quinta-feira, 16 de junho de 2011

Sócios: Paixão e razão (II)

Paixão e razão (I)


“O FC Porto vai apostar também na disponibilização de mais produtos, desde descontos nos combustíveis, nos cinemas, ginásios, viagens e outras áreas.”
Angelino Ferreira, O Jogo, 12/06/2011


Mais produtos, mais descontos, mais e melhores serviços, é este o caminho que tem de ser trilhado. Contudo, antes de mais nada, é indispensável que as condições negociadas com o leque de parceiros do clube sejam comunicadas aos sócios de forma eficaz (através do website oficial, correio electrónico, SMS, revista Dragões, etc.), algo que o próprio Angelino Ferreira reconhece que não acontece actualmente (“há uma falta de conhecimento da parte do associado do FC Porto de um conjunto de serviços que já disponibilizamos”).

Mas, embora seja importante, não chega ter uma boa estratégia de comunicação. Para serem valorizadas pelos portistas, as vantagens terão de ser reais e não iguais (ou piores) às que os adeptos podem obter sem serem sócios do FC Porto.

Um exemplo flagrante é o desconto nos combustíveis. O FC Porto tem uma parceria com a Repsol, que proporciona um desconto de 6 cêntimos/litro, mas um cliente do Continente que abasteça na Galp obtém ganhos cruzados (Promoção Vice-Versa) que correspondem a um desconto global superior.
Porque é que o FC Porto não faz algo semelhante, cruzando o abastecimento de combustível (na Repsol ou noutra companhia) com vales de desconto a serem usados numa Loja Azul?

O desconto na Repsol é semelhante ao que o Automóvel Clube de Portugal negociou com a BP mas, no caso dos sócios do ACP, existem ainda descontos de 8 cêntimos/litro em combustíveis Premium e 9 cêntimos/litro aos dias 9 de cada mês.
O FC Porto não conseguirá negociar algo parecido, em que existisse um desconto especial, não a um dia fixo mas, por exemplo, nos dias em que houvesse jogo no estádio do Dragão?

Quanto às viagens, já aqui falei na “excelente” parceria entre o FC Porto e a Cosmos e nos preços praticados, os quais, para o caso da viagem a Dublin, eram mais caros (!) do que programas semelhantes vendidos por outras agências.

Aliás, consultando o site Dragon Tour (operated by Cosmos), alguém consegue descobrir onde estão as vantagens para os sócios do FC Porto?

E tanto que podia ser feito neste domínio, promovendo deslocações conjuntas de grupos de adeptos a jogos do FC Porto (já ouviram falar de compras em grupo?), city breaks associados a jogos no estrangeiro, pacotes para viagens de férias em família, etc., em que, para além de preços necessariamente mais baixos, fosse usada uma lógica tipo ‘Abreu Travel Card’ (o valor gasto em cada viagem é convertido em pontos – €1 = 1 ponto –, os quais dão descontos em futuras viagens).

Mais. Sendo o FC Porto um ex libris da cidade, ao ponto das próprias armas da Invicta fazerem parte do emblema do clube, um outro campo que está completamente por explorar é o das parcerias com outras instituições e entidades da região, com as quais pudessem ser potenciadas sinergias cruzadas. Exemplos:
- Associação Comercial do Porto (descontos em visitas ao Palácio da Bolsa);


- Fundação de Serralves (descontos em visitas ao Parque e Museu);

- Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (descontos no consumo);

- Associação das Empresas de Vinho do Porto (descontos em visitas às caves do vinho do Porto);

- Douro Azul (descontos em cruzeiros).


Quando o clube decidiu construir um novo estádio, uma das razões apresentadas foi o custo de manutenção do estádio das Antas e o facto de só ser utilizado de 15 em 15 dias. Hoje em dia, o estádio do Dragão é utilizado diariamente, quer pelos serviços do clube e participadas do grupo FC Porto, quer através de um conjunto de empresas que têm aí lojas ou instalações (Solinca, Clínica Saúde Atlântico, Rádio Popular, Cosmos, BES).
A mesma evolução terá de ocorrer com o cartão de sócio, cuja utilização deverá passar de quinzenal a diária. Se e quando isso acontecer, até os portistas mais renitentes vão achar insignificantes os 10 euros da cota mensal.

