Poderia alguém prever há um ano atrás, os resultados desta última época? Podia... Mas não seria uma previsão muito audaciosa. Pessoalmente, não diria que era expectável, mas era sem dúvida possível: vencer a liga doméstica e a antiga Taça UEFA não era um feito original. Porém, aquilo que ninguém esperava era o brilhantismo da “coisa”: o campeonato sem derrotas, os 5-0 no Dragão e a dramática reviravolta na Taça de Portugal. Pinto da Costa, sem nada de novo para conquistar, parece entreter-se a repetir os feitos do passado; mas se o clímax não surpreende, já a execução é sempre nova e diferente.
O primeiro truque envolveu a equipa técnica: a saída de Jesualdo Ferreira, treinador tri-campeão, cujo futebol só enchia o estádio na derradeira jornada, a da consagração. A primeira vez que falhou, foi a última. Entretanto, enquanto o país se arrojava aos pés do novo campeão, o génio de quem afinal o Mourinho tinha sido clonado, o Magnífico Pintini tentava contratá-lo. Consequências, caso esse intento se tivesse concretizado, ninguém conhece. Certo é que o “clube que só compra e não vende” ficou com mais uma enorme despesa (que também ninguém sabe como paga).
Resignado, o Magnífico Pintini recorreu a um truque velho e contratou um treinador sem currículo ou experiência – desilusão. Conhecedor do comportamento das massas, o velho ilusionista não se deixou intimidar e sem perder muito mais tempo, tirou da cartola aquele será para sempre um dos seus maiores truques: João Moutinho.
Sobre ele já muito se disse e escreveu, e por isso gostaria de salientar apenas isto: entre este plantel e o da época anterior – que (quase) nada venceu – eu destacá-lo-ia como a única e verdadeira diferença. O palmarés de um e outro contam o resto da história. Não quero com isto ofuscar ou menorizar outros desempenhos de jogadores como o Hulk, Falcao, Álvaro Pereira, Belluschi ou Hélton, porque poder-se-á dizer que fizeram aquilo que sabiam, demonstraram o valor que, de forma mais ou menos consensual, todos lhes reconheciam; a meu ver, esse valor só foi ultrapassado no caso do nosso guarda-redes. Hélton já demonstrara ser um grande guarda-redes, mas talvez não o suficiente para o Porto. Esta época dissipou qualquer dúvida, fechando uma época fantástica brilhando na final da Liga Europa. Hulk deu continuidade à excelente recta final que realizara na época anterior, e formou com Falcao uma dupla extremamente profícua, tanto nas competições internas como internacionais.
A juntar a estas certezas, porque nem só de estrelas vive uma equipa, outros “operários” brilharam com Guarín à cabeça – julgo que nenhum outro jogador evoluiu tanto – com golos e exibições irrepreensíveis, mas também Sapunaru, Rolando, Varela, James ... Em suma, uns confirmaram aquilo que esperava deles, outros transcenderam-se e outros ainda deixaram promessas de dias ainda melhores.
Numa época com tão bons resultados e tantas demonstrações de qualidade, é difícil (numa perspectiva de justeza), apontar o dedo a alguém. Mas os resultados, por melhores que sejam, não devem esconder o facto de que este plantel, apesar de todas as mais-valias, tinha uma lacuna gravíssima e que poderia ter-se revelado fatal: Falcao nunca teve um substituto à altura e Walter, embora tenha tido um pecúlio muito interessante, nunca foi alternativa – grave na medida em que a sua contratação foi muito mais complexa e dispendiosa do que a do artilheiro colombiano; aliás, o período mais “baixo” da época coincidiu com a ausência de Falcao, e a “nulificação” do Hulk; aliás, todo o processo que envolveu a vinda do Walter, assim como o “affair Kléber” são as notas dissonantes na habitualmente exemplar actuação do Porto no mercado de transferências, mas que de uma forma global não merece reparos.
Além destas situações, há a apontar o ocaso de Fucile; o bom senso aconselhava a sua manutenção na equipa, embora a sua prestação no Mundial fosse um catalisador para um bom negócio; não houve negócio nem Fucile, que realizou uma temporada muito aquém daquilo que já demonstrara. Fernando é outro caso de expectativas goradas. E Maicon também deixou muito a desejar; dada a sua fraca evolução, a sua continuidade no plantel poderá mesmo ser questionada.
