terça-feira, 10 de novembro de 2009
Miolo do FC Porto anda coxo
Artigo de opinião de Bruno Prata, publicado em 06/11/2009, onde o jornalista do PÚBLICO toca num dos problemas principais deste FC Porto 2009/10.
«O diagnóstico dos problemas do FC Porto em termos de qualidade de jogo tem sido associado às vendas (cíclicas) de alguns dos seus melhores jogadores e à necessidade de dar tempo aos seus substitutos para que eles possam apreender a cultura, os processos e o modelo de jogo. Os mesmos motivos estiveram na origem do periclitante arranque da época passada, em que os resultados até foram bem piores na fase de grupos da Liga dos campeões.
Os mais atentos acrescentarão a onda de lesões que têm afectado os portistas e as dificuldades criadas pelas múltiplas convocatórias para as respectivas selecções, que, além do desgaste dos jogos e das longas viagens, impedem o desenvolvimento normal dos treinos, que já se sabe ser a arma que Jesualdo Ferreira mais e melhor sabe potenciar.
Sendo tudo isto verdade, há mais um detalhe que deve ser relevado. O meio-campo denota falhas de complementaridade, algo que complica ainda mais as coisas, especialmente numa equipa desenhada em 4x3x3, como é o caso.
Para perceber do que falamos, atente-se no meio-campo que levou Jesualdo ao sucesso em Braga: Andrés Madrid, Vandinho (então um médio interior esquerdo, antes de se tornar no "trinco" de grandes recursos que é hoje) e João Alves. São três jogadores de características diferentes, mas que cosem bem uns com os outros. O sentido posicional de Madrid dava-se bem com a verticalidade de Vandinho e com a capacidade de Alves de ler o jogo. As diferenças entre aqueles três médios funcionavam como um factor multiplicador, tornando o meio campo bracarense coeso, versátil e imaginativo.
Mas há outros exemplos de boa complementaridade em equipas desenhadas em 4x3x3, a mais conhecida das quais talvez seja o Barcelona, principalmente quando opta pela capacidade física de Touré, o futebol cerebral de Xavi e a magia e a verticalidade de Iniesta. Recuando na história, é possível recordar a forma perfeita como se desenvolvia e organizava o meio-campo de José Mourinho na sua primeira época no FC Porto, com Costinha a "6" e Maniche e Deco como médios interiores. Mais um caso de evidente complementaridade.
Jesualdo conseguiu repetir a receita quando se mudou para o FC Porto. Porque Paulo Assunção, Raul Meireles e Lucho são três jogadores diferentes, mas que também tinham o condão de funcionar em harmonia. E esta complementaridade não foi sequer trocada quando Paulo Assunção desertou para Madrid e no lugar se impôs Fernando.
A verdade é que uma boa parte dos elos de ligação foram quebrados com a venda de Lucho. O lugar foi ocupado por Belluschi, que já se sabia ser um belíssimo jogador. Mas é muito mais um "dez" do que um "oito". É justo reconhecer que tem feito um esforço enorme para se adaptar às funções e as coisas até lhe saíram de forma razoável nos primeiros tempos, antes de uma lesão atrapalhar a sua afirmação. Só que, mesmo quando está bem, acaba por funcionar frequentemente como um corpo algo estranho, principalmente quando opta pela posse da bola em circunstâncias em que o modelo portista recomenda a transição. Belluschi não tem culpa, porque isso faz parte do seu ADN futebolístico, devendo ainda reconhecer-se que a sua presença garante, pelo menos, uma fantasia que não abunda no Dragão.
A complementaridade do miolo é ainda mais reduzida quando, em vez de Belluschi, se recorre a Guarín, Tomás Costa ou Mariano (mais por instabilidade psicológica do que por outra qualquer razão). Não que estes sejam fracos, mas porque não acrescentam suficiente diversidade a um sector em que Fernando e Meireles acabam por viver fases de angústia e de saudade do complemento perfeito que era Lucho.
O substituto ideal do argentino parecia ser outro argentino. Mas Valeri demorou a apanhar a primeira carruagem, fruto de alguns problemas físicos - é provável, de resto, que o FC Porto tenha optado por garantir o seu empréstimo (por duas épocas), em vez de o contratar logo ao Lanús, por temer eventuais sequelas da operação aos ligamentos cruzados do joelho direito a que o jogador foi sujeito em Novembro de 2005. Valeri soma apenas 77 minutos nos quatro jogos em que começou como suplente na liga portuguesa. Jesualdo tentou rodá-lo nos jogos da Taça de Portugal, mas quando o médio se começava a integrar totalmente, uma nova lesão afastou-o dos últimos jogos, que poderiam ter sido uma boa oportunidade para a afirmação deste argentino de 23 anos.
