentos de seus dirigentes, e esse/s dirigentes são absolvidos, essa absolvição aproveita a sociedade.
Alias a base de condenação do FCP na Comissão disciplinar da liga, já está a correr o risco de ir pelo cano se a Relação do Porto confirmar o arquivamento do caso da Fruta..."
Podia ser melhor mas a esta hora da noite não dá para mais!!
Como se costuma dizer, "chapeau"! Acho que o idiota percebe bem aquilo que lhe disse, mas do alto da sua sobranceria e superioridade moral e intelectual, tão típica dos "jovens jornalistas livre-pensadores", vai fazer um esgar de desprezo e pensar "como é que esta gente se atreve a por em causa as minhas opiniões/sentenças?"
Um grande abraço e votos de boas férias para todos
Mário Faria, o imberbe escrevinhador ( porque aquilo não é barba: é uma espécie de erecção matinal que não evidencia virilidade mas pura vontade de mijar ) nunca irá entender as suas palavras. "A malta é jovem, não pensa..."
Parabéns, representou-nos brilhantemente, para não variar. E, com estes, não vale a pena gastar mais latim. Mas fez bem e estou grato por isso porque me revejo na sua resposta.
Enviar um comentário