Posto isto, falta apenas falar de André Villas-Boas, o coelho que o Magnífico Pintini tirou da cartola no arranque da época. É dele o mérito de ter transformado uma equipa desagregada e desmotivada, numa “debulhadora” de títulos, taças e recordes, apenas com duas alterações no onze-tipo: Moutinho e (até certo ponto) Otamendi. Como se um campeonato sem derrotas, uma Taça de Portugal e uma Liga Europa não fossem suficientes, houve reviravoltas dramáticas, batalhas à chuva, na neve, no frio, e vitórias, muitas. E muito do mérito, é dele. Não houve Taça da Liga, mas julgo que também ninguém o censura por isso.
As expectativas para nova época são/eram altas, mas não (pelo menos para mim) a ponto de culminarem com a (re)conquista da Liga dos Campeões. Em 2004, o poderio do futebol europeu estava distribuído por vários clubes, como o AC Milan, Real Madrid, Manchester Utd ... naturais candidatos à conquista da Taça dos Campeões. Actualmente, todo esse poderio se concentra numa só equipa: Barcelona. E como já ficou demonstrado em várias ocasiões, equipas com mais argumentos que a do Porto, não foram capazes de quebrar esse poderio. Porém, a Supertaça Europeia será/seria um teste interessante e o Futebol é imprevisível. Obrigatório para mim será/seria sim, eliminar de forma inequívoca o Arsenal e Arséne Wenger, equipa e treinador para com os quais estamos em “dívida” desde há uns anos para cá.
“Seria” e já não “será”? Quando comecei a escrever este artigo, por alguma razão que não consigo explicar, senti alguma inclinação para louvar mais o trabalho do Pinto da Costa – e não sou um indefectível – do que propriamente do treinador. E ainda bem que assim aconteceu. Porque se há alguém que merece ser louvado é o Presidente; se há alguém que realmente seja Portista, é ele (mesmo que seja em troca de um ordenado chorudo – merece-o!). Pinto da Costa tem mais anos de dedicação ao Clube, que o Villas-Boas tem de idade. Convém reflectir muito bem nisto. Ser Portista é mais do que bater no peito e afirmá-lo: é preciso demonstrá-lo. No mínimo, é não deixar o trabalho a meio e passar-se para as bandas de lá, só porque o ordenado – e não o prestígio do Chelsea, que tem pouco disso – o justifica. Abramovich «abriu-lhe os braços e disse "vem por aqui"». E ele foi. Pobre o adepto do Chelsea que tem um presidente que compra tudo feito – uma Taça dos Campeões conquistada pelo Porto vale 10 conquistadas (ou compradas) pelo Chelsea. O meu Presidente tem obra, tem mérito, o Abramovich tem o quê além de dinheiro?
“Seria” e ainda pode vir a ser. As dificuldades aumentaram mas as expectativas – pelo menos as minhas, que não considero extremamente altas – continuam legítimas. Será difícil manter as principais figuras da equipa (quando são aliciadas, na minha opinião de forma ilegal, por “Jorges Mendes” e quejandos), e mais ainda fazer-lhes ver que o mérito pelos resultados da última época, é de todos e não apenas do treinador, mas a vitória no campeonato e uma boa prestação na Liga dos Campeões, estão ao nosso alcance. Acima de tudo é urgente estabilizar a equipa técnica e o plantel, e quiçá, começar a negociar cláusulas de rescisão que demasiado altas para petro-milionários. Espero ainda que o Iturbe seja pelo menos tão bom como o Anderson e que fique por cá o dobro do tempo.
Finalmente, quedamos-nos de novo só com o Magnífico Pintini. Pode parecer pouco, pode parecer que não mais voltará a surpreender-nos, mas neste espectáculo nada é garantido e o velho não gosta de perder. E portanto os truques mudam, os artistas vêm e vão, mas a pequenada não desmobiliza porque embora saiba que a carta está escondida na manga, nunca se sabe de onde ela vai aparecer.
