JF fez um bom trabalho na época passada, mas parte desse mérito foi muito bem conduzido dialecticamente pelo professor, quando insistiu e sublimou o conceito de “equipa em construção” que só falhou (quando falhou) porque teve de passar por essa fase de aprendizagem.
Em função do reconhecimento da obra feita por JF e do facto do FCP, na presente época, carecer mais uma vez de um técnico capaz de formar equipas, não houve coragem ou oportunidade ou interesse para fechar o ciclo de JF. O progresso na continuidade é o máximo que podemos pedir e exigir ao professor. Os seus processos são conhecidos. Desconhecido é o seu nível de intervenção nas escolhas para a reformulação do plantel.
Quando muita gente se mostra espantada com a equipa montada por JF para se bater com o Chelsea, e o critica por falta de coragem, porque teima em jogar como uma equipa pequena, de tracção atrás, quando devia jogar sem medo, dado o facto de ser treinador de uma equipa grande com tradição na CL e a melhor de Portugal. Foi de certa maneira a coragem competitiva que tramou Adriaanse e nos levou ao último lugar na fase de grupos na CL. Coragem ou loucura?
Talvez JF tenha apenas tentado discutir o jogo, mas essa opção é muitas vezes mais ganhadora que outras bem mais de conquista, principalmente quando se joga com equipas claramente mais fortes que o FCP. Medroso, pouco confiante nas potencialidades da equipa, ou simplesmente realista?
Mourinho fez as meias e a final da CL, com uma equipa montada sobrepovoando o meio campo e apenas com Derlei na frente de ataque e com Carlos Alberto sobre a faixa esquerda a fazer de segundo ponta de lança.
JF para este desafio com o Chelsea – autêntica prova de fogo – preferiu montar uma equipa com jogadores que conhece melhor e que o conhecem melhor e que, por isso, estarão em melhores condições de cumprir a programação do professor. Mariano é um jogador da sua confiança, Guarin é um preferido e uma aposta que não recebeu ainda carta de alforria da maioria dos adeptos, mas é um daqueles que JF acha que vai acabar por fazer render, de acordo com o potencial expectável do colombiano em função das suas boas exibições ao serviço da sua selecção.
Quer Mariano, quer Guarin são jogadores mal amados, como antes foram durante algum tempo Pepe, Bruno Alves ou Semedo. E há algum exagero, se tivermos em conta a boa época que Mariano fez em 2008/9 ou a dificuldade de qualquer novo recruta entrar de caras na equipa base do FCP. Guarin, Tomás Costa, Valeri e até Belluschi ainda não convenceram, e aquele rapaz argentino de nome esquisito nem sequer conta para uso externo. No FCP a integração parece difícil. Só Lucho terá sido excepção.
Muito mais preocupado que a derrota com o Chelsea e o escalonamento da equipa para esse jogo, preocupou-me o rendimento da equipa nos jogos que fez até agora, salvo a 1ª. parte com o Leixões. E assusta-me porque nesses jogos (incluindo a 2ª. parte com o Leixões) vi uma equipa pouco disponível para pressionar, para jogar com intensidade e sem rotinas para baixar o ritmo, sem perder o controlo do jogo.
Como o SLB aparece a jogar a um ritmo superior, em ataque continuando, fazendo da pressão alta uma arma consistente e bem programada, foi criada com o apoio da CS do costume, uma dinâmica de vitória ao nosso mais directo rival, como há muito não se via por aqueles lados, e cuja responsabilidade vai direitinha para o seu treinador: Jesus, o exterminador.
É óbvio que vão e vamos comparar os modelos conforme o sabor dos resultados das duas equipas, e neste momento há inevitáveis comparações entre o trabalho dum e doutro treinador, atendendo ao facto do valor dos planteis ser muito semelhante. Um FCP aparentemente receoso da sua valia, pela mão do seu treinador, tira-nos confiança, num momento em que a competição aperta. Até acredito que não seja assim, mas no futebol como na política o que parece é. E com o SLB tão perto, tão confiante e em bom momento, não podemos vacilar nem deixar dúvidas quanto à confiança nos nossos recursos. Precisamos que nos temam.
Sem menosprezo pelo SCP e o SCB a luta vai ser entre o FCP e o SLB. E promete ser dura. Para que o duelo nos seja favorável é indispensável que os nossos mais cotados jogadores estejam ao seu melhor. Bruno Alves, Fernando, Meireles, Rodriguez e Hulk têm de render mais. São essenciais para a equipa estabilizar.
O resto é tarefa do treinador e o que se espera de JF é que seja capaz com os homens que dispõe de constituir uma equipa forte. O passado já era e o "ajuste de contas" vai-se travar esta época. E a esse julgamento, JF não vai poder fugir. A seu favor está o histórico recente, porém vai ter de contar com um adversário muito forte, confiante, apoiado, que descobriu a fórmula mágica e a poção milagrosa que transformou marretas em vedetas e cágados em lebres, e que se diz predisposto a ganhar tudo.
