domingo, 10 de julho de 2011

Elementar, meu caro F. Gomes

A Liga de clubes apresentou por estes dias um estudo sobre o futebol português (aqui e aqui), realizado pela Univ. Católica, que vale sempre a pena ler, mas nesta altura do "campeonato" esperava-se acção em vez de lugares comuns.

Eu leio o estudo, leio a declaração do presidente da liga e não posso concordar mais, mas parece um déjà-vu, parece que estou a ler e a ouvir as intervenções de Fernando Gomes enquanto Administrador da SAD do FC Porto e depois na prática a seguir caminhos muito diferentes daquilo que defendia, e que na essência levaram também o futebol português ao ponto actual.

foto gamada em lpfp.pt

Diz F. Gomes (a declaração completa pode ser lida aqui)
Tal como o País, o futebol profissional precisa de acordar para a realidade. Perguntar a si mesmo se este caminho nos garante competitividade e sustentabilidade. E por muito dura que seja a resposta, ela é clara: Não. Este caminho não garante uma longa competitividade e sustentabilidade à indústria do futebol profissional. 
Fazemos milagres com os recursos disponíveis. Um facto que resulta da nossa extrema competência e capacidade para concorrer internacionalmente com quem tem muito mais recursos financeiros do que nós. 
Mas esses resultados desportivos não devem ofuscar a nossa capacidade de analisar criticamente o que fazemos. 
Os números que aqui vamos ver, e a análise que deles decorre, mostra um futebol profissional com um crescimento muito superior ao do próprio País, mas um crescimento assente numa base de endividamento e financiamento.
13 meses, após a tomada de posse, conseguir chegar a estas conclusões é mesmo de mestre, não se podia ter ganho um ano e ter avançado logo com medidas concretas? É que agora vem aí a parte II:
lançaremos a discussão sobre diversos temas vitais naquele que será o I Congresso Internacional do Futebol Profissional e que se realizará até ao fim de 2011. Desse debate de ideias e do contínuo diálogo com os clubes, nascerá um Plano de Acção concreto, calendarizado e com objectivos muito bem definidos.  
(...) Precisamos de ser capazes de desenhar soluções, implementar as estratégias definidas mas também medir os seus efeitos práticos. Saber, sem medos, se elas estão a cumprir os objectivos a que se propuseram.
Agora mais meio ano para fazer um congresso, 1 mês para fazer a acta, ir ao notário, depois 4 meses para escrever conclusões, depois ...
Quando se implementar alguma coisa, a Inês já é morta.

Como Portistas, podemos olhar para isto e dizer que nós somos superiores, que somos um clube da Liga dos Campeões, que os outros estão muito piores que nós, que nós ganhamos e os outros não, que isto e aquilo, mas na essência acho que o diagnóstico encaixa muito bem - também - ao FC Porto, e sinceramente preocupa-me não ver ninguém preocupado com isto.

3 comentários:

meirelesportuense disse...

Meus caros as coisas são muito simples, ou se corta na despesa ou se aumenta à receita...Se se corta pura e simplesmente nas despesas, deixaremos de poder adquirir "activos" de qualidade para substituir os que entretanto forem obrigatoriamente saindo, para nos darem equilíbrio financeiro...Só se aumentam às receitas se se mantiverem os níveis alcançados nos últimos anos, isto porque uma das bases indispensáveis -para pelo menos manter as receitas actuais- é a presença contínua na Champions...Ora só manteremos a equipa na Champions se ela tiver qualidade, já vimos que os nossos principais adversários foram pelo caminho do aumento das despesas, para poderem competir connosco...Se ao invés deles desinvestirmos, poderemos perder o comboio da competitividade.
E não basta ganharmos, é preciso ganhar mais porque senão nem teremos direito ao mesmo que os nossos adversários, senão vejamos, somos Campeões e ainda não foi transmitido nenhum dos jogos que já disputamos, entretanto os que ficaram muito atrás de nós, já tiverem direito a duas transmissões televisivas em dias seguidos...

Velasquez disse...

Concordo 100% com o João Saraiva.

meirelesportuense disse...

A minha opinião baseia-se na realidade do momento, se todos os Clubes reconhecessem a necessidade de repor contenção nos seus orçamentos e disso fizessem acordo, então sim o Futebol Português poderia mudar de paradigma, mas só nessa condição...De outro modo é entregar o ouro ao bandido e este bandido -metafóricamente falando- não merece contemplação e generosidade.