O primeiro truque envolveu a equipa técnica: a saída de Jesualdo Ferreira, treinador tri-campeão, cujo futebol só enchia o estádio na derradeira jornada, a da consagração. A primeira vez que falhou, foi a última. Entretanto, enquanto o país se arrojava aos pés do novo campeão, o génio de quem afinal o Mourinho tinha sido clonado, o Magnífico Pintini tentava contratá-lo. Consequências, caso esse intento se tivesse concretizado, ninguém conhece. Certo é que o “clube que só compra e não vende” ficou com mais uma enorme despesa (que também ninguém sabe como paga).
Resignado, o Magnífico Pintini recorreu a um truque velho e contratou um treinador sem currículo ou experiência – desilusão. Conhecedor do comportamento das massas, o velho ilusionista não se deixou intimidar e sem perder muito mais tempo, tirou da cartola aquele será para sempre um dos seus maiores truques: João Moutinho.
Sobre ele já muito se disse e escreveu, e por isso gostaria de salientar apenas isto: entre este plantel e o da época anterior – que (quase) nada venceu – eu destacá-lo-ia como a única e verdadeira diferença. O palmarés de um e outro contam o resto da história. Não quero com isto ofuscar ou menorizar outros desempenhos de jogadores como o Hulk, Falcao, Álvaro Pereira, Belluschi ou Hélton, porque poder-se-á dizer que fizeram aquilo que sabiam, demonstraram o valor que, de forma mais ou menos consensual, todos lhes reconheciam; a meu ver, esse valor só foi ultrapassado no caso do nosso guarda-redes. Hélton já demonstrara ser um grande guarda-redes, mas talvez não o suficiente para o Porto. Esta época dissipou qualquer dúvida, fechando uma época fantástica brilhando na final da Liga Europa. Hulk deu continuidade à excelente recta final que realizara na época anterior, e formou com Falcao uma dupla extremamente profícua, tanto nas competições internas como internacionais.
A juntar a estas certezas, porque nem só de estrelas vive uma equipa, outros “operários” brilharam com Guarín à cabeça – julgo que nenhum outro jogador evoluiu tanto – com golos e exibições irrepreensíveis, mas também Sapunaru, Rolando, Varela, James ... Em suma, uns confirmaram aquilo que esperava deles, outros transcenderam-se e outros ainda deixaram promessas de dias ainda melhores.
Numa época com tão bons resultados e tantas demonstrações de qualidade, é difícil (numa perspectiva de justeza), apontar o dedo a alguém. Mas os resultados, por melhores que sejam, não devem esconder o facto de que este plantel, apesar de todas as mais-valias, tinha uma lacuna gravíssima e que poderia ter-se revelado fatal: Falcao nunca teve um substituto à altura e Walter, embora tenha tido um pecúlio muito interessante, nunca foi alternativa – grave na medida em que a sua contratação foi muito mais complexa e dispendiosa do que a do artilheiro colombiano; aliás, o período mais “baixo” da época coincidiu com a ausência de Falcao, e a “nulificação” do Hulk; aliás, todo o processo que envolveu a vinda do Walter, assim como o “affair Kléber” são as notas dissonantes na habitualmente exemplar actuação do Porto no mercado de transferências, mas que de uma forma global não merece reparos.
Além destas situações, há a apontar o ocaso de Fucile; o bom senso aconselhava a sua manutenção na equipa, embora a sua prestação no Mundial fosse um catalisador para um bom negócio; não houve negócio nem Fucile, que realizou uma temporada muito aquém daquilo que já demonstrara. Fernando é outro caso de expectativas goradas. E Maicon também deixou muito a desejar; dada a sua fraca evolução, a sua continuidade no plantel poderá mesmo ser questionada.
Posto isto, falta apenas falar de André Villas-Boas, o coelho que o Magnífico Pintini tirou da cartola no arranque da época. É dele o mérito de ter transformado uma equipa desagregada e desmotivada, numa “debulhadora” de títulos, taças e recordes, apenas com duas alterações no onze-tipo: Moutinho e (até certo ponto) Otamendi. Como se um campeonato sem derrotas, uma Taça de Portugal e uma Liga Europa não fossem suficientes, houve reviravoltas dramáticas, batalhas à chuva, na neve, no frio, e vitórias, muitas. E muito do mérito, é dele. Não houve Taça da Liga, mas julgo que também ninguém o censura por isso.