Enquanto isso não acontece, a Jesualdo Ferreira só restam três alternativas para tentar resolver a questão: trabalhar cada vez mais com Belluschi para o tornar mais compatível com o triângulo no miolo; recorrer ainda com mais insistência ao 4x4x2 que nos últimos tempos vem funcionando como uma "muleta" táctica interessante; e começar a arriscar um pouco mais no lançamento de alguns jovens formados na casa e que já mostram valor. Muitos adeptos continuam a ansiosos de reverem, por exemplo, Sérgio Oliveira, que deu água pela barba na Taça de Portugal frente ao Sertanense. Pode não ser ele também o substituto ideal de Lucho (até porque só tem ainda 18 anos), mas o que lhe vimos fazer naquele jogo não pode ter sido obra do acaso. É craque.»
Nota: Os destaques a negrito são da minha responsabilidade.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
14 comentários:
Sérgio Oliveira? Bem podemos esperar lá para 2015 depois de ter sido emprestado a 500 clubes
Convém recordar as váris entrevistas que Luis Castro deu aos órgãos de comunicação social. Ele afirmou várias vezes que é importante ter jogadores formados no FCP no plantel principal, contudo os resultados desportivos estão em primeiro lugar. Assim se a estratégia do FCP para obter vitórias passa por contratar jogadores e não apostar cegamente na prata da casa, que assim seja, e as vitórias que venham. Colocar o Sérgio Oliveira (e poderia falar aqui de um turco que nós contratamos ao PSV, creio, e é o número 10 da selecção turca no Mundial de sub-17) a titular é o espírito sebastianista à espera que alguém jovem e sem experiência resolva uma mini-crise sozinho. Relembro que o Anderson andou, e bem, pela equipa B do FCP antes do Co Adriaanse o colocar a titular.
E lembro os adeptos do FCP que José Couceiro chegou a apostar em alguns jovens como titular (recordo-me de Ivanildo e Bruno Gama) e os resultados não foram grande coisa.
Obviamente que não vão resolver as coisas sozinhos.
Mas penso que nimguém duvida que seriam mais úteis que Tomas Costa,Guarin,Marianos e companhia.
PS: O Anderson esteve uns meses na equipa B. Estes passam anos a serem emprestados e quando regressam não são utilizados, como o Nuno André Coelho
Este post mostra a incompetencia do nosso treinador na formação de uma equipa e a sua limitação a um só sistema coisa que nos dia de hoje não pode acontecer a uma formação como a nossa.
Apostar na formação é sempre algo subjectivo. O Zbordém aposta na formação e vê se os resultados que têem tido. O problema do FCP não está nos jogadores mas sim na tática utilizada para isso. No passado funcionava porque havia quem pegasse na bola (Lucho), agora pura e simplesmente ninguém tem a coragem para assumir essa responsabilidade.
Incrível como este artigo, nunca por nunca coloca em causa a opção táctica. Refere sempre que os jogadores é que se devem adaptar à existente.
Como se só houvesse uma única táctica possível neste Mundo.
seria estranho que lucho não deixa-se saudade e que quem viesse o fizesse esquecer automaticamente.
Ainda assim acho que no meio campo mais falta que o lucho tem feito o meireles e o ridriguez e que quando eles regressarem grande parte dos problemas vão ser resolvidos, depois o bellucshi e o valeri só com o tempo vão aparecer e enquadrar-se.
«Como se só houvesse uma única táctica possível neste Mundo»
Pois, na cabeça de JF é isso mesmo q se passa. Não muda.
"Assim se a estratégia do FCP para obter vitórias passa por contratar jogadores e não apostar cegamente na prata da casa"
Eu acrescentaria: "passa tb algumas vezes por apostar cegamente em contratações de desconhecidos".
Eu compreendo perfeitamente q se contrate gajos com um CV mais do q decente (Licha, Lucho, Rodriguez, . Já não compreendo tanto q se compre gajos q nem em clubes secundários se destacavam (Ezequias, Sonkaya, Benitez, Guarin, e mais uns quantos), preferindo gastar uma pequena fortuna neles enquanto sistematicamente nunca se aposta na prata da casa, nem mesmo para preencher lugares de banco.
E por favor, não me queiram convencer q os dirigentes e treinadores conheciam melhor esses jogadores do q a prata da casa... para estes últimos não é preciso DVDs.
Na lista de jogadores q chegam com CV, publiquei o comentário antes de acrescentar Belluschi e Valeri.
Que falta que faz o Lucho...
veja a cronica do Adepto Tulio Martins no ZD
http://zonadesportiva.blogspot.com/2009/11/coluna-do-dragao-por-tulio-martins.html
Penso que nao deviamos pensar ou relembrar de certos Jogadores (Lucho Lisandro Quaresma Bosingwa etc... )
Temos que Jogar com os que temos..
é com estes que vamos a Luta..
oitavos Final da Champions
Supertaça Candido Oliveira
3 lugar a 5 Pontos
2º eliminatoria da t.Portugal.
Vamos ter calma..
Que me perdoem alguns que constantemente chamam por Lucho e companhia. Foi com Lucho e companhia que perdemos 3 taças para o Zporting meus amigos. Foi com esses que tivemos derrotas o ano passado no Dragão, ou já se esqueceram?
O problema continua a ser o mesmo no passado e no presente. O "sistema" que está a ser utilizado e que obriga que um 8 se transforme em 10 quando atacamos e que volte a posição 8 quando defendemos. É um sistema que levou Lucho a consumir-se até não poder mais em termos físicos. É um sistema que desgasta completamente e tem matado alguns bons jogadores. Por isso JUJU recorre a Guarim, porque este tem uma estampa física que poderia aguentar este desgaste. O problema é que este joga na esquerda e ainda não aprendeu a jogar na direita e é mais um 10 do que um 6 ou 8. Não têm velocidade, não é movel e não sabe lêr o jogo para se antecipar, como Lucho o fazia, pois tinha classe suficiente para o fazer.
O melhor é apostar no 442 normal a tempo inteiro e deixar-se de teorias, pois o seu 433, não funciona com os jogadores que têm.
Isto só funciona, com a subida da nossa defesa para o meio campo, e com a inclusão de Fernando na manobra atacante. O resto são desvairios de um treinador amarrado às suas concessões e sem imaginação. Qualquer losango dá cabo desta táctica, pois aparece sempre um elemento nas costas do Meireles e de quem faz a posição 8, ficando Fernando e os defesas centrais entalados com os 2 avançados da equipa adversária. Vejam que no último FCP-Zporting, esteve quase a acontecer a derrota do FCP. Perdemos durante largos períodos do jogo, o meio campo. Tivemos a sorte do jogo, pois caso contrário tinhamos ido de vela. Quem veio a seguir e que viu esse jogo, já sabe qual a receita. Os laterias adversários ultrapassando o nosso meio campo, flectem para dentro, e não procuram a linha de fundo para cruzar.
Podemos discutir eternamente os jogadores etc, que o problema é que se continua a comprar jogadores às carradas que não se adaptam a este sistema. Não seria mais fácil e barato, despedir o treinador e contractar outro que aproveitasse as capacidades técnicas dos seus jogadores e contruisse a táctica ou sistema a partir deles?
Houve um selecionador que não era o treinador e que disse um dia..."o modelo de jogo quêm o faz são os jogadores que eu tenho à disposição no momento, e construimos o sistema aproveitando o melhor de cada um, para o bem comum". Ficamos em 3º e não fomos campeões mundiais porque não nos deixaram.
JUJU não tem esta capacidade. É aquilo que vemos e pouco mais, ou agora me vêm dizer que foi ele que inventou Cissoko, Anderson, Lucho Quaresma ou Licha?
Quem fica lixado somos nós, com esta desenvoltura de futebol.
Que raio de treinador é este que aceita que um jogador jogue aleijado e que manca durante o jogo todo?
Mas estão a gozar comigo? A culpa é da SAD? Mas então este não têm outros guarda-redes, ou quer lixar o moço para que o mesmo não vá á selecção?
Numa equipa profisional isto só acontece se o jogador em causa for a estrela da companhia e estivermos a jogar a final da champions, e mesmo assim é um tremendo risco.
Este senhor utiliza jogadores que sabe não estarem nas melhores condições agravando as lesões dos mesmos. Exemplo Rodriguez.
Com estes jogadores o FCP arrumava a questão do título em meio campeonato.
O resto é letra, e trabalho do PdC em tornar o fácil em díficil e complicado, pois caso contrário não teria prazer. Agora inventou os golos na própria baliza. Boa nunca me tinha passdo pela cabeça que um dia veris cenas destas no FCP.
Coitado do Simões que num jogo na Antas teve o azar de marcar um , e foi dizimado.
É recorrente o exemplo mal comparado do Sporting sempre que alguém fala em dar-se oportunidades a jogadores da casa. O Sporting faz isso por necessidade,aqui sugere-se que o façamos, na devida conta e medida, por estratégia. Ou será que a nossa formação é tão fraquinha que não produz ninguém da mesma valia que Guarin, Mariano, Tomás Costa, Sapunaru, Benitez, Ezequias, Lino, Mareque, Cech, Stepanov, Leo Lima, Leandro (aliás George)Lima, Pitbull e Alan?
E no que respeita aos empréstimos e às rodagens, o que é de mais é moléstia. Um ou dois anos a rodar, ainda estou como o outro, mas acima disso é ridículo. Mas mesmo a quase obrigatoriedade desses empréstimos é um absurdo: Jaime Magalhães, João Pinto, Oliveira, Rodolfo e Domingos NUNCA estiveram emprestados e não lhes fez falta nenhuma. Se um jogador tem categoria, não precisa de rodar, vai-se integrando a pouco e pouco. Se o Cristiano Ronaldo tivesse cá vindo parar e não ao Sporting, teria penado pelos Olhanenses, V. Setúbal e Estrelas da Amadora deste mundo, ai isso teria...
Enviar um comentário