terça-feira, 15 de setembro de 2009

Frustração


Algumas linhas sobre o jogo. Nada a dizer quanto à forma como o FCP jogou, nem quanto à exibição. Foi dos jogos mais conseguidos na CL, em terras de Sua Majestade.

Fica o sabor amargo, porque merecíamos outro resultado. Detesto as vitórias morais. Por isso, estou fulo. Na primeira parte o Chelsea teve mais iniciativa, mais jogadas perigosas (não muitas), mas o FCP nunca perdeu o sentido da marcação e do ritmo que deveria impor. Com alguma tracção atrás, jamais perdemos o sentido da baliza adversária e uma boa cobertura da nossa defesa, aqui e acolá com algumas dificuldades quando o Chelsea jogava a toda a largura e encontrava espaço para a subida e exploração das faixas laterais, criando-nos algumas dificuldades. Apesar disso, tivemos muito boas jogadas e oportunidades para marcar. Só Mariano se quedava por alguma mediocridade, embora tenha feito uma assistência primorosa que Meireles desperdiçou com um cabeceamento que foi um passe ao guarda-redes adversário.

Temia o fim da primeira parte (quando jogámos mais recuados e menos certos) e o início da 2ª parte, pois é sina nossa estender o tapete ao adversário nessas alturas, o que mais uma vez aconteceu. Anelka soube aproveitar com jeito e sorte para colocar a sua equipa à frente do marcador, ao 3º minuto da 2ª. parte.

Depois do golo, tivemos alguns minutos mauzinhos, em que não fomos capazes de jogar com jeito nem intensidade, mas JF com a entrada de Falcão e sobretudo de Varela não só reequilibrou as operações como passou a dominar o Chelsea.

Fomos para cima deles que nem dragões. Excelente jogo, ganhou quem foi mais forte e mais feliz. Trememos em vários momentos, e num deles acabamos por sofrer o golo e noutro perder Fernando para o próximo jogo. Fernando que fez um excelente jogo, teve dois maus momentos : no lance do golo do Chelsea e na entrada a varrer no final do jogo.

O ataque não foi surpresa, já tinha previsto que a constituição fosse a que JF montou. Guarin foi uma dupla surpresa : por ter entrado e por ter feito um jogo excelente. Foi dos melhores jogos da presente época do FCP. Mas é uma má entrada na CL, porque uma derrota nunca é coisa boa. Detesto as vitórias morais.

Uma palavra final para o Hulk, sempre super vigiado. Tem que crescer e saber conviver com essa realidade. Apesar da sua qualidade ainda não marcou na CL e parece sempre muito ansioso e precipitado.

Nenhuma crítica em especial à nossa equipa . Cometemos erros obviamente, mas o que mais me custa é sentir que adivinhava que o FCP iria perder, como se esse fatalismo fosse inevitável. Essien era a representação dessa força : da sorte deles e do nosso azar. Um pequeno detalhe tramou-nos. O futebol é muito cruel.

Falta alguma categoria para ultrapassar este tipo de adversidades. No computo geral estou muito satisfeito com a equipa. Os jogadores bateram-se muito bem, e por isso fico ainda mais fulo por que deveríamos ter sido capazes da evitar esta derrota. Perdemos uma excelente oportunidade para provar que os gajos das apostas nem sempre têm razão. Estou furioso, embora não devesse estar. Frustração !

37 comentários:

Paulo Marques disse...

Não quero inventar desculpas, mas fiquei algo apreensivo.
O Fernando recebe o primeiro amarelo por faltas iguais às pelas quais o Essein não é expulso.
O Falcão recebe amarelo por ser agarrado pelo Ricardo Carvalho, enquanto o Lampard e o Balack são ignorados.
E depois sei que o Proença é o árbitro para o Braga.

Enfim, bruxas há muitas... Mas o jogo foi bom, deixo a melhores cabeças a tarefa de comentarem a bola.

guedesnet disse...

Nunca estive tanto de acordo.

sts disse...

Em hora de exame, não fiquei desiludido. Bom Porto. Ao Fernando, pelo querer e pelo esforço (o homem correu...), dou-lhe um cartão azul. Helton, felino na baliza. Meireles, incansável, mas roto. No geral, todos bem. Ao Hulk, falta-lhe um danoninho. Gostei de ver o Porto em Londres.

