domingo, 7 de dezembro de 2008

Mais perto do topo

Com mais esta vitória o FC Porto soma já a sexta consecutiva, nas várias competições, e parece finalmente capaz de reassumir o lugar a que está habituado no topo da classificação. Apesar dos números o jogo não foi fácil e durante a primeira parte o V. Setúbal esteve muito perto de marcar por diversas ocasiões tendo valido as seguras intervenções de Helton.
Do lado do Vitória foram Mateus e Leandro Lima, a partir das alas, que criaram maiores desequilíbrios no seio da defesa do FC Porto. Lima já tinha feito uma boa exibição no jogo contra o SLB e ontem voltou a estar em destaque até porque certamente se quer mostrar aos responsáveis do FC Porto.


O FC Porto não esteve bem na primeira parte, a equipa não se encontrava, falhava passes, não acertava marcações na defesa e viu lances de muito perigo perto da sua baliza. Laionel desperdiçou mesmo uma oportunidade soberana ao cabecear de cima para baixo e permitindo a defesa de Helton. No ataque as coisas não corriam melhor. Hulk e Lisandro muito esforçados tentaram várias vezes o remate à baliza mas sem a força e a direcção pretendidas. O brasileiro tentava em vão furar sozinho a muralha defensiva adversária enquanto o argentino teve o golo nos pés aos 23m correspondendo ao segundo poste a um centro da esquerda de Rodriguez, mas quando tocou na bola esta veio para trás e não para a baliza deserta.
Aproximava-se o intervalo e o realizador dava-nos um plano do semblante preocupado de Jesualdo Ferreira. As alterações ao onze têm sido uma constante e o intervalo daria para corrigir algumas falhas.


Na segunda parte a equipa do FC Porto entrou muito determinada em vencer o jogo, pressionando o adversário no seu meio campo, obrigando-o a cometer mais erros e dando-lhe menos espaços para se organizar. As saídas para o ataque eram mais objectivas e começaram a aparecer mais oportunidades de golo. A primeira foi desperdiçada por Rodríguez que se tinha adiantado bem ao último defesa e na cara do guarda-redes deslumbrou-se e depois de muita cerimónia perdeu a bola aos seus pés. Este tipo de perdidas tem sido habitual em Rodriguez desde que está no FC Porto. Precisa de se libertar, de jogar com mais alegria e de ser mais objectivo no momento do remate à baliza. Mesmo assim as suas prestações têm melhorado de jogo para jogo.

Aos 65’ depois de um canto batido por Lucho surge finalmente Bruno Alves no centro da área a cabecear mais alto que os centrais para o fundo das redes da baliza do Setúbal. Estava feito o primeiro golo e a equipa poderia agora jogar mais desinibida sem a mesma pressão. De tal forma que Hulk aproveitou bem uma falha no meio campo para roubar a bola e fazer uma cavalgada das suas para frente ao guarda-redes oferecer o golo a Guarín que só marcaria à segunda depois do primeiro remate ser sustido por Janício.

Em apenas três minutos o FC Porto arrumou o jogo e o Setúbal quebrou psiquicamente, facto que nos permitiu gerir o jogo e a posse de bola para aos 79’ marcarmos o terceiro golo na melhor jogada do desafio: Fucile combina na direita e centra para o segundo poste onde surge Mariano, entrado minutos antes, a amortecer para a zona central da área onde aparece Lucho a rematar certeiro de primeira. Estava feito o resultado e cumprida a missão ao Sado.

Hulk voltou a ser dos melhores do FC Porto, uma dor de cabeça para as defesas adversárias, é um jogador desgastante que luta muito, acredita em todos os lances e remata fácil sem cerimónias. Foi o melhor em campo. Lisandro não esteve feliz mas dá o máximo em todos os jogos e a sua atitude é muito importante para a equipa. O Lucho melhorou relativamente ao último jogo no Dragão mas ainda assim esteve bastante apagado e distante dos grandes jogos que fez na época passada. É bem verdade que o sistema utilizado teve alterações significativas mas o capitão é capaz de muito mais. Os números deste jogo – uma assistência e um golo – disfarçam a exibição menos conseguida. Esperemos que volte às grandes exibições brevemente.

