A proposta de Roman Arkadyevich Abramovich foi irrecusável, mas André Villas-Boas cometeu um grave erro de avaliação, ao ter aceite ir treinar o Chelsea Football Club sem exigir levar consigo três ou quatro jogadores de top, sedentos de vitórias e dispostos a “morrer” por ele dentro de campo.
O que encontrou André Villas-Boas quando chegou a Stamford Bridge há meio ano atrás?
Um plantel de grandes nomes (e egos descomunais!), mas também cheio de vícios e importantes jogadores-chave envelhecidos – Didier Drogba (11/03/1978), Frank Lampard (20/06/1978), Paulo Ferreira (18/01/1979), Anelka (14/03/1979), Malouda (13/06/1980), John Terry (7/12/1980), Ashley Cole (20/12/1980). A maior parte destes jogadores, que já passaram a barreira dos 31, atingiu o pico quando o Special One estava no Chelsea, ainda conseguiram conquistar a dobradinha em 2009/10, mas foi o canto do cisne e agora é óbvio que estão na irreversível curva descendente das suas carreiras.
A este enorme problema, junta-se o dos lesionados crónicos – Bosingwa, Essien, Obi Mikel – do hiper-valorizado, pela comunicação social do regime, David Luiz (mas que em Inglaterra tem sido pouco mais que um desastre) e o psicológico caso de El Niño Torres.
E reforços?
Não houve estrelas novas para brilharem no firmamento londrino (Modric não veio, Hulk ficou no Porto, Falcao voou para Madrid…) e o único que está ao nível dos objectivos (teóricos) do Chelsea – disputar a vitória na Premier League e na Champions - é Juan Mata. De resto, contratações como Lukaku, Oriol Romeu ou Raul Meireles, bem como, o regresso de Sturridge (esteve emprestado ao Bolton Wanderers), servem para compor o ramalhete e disfarçam se jogarem ao lado de craques, mas ficam muito aquém daquilo que uma equipa com as ambições do Chelsea necessitava.
Perante tudo isto, quem vê os jogos dos blues de Londres (e eu já vi vários), fica impressionado quer com o facto de, em apenas sete dias, terem despachado o Newcastle (primeira derrota em casa), Valência (3-0) e City (única derrota na Premier League), quer com a forma como a equipa tem sofrido golos, muitos dos quais nos últimos minutos, resultantes de falhas de concentração e/ou erros crassos individuais de diversos jogadores. Este Chelsea é uma equipa bipolar, sendo notória uma certa desagregação e uma clara falta de solidariedade entre os jogadores.
Seguramente que não foi por acaso o facto de, no início de Dezembro, a comunicação social inglesa ter começado a especular em torno da saída de David Luiz (apontando a Juventus como um dos prováveis destinos) e de, na mesma altura, Anelka e o defesa-central brasileiro Alex terem vindo a público pedir para sair do clube na reabertura do mercado de transferências.
“Há algum tempo que sei onde vou estar a 2 de Janeiro. O clube, que atravessa uma fase complicada, decidiu trabalhar com os jogadores de futuro e eu, como sou um bom profissional, aceitei isso”
Nicolas Anelka, 04/12/2011
Cada vez se fala mais em mudanças no plantel (aparentemente o Chelsea será um dos clubes mais activos no mercado de transferências de Janeiro) e, nesta linha, também são sintomáticas as declarações que André Villas-Boas fez no final do recente jogo (23/Dez) em White Hart Lane:
“Gostei do carácter da minha equipa (…) O que eu quero ver no Chelsea são jogadores dispostos a morrer pelo clube, e foi isso que vi hoje”
Chegados ao Boxing Day, e após o terceiro empate consecutivo a uma bola (Wigan, Tottenham e Fulham), o Chelsea e Villas-Boas estão numa encruzilhada.
A nível interno, a disputa do título inglês não passa de uma miragem (tudo indica que será um assunto a tratar entre as duas equipas de Manchester). E mesmo a luta com o Tottenham, Arsenal, Liverpool e Newcastle pelo 3º e 4º lugar e correspondente acesso à Liga dos Campeões de 2012/13 será muito dura.
Na Champions, após ter cumprido a “obrigação” de ficar em 1º lugar no seu grupo, é óbvio que o Chelsea não tem equipa para enfrentar o Barça de Guardiola, o Real de Mou ou mesmo o Bayern Munique (que nos seus quadros tem, entre outros, Ribéry, Robben, Thomas Müller e Schweinsteiger). O seu destino na prova vai depender muito dos sorteios.
Esta será uma época de transição e, após o fim da “geração Mourinho”, o grande desafio de André Villas-Boas (se entretanto não for despedido) é construir um novo Chelsea para os próximos anos. Falta saber se o magnata russo terá paciência e dará ao “cenourinha” os meios necessários, leia-se jogadores com ambição e de qualidade indiscutível, para atingir esse objectivo.
O que encontrou André Villas-Boas quando chegou a Stamford Bridge há meio ano atrás?
Um plantel de grandes nomes (e egos descomunais!), mas também cheio de vícios e importantes jogadores-chave envelhecidos – Didier Drogba (11/03/1978), Frank Lampard (20/06/1978), Paulo Ferreira (18/01/1979), Anelka (14/03/1979), Malouda (13/06/1980), John Terry (7/12/1980), Ashley Cole (20/12/1980). A maior parte destes jogadores, que já passaram a barreira dos 31, atingiu o pico quando o Special One estava no Chelsea, ainda conseguiram conquistar a dobradinha em 2009/10, mas foi o canto do cisne e agora é óbvio que estão na irreversível curva descendente das suas carreiras.
A este enorme problema, junta-se o dos lesionados crónicos – Bosingwa, Essien, Obi Mikel – do hiper-valorizado, pela comunicação social do regime, David Luiz (mas que em Inglaterra tem sido pouco mais que um desastre) e o psicológico caso de El Niño Torres.
E reforços?
Não houve estrelas novas para brilharem no firmamento londrino (Modric não veio, Hulk ficou no Porto, Falcao voou para Madrid…) e o único que está ao nível dos objectivos (teóricos) do Chelsea – disputar a vitória na Premier League e na Champions - é Juan Mata. De resto, contratações como Lukaku, Oriol Romeu ou Raul Meireles, bem como, o regresso de Sturridge (esteve emprestado ao Bolton Wanderers), servem para compor o ramalhete e disfarçam se jogarem ao lado de craques, mas ficam muito aquém daquilo que uma equipa com as ambições do Chelsea necessitava.
Perante tudo isto, quem vê os jogos dos blues de Londres (e eu já vi vários), fica impressionado quer com o facto de, em apenas sete dias, terem despachado o Newcastle (primeira derrota em casa), Valência (3-0) e City (única derrota na Premier League), quer com a forma como a equipa tem sofrido golos, muitos dos quais nos últimos minutos, resultantes de falhas de concentração e/ou erros crassos individuais de diversos jogadores. Este Chelsea é uma equipa bipolar, sendo notória uma certa desagregação e uma clara falta de solidariedade entre os jogadores.
Seguramente que não foi por acaso o facto de, no início de Dezembro, a comunicação social inglesa ter começado a especular em torno da saída de David Luiz (apontando a Juventus como um dos prováveis destinos) e de, na mesma altura, Anelka e o defesa-central brasileiro Alex terem vindo a público pedir para sair do clube na reabertura do mercado de transferências.
“Há algum tempo que sei onde vou estar a 2 de Janeiro. O clube, que atravessa uma fase complicada, decidiu trabalhar com os jogadores de futuro e eu, como sou um bom profissional, aceitei isso”
Nicolas Anelka, 04/12/2011
Cada vez se fala mais em mudanças no plantel (aparentemente o Chelsea será um dos clubes mais activos no mercado de transferências de Janeiro) e, nesta linha, também são sintomáticas as declarações que André Villas-Boas fez no final do recente jogo (23/Dez) em White Hart Lane:
“Gostei do carácter da minha equipa (…) O que eu quero ver no Chelsea são jogadores dispostos a morrer pelo clube, e foi isso que vi hoje”
Chegados ao Boxing Day, e após o terceiro empate consecutivo a uma bola (Wigan, Tottenham e Fulham), o Chelsea e Villas-Boas estão numa encruzilhada.