Revivi o Ricardo Carvalho do Porto. Mais velho, mas rápido como sempre. Que grande central.

dragao vila pouca disse...

Ser exigente é o meu lema, mas ser exigente com os pés no chão tendo a noção da realidade. O Chelsea é melhor que o F.C.Porto, tem melhor equipa, melhores jogadores, jogava em casa e tem um andamento, que a liguinha portuguesa não dá à nossa equipa. Mesmo com tudo isso fizemos um bom jogo, com a excepção daqueles 15 minutos iniciais da segunda-parte e podiamos ter empatado que ninguém diria que foi injusto. Guarín foi uma supresa, mas o que conta é que fez um grande jogo e deu razão ao treinador por o ter colocado a jogar. Se alguma critica deve ser feita ao Jesualdo, é não ter tirado Mariano, mesmo que as coisas em termos de resultado, não estivessem a correr mal. Foi na transição para o ataque que falhou e aí, muito por culpa do argentino, que trapalhão, nunca aproveitou as possibilidades que o meio-campo e os laterais ingleses deram. Falhou também Hulk, de quem se esperava muito mais.
Muito bem Helton e muito bem Guarín.
Gostei e fiquei com a certeza, que se o espírito for sempre aquele, vamos ter mais uma época de glória.

Um abraço

José Correia disse...

Qualquer análise ao jogo não pode ignorar o seguinte: não jogamos contra Heerenveens ou BATE Borisovs.

Tal como o Jesualdo referiu antes do jogo, o Chelsea é provavelmente a melhor equipa inglesa da actualidade, lidera a Premier League de uma forma 100% vitoriosa (5 jogos, 5 vitórias) e no último fim-de-semana igualou o recorde de José Mourinho de 10 vitórias consecutivas.
Mais. Nos últimos 5-6 anos, tem sido um crónico candidato à vitória na Liga dos Campeões, com presenças frequentes nas meias-finais e finais da prova.

Para além disso, o desafio foi em Inglaterra (onde o FC Porto nunca venceu) e jogado em condições pouco favoráveis a jogadores portugueses e sul-americanos: chuva constante e um relvado pesado e encharcado.

Luís Carvalho disse...

A sorte não cai do céu, caro Mário Faria. Ter sorte dá (também) muito trabalho, como diria o outro.

O facto é que Jesualdo apresentou um onze muitíssimo semelhante aquele que, há uma ano atrás, perdeu por 4-0 contra o Arsenal. O meio-campo foi exactamente o mesmo (sim, com Guarín)e na frente apenas alterou T.Costa por Mariano e a Lisandro por Hulk (esta obrigatória).

Uma coisa temos que aprender de uma vez por todas (13 partidas em Inglaterra provam e comprovam este dado): para conseguirmos um resultado positivo, e nem falo sequer numa vitória, temos que marcar golos. Que o adversário marca sempre (isto sucedeu até nos 2 únicos empates que lá alcançamos) é um dado que podemos dar por garantido.

Cabe, por isso, colocar em campo jgadores com probabilidade maior de acertar com a baliza.
Ontem, voltamos a cair no erro de acreditar que, alguma vez na vida, conseguiremos um 0-0.
Contra equipas tao fortes como este Chelsea, isso é completamente irrealista.

Resultado justo e fica a certeza que, com outro onze mas com o mesmo empenho, ficaremos seguramente em segundo no grupo.

Nota final para Essien: que nunca mais ninguém elogie um trinco em Portugal! Aquilo foi uma liçao de como um trinco deve estar em jogo. A componente OFENSIVA do Chelsea passou toda por ele.

José Correia disse...

Um outro aspecto que convém não esquecer é o facto do Chelsea ser uma equipa estruturada e consolidada há vários anos.
Ao contrário, o FC Porto está mais uma vez a formar uma equipa nova do meio-campo para a frente e, conforme já referi várias vezes, o plantel só possui cinco jogadores de campo com mais de um ano de casa - Fucile, Bruno Alves, Meireles, Mariano, Farias.

José Correia disse...

Pela positiva destaco:
- Helton, melhor jogador em campo, enterrando os fantasmas da última passagem por Stamford Bridge.

- Alvaro Pereira, mais um grande jogo (alguém se lembra do Cissokho?). Se ao longo da época melhorar defensivamente, será impossível o FC Porto conseguir mantê-lo no plantel.

- Guarin, aposta completamente ganha por Jesualdo. Fez a melhor exibição desde que está no FC Porto e foi fundamental no duelo contra o meio-campo de combate que o Chelsea possui.

José Correia disse...

Pela negativa destaco:
- dupla de centrais, demasiado inseguros e com enormes culpas no golo sofrido.

- Mariano, complicativo, complicativo, complicativo e sem tracção para um relvado daqueles.

- Hulk, esteve ao nível (fraco) do que fez na Liga dos Campeões da época passada. A jogar assim não surpreende que continue no FC Porto e a zero na LC.

José Correia disse...

Resta dizer que concordo com o artigo do Mário Faria, particularmente com o parágrafo final onde escreve:
"No computo geral estou muito satisfeito com a equipa. Os jogadores bateram-se muito bem, e por isso fico ainda mais fulo por que deveríamos ter sido capazes da evitar esta derrota."

José Correia disse...

«A entrada de Guarín no onze inicial talvez venha a monopolizar os debates sobre este Chelsea-FC Porto, mas devo dizer que a entendo. Contra uma equipa com tanto poder físico como esta, é natural que Jesualdo Ferreira opte por um jogador mais robusto, mais forte no contacto físico, capaz de se bater melhor nesse capítulo. Basta atentarmos a Essien para percebermos as dificuldades.»
João Vieira Pinto, O JOGO

José Correia disse...

«Tal como no FC Porto-Leixões, voltou a haver diferenças em Hulk da primeira para a segunda parte. Antes do intervalo, jogou em sacrifício, sozinho no ataque, com a missão de segurar a bola para possibilitar a subida dos colegas. O Chelsea pressionava muito, e era preciso jogar assim. Nessa etapa, foi abnegado, teve lances de alguma qualidade e fez um jogo colectivo aceitável. Depois é que não esteve ao nível habitual: perdeu bastantes lances por ingenuidade, desconcentrou-se e acabou por repetir outras exibições infelizes contra ingleses.»
João Vieira Pinto, O JOGO

Azulantas disse...

Bem, o que eu vi reforça a ideia que ter o Mariano em campo é jogar com menos 1, por mais entrega e abnegação que o rapaz tenha.

O Chelsea é uma equipa consolidada. Nós estamos em construção com 4 ou 5 jogadores a integrarem-se (incluo o Fucile e o Guarin que praticamente não jogaram na época transacta) no onze.

Podiamos jogar os 90 minutos como jogámos os últimos 30? Não. Por isso esteve bem Jesualdo no capítulo da estratégia. Errou na táctica ao usar um Mariano incapaz, um Rodriguez ainda muito abaixo do seu nível e um Hulk a PL.

O Hulk não pode ser PL. Para quando o ataque com Hulk e Varela a trocar nas extremas, Falcao a ponta, Rodriguez e Beluchi a interiores?

José Correia disse...

«Não desgostei do jogo do FC Porto. O Chelsea era um adversário muito difícil, em bom momento e jogava em casa. Tem grandes jogadores, confiantes e bastante difíceis de contrariar em termos físicos. Por isso gostei da atitude, do trabalho táctico do primeira parte e até do atrevimento em determinados lances. Houve momentos, quando o Chelsea ganhava a linha e cruzava, em que os jogadores do FC Porto ficaram homem para homem na área. Contra uma equipa assim, não são situações fáceis de resolver. Estava curioso relativamente à atitude que a equipa teria depois do medo que lhe vimos há um ano, contra o Arsenal, mas ontem foi diferente. O problema é que jogou contra um adversário fortíssimo, que quase não sabe o que é perder em casa.»
João Vieira Pinto, O JOGO

bLuE bOy disse...

Apetece-me apenas dizer que vergonha nestas horas, é coisa que não faz parte do meu vocábulo futebolístico… ontem, tacticamente, o FC Porto fez um jogo quase perfeito, faltando apenas marcar, ou ainda melhor, bastaria não ter sofrido.

O Chelsea jogou à Chelsea; o Porto jogou à Porto. Naquelas condições climatéricas, assistimos a um jogo muito interessante, de prender a atenção até ao último apito do árbitro, mas também de suspiros de alivio ou de ansiedade, dependendo da zona defensiva por onde a bola rolava.