Vamos esperar e ter confiança. Tal como no atletismo pode ser que o FCP (em termos de capacidade) faça uma corrida de trás para a frente e que a cada jornada renove a nossa confiança. Depois do Chelsea, apesar da derrota e das críticas, fiquei menos pessimista. O SCB é já a seguir e vai ser um teste muito importante à nossa capacidade. Os próximos jogos são autênticas finais para o FCP, e as finais são para ganhar. Força Porto!
10 comentários:
"Foi de certa maneira a coragem competitiva que tramou Adriaanse e nos levou ao último lugar na fase de grupos na CL. Coragem ou loucura?"
Para mim este é daqueles mitos que se propagam entre os portistas como se fosse uma realidade absoluta, em parte fruto do auto-marketing do próprio treinador.
Adriaanse, a meu ver, não colocou em prática uma táctica muito agressiva. A equipa-tipo assentou num 3-4-3 com 3 médios defensivos e em q os defesas subiam pouco: algo que dificilmente posso considerar ser uma táctica muito atacante...
Na prática, o q eu vi com Adriaanse foi uma equipa q ironicamente dava poucas oportunidades de golo ao adversário mas criava tb poucas oportunidades de golo. Não será por acaso que com Jesualdo marcamos mais golos do que marcávamos com Adriaanse...
O problema maior da fase inicial da época, a meu ver, foi que nos primeiros 3 meses o FCP mudava de equipa titular todos os jogos (podem ir verificar isso aos dados históricos) e não havia rotinas formadas. Acho que foi exactamente por aí que "caímos" na LC, e não por ter tácticas suicidas.
A partir do momento que as rotinas foram criadas e o Adriaanse chegou a uma equipa-tipo o q eu vi foi um FCP "mandão", que tinha mais posse de bola e jogava mais subido no terreno do que o FCP de Jesualdo, mas sólido a defender e pouco criativo no ataque.
Quanto a Jesualdo: não acho que seja propriamente "medroso" na táctica, em geral: simplesmente tem uma filosofia de dar a iniciativa ao adversário e baixa pressão, considerando que é a forma mais eficaz de chegar ao golo através das ditas "transições rápidas". Frequentemente isso é confundido com "medo", mas parece-me que são duas coisas distintas.
Essa filosofia tem dado regra geral resultados (mais fora do que em casa, o que não me parece que seja de admirar). Pessoalmente nem me agrada muito visualmente nem estou convencido que seja a forma mais eficaz de utilizar os recursos que tem, embora seja eficaz.
Onde considero o Jesualdo algo medroso especificamente é em jogos ditos "grandes", em que ele abdica muito facilmente dos seus princípios-tipo de forma a obcecadamente tentar travar o adversário custe o que custar. Isto tanto se vê num jogo em Londres como, por ex, num jogo em casa contra um SCP em que deu a missão única a Lisandro de... marcar o trinco do adversário.
"Mourinho fez as meias e a final da CL, com uma equipa montada sobrepovoando o meio campo e apenas com Derlei na frente de ataque e com Carlos Alberto sobre a faixa esquerda a fazer de segundo ponta de lança."
Aceito esta comparação, mas há uma enorme e importante diferença: a equipa de Mourinho jogava com posse de bola e assumia o jogo quando a tinha, além de vermos várias vezes Deco, Alenitchev e Maniche em zonas de finalização. Ora ainda na 3ª feira se viu que a equipa actual não faz nada disto e uma das grandes falhas foi para mim a eficácia no passe.
Lá está, são as tais rotinas de jogo que faltam, quando em 90% dos jogos do campeonato se divide praticamente a meio a posse de bola com os adversários...
A resposta a este post, está no post anterior, que tão bem vocês publicitaram.
Todos sabemos que a imagem de uma determinada equipa é louvada até à exaustão, omitindo todos os pontos fracos, enquanto a outros, é mencionado as suas fraquezas e dúvidas potenciando o crescimento do descontentamento junto da sua massa associativa. Mas isto tudo, e para mim, não é novidade. O que mais me espanta, é que este tipo de pressão através da comunicação social, ainda espante muitos dos adeptos do Porto. O que deviam fazer é aquilo que eu faço. Não leio, nem ouço programas que todos sabemos não são insentos.
Assisti ao jogo das papoilas na 5ª feira, e o que vi, foi precisamente o adversário que até nem tem grande cotação, aproveitar-se dos pontos fracos do maior grande clube português. E meus amigos, caso estes marretas apresentassem um pouco mais de categoria, não sei se não teríamos assistido a um escandalo.
Quanto ao N/treinador, a "coisa" funciona sempre da mesma maneira. Primeiro estuda como funciona a equipa adversária. Segundo coloca a equipa a jogar adaptada ao adversário e sempre com um olho nas ditas transicções rápidas. É pensamento de raposoa velha, e com experiência. Se estivesse de vermelho vestido seria endeusado a mais que extreminador...
Como está de azul, o que conta são os desastres e as derrotas.
Felizmente os de lá de fora não pensam assim e o que é facto é que respeitam o FCP.
Caso o FCP na 3ª feira passada tivesse ganho ao Chelsea, hoje estariamos todos eufóricos ficando o dono do Chelsea a pensar que tinha gasto 20 vezes mais que o FCP nos seus jogadores e que tinha sido enganado.
