sexta-feira, 13 de março de 2009

A mitologia sportinguista

O Sporting é um clube com uma mitologia rica e variada e os seus adeptos assumem uma forte crença nesses mitos, que passo a enumerar:

1. O Sporting é o clube com mais jogadores jovens


É verdade que o Sporting tem tradição na formação de jovens atletas, na descoberta de potenciais talentos e no lançamento de juniores na equipa principal mas daí até ao verdadeiro mito criado pelos sportinguistas que a sua equipa é, todos os anos, a equipa mais jovem do campeonato vai uma grande distância. Senão vejamos:

Média de idades dos plantéis 2008/2009:
FC Porto: 23,89 anos
Sporting: 24,34 anos
Benfica: 25,14 anos

Além disso a famosa escola de formação do Sporting permitiu que a SAD, nos últimos dez anos, comprasse pérolas do futebol como Kmet, Hanuch, Krpan, Viveros, Spehar, Alan Mahon, Cáceres, Horváth, Nalitzis, Kutuzov, Pinilla, Koke, Bueno, Alecsandro, Farnerud, Purovic ou Tiuí.

2. O Sporting é o clube mais prejudicado pelas arbitragens

Este é, sem dúvida, o grande mito sportinguista. Todos os anos, invariavelmente, ouvimos dirigentes, treinadores e jogadores do clube, quais calimeros do futebol, a pressionarem os árbitros por erros que eventualmente cometam de tal forma que os mesmos árbitros quando voltam a apitar os seus jogos estão condicionados e “erram” a favor do Sporting, isto para já não falar na choradeira dos “jornalistas” e comentadores afectos ao clube. É a habitual estratégia continuada de pressão dos viscondes sobre a arbitragem. Esta época começou cedo, logo na 1ª jornada no Sporting x Trofense, quando o árbitro Paulo Baptista assinalou penalty contra os verde e brancos por falta que foi cometida ainda fora da grande área.

“O lance suscitou grande indignação e mereceu duras críticas por parte dos responsáveis leoninos, que agora prometem envidar todos os esforços para agir legalmente contra o árbitro auxiliar em questão, recusando ficar impávidos ante o que consideram um erro grosseiro que lesou nitidamente a equipa verde e branca. (…)O descontentamento leonino no final foi manifestado pelo grupo de trabalho e agora terá uma enérgica reacção por parte dos seus dirigentes. Os leões aguardam apenas pelo relatório do observador da Liga, Soares Pinto, para agir em conformidade”, in O JOGO, 25/08/2008.

Sim, leram bem, o Sporting à 1ª jornada prometeu "agir legalmente" contra um auxiliar por ter este dado uma indicação errada ao árbitro. Recorde-se que aquando da marcação do penalty o Sporting vencia por 3-0.

Braga x Sporting, carga de Postiga (dentro da área) sobre Meyong


Sporting x FC Porto, penalty assinalado por Lucílio Baptista


Belenenses x Sporting, pontapé de Rochemback em Diakité


Imbuídos neste mito, os sportinguistas são peremptórios a afirmar que, por um lado nunca são beneficiados e, por outro, são sempre prejudicados de forma dolosa. As suspeitas são lançadas sobre a Liga e a Comissão de Arbitragem (curiosamente dirigidas pelos sportinguistas Hermínio Loureiro e Vítor Pereira) com o objectivo de influenciar as arbitragens a seu favor. E acabam por consegui-lo. A prová-lo estão as arbitragens dos jogos em que se defrontaram FC Porto e Sporting durante esta e outras temporadas e registadas aqui.

3. O Sporting é o clube que está melhor financeiramente

Este foi um mito criado recentemente com a análise às contas dos três grandes publicada no O JOGO por Paulo Anunciação em que no seu ponto 2 diz o seguinte:

“Preocupada com a saúde financeira do futebol europeu, a associação G-14 - que entre 2000 e 2008 agrupou alguns dos maiores clubes da Europa, incluindo o FC Porto - costumava recomendar um rácio de 55% entre salários e proveitos operacionais dos clubes. Nas ligas profissionais norte-americanas (NFL, NBA, NHL), aponta-se normalmente para um "indicador ideal" situado entre os 55% e os 59%. O Sporting (44%) é o único dos "três grandes" que cumpre a recomendação do antigo G-14. Os gastos salariais de Benfica e FC Porto consomem fatias pouco saudáveis das suas receitas (66% e 71% respectivamente)”.


Isto foi o suficiente para os sportinguistas embandeirarem em arco, em particular o cómico e descrente na Justiça Rui Oliveira e Costa na última edição do programa da RTPN, Trio de Ataque.