Muito humildemente, quero dar os meus parabéns a toda a equipa pela demonstração de querer, raça e bravura que demonstraram ao longo dos 90 minutos de Stamford Bridge, mas particularmente, ao Prof. Jesualdo Ferreira, alguém a quem ainda não se tinha ouvido o apito inicial, já dizia «cobras e lagartos» das suas opções para o onze, mas afinal, demonstrou-me mais uma vez, se preciso fosse, que apesar de algumas desconfianças que por vezes me levam a apontar-lhe o dedo, demonstra a cada jogo que passa, ser um motivador táctico de excelência, deixando depois o «resto» nas mãos dos nossos fantásticos jogadores.

Se mais provas fossem necessárias, e ainda que o resultado não tenha sido desta vez o mais feliz, o FC Porto é a única equipa com classe, com pulmão e nome para estas andanças na Europa do futebol, onde depois de assistir a mais esta demonstração, tenho a crença absoluta que vamos conseguir alcançar os nossos objectivos mais imediatos nesta fase de grupos da Liga dos Campeões, mesmo sabendo que é difícil, mas difícil também sempre o foi, mesmo que numas vezes mais, noutras menos, mas este foi um daqueles momentos difíceis e a (minha) equipa correspondeu com o que dela esperava (e exigia!).

A liga milionária, como muitos lhe chamam, arrancou ontem, e o que vi, muito sinceramente, e se calhar até quando todos esperaríamos o contrário, foi ver um tal de clube milionário e, dizem este ano na liga inglesa, um SUPER Chelsea, em largos momentos do jogo encostado às cordas e a defender com tudo e todos, despachando bolas para onde estavam virados… não, este resultado, não me envergonha nem um pouco!

Perdemos o jogo… mas ganhamos uma equipa!

Luís Carvalho disse...

Sem dúvida, hmocc.
O Hulk nunca deveria jogar sozinho na frente.
Além de ser o lugar onde menos rende, é-lhe exigido um esforço físico demasiado, o que o faz perder muitos lances nas segundas metades.
Claro que, ainda assim, rendeu muito mais do que um inexistente Rodriguez. O problema é que todos os olhares estão centrados nele e é a ele que tudo é exigido.

Guarín, esteve realmente bem, mas a minha pergunta é esta: tendo sido dado como uma "aposta ganha" de Jesualdo, deve ele, para se ser coerente, manter-se como titular?

Registo, também, que João Vieira Pinto passou de menino malcriado a "referencia" na área do comentário. Ainda bem.
Por outro lado, fico feliz ao verificar que muita gente voltou a gostar do Helton novamente.

miguel87 disse...

Apesar de conseguir segurar o jogo e conter o ritmo do Chelsea, o Porto falhou demasiados passes e errou, mais uma vez (Bruno Alves em Old Trafford), no golo consentido.

Na fase final, mais do que o Porto empurrar Chelsea, parece-me que Anceloti, como bom Italiano, é que recuou a sua equipa á espera de aproveitar um contra-ataque para matar o jogo, mas mesmo assim penso que nunca criamos perigo real.

Agora para o jogo com o Atletico, será que o departamento juridico conseguirá convencer a UEFA a inscrever o Prediger??

miguel87 disse...

Luis Carvalho disse:
"Nota final para Essien: que nunca mais ninguém elogie um trinco em Portugal! Aquilo foi uma liçao de como um trinco deve estar em jogo. A componente OFENSIVA do Chelsea passou toda por ele."

Assino por baixo e é por isso que penso que Fernando está a anos luz daquilo que querem fazer dele. A meu ver, qualquer jogador que jogue naquela posição e com aquelas funções no esquema de Jesualdo será sempre sobrevalorizado.

José Correia disse...

Peço desculpa por transcrever todo o artigo, mas estou 100% de acordo com a análise que Bruno Prata faz no PUBLICO ao jogo de ontem.

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1. O FC Porto voltou a sair derrotado de Inglaterra e, provavelmente, vai discutir-se muito a decisão de Jesualdo Ferreira de abdicar de três jogadores que vinham sendo titulares. Certamente que haverá até quem recorra a jogos europeus dos portistas nas últimas quatro épocas para concluir que as surpresas guardadas pelo técnico redundam sempre no fracasso. É uma visão possível, mas que acaba por ser redutora e de vistas curtas.

