terça-feira, 8 de maio de 2012

Em defesa de um campeonato a 12

Um dos temas do momento é o alargamento da 1ª liga.

Pessoalmente não só sou contra o alargamento, como acho mesmo que se devia reduzir para 12 clubes - aumentando com isso as receitas, o interesse dos espectadores e a qualidade do espectáculo.

Como?

Defendo um esquema com 2 fases: uma primeira de todos contra todos, e uma 2ª com 2 grupos (um com o top 6 da 1ª fase para decidir o título e lugares europeus; e outro com os 6 piores, para decidir os 2 que descem).

Neste esquema teríamos um total de 32 jornadas, contra 30 hoje. De forma a que a 1ª fase tivesse interesse para os grandes e que simultaneamente muito ficasse em aberto para a 2ª fase, metade dos pontos conquistados na 1ª fase transitavam para a 2ª.

Partindo do princípio que o número de jogos na TV continuaria em cerca de 4 por jornada (e não vejo porque isso deva mudar), as receitas por clube aumentariam já que a quantia agregada seria a dividir por 12 em vez de 16; aliás, as receitas absolutas em agregado de TV (e bilheteira) iriam mesmo aumentar, já que o número de jogos envolvendo um grande passaria para o dobro do que temos hoje (por ex 12 clássicos em vez de 6).

Quanto ao interesse do público e qualidade do espectáculo, penso que é óbvio que neste esquema seria muito maior do que no esquema que num campeonato a 18 ou 20 (com uma proliferação de jogos do tipo Olhanense – Leiria ou Estoril – Rio Ave)...

No entanto não sou ingénuo e reconheço perfeitamente que a maioria dos clubes que votam sejam egoísticamente contra este esquema (nomeadamente todos os que estão na 2ª liga mais os candidatos a descer da 1ª), já que embora o volume total de receitas para os clubes aumentasse, haveria 4 clubes (i.e. 16 – 12) que ficariam a perder em relação ao esquema actual; os candidatos crónicos aos 6 lugares cimeiros seriam os grandes ganhadores, ceteris paribus.

Reconhecendo este problema «político», proponho (para os apaziguar) que à falta de negociações colectivas os 6 melhores classificados ao menos contribuissem uma % das suas receitas de TV para a Liga, a dividir pelos restantes clubes da 1ª e 2ª Liga.

Os detalhes da fórmula de cálculo seriam de forma a que basicamente a maior parte das receitas adicionais de TV (em relação a hoje) fosse para esses restantes clubes, que não ficariam com menos receitas do que hoje; e mesmo assim os 6 «grandes» ficariam na mesma a ganhar em relação a hoje, nomeadamente nas receitas adicionais de bilheteira, no mínimo (para além de jogos mais interessantes e exigentes que os preparassem melhor para a Europa). Para além disso os clubes «pequenos» devem reconhecer que uma proliferação de jogos entre si contribui para uma morte lenta do campeonato, já que é o que acontece quando temos estádios vazios e uma saturação de jogos sem interesse.

De assinalar também que, como os pontos da 1ª fase contariam «apenas» em metade para a classificação final, no período tipicamente mais «quente» e «pesado» das competições europeias (Outubro a Dezembro) os grandes poderiam dar um pouco mais de prioridade à Europa do que hoje.

Finalmente, há a questão de que com esse esquema haver menos jogadores na totalidade na 1ª liga, e portanto menos oportunidades para os jovens portugueses (ou melhor, alguns que estão hoje na 1ª liga jogariam no futuro na 2ª). É de facto uma consideração, mas penso que poderia ser mitigada ou mesmo totalmente eliminada se a FPF tivesse «tomates» para impor que no mínimo metade dos plantéis deveria ser composto por jogadores formados em Portugal.

Como portista não tenho receio de tal medida, porque estou certo que temos todas as condições para sermos tão competitivos como hoje com uma dúzia de portugueses no plantel (que não necessariamente metade dos titulares; aliás, sou veementemente contra quotas nas equipas titulares) – como aliás foi o caso no FCP até muito recentemente. Uma dúzia de estrangeiros (já nem incluindo os que chegam com 18 anos ou menos, que contam como formados em Portugal ao fim de 3 anos) é mais do que suficiente para assegurar uma equipa titular forte e fazer algumas contratações especulativas.

Concluindo, penso que estas 3 medidas (redução para 12 clubes; maior equilíbrio na distribuição de receitas de TV; e maior quota de jogadores nacionais) só poderiam andar para a frente sendo aprovadas em «pacote» conjunto, de forma a que se agrade tanto a gregos como a troianos, com um balanço geral positivo para todos – e quem mais ficaria a ganhar seria o amante desinteressado do futebol português.



19 comentários:

Anónimo disse...

Esse tipo de campeonato está mais que testado em Portugal,pois já há mais de 3 epocas desportivas que é o tipo competitivo que está em vigor no campeonato nacional da 3ªdivisão.Também me parece que seria a melhor solução para a 1ªliga com 12 ou mesmo 14 equipes.

Pedro disse...

É uma discussão saudável e necessária, mas discordo em absoluto da sugestