Os portistas que assistiram ao vivo, ou que viram o FC Porto x Sevilha na SportTv, terminaram o jogo com o credo na boca, ou se preferirem com o coração nas mãos, vendo um treinador em brasa, a meter em campo os três jogadores de perfil mais defensivo que tinha no banco – Sapunaru, Maicon e Guarín. Por isso, a equipa que jogou os últimos minutos desta eliminatória era do mais tracção atrás que já se viu no Dragão, composta por cinco defesas, três médios (posicionados no terço defensivo a tentarem intersectar linhas de passe) e um jogador sozinho na frente – Hulk.
O objectivo era claro: defender a todo o custo uma derrota por 0-1 a qual, fruto do excelente resultado alcançado em Sevilha, dava (como deu) o apuramento para os oitavos-de-final da Liga Europa.
E tudo podia ter sido tão diferente. Não me lembro de um jogo em que o FC Porto tenha criado tantas oportunidades, várias delas flagrantes, e as tenha desperdiçado todas, muitas delas de forma infantil. Incrível como o último passe nunca saía com o timing e direcção certa; incrível como se desperdiçaram contra-ataques em superioridade numérica; incrível como os ressaltos iam sempre para fora; incrível como se falharam golos sucessivos apenas com o guarda-redes pela frente.
E por falar em incrível, uma palavra para o Incrível Hulk. É um jogador fantástico, de características únicas, que muito provavelmente no final desta época irá sair e me vai deixar imensas saudades. Contudo, neste jogo esteve absolutamente desastrado na finalização das muitas jogadas em que estilhaçou a defesa sevilhana. Espero que o “jejum” que vem atravessando nos últimos jogos termine rapidamente.
Do lado oposto, na defesa azul-e-branca, quem me encheu as medidas foi Otamendi. Este internacional argentino, que no mundial da África do Sul jogou a defesa direito, esteve imperial. Concentrado, destemido em duelos fisicamente desiguais com os avançados do Sevilha, excelente a dobrar companheiros de equipa e sem nunca complicar na entrega da bola. Não deve faltar muito para aparecer na lista de A Bola...
Depois de termos jogado com o CSKA de Sofia na fase de grupos, agora vamos enfrentar o de Moscovo, após os russos terem eliminado o PAOK de Vieirinha. Não sei se a equipa do CSKA é superior à do Sevilha, mas sei que o “General Inverno” estará à nossa espera em Moscovo. Para o início de Março, o site weather.com prevê temperaturas na capital russa que podem ir até aos 10 graus negativos. Ontem, à hora do jogo no Dragão, estavam 16 graus negativos...
P.S.1 Ao fim de vários meses, Álvaro Pereira e Falcao regressaram à equipa, o que permitiu que Hulk voltasse à posição onde rende mais. E embora o ponta-de-lança colombiano não esteja ao seu melhor nível, já foi notório uma dinâmica diferente, para melhor, em termos ofensivos.
P.S.2 O essencial foi alcançado – seguir em frente na Liga Europa – mas não podemos ignorar que esta já é a terceira derrota em 2011 e todas elas no estádio do Dragão. Com a excepção da atípica época 2004/05, não é normal tantas derrotas em casa.
P.S.3 Este foi o quinto jogo (os outros foram em Guimarães, Alvalade e os dois jogos com o Besiktas) em que jogadores do FC Porto foram expulsos. Algo a merecer a atenção de André Villas-Boas, até porque isto teve como consequência o FC Porto só ter ganho um destes cinco jogos.
11 comentários:
Que é que se pode fazer em relação às expulsões? Os jogadores são expulsos onde outros vêm amarelos, outras vezes nem sequer fazem falta.
Em relação a isso, nada a fazer.
Gosto muito de Otamendi, ás vezes parece o Salvador de toda a asneira ou esquecimento dos companheiros, aparecendo para fazer os cortes mais impossíveis.
Mas há algo nele que ainda me parece, no mínimo, criticável. Que são as subidas no terreno, normalmente até ao meio-campo, onde tenta pressionar e acaba sempre por ir à queima, e que normalmente abre buracos nas costas. Revejam o golo ontem do Sevilha e vão perceber aquilo que digo.
Sim, é justo referir que o árbitro perdoa 2 expulsões ao Sevilha. Uma delas a soco.
Como curiosidade fica também o facto de o FCP este ano ter 3 derrotas em jogos oficiais. 3 derrotas em casa. 3 derrotas em que fica a zero...
De qualquer das formas é das 3, a derrota mais injusta. Fizemos o suficiente para golear.
É esta equipe ainda não é perfeita; ainda perde, ainda não marca em todas as oportunidades que tem, ainda vê jogadores a serem expulsões... até os defesas têm que entrar em acção...
- lá chegará o dia!
até lá é o que temos!...
eu, por acaso, até acho que é uma grande equipe que se está a formar, e que ontem foi uma jogatana!...
@reine margot
Gosto da ironia (se for boa), mas tem de reler o artigo. Ninguém criticou a exibição, pelo contrário. Não se criam tantas oportunidades de golo flagrantes a jogar mal. O que se critica, ou melhor, lamenta, é eficácia nula (oportunidades versus golos) no jogo de ontem. Em função do muito que construiu, o FC Porto podia (devia) ter goleado o Sevilha e terminou o jogo a defender um 0-1.
reine margot disse…
eu, por acaso, até acho que é uma grande equipe que se está a formar
Discordo. Jogando com o seu melhor onze em boa forma, o FC Porto já tem uma grande equipa, conforme o provou nos primeiros meses desta época.
Mais. Ao contrário do que a comunicação social lisboeta quer fazer crer, jogando com o seu melhor onze o FC Porto tem a melhor equipa de Portugal.
caríssimos,
penso que o encontro de ontem já foi conveniente e superiormente escalpelizado nos dois posts e demais comentários ;)
deixo só esta nota: é (também) com encontros como o de ontem que se sente o nosso Portismo! mesmo a roer as unhas e com (algum) credo na boca, acreditámos sempre na Equipa.
saudações desportivas mas sempre pentacampeãs! ;)
Miguel | Tomo I
5x4x1 ???
mais guarda-redes dá onze, não houve uma expulsão?
Convém mudar a táctica referida no quadro. Não é um 5x4x1, mas um 5x3x1, fruto da expulsão de um jogador do FCP. Creio que a entrada do Maicon foi uma boa opção para travar o jogo aéreo bastante perigoso do Sevilha.
@ José Correia: veremos quem é a melhor daqui a uns meses, esperando que as 2 equipas estejam na sua melhor forma.
Gostava mesmo muito de ver uma final da Uefa com Benfica - Porto. Isso, sim, seria especial.
Foi um jogo bom em termos colectivos, falhamos na finalização, mas com Falcao a dar consistência ao ataque as coisas são inteiramente diferentes.Depois na esquerda, com Álvaro Pereira a saber fazer o flanco e a cruzar em condicções excepcionais, não temos medo de ninguém.
Mas sejamos conscientes somos uma equipa de um País pequeno que perde em termos de imagem e expressão comercial no confronto com Espanhóis, Ingleses ou Franceses, não temos ninguém a apoiar-nos, ninguém com força no mercado Português que nos valorize constantemente...Esse é o nosso ponto fraco e também o nosso ponto de apoio, por incrível que pareça...Apela à nossa constante unidade, à nossa inteligência, não temos outro remédio se não unirmos vontades, consolidarmos as conquistas que já conseguimos, eu acredito no futuro.
Enviar um comentário