2. O plano de voo do FC Porto foi correcto, como correctas foram quase todas as alterações que foram sendo efectuadas em função das circunstâncias e do resultado. Do outro lado estava o melhor plantel (e uma das melhores equipas) da Europa, o único talvez capaz de funcionar normalmente (entre castigados e lesionados) sem jogadores como Bosingwa, Paulo Ferreira, Zirkov, Deco, Joe Cole e, principalmente, Drogba. Um plantel que implica um orçamento de 268,9 milhões de euros, que vem sendo implacável na Premier League e que não perde em Stamford Bridge para a Champions há três anos e quase sete meses (19 jogos).

3. Mas vamos por partes. Abdicar inicialmente de Falcao não era obrigatório, mas era aconselhável. O FC Porto não teria quaisquer hipóteses se apostasse num jogo baseado em organização, mas teria (como teve) algumas chances se privilegiasse as transições. Por isso, precisava de jogadores fisicamente agressivos e que soubessem receber a bola no espaço e não no pé. A saída do avançado colombiano pode também ser explicada pela necessidade de manter a equipa equilibrada frente a adversários de uma dimensão física rara, principalmente no miolo. É que Essien (o melhor homem em campo), Lampard, Ballack e até Malouda parecem blocos de aço, com a vantagem de se moverem com a agilidade de um peso pluma. Daí se perceber a entrada na equipa de Guarín. O colombiano é visto em Portugal como um jogador defensivo apenas porque Jesualdo, logo após a deserção de Paulo Assunção, tentou (sem êxito) adaptá-lo à função. Mas ele sempre foi um médio interior ou um ala direito tanto no Saint-Étienne como na sua selecção. De resto, acabou por ser, juntamente com Helton, o melhor portista em campo. A troca de Varela por Rodríguez teve a ver com as diferenças em termos de experiência (foi a estreia do português na prova, enquanto Anelka soma mais jogos na Champions que todos os avançados portistas juntos) e de agressividade, mesmo que o uruguaio tenha acabado por estar longe do que ainda há dias mostrou na sua selecção.

4. Deixar Belluschi de fora acabou por ser a opção mais discutível. Num meio campo que defendia em “harmónio” e com cinco homens atrás da linha da bola, o argentino poderia ter desempenhado a tarefa de Mariano. Jesualdo terá pensado que este lhe garantiria melhor cobertura no lado direito e outra fluidez nas transições. Nada disso se confirmou. Pior do que isso, trocou o futebol de altos e baixos de Mariano pela possibilidade de continuar a ter alguém com outra capacidade de criação e de finalização. A sua presença teria impedido que Hulk jogasse tão isolado e teria permitido aproveitar melhor o facto de o Chelsea arriscar durante muito tempo o adiantamento em simultâneo dos dois laterais.

5. O FC Porto passou por um período crítico a meio da primeira parte e regressou do balneário com um jogo menos intenso e agressivo, o que não tardou a ser-lhe fatídico. Mas a melhor prova de que foi quase sempre uma equipa equilibrada e ameaçadora aconteceu quando Carlo Ancelotti, ainda com um quarto de hora para jogar, não teve dúvidas em trocar Kalou por Belletti, deixando apenas Anelka na frente. Se Guarín, Hulk ou Varela tivessem aproveitado as (boas) situações que se seguiram, seria o italiano a estar (também injustamente) no banco dos réus em vez de Jesualdo...

16.09.2009 - 10:17
Bruno Prata

Luís Carvalho disse...

Bruno Prata, intencionalmente ou não, baralha aqui uma série de coisas.
Primeiramente, fala na ausencia de Zirkov, Paulo Ferreira e Joe Cole por parte dos ingleses. Ora, de nenhum destes nomes tem rezado a história recente do Chelsea. Não entendo por que razão foram para este texto chamados.
Depois, o argumento - já gasto - dos 19 jogos sem perder, em casa, por parte dos londrinos. Ora, não perdem mas já empataram durante esse período. E era esse mesmo o nosso (real) objectivo...

Depois refere que era um jogo "para jogadores fisicamente agressivos e que soubessem receber a bola no espaço e não no pé". Mas, se assim era, então, era a partida ideal para um jogador como..Varela.

