sábado, 28 de abril de 2012

É para vencer, mas podia também entreter

Hulk: Duas penalidades, dois golos

É básico fazer tudo para ganhar um jogo que põe um campeonato à merce de uma equipa. Mas básico se mantem o futebol jogado pelo conjunto de Vítor Pereira, mesmo estando às portas do tão ambicionado ceptro. A singular descontração, imagem plena e vincada desta equipa, não foi diferente esta noite. Nem se pediria o contrário. É bom que fique na retina a paupérrima qualidade exibicional do quase bicampeão nacional. Nem ao ar se lancem escamoteios envergonhados só porque os propósitos estão a meio palmo de se tornarem cumpridos.

Se afinal tudo isto é um entretenimento, fiquem pois a saber que me tenho divertido pouco!

À parte das minhas frustrações, louve-se os 20 minutos iniciais dos azuis e brancos no Funchal. Interessantes incursões pelo lado esquerdo fizeram tremer a retaguarda dos locais, com Varela a dar melhoras da morte (esfumou-se pouco depois), na parceria de Moutinho e Lucho numas quantas promessas de golo. A mais flagrante salva em cima da linha num rechaço no corpo de Ruben Ferreira.

Só o Incrível para destoar

Se não deu de uma maneira, resolveu-se doutra. Num canto sem perigo Fidélis fez-se réu, oferecendo o ouro ao bandido. Não, aqui não há metáfora. O homem será mesmo julgado e posteriormente queimado também assim será diante do pelourinho. E a nós, o bandido, é género e qualificação que já soa a melodia a ouvidos tão duros como os nossos.

Hulk é que não se perde em modéstias e menos ainda em contemporizações. Toma lá disto Ronaldo que penalties supremos não se desperdiçam. Um espécime raro num mar de boçalidade da liga lusitana. Só ele, e apenas ele, se mostrou capaz de partir para o desequilíbrio e relevar imprevisibilidade ao jogo. Mas tão só e desamparado, as sequências das suas criações ficam votadas ao ocaso.

Do que restou ao encontro, mais foram os nervos para contar do que perigos que valham a devida referência. Exceção naquele calafrio que Benachour nos causou ou no desperdício de Lucho com a baliza escancarada. A coisa só estabilizou com a entrada de Defour, apesar da posterior e desnecessária incursão final de Rolando.

Com o interesse tão voltado para a área de Helton, no espaço que soçobrou o Porto fez finalmente perigo. E se não vai em corrida, sai de bola parada. Outra penalidade, tão clara como a primeira, que Hulk volta a converter sem mácula. Assim mesmo, tudo prático, simples e merecido, mas muito pouco entretido.

6 comentários:

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Ontem o FC Porto fez um jogo à campeão.

Concentrado, com absoluto domínio da partida e o resultado só peca por escasso.

O Marítimo limitou-se a recolher as linhas e esperar pela nossa possível ansiedade.

Só permitimos ao Marítimo um remate perigoso, bem defendido por Helton.
Por tudo isto, as declarações no final do jogo de Pedro Martins e Briguel, são absolutamente ridículas.
Os penaltis assinalados são claros, e os dois que os insulares reclamam não são também claramente penalti.

Das duas uma, ou foi um discurso encomendado pelo lambe-botas, ou os dois elementos que compareceram na flash interview têm menos inteligência que uma simples "pica no chão".
Na primeira parte o central maritimista deveria ter sido expulso, quando efectuou uma tesoura por trás em Hulk, um tipo de falta que ao prender a perna pode causar graves lesões.

Os jogadores do marítimo jogaram sempre às pernas, e só a permissividade do árbitro permitiu que terminassem com 11.

Fantástico jogo de toda a equipa. Defesa seguríssima, meio campo batalhador e ataque criativo, foram os condimentos para uma vitória justíssima que nos coloca a um passo do bi campeonato.

Fantástica a presença da família portista no Funchal que apoiou a equipa para mais uma vitória.

Bom domingo,

Abraço

Paulo

pronunciadodragao.blogspot.pt

InVicturioso disse...

Totalmente de acordo.