O meio campo do FC Porto está diferente. Fernando ainda não é um médio defensivo capaz de “varrer” a sua área de influência, Meireles assume cada vez mais o maior protagonismo, Tomás Costa tem lutado por um lugar no onze entre as presenças no meio campo e as adaptações a que tem sido sujeito e Lucho está a passar a pior fase desde que chegou ao FC Porto. De qualquer forma é um meio campo com mais opções do que no passado e com a evolução dos últimos jogos tudo aponta para a estabilização exibicional e para a consolidação das rotinas do jogo interior, um tipo de jogo a que o FC Porto foi “obrigado” a recorrer mais vezes depois de ver sair Quaresma e Bosingwa e de se ver privado de Sektioui durante largos meses.
Agora há que vencer no terreno do Amadora para ficarmos a apenas dois pontos do topo.

Destaques positivos: Hulk, Rodriguez, Bruno Alves e atitude na segunda parte.
Destaques negativos: a descoordenação da primeira parte que poderia ter sido fatal.

fotos: www.fcporto.pt

5 comentários:

Jorge Aragão disse...

É, concordo com o que foi escrito no post e temos de resolver a questão de darmos 45 minutos de avança. Um dia pode ser complicado.
Destaco o segundo golo saído de canto, algo a que não estavamos habituados.
Também Hulk que tem de crescer mas está aser de enorme utilidade.
Agora é ganhar os dois jogos que faltam até à maldita interrupção natalícia. Estes organizadores nunca mais aprendem !!!

Mário Faria disse...

Gostei muito do resultado, não tanto do jogo.
A primeira parte foi má e jogámos quase sempre longe da baliza adversária.
O FCP joga diferente diz JF. É provável que um alquimista melhor preparado saiba o que vai mal no tubo de ensaio.
Para os que estão na bancada e no sofá, percebe-se apenas que pressionámos pouco, que os jogadores parecem mais cansados que os adversários e que na frente tentamos individualmente chegar, onde não somos capazes colectivamente.
Desta vez, fomos salvos pelo Bruno. Hulk agarra-se demais à bola porque também não vê a quem passar. Tal como Rodriguez. Quando Hulk teve Guarín ao lado, fez o mais ajuizado.
A equipa é um harmónio em que os movimentos de distensão e contracção se fazem aos solavancos que deixam brechas.
JF diz que estão a jogar diferente. Não notei. Não vejo o jogo ao microscópio. Para mim, estão a jogar pior e num mau momento físico.
Valem os resultados. Talvez, tenha que ser assim. Talvez seja difícil fazer melhor. Talvez, os novos exijam complexas alterações no modelo que só um técnico consegue verificar, estudar e mudar. Só sei que nada sei, a não ser que não me sinto confiante. Assim continuemos, mas que estou saudosos de uma exibição categórica, estou.

José Correia disse...

A primeira parte foi preocupante.

Um quarteto defensivo com o Lino nunca resultará numa defesa coesa.

A forma como o Lisandro e o Rodriguez desperdiçaram ocasiões claras (a do Lisandro é de bradar aos céus) é preocupante.

O Hulk tem condições técnicas e fisicas (não sei se terá mentais) para vir a ser um fora de série e proporcionar à SAD a maior transferência de sempre.

A jogada do 3º golo é espectacular.

Penso que estaremos todos (os portistas) de acordo numa coisa: a vitória foi justa, mas o resultado é claramente melhor que a exibição.

Pedro Vale disse...

Creio que o novo sistema que o JF tem referido, tem a ver com o facto de o Rodriguez recuar mais e aparecer mais no centro do terreno, transformando a equipa num 4-4-2 quando defende.

Creio que nos estamos a preparar para em alguns jogos (especialmente na LC) jogar em 4-4-2, com Hulk e Lisandro em trocas constantes a repartir as despesas do ataque.

Mefistófeles disse...

Concordo com todos. Porém, desde que continuemos a ganhar, tudo bem !