Mas voltemos um pouco atrás para confirmar a “saúde” financeira do Sporting. Em Abril de 2006, Soares Franco candidatou-se à presidência, quase que “obrigado” pela banca, para que esta não tivesse que constituir reservas sobre a totalidade do crédito bancário que tinha concedido ao Sporting. Nesta altura, Ricardo Salgado (BES) esteve fortemente empenhado em conseguir a transferência do património imobiliário do Sporting para um fundo que pagasse ao BES as dívidas, sob pena de ser obrigado a constituir reservas no valor de cerca de 150 milhões de euros, ou seja mais de metade dos lucros anuais do banco à época. Em 2006, portanto, a solução preconizada pelos credores passaria pela liderança de Soares Franco, um “homem de mão” do BES, e que era bem visto para montar a solução para o grave problema do passivo de longo prazo sportinguista.
Note-se ainda que antes do anúncio da candidatura de Soares Franco à presidência houve uma assembleia-geral que votou a não alienação do património sportinguista, nomeadamente o edifício Visconde de Alvalade, o Alvaláxia, o Health Place e a clínica CUF, levando Soares Franco a afirmar que não tinha condições para continuar na presidência do clube e que não seria candidato nessas eleições. Pouco tempo depois mudou de ideias, aparentemente sensibilizado pelo “apoio demonstrado pela massa associativa leonina”. Para mais informação aceder a uma notícia do Semanário, de 13 de Abril de 2006.

Dois anos volvidos, em 2008 é anunciada por Soares Franco uma reestruturação financeira para reduzir o passivo do Sporting (passivo bancário de 234 milhões de euros). Juntamente com este projecto foi também aprovada em AG a transferência de propriedade da Academia para a esfera da SAD. Uma sociedade que tem necessidades frequentes de reestruturar a sua dívida bancária por exigência da banca não deve estar numa situação tão boa como sugerem as recentes análises.

Rogério Alves, numa entrevista ao JN em 2008, afirmou que esperava “um aumento de capital da SAD” e que a ideia seria "atrair investidores". “Também não colocamos de lado a hipótese de o Sporting perder alguma da posição que detém... Por exemplo, o Manchester United e o Chelsea só têm um dono, assim como sucede frequentemente em Itália”. Ou seja, entre as linhas orientadoras está o aumento de capital com a consequente perda de controlo do capital, mas que é completamente desvalorizada comparando com o que acontece em grandes clubes europeus. Apesar disto, para já, e pela reacção da voz oficiosa do Sporting na RTP, o que lhes interessa é o rácio salários/proveitos operacionais.

4. O Sporting é o clube que joga melhor futebol

Também já sabemos que o Sporting é o clube que joga sempre melhor futebol do que os outros apesar de ganhar poucas vezes o campeonato, mas isso é o resultado das arbitragens que prejudicam constantemente e de forma dolosa o clube. Se assim não fosse o bonito futebol praticado pelos de Alvalade seria o suficiente para vencer o campeonato todos os anos.
Normalmente a equipa que joga melhor futebol é a que marca mais golos e sofre menos. É um indicador simples e que pode dar uma boa noção do que se tem passado nas últimas épocas.

Época 2008/2009 (após 21 jornadas)
FC Porto (GM-GS): 39-15
Sporting (GM-GS): 28-14
Benfica (GM-GS): 36-20

Época 2007/2008
FC Porto (GM-GS): 60-13
Sporting (GM-GS): 46-28
Benfica (GM-GS): 45-21

Época 2006/2007
FC Porto (GM-GS): 65-20
Sporting (GM-GS): 54-15
Benfica (GM-GS): 55-20

Época 2005/2006
FC Porto (GM-GS): 54-16
Sporting (GM-GS): 50-24
Benfica (GM-GS): 51-29


Em suma, o Sporting, como clube de calimeros que é, queixa-se sempre das arbitragens, mesmo quando é amplamente beneficiado como nos jogos em que defrontou o FC Porto esta época. É um clube que exige dos seus adversários jogo limpo mas imagem suja, enquanto para si próprio quer jogo sujo e imagem limpa. É um clube de teatrais enganadores sem fair-play que prefere vencer à batota do que perder com lealdade. Moutinho, Liedson e Caneira são os expoentes máximos deste futebol cobarde e crente nas decisões favoráveis das equipas de arbitragem. Quando isso não acontece porque jogam na Europa e contra equipas mais fortes os resultados estão à vista.

6 comentários:

Paulo Marques disse...

Há que bater no adversário quando ele está no esgoto...
Só não concordo com a análise à qualidade de jogo, não me parece que a Goal Difference ou a quantidade de golos marcados só por si digam tudo.

Hugo M disse...

Excelente post,

subscrevo.

bLuE bOy disse...

É verdade, o 5p0r71ng é isso tudo, sempre e foi e pelos vistos, sempre continuará a ser... nada a fazer perante este Calimeros.

Melhor mesmo, é deixá-los a falar sozinhos...

Mefistófeles disse...

Parabéns pelo artigo, não podiam ser melhor definidos, os calimeros.

D.Liberal disse...

Caro amigo portista,

Felicitações pelo excelente trabalho deste blog e artigos. Continue pff o bom serviço à causa.
A ver se sai o Bayern ou o Villareal no sorteiro.

Cumprimentos,

D.Liberal
ass:61100

José Correia disse...

Muito pertinente este artigo do Nuno Nunes, focando diversos mitos que, à força de tantas vezes repetidos, acabam por convencer os próprios e tornarem-se "verdades oficiais".

A estratégia de pressão permanente sobre as arbitragens é por demais evidente. Aliás, o próprio Paulo Bento não se coibiu de apelar aos adeptos para criarem mau ambiente aos árbitros em Alvalade.

O problema é quando chega a prova dos nove - as competições europeias. Aí, os mitos e os alibis desmoronam-se como castelos de cartas.