Seguidamente, refere que o FCP "não teria quaisquer hipóteses se apostasse num jogo baseado em organização". Ora, as nossas melhores oportunidades vieram no final do jogo, quando, como escreve o mesmo B.Prata, Ancelotti mandou recuar as suas tropas e o FCP jogava precisamente, e pela primeira vez, em ataque organizado.

Por último, não entendo a sua tentativa de querer passar a ideia que Guarín veio para substituir directamente Falcao. Em primeiro lugar, um médio interior não substitui nunca um avançado. Mas, pior ainda, é a sua explicação de que Guarin é "fisicamente mais forte" que Falcao.
Depois, diz que Mariano jogou no lugar de Belluschi. Ora, Mariano infelizmente jogou foi no lugar do...Hulk.

José Correia disse...

Luís Carvalho disse...
«Registo, também, que João Vieira Pinto passou de menino malcriado a "referencia" na área do comentário. Ainda bem.»

Ó Luís, isto não é argumento.

José Correia disse...

Luís Carvalho disse...
«Guarín, esteve realmente bem, mas a minha pergunta é esta: tendo sido dado como uma "aposta ganha" de Jesualdo, deve ele, para se ser coerente, manter-se como titular?»

Depende dos adversários, do tipo de terreno, da condição física e do momento de forma dos jogadores. Por alguma razão o plantel tem 25 jogadores.

Acho notável que o Jesualdo seja muitas vezes criticado por apostar sempre no mesmo onze, mas quando muda também é criticado, mesmo quando as apostas que faz resultam (que foi claramente o caso do Guarin).
É o chamado preso por ter cão e preso por não ter.

José Correia disse...

Luís Carvalho disse...
«Claro que, ainda assim, rendeu muito mais do que um inexistente Rodriguez. O problema é que todos os olhares estão centrados nele e é a ele que tudo é exigido.»

É duplamente verdade. O Hulk rendeu mais que o Rodriguez e todos os olhares estão centrados nele.

O problema é que o Rodriguez já fez grandes jogos na LC e todos sabemos porque razão, nesta altura, ele está em sub-rendimento. E também me parece óbvio que tem de jogar para subir de forma.
Já do Hulk não podemos dizer o mesmo. Tem um potencial enorme, as expectativas são grandes, mas continua a desiludir na LC (com a excepção do jogo em Madrid na época passada).

José Correia disse...

miguel87 disse...
«mesmo assim penso que nunca criamos perigo real»

O cabeceamento de Guarin a rasar a trave;
O remate cruzado de Guarin que Cech, enorme e bem colocado, defendeu;
O remate "à Jordão" de Varela, que Cech defendeu com uma palmada.

entre outros lances (estou-me a lembrar de ocasiões de Meireles e de Falcao, por exemplo), não foram oportunidades de perigo real?

Anónimo disse...

José Correia comentou: "Ao contrário, o FC Porto está mais uma vez a formar uma equipa nova do meio-campo para a frente e, conforme já referi várias vezes, o plantel só possui cinco jogadores de campo com mais de um ano de casa - Fucile, Bruno Alves, Meireles, Mariano, Farias."

Bem, não me parece que isso sirva de atenuante, sabendo
nós que nem todos as vendas deste defeso eram obrigatórias.

Quanto ao jogo: não estivesse o Helton em dia de grande inspiração e a esta hora poderíamos estar aqui a lamentar termos mais uma vez levado 3 ou 4 secos. Já sei que o g.r. faz parte da equipa, mas quando é ele a evitar um resultado embaraçoso é porque o resto da equipa se viu várias vezes ultrapassado pelo adversário.

Também não comungo dos elogios ao Guarin: fez um jogo apenas seguro, usou o fisico, mas voltou a mostrar as suas debilidades no passe. Mas como não foi o desastre do costume, para muitos foi quase que o herói da noite. Igual a si próprio esteve o Mariano, que, nas suas piores facetas, me faz lembrar o Francisco Nóbrega, nosso extremo-esquerdo dos anos 60/70.

Resumindo: para JF objectivo conseguido: fomos lá para perder por poucos e o resultado foi de 1-0. Assim jogam muitos adversários nossos no Dragão. Com jogos como o de ontem não podemos criticar essas equipas pequenas.

