quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Salvem o Apito!

6 de Fevereiro de 2008, era editado o livro 'Apito Dourado - Toda a História', o qual foi distribuído juntamente com o jornal Record. Vivia-se a época dourada do apito e, depois de Carolina, também Eugénio Queirós escrevia o seu livrinho.


17 de Setembro de 2009, no Record online um desiludido, amargurado e inconformado Eugénio escreve o seguinte:

«Conscientes que estamos todos, hoje, quanto à credibilidade de uma das principais testemunhas, a senhora Carolina Salgado, e verificados os arquivamentos de alguns processos e absolvições no que chegaram à sala de audiências, somos hoje confrontados com a possibilidade de toda a construção jurídica que sustenta o processo cair abruptamente. A U. Leiria tem na mão uma decisão irrevogável, de um tribunal superior, que manda desentranhar dos processos disciplinares de natureza desportiva escutas telefónicas. Reclamando 50 milhões de euros pelos danos causados.
Ora, se a U. Leiria reclama 50 milhões de euros, quanto não devem reclamar também FC Porto e Boavista à Federação Portuguesa de Futebol e à Liga (por solidariedade)?
(...)
O futebol mais uma vez andou a reboque do monstro da justiça e até sentiu a tentação de ultrapassá-lo. Foi de desastre em desastre até à derrota final.»


Já tinha ouvido o António Pedro Vasconcelos e o Rui Oliveira e Costa clamarem contra o facto da Justiça dos tribunais comuns (a Justiça a sério!) ter, sucessivamente, contrariado as decisões "corajosas" da "Justiça desportiva".
Mas ver um "especialista do apito", com livro publicado e tudo, a baixar os braços desta maneira, quase que tenho pena.
Pobre Eugénio, tanto trabalho, tantas horas, tantas esperanças que desta vez é que ia ser e afinal...
Mas a coisa ainda pode piorar. Querem ver que o FC Porto e o tenebroso Pinto da Costa ainda vão ser indemnizados?

7 comentários:

dragao vila pouca disse...

E tanta honra perdida...acrescento eu.

Um abraço

condor disse...

Grande parte das indeminizações deviam ser pagas por todos os geninhos calhordas deste país!

John Aarson disse...

que peninha... o SLB não vai conseguir fazer descer de divisão o melhor clube português via secretaria. Mais uma derrota fora do campo para os vermelhácios.

Zé Luís disse...

"estamos todos, hoje, quanto à credibilidade de uma das principais testemunhas".

O traste nem acaba a frase: estamos todos hoje o quê?

Mas esse imbecil, Zé Correia, a dado ponto escreve que a utilização ilíccita das escutas sabe-se agora, quando há muito se sabia e a lei quanto aos crimes de catálogo está nos livrinhos...

Mas enquanto a justiça desportiva deu corda a estes merdas dos jornais foi um fartar vilanagem.

José Correia disse...

Zé Luís disse:
a utilização ilíccita das escutas sabe-se agora, quando há muito se sabia e a lei quanto aos crimes de catálogo está nos livrinhos...

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«A juíza Fátima Mata Mouros respondeu, na semana passada, numa aula de um curso de Direito do Desporto, organizado pela Faculdade de Direito de Lisboa, a uma pergunta que muitos juristas e dirigentes desportivos fazem a propósito do processo Apito Final:

Pode haver [recurso a] escutas num processo disciplinar desportivo?

"A pergunta parece não ter sentido, porque a letra da lei neste domínio é de uma linearidade inultrapassável. Portanto a resposta poderia ser simplesmente não", afirmou a magistrada judicial e autora do livro Sob Escuta.

Apesar da rejeição, Mata Mouros procurou aprofundar o tema. "De tão definitiva, todavia, aquela resposta não consegue impedir alguma insatisfação: mas porquê?", questionou. "Se a matéria evidenciada pelas escutas constitui crime, ou ilícito de qualquer outra natureza, se o ilícito está demonstrado, qual a razão para não ser punido ou, sancionado?"

Às duas perguntas, a juíza lembrou que "a auto justiça" imposta pelo "vínculo de justiça desportiva" não pode significar "a completa preclusão da competência dos órgãos jurisdicionais do Estado, quando estão em causa direitos fundamentais dos cidadãos cuja lesão é constitucionalmente garantida através do recurso aos tribunais":
"A Constituição proíbe toda a ingerência das autoridades nas telecomunicações, salvo os casos ressalvados na lei em matéria de processo penal - e não para outros efeitos."»
in PUBLICO, 03/06/2008

http://reflexaoportista.blogspot.com/2008/06/juiza-contra-uso-de-escutas-no-apito.html

José Correia disse...

Relativamente às escutas, antes da juíza Fátima Mata Mouros, já se tinham pronunciado alguns dos maiores especialistas portugueses na matéria – José Faria Costa, Germano Marques da Silva, Manuel Costa Andrade e Damião da Cunha.

José Correia disse...

Em 31/01/2009, Manuel Queiroz escrevia o seguinte no blogue 'De Trivela':

«Todo o processo Apito Dourado, e depois o Apito Final, ou seja a sua decisão em sede desportiva, enferma deste problema. Há escutas e nada mais que escutas que, dizem os juízes, no nosso ordenamento não se podem aplicar a processos de justiça menor, como estes. E por isso todo o edifício de condenações pode vir por aí abaixo, porque se deram passos maiores que as pernas numa ânisa de responder a uma parte dos interesses.»