É certo que ainda sou muito jovem, mas não me lembro de sermos campeões (caso se confirme) a jogar tão pouquinho...É inacreditável a "tranquilidade" (=intranquilidade dos adeptos) com que se abordam todos os jogos.

José Correia disse...

O mais preocupante deste FC Porto de final de época, é constatarmos que o ataque se resume a Hulk e que à sua volta é o deserto.
Walter e Rodriguez foram despachados (por razões diferentes);
Kléber e Janko já só servem para o banco ou para a bancada;
Varela e Djalma são jogadores esforçados, mas pouco mais;
e até James se eclipsou após o jogo da Luz.

José Correia disse...

Quatro falhanços incríveis (dois em cada parte) que poderiam ter dado outra expressão ao resultado:

«13' Lucho simula que remata e entrega a Varela. Este avança até à linha, já dentro da área, cruza atrasado para Hulk rematar. A bola é salva quase na linha de golo por Roberge.

37' Maicon coloca em profundidade para Sapunaru que, na linha de fundo, cruza atrasado para James atirar de primeira. Salin desvia com a ponta do pé esquerdo.

68' Passe fantástico de Lucho deixa Hulk na cara de Salin. O Incrível domina de peito e desvia de seguida, mas a bola sai a milímetros do poste.

87' Slalom de Hulk deixa três adversários para trás e assiste Lucho, que falha incrivelmente o segundo golo»
in O JOGO, Lances chave

Mário Faria disse...

Acho que os jogadores lutaram e estiveram empenhados em garantir a vitória.

Entrámos bem na primeira parte : dominámos primeiro, controlámos depois, sempre por cima do adversário.

Na segunda parte o Marítimo foi mais perigoso: subiram as linhas, como diz Freitas Lobo, e conseguiram ser mais pressionantes. Fernando (que ainda não está na melhor condição física) e Moutinho não foram suficientes para equilibrar o jogo a meio campo, apesar do esforço que nunca regatearam. Lucho não é um modelo de agressividade, James andou escondido e o Varela foi-se eclipsando, depois dos vinte minutos iniciais do jogo terem sido francamente prometedores. Alex Sandro que tinha ajudado (muito) a dinamizar o corredor esquerdo, foi mais conservador e continuou a mostrar que é muito bom de bola e que mantém algumas deficiências na marcação e no posicionamento defensivo.

Boa e justa vitória num jogo em que gostava que o FCP fosse mais imponente, mas nesta fase do campeonato, digo eu, os três pontos são bem mais importantes que a nota artística (estou a plagiar JJ).

Helton, Maicon e Hulk estiveram a nível superior. Moutinho e Fernando lutaram muito e Lucho teve momentos muito bons. Sapu e Otamendi tiveram nota francamente positiva. A grande decepção foi James, porque sendo um jogador brilhante tecnicamente, tende a ofuscar-se neste tipo de jogos em que é preciso meter o pé, lutar e correr. Defour esteve demasiado puxado para a direita, assim me pareceu, Djalma cumpriu e ganhou uma gp. Rolando entrou, e bem, para dar mais consistência ao sector defensivo. Havia que segurar a vitória. O pragmatismo não serve apenas para os outros treinadores.

Para a semana há mais. Estamos mais perto, falta chegar lá. Só nos resta apoiar a equipa. Há muito tempo para o “ajuste de contas” com alguns protagonistas, se for caso disso. Aos responsáveis cabe o exemplo : convém tirar o Alvaro da “prateleira”, pois é um elemento demasiado válido para ser dispensado de dar a sua contribuição nestas duas últimas jornadas.

Rui Anjos (Dragaopentacampeao) disse...

Vitória justa num jogo morno, com destaque para os quinze, vinte minutos iniciais em que o FC Porto foi forte e ambicioso, mas só fez um golo.

Na segunda parte consentiu uma reacção do adversário, acabando por ser feliz para manter a vantagem. Sofreu por culpas próprias e só matou o jogo muito perto do final da partida.

O título está mais próximo, convém no entanto manter a concentração e a ambição, para podermos fazer a festa que todos ambicionamos.

Um abraço