terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Incomparável José Maria Pedroto


Tive a oportunidade de ver na Sport Tv 1 no Sábado um documentário sobre José Maria Pedroto.

Já aqui escrevi sobre esse incomparável herói da saga azul-branca, mas, de facto, nunca é de mais relembrar esse Homem (sim, com "H" grande) que esteve na base do F.C. Porto actual, juntamente, é claro, com Jorge Nuno Pinto da Costa.

Dizia Pinto da Costa no referido documentário que Pedroto estava 50 anos à frente do seu tempo. Eu não iria tão longe, mas estou certo que, pelo menos 30 anos ele estava adiantado. Fosse hoje, e seria decerto cobiçado pelos "grandes" da Europa, não sendo certo, contudo, para quem o conheceu, que fosse a correr para os braços deles.

Mais do que outros, Pedroto era de facto especial, sem se preocupar em salientá-lo. De tôcos de vassoura (por respeito, não os menciono) fazia internacionais. De Vitórias de Setúbal e Boavistas fazia candidatos ao título. De um F.C. Porto timorato e resignado, fez um campeão nacional e uma equipa europeia.

Mais que tudo isso: José Maria Pedroto, muito mais que um treinador de futebol, era um gestor de futebol e, acima de tudo, um portista. Tinha a modéstia dos homens verdadeiramente grandes, e não padecia de necessidades de afirmação.

É conhecida a história em que o presidente do Sporting, João Rocha, lhe colocou à frente um contrato em branco, estava ele no Vitória de Guimarães, para ele lá pôr o montante que pretendia auferir e ele, pura e simplesmente, recusou.

Estava, de facto à frente do seu tempo, mas numa coisa ele se superiorizava ao tempo actual: o dinheiro e a fama não o embriagavam.

Tenho a certeza que, lá no Céu dos portistas, velas por nós, Zé do Boné!


Foto: Retrato de José Maria Pedroto por Henrique Medina

11 comentários:

Mefistófeles disse...

Nunca é demais salientar a enorme personalidade que foi Pedroto.

Já não se fazem Homens como ele. Como o Alexandre bem o referiu, foi "muito mais que um treinador de futebol". Se bem que, como treinador, foi inigualável.

Pena é que muitos não sigam o seu exemplo mas é também isso que o faz único para nós, portistas.

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

Não divirjo da grande maioria (para não dizer a totalidade) dos portistas do meu tempo, na grande admiração que nutro pela figura ímpar de José Maria de Carvalho Pedroto, que tive a honra e o prazer de conhecer pessoalmente, que fica na História do Futebol Clube do Porto, da cidade do Porto e do Norte, como uma das suas mais marcantes personalidades de sempre.

HULK 11M disse...

Eu, também portista contemporâneo dos tempos do Zé do Boné, saúdo a lembrança que aqui foi feita desse grande portista, co-responsável, com Pinto da Costa, do lançamento dos alicerces deste gigantesco FCP actual!
Cheguei a pensar que AVB teria um portismo semelhante a Pedroto e que iria recusar vender-se às libras ou aos euros ou aos dólares. Mas ele enganou-nos com o seu discurso, ou então enganou-se
a ele próprio. Desejo-lhe tudo de bom e espero que um dia, com os bolsos cheios de ouro, regresse ao FCP e que possa fazer algo por nós!
E não me venham dizer que os tempos são outros e que agora o dinheiro é que comanda o mundo! Para esses, convido-os a verem a gravação do programa "Somos Porto" de ontem e a ouvirem com atenção as palavras desses grande símbolo do hoquei em patins do FCP, o internacional e campeao do mundo Vitor Hugo !!!

nobigdeal disse...

em miúdo pude presenciar, à devida distância bem entendido, algumas das tertúlias na Petúlia e no Orfeu com a presença desse "menino de Lamego" ;)

Hulk 11M: está sentado? ainda bem :)

incrédulo disse...

Este sim,foi/é o verdadeiro catedrático do futebol Português.O primeiro vanguardista do nosso futebol.
Só tenho pena de nunca ter a oportunidade de o ver no banco do FC Porto,infelizmente não foi do meu tempo.

Ângelo disse...