A nível interno, a disputa do título inglês não passa de uma miragem (tudo indica que será um assunto a tratar entre as duas equipas de Manchester). E mesmo a luta com o Tottenham, Arsenal, Liverpool e Newcastle pelo 3º e 4º lugar e correspondente acesso à Liga dos Campeões de 2012/13 será muito dura.
(classificação antes do Boxing Day)
Na Champions, após ter cumprido a “obrigação” de ficar em 1º lugar no seu grupo, é óbvio que o Chelsea não tem equipa para enfrentar o Barça de Guardiola, o Real de Mou ou mesmo o Bayern Munique (que nos seus quadros tem, entre outros, Ribéry, Robben, Thomas Müller e Schweinsteiger). O seu destino na prova vai depender muito dos sorteios.
Esta será uma época de transição e, após o fim da “geração Mourinho”, o grande desafio de André Villas-Boas (se entretanto não for despedido) é construir um novo Chelsea para os próximos anos. Falta saber se o magnata russo terá paciência e dará ao “cenourinha” os meios necessários, leia-se jogadores com ambição e de qualidade indiscutível, para atingir esse objectivo.
10 comentários:
«O mercado de Janeiro está à porta e é um dado praticamente adquirido que Roman Abramovich vai investir forte.
A atitude é boa mas peca por tardia, até porque os principais clubes não vão agora abrir-mão das respectivas mais-valias. Como Messi, Cristiano Ronaldo e outros que tais não estão à venda, deixo três sugestões de negócios que podem realmente ser concretizados e melhorariam o plantel dos blues:
Um defesa -- Alvaro Pereira (FC Porto)
Um médio -- Wesley Sneijder (Inter Milão)
Um avançado -- Roberto Soldado (Valencia)»
Luís Pedro Sousa
Record, 26 dezembro de 2011 | 19:19
O Mourinho apanhou um Chelsea ascendente (na época anterior a ele lá chegar tinha ficado em 2º lugar atrás do invicto Arsenal, e na LC chegara às meias-finais). Além disso, conseguiu convencer o Abramovich a reforçar bem a equipa. O Villas Boas apanhou um Chelsea descendente e um Abramovich farto de gsstar dinheiro.
Se o Chelsea tivesse patrões ingleses, o AVB teria muito tempo para fazer o seu trabalho. Com este imprevisível russo poderá não ter.
Totalmente de acordo com o Alexandre Burmester.
O capital é cego, não tem cor, nem pátria, não tem nada, nem dá nada e muito menos "tempo" no futebol - apenas busca a taxa de lucro.
A paciência dos dólares com cheiro a petróleo russo pode-se esgotar e não permitir a AVB fazer um trabalho aturado e completo como ele bem sabe e gosta.
"Decidimos apostar nele [Torres] porque tem vindo a treinar bem. Fez um bom jogo, trabalhou muito para a equipa e fez uma assistência para golo. Mas esperamos que os nossos avançados marquem golos..."
Estas declarações de André Villas-Boas, no final do Chelsea x Fulham (1-1) de ontem, são sintomáticas acerca daquilo que tem sido o desempenho dos pontas-de-lança do Chelsea esta época.
Anelka está de saída em Janeiro; Didier Drogba está a menos de três meses de completar 34 anos e termina contrato em Junho (ainda não renovou); e Torres, desde que está em Stamford Bridge é, provavelmente, o avançado com a pior relação golos/preço do futebol mundial.
O Chelsea não precisa apenas de dois ou três craques no imediato, como de pão para a boca. Precisa de uma revolução no plantel e de alto a baixo.
Neste caso, caro Ângelo, não me parece que o capital busque "a taxa de lucro". O que Abramovich busca denodadamente, isso sim, é a Liga dos Campeões! Aliás, repare só no dinheiro que ele positivamente já enterrou no clube desde que o adquiriu em 2003, e facilmente concluirá que o lucro não é o objectivo dele.
Cumprimentos
Ao Porto falta o André Villas-Boas e ao AVB falta o (plantel do) Porto; Porque no Chelsea, os bons estão velhos e os novos não são grande coisa. Jogador por jogador, tirando duas ou três posições, prefiro os do Porto.
«With the number of players out injured increasing and the impending opening of the transfer window, Andre Villas-Boas has moved to dispel suggestions Chelsea will be extremely active in the January market.
After both Branislav Ivanovic and John Mikel Obi limp off against Tottenham last week, Jose Bosingwa became the latest addition to the injury list as he was replaced by Paulo Ferreira against Fulham due to a muscle tightness in his upper leg.
Villas-Boas though, insists that apart from the need to strengthen in central defence with Alex available for transfer, we will not be big movers in the market.
'Regarding what we are trying to do in central defence, we are trying to close a deal [for Gary Cahill] but I don't think we will do much more than that, maybe one more player,' he said.
'Central defence is our number one priority and we will try to solve it as soon as possible. We had initial talks with Bolton but that doesn't mean he is our only target.'
With regards to the players who are out, Villas-Boas is looking at the FA Cup clash with Portsmouth as a potential return date for two current absentees.
'Branislav Ivanovic will be back sooner than Mikel,' he said. 'We are looking at the Portsmouth game for Ivanovic and it is not impossible for Mikel either but it might be a bit too soon.'»
in www.chelseafc.com
Caro Alexandre Burmester
Capital e taxa de lucro andam sempre de mãos dadas – sentido teórico e genérico da minha frase, mas no mundo concreto e real também é verdade.
Em futebol, taxa de lucro é,
- vitórias, taças, palmarés crescente, historial e rankings, e a consequente assumpção da supremacia do clube e da sua torcida ( FCP já tem mais troféus que os Benfas).
- encaixe financeiro, patrocínios, páginas de jornais nos 4 cantos do mundo, artigos favoráveis,
- venda rentável de jogadores, impor algumas condições no mercado de compra com os empresários a seus pés,
- prestígio , muito prestígio ( e é aqui que entra, unicamente, o Abramovitch, concordando consigo); o capital, neste caso, também é esbanjador esquecendo a taxa de lucro ( os lucros fabulosos do petróleo e do gás russos permitem isso), para atingir o último vértice do triângulo: Poder, Dinheiro, PRESTÍGIO.
Abraço pela réplica, nesta minha ainda muita curta intervenção neste Blog que aprecio bastante.
Ângelo Henriques
Como bem disse o Alexandre o Mourinho mudou-se para Londres com uma equipa que já era então a segunda de Inglaterra (e que só por pura infantilidade perdeu o passaporte para a final de Gelsenkirchen) e que, é preciso, referir, já tinha contratado Peter Cech e Arjen Robben, fosse quem fosse o treinador. Ora esses dois foram elementos fulcrais no titulo do ano seguinte.
Mourinho convenceu o senhor russo a deixar no Dragão os 50 milhões por Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho, mais uns trocos pelo Tiago e sobretudo pagou a cláusula do Drogba ao Marselha, o grande negócio do ano.
O Villas-Boas em troca da cadeira de sonho pediu e não teve quase nada do que realmente queria (chegou o Meireles quando quem queria era o Sneijder) o Mata e o Romeu em vez do Alvaro e do Falcao e isso começa a notar-se. O Chelsea ainda é uma equipa de milhões mas já perdeu a preponderância para o City e ainda não tem o estatuto de clubes muito melhor organizados como United e Arsenal, com planteis bem piores.
Que o Liverpool e o Newcastle estejam tão bem é que é o seu verdadeiro grande problema, os primeiros com uma bela gestão do Dalglish e os segundos num ritmo que seguramente irá baixando com os meses que ainda faltam por vir.
um abraço
Miguel Pereira disse...
ainda não tem o estatuto de clubes muito melhor organizados como United e Arsenal, com planteis bem piores
Miguel, não concordo que o Arsenal e, principalmente, o Manchester United tenham planteis piores que o do Chelsea. Neste aspecto estou de acordo com o comentário do Luís Negroni (ver acima): "no Chelsea, os bons estão velhos e os novos não são grande coisa. Jogador por jogador, tirando duas ou três posições, prefiro os do Porto".
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