«A conta corrente é um conceito único e inovador a nível mundial em termos de clubes desportivos e resulta dos valores acumulados pelo associado em vários consumos do quotidiano nos parceiros institucionais do conceito (TMN, BPI e Repsol).»
in www.fcporto.pt

(continua)

6 comentários:

Filipe Costa Pinto disse...

Achava bem que o preço a pagar para ser-se sócio fosse diferenciado consoante a oportunidade que as pessoas têm de seguir de perto a equipa ou não. Eu, por exemplo, não sou sócio mas gostava de o ser, porém quando olho para o que teria que desembolsar para ser sócio e nunca conseguir tirar vantagem quase nenhuma disso...

Jogos no Dragão são dois ou três por ano, e tem anos que nem isso. Sou de Braga e apesar de ser relativamente perto não é a mesma coisa que ser do Porto (ou da chamada zona do Grande Porto). Quanto às outras vantagens para além das dos bilhetes não vejo em que mais se justificasse as dezenas largas de euros, para não dizer centenas, que teria de dar. Talvez a dos combustíveis se essas “parcerias” não se cingissem apenas à zona do Porto.
Casos como o meu deve haver muitos, de pessoas que gostavam de ser sócios mas não têm possibilidade de ir a grande parte dos jogos e nem de tirar proveito das restantes vantagens.

O FC Porto podia ter um tipo de modalidade que desse para ser sócio por menos dinheiro (uns 50€/ano) a quem não é do Grande Porto e que (como diz no post I) dessem prioridade na compra dos bilhetes quando o FC Porto fosse jogar à sua zona. Sempre iam buscar mais receita e era bom para todas as partes.

É que dar dinheiro só para se dizer que é sócio e depois ter um cartão na carteira que só serve para exibir só mesmo para quem tem muita paixão e dinheiro porque a “razão” e os tempos que estamos a passar diz para poupar.

Jorge disse...

Concordo com o Filipe, nao era socio do Porto quando vivia em Lisboa e agora que vivo nos EUA ainda faz menos sentidos estar a pagar por coisas que nao poderei usufruir.

José Rodrigues disse...

"Casos como o meu deve haver muitos, de pessoas que gostavam de ser sócios mas não têm possibilidade de ir a grande parte dos jogos"

O Filipe, desculpa la' mas de Braga ao Dragão não chega sequer a meia hora de carro... quem te le ate' parece q vives em Lisboa.

Filipe Costa Pinto disse...

Bem, sem entrar em discussões muito pormenorizadas, só digo que... nem digo nada, acho que é tão óbvio que o que está em causa não é só a distância.

Para o caso de não ser óbvio digo que, não sou rico nem ganho bem e os combustíveis não estão cada vez mais baratos e as portagens não estão descer.

Luís Negroni disse...

"O FC Porto podia ter um tipo de modalidade que desse para ser sócio por menos dinheiro (uns 50€/ano) a quem não é do Grande Porto..."

Filipe, essa modalidade existe - Sócio Correspondente - mas tem que se viver a mais de 100kms da cidade do Porto; Paga-se 25€ de quota única anual (60€ no acto de inscrição por causa da jóia de 35€) e tem-se direito a um jogo gratuito do campeonato nacional, por época.

Nuno Nascimento disse...

Eu sou sócio do FC Porto, e sou de Sesimbra, margem sul do Tejo, portanto a cerca de 350 km do Estádio do Dragão. Contudo, devo afirmar que os descontos associados ao cartão também se aplicam aqui em baixo, seja nos combustiveis ou até mesmo no macdonalds...
Não sei precisar, mas por ano devo ir a uns 20/25 jogos por época, entre todas as competições, faço-o por paixão, e não é por isso que vou chorar os €€€€ gastos.
Poderiamos ter mais benificios??? Sim , podiamos. Mas também poderiamos ter menos. Se eu fosse de Braga garanto-te que iria a todos os jogos. Pois para mim o caro não é o bilhete(super dragões), mas as viagens(700km de portagens e combustiveis).
Saudações Portistas