PS Um abraço para Nicósia, Chipre, terra do Apoel!;-)

Pedro disse...

1- Essien é fabuloso. R.Carvalho e Terry são a melhor dupla de centrais do mundo.

2- Tivesse o Porto jogado com Falcão e Hulk de inicio e o Chelsea teria aproveitado ainda mais os espaços nas laterais. O Hulk defende mal, e o Mariano embora desastrado é lutador e cumpre tacticamente.

3- A grande falha continua a ser a finalização, o ultimo passe, a decisão de passe ou remate. E nisso o Chelsea é muito melhor que o Porto.

Jorge Mota disse...

Rookies contra 1a equipa rotinada,carissima e excelente..em casa deles..
Nao esta mau..poderiamos ter feito 1a gracinha,mas o resultado e mais ou menos obvio.
Tirando aquele patinar a meio 1a parte e inicio 2a parte estivemos bem..mas trapalhoes..
A substituiçao do Mariano era por demais evidente e pecou por tardia.
Arbitro nao complicou
Enfim,1 resultado q nos da esperança
Força PORTO

Unknown disse...

A melhor interpretação do jogo de ontem, ouvia-a na TSF antes de o jogo começar.

Na análise às alterações que o JF apresentava, o João Ricardo perguntou ao Costa Monteiro, mais ou menos com estas palavras:

"Achas que o JF montou esta equipa para discutir o jogo ou para ganhar o jogo?"

e explicou o que entendia por discutir o jogo e ganhar o jogo:

"discutir o jogo será abdicar dos princípios da equipa em nome de um resultado positivo, o empate, e depois se sofrer um golo poder sempre dizer que é o Chelsea, constituída por grandes jogadores, uma equipa forte, ... mas que o Porto teve azar, mas evita uma derrota como a do ano passado"

"ou é para ganhar o jogo, mantendo os princípios da equipa, assumindo o risco e jogando como jogou em Manchester ou Madrid? Mas sendo mais vulnerável se as coisas correrem mal?"

A resposta do Costa Monteiro já não a ouvi, mas 24 horas depois, a minha resposta é que JF entrou para discutir o jogo, tal como o fazem n equipas que vêm ao Dragão, põe um autocarro à frente da baliza, perdem por 1 ou 2, vão todos contentes para casa porque discutiram um jogo com o FC Porto. Mas que todos nós criticamos por não gostarmos de ver aquele futebol.

José Correia disse...

João Saraiva disse:
«JF entrou para discutir o jogo, tal como o fazem n equipas que vêm ao Dragão, põe um autocarro à frente da baliza, perdem por 1 ou 2, vão todos contentes para casa porque discutiram um jogo com o FC Porto. Mas que todos nós criticamos por não gostarmos de ver aquele futebol.»

João, as equipas que vêm ao Dragão e colocam um autocarro à frente da baliza, têm dificuldades em chegar à área do FC Porto e raramente rematam à baliza.

No jogo de ontem o FC Porto rematou mais vezes que o Chelsea, incluindo remates on target.
Se isto é colocar um autocarro à frente da baliza...

Anónimo disse...

A mentalidade que nos domina a todos nestes jogos é simplesmente a de limitar os prejuízos, tal como a que nos domina na competição em si é chegar aos 1/8 de final.

Se o jogo de ontem fosse a 1ª mão de uma eliminatória eu ainda estou como o outro. Mas não, era para pontuar, pelo que mais incrível se torna que, da audácia de Old Trafford, tivessemos voltado ao medo dos Emirates (com Guarin e tudo, mas este desta vez até se portou bem). Um grande Helton, como já aqui foi dito, disfarçou as coisas.

Dito isto, não estou nada desiludido com o resultado. O que me desilude é satisfazermo-nos com uma mentalidade de contenção.

José Correia disse...

Alexandre Burmester disse...
«mais incrível se torna que, da audácia de Old Trafford, tivessemos voltado ao medo dos Emirates (com Guarin e tudo, mas este desta vez até se portou bem). Um grande Helton, como já aqui foi dito, disfarçou as coisas.»

Um desafio de futebol é jogado por duas equipas, normalmente tem várias fases e, na minha opinião, o FC Porto preparou-se muito bem para o adversário que iria defrontar. Além disso, soube reagir bem às incidências do jogo e, tal como referiu o jornalista do Daily Mail, had it not been for Cech, Guarin and Silvestre Varela would have been celebrating a much-deserved equaliser.