As expectativas para nova época são/eram altas, mas não (pelo menos para mim) a ponto de culminarem com a (re)conquista da Liga dos Campeões. Em 2004, o poderio do futebol europeu estava distribuído por vários clubes, como o AC Milan, Real Madrid, Manchester Utd ... naturais candidatos à conquista da Taça dos Campeões. Actualmente, todo esse poderio se concentra numa só equipa: Barcelona. E como já ficou demonstrado em várias ocasiões, equipas com mais argumentos que a do Porto, não foram capazes de quebrar esse poderio. Porém, a Supertaça Europeia será/seria um teste interessante e o Futebol é imprevisível. Obrigatório para mim será/seria sim, eliminar de forma inequívoca o Arsenal e Arséne Wenger, equipa e treinador para com os quais estamos em “dívida” desde há uns anos para cá.
“Seria” e já não “será”? Quando comecei a escrever este artigo, por alguma razão que não consigo explicar, senti alguma inclinação para louvar mais o trabalho do Pinto da Costa – e não sou um indefectível – do que propriamente do treinador. E ainda bem que assim aconteceu. Porque se há alguém que merece ser louvado é o Presidente; se há alguém que realmente seja Portista, é ele (mesmo que seja em troca de um ordenado chorudo – merece-o!). Pinto da Costa tem mais anos de dedicação ao Clube, que o Villas-Boas tem de idade. Convém reflectir muito bem nisto. Ser Portista é mais do que bater no peito e afirmá-lo: é preciso demonstrá-lo. No mínimo, é não deixar o trabalho a meio e passar-se para as bandas de lá, só porque o ordenado – e não o prestígio do Chelsea, que tem pouco disso – o justifica. Abramovich «abriu-lhe os braços e disse "vem por aqui"». E ele foi. Pobre o adepto do Chelsea que tem um presidente que compra tudo feito – uma Taça dos Campeões conquistada pelo Porto vale 10 conquistadas (ou compradas) pelo Chelsea. O meu Presidente tem obra, tem mérito, o Abramovich tem o quê além de dinheiro?
“Seria” e ainda pode vir a ser. As dificuldades aumentaram mas as expectativas – pelo menos as minhas, que não considero extremamente altas – continuam legítimas. Será difícil manter as principais figuras da equipa (quando são aliciadas, na minha opinião de forma ilegal, por “Jorges Mendes” e quejandos), e mais ainda fazer-lhes ver que o mérito pelos resultados da última época, é de todos e não apenas do treinador, mas a vitória no campeonato e uma boa prestação na Liga dos Campeões, estão ao nosso alcance. Acima de tudo é urgente estabilizar a equipa técnica e o plantel, e quiçá, começar a negociar cláusulas de rescisão que demasiado altas para petro-milionários. Espero ainda que o Iturbe seja pelo menos tão bom como o Anderson e que fique por cá o dobro do tempo.
Finalmente, quedamos-nos de novo só com o Magnífico Pintini. Pode parecer pouco, pode parecer que não mais voltará a surpreender-nos, mas neste espectáculo nada é garantido e o velho não gosta de perder. E portanto os truques mudam, os artistas vêm e vão, mas a pequenada não desmobiliza porque embora saiba que a carta está escondida na manga, nunca se sabe de onde ela vai aparecer.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Filipe Sousa a elaboração deste artigo.
2 comentários:
Mainada.
O homem é como está na foto do cartaz : simply the best.
Lembro perfeitamente que ele disse à mulher do Seara na RTP que ia ganhar de novo, dentro e fora de portas.
Pode-se dizer que o homem realmente sabe ler nas estrelas:-)
Grande post, simplesmente fantástico!!
Concordo com tudo e quanto mais tempo passa mais motivado e mais esperançado fico!!
Perder treinadores e jogadores desta forma é frustrante mas é bom sinal, significa que continuamos a ganhar, agora e sempre!!
Força Porto!!
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