Um factor que poucos discutem mas que deveria ser bem analisado, é o facto de o FCP, ter um numero exagerado de faltas atacantes, comparado com os seus adversários directos.
Caso o FCP adoptasse a filosofia de posse de bola, de passe entre os seus jogadores, esta situação seria ainda mais explorada pelos adversários que jogam, bem como pelos que apitam.
Para combater esta situação em que cargas de ombro normais, são consideradas faltas quando o homem se veste de azul, só temos uma solução; Trocar a bola entre os defesas, no meio campo. Caso o Porto o faça o que acontece? Lá vai assobiadela...
Comparando com a papoila, quantas vezes vemos o poste cardoso a empurrar os adversários e nada é marcado?
Vamos com calma, pois quem sabe e manda continua a confiar no seu treinador, e a nós só nos resta apoiar e ajudar com as nossas opiniões a construir o penta campeão.
A própria comparação com Mourinho é um bocado um mito. No jogo do Inter com o Barça, Mourinho não teve a posse de bola. Será que é medroso? Não teve porque não conseguiu. Há jogos e jogos.
Quando empatámos com o Manchester com o Mourinho não jogámos tão bem como jogou lá o Jesualdo. E o resultado até foi o mesmo mas terá sido mais justo para Jesualdo do que para Mourinho. Jesualdo é medroso?
Por acaso até achei que o Porto em Londres quis (e conseguiu) assumir muitas vezes o jogo e a posse de bola mas, mais uma vez, é preciso não esquecer que estávamos a jogar contra o Chelsea, neste momento a melhor equipa a jogar em Inglaterra.
Fico triste quando vejo tantos portistas por essa blogosfera fora serem tão lestos a criticar Jesualdo e as suas escolhas quando, na minha opinião, são de todo injustas.
Aliás, basta ler o que toda a imprensa Inglesa escreveu sobre o FCP após o jogo com o Chelsea e fico com a sensação que Ingleses e alguns portistas estiveram a ver jogos diferentes!
Venha o Braga, jogo também de alta dificuldade e onde tudo pode acontecer. Os lampiões é que andam todos contentes: além da histeria face à performance da equipa, é um jogo onde o Porto perde sempre, seja qual for o resultado.
Excelente post, Kostadinov, plenamente de acordo.
O JF esta la e esta muito bem.Por mim continua.Devem estar esquecidos q ele foi Tri Campeao,q passou sempre a fase de grupos e no ano passado se bateu valentemente para as meias.Esquecem-se tambem q o FCP n e o MU,o Madrid,o Barça,o Liverp,o Chelsea..e que..estamos em Portugal!!
Em relaçao a comparaçao com o Jesuita e o benfas:O benfas ainda n jogou com o Chelsea(acho eu),e parece me q o JF nao montou autocarro frente ao Leixoes..
Por falar em Mourinho:revejam a exibiçao PATETICA q o Inter fez contra Barça,em sua casa,e por força das instruçoes do Mourinho.Vejam tb 1a eliminatoria ha 2,3 anos em q a perder na eliminatoria foi no 2º jogo jogar com autocarro,frente ao Barça.Qto a jogar bonito nem vale a pena falar..
Lamento q nao tenham os pes assentes na terra.Pensem 1 pouco mais global..
Quanto a comparações entre Jesualdo e Jesus: acho q não é ao fim de meia dúzia de jogos de Jesus à frente do slb q se pode entrar logo em comparações. O Jesus precisa de comer alguma sopa antes de se falar nisso, para já é muito prematuro.
Quanto a Mourinho: é um facto q Mourinho é um treinador algo receoso (em parte tal como Jesualdo), embora tenha uma filosofia muito mais de bola nos pés q Jesualdo e seja melhor a executar o anulamento do adversário (acho q o Chelsea na 2a feira teve mais oportunidades de golo contra nós do q Man Utd e Corunha nos 4 jogos juntos em 2004).
Parece-me também q o Jesualdo está muito mais disposto a abandonar os seus princípios gerais de forma a tapar o adversário do q Mourinho estava - na campanha de 2004 jogámos praticamente sempre em 4-4-2 (fosse no campeonato fosse na LC), ainda q com ajustamentos pontuais. Jesualdo é mais dado a alterações radicais em função do adversário.
Repito o que já escrevi várias vezes: se olharmos para o onze titular deste início de época, verificamos que do meio-campo para a frente apenas Hulk se mantém. Belluschi, Varela, Falcao e Alvaro Pereira (que tem sido uma peça fundamental nos movimentos atacantes da equipa) são elementos novos.
É surpreendente que em tão pouco tempo a equipa consiga evidenciar a qualidade que já demonstra.
Quanto à comparação entre Adriaanse e Jesualdo, não tenho dúvidas: prefiro Jesualdo em todos os aspectos.
O Kostadinov tem razão... O mítico Mourinho fazia a defesa circular a bola, e não era por ser burrinho... E posso não ver agora o Cardozo a jogar, mas lembro-me claramente dos empurrões do Liedson durante épocas seguidas que ninguém via.
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