José Correia disse...

Alexandre Burmester disse...
«Dito isto, não estou nada desiludido com o resultado. O que me desilude é satisfazermo-nos com uma mentalidade de contenção.»

Admitindo que neste jogo o Jesualdo Ferreira teve uma mentalidade de contenção, o que dizer do sempre tão elogiado José Mourinho no Inter x Barcelona de ontem?

José Correia disse...

«Guarín saiu da casca em Londres e foi uma aposta ganha do professor, que entendeu que Belluschi não teria estampa nem fôlego para lutar com o poderoso tridente do miolo do Chelsea. O camisola 6 foi o 3.º jogador da equipa que mais correu (10,5 quilómetros) e até superou uma lacuna recorrente, o passe (74 por cento de sucesso). Mais: nenhum dragão rematou mais do que ele (3). Apesar da derrota, Jesualdo encontrou o elemento que há tanto procurava e o meio-campo ganha finalmente músculo, até porque Fernando (1,82 m, 70 kg) e Meireles (1,79 m, 65 kg) oferecem combatividade, mas não têm cabedal.

Jogos diferentes lançam desafios diferentes, mas Guarín é um trunfo a ter em conta quando o FC Porto quiser explorar a dimensão física do jogo. Em Londres, viu-se-lhe fôlego, conhecimento tático, poder de choque e projeção ofensiva. É um trunfo de peso para que os dragões aumentem a sua competitividade na alta-roda europeia.»

in Record, 17/09/2009

José Correia disse...

«Inesperadamente, Freddy Guarín saltou para a titularidade em Stamford Bridge e alimentou a discussão em torno da fórmula portista para travar o Chelsea. Os números, à excepção do resultado, dão razão ao colombiano e, claro, a Jesualdo. Com o meio-campo habitual (Fernando, Belluschi e Meireles), o FC Porto teria uma média de altura de 1,78m e a de peso seria de 71 kg, contra uma média de 1,82 e 83kg do Chelsea. Com Guarín, e sem Belluschi, o FC Porto subiu a média de altura para 1,82 (igualou a do Chelsea) e a de peso para 77kg.»

in O JOGO, 17/09/2009

Anónimo disse...

José Correia indagou: "Admitindo que neste jogo o Jesualdo Ferreira teve uma mentalidade de contenção, o que dizer do sempre tão elogiado José Mourinho no Inter x Barcelona de ontem?"

Tocas-me num ponto sensível, pois, como sabes, não deve haver indivíduo à face da terra que me cause tanta urticária como o Zé Mário Sadino!;-) Além disso, eu nunca o louvaria por um jogo como o de ontem. Aliás, esse artista foi há uns anos jogar a Barcelona (com o Chelsea) à defesa um jogo de 2ª mão depois de ter perdido em casa.

Pelos vistos fez escola!;-)

Anónimo disse...

José Correia citou: «Inesperadamente, Freddy Guarín saltou para a titularidade em Stamford Bridge e alimentou a discussão em torno da fórmula portista para travar o Chelsea.(...)»

Tenho óptimas notícias! No final desta época vamos conseguir aguentar Bruno Alves, Hulk, Rodriguez, Falcao, etc!! Sim, por essa Europa fora os clubes fazem bicha para saberem quanto custa o passe do Guarin!! : -)

José Rodrigues disse...

"Um desafio de futebol é jogado por duas equipas, normalmente tem várias fases e, na minha opinião, o FC Porto preparou-se muito bem para o adversário que iria defrontar."

Deve ser por isso q o melhor jogador em campo deve ter sido o Helton...o Chelsea teve para cima de meia duzia de boas oportunidades de golo, tendo abrandado bastante ('a boa maneira italiana do Ancelotti) a partir do momento em q se viram a ganhar a meio do jogo.

Se o jogo tivesse sido preparado tao bem numa estrategia de contencao do adversario, o Chelsea nao tinha tantas oportunidades como teve. Ainda para mais sem Drogba, Deco e Joe Cole.

Esta' mais do q visto q a estrategia de JF de se focalizar na contencao do adversario (mais do q o costume nestes jogos) nao tem evitado q o tal adversario crie bastantes oportunidades de golo.