Parabéns ao “Reflexão Portista a quem me dirijo pela primeira vez, pois trata-se de um Blog sério, equilibrado , sensato e repleto de alma azul e branca, mas sempre com um sentido crítico, considerações que estendo aos comentários que vão aparecendo.
È muito bom ter esse sentido crítico tanto na vida como no futebol, desporto este que puxa demais pelas nossas paixões e onde a razão nem sempre se encontra presente.

Cumprimentei Pedroto uma ou outra vez na Petúlia, era eu jovem universitário e como estratega de futebol, adorava vê-lo no intervalo ou noutra altura do jogo a proceder a uma mudança táctica profunda na equipa do FCP quando “as coisas” não lhe corriam de feição.

Tenho comigo o livro, “ Pedroto, O Mestre” da autoria do jornalista Alfredo Barbosa, autografado pelo mesmo, adquirido em Junho / 1998 na Feira do Livro ainda na Rotunda. Recordo os momentos que, nessa data, Alfredo Barbosa me dedicou a falar do Mestre, do FCP, da Bola onde trabalhou e onde conviveu com a sanha militante antiportista, não obstante ser um jornalista de eleição ( as páginas centrais eram dele).
Vale a pena reler o livro e… amadurecê-lo e perspectivá-lo à luz do futebol e dos tempos de hoje. A história é… memória.

Nota:
Nesta minha primeira intervenção vou pedir ajuda a todos, pois sabem muito mais do que eu acerca do historial azul e branco.
O Abel penso que regista o golo mais rápido do futebol português. Um “tirazo”, logo após o primeiro toque de início de jogo. Eu estava nas Antas, mas não me recordo do adversário e da data ( agradeço ajuda); contudo, ainda estou a ver, de memória, o Abel a festejar, ajoelhado no centro do terreno, o belíssimo golo que acabara de marcar.

Ângelo Henriques

miguel.ca disse...

Eu faltei a duas horas de educação visual para ir ao enterro do Pedroto. Nunca mais me esquecerei da disciplina escolar que baldei.
Cada vez mais, fazem falta homens assim.

Totally off topic: Nos tivemos, durante dois anos, um pequeno problema no FCPorto que se chamava Washington Alves.
Todos os dias víamos nos jornais desportivos o habitual bitaite do Washington Alves sobre o futuro ou o hipotético futuro do filhinho que, para ele, era grande demais para o modesto FCPorto.
Washington Alves chegou-me a provocar vómitos pela frequência absurda com que mandava bitaites em jornais desportivos.
Agora parece que o problema voltou. Numa dimensão diferente, menos problemática mas igualmente irritante. O FCPorto voltou a ter um chato que aparece nos jornais todos os dias a mandar um bitaite qualquer sobre qualquer um dos seus filhinhos, neste caso, seus representados. Teodoro Fonseca! Cala-te!

rogério paulo almeida disse...

Se me permitem, tentando ajudar o leitor Ângelo Henriques, creio que o tal golo de Abel terá sido, provavelmente, num Porto 4 Leixões 1, a 25 de Outubro de 1970, nas Antas.

Abraço

Antonio Silva disse...

Não me esqueço que poucos anos após a morte do Pedroto o pasquim da Bolha publicou uma "investigação jornalística" sobre o dinheiro que o FC Porto devia à pobre viúva do Pedroto.

Não os vejo com a mesma preocupação com a família do Féher.

Ângelo disse...

Ao Rogério Paulo Almeida o meu Muito Obrigado pelo esclarecimento sobre o golo do Abel, esclarecimento esse que me fez reviver rios de emoção. No dia 25 de Outubro de 1960 fiz 16 anos e já estou a ver os meu Pais a virem da Beira Interior para passar o fim de semana com o Filho e, por coincidência, não poderia falhar uma ida às Antas com o meu Pai, um grande portista que já me deixou.
Consultei hoje, na Fnac , o Almanaque do FCP e o tal golo do Abel aparece aos 54 segundos, descrição que deve estar certa e eu poderei estar a ser traído pela memória visual de pensar que foi aos 4 segundos.
De qualquer forma, como se diz na Beira, BEM HAJA!

Ângelo Henriques

Ângelo disse...

Desculpem o engano, queria dizer 49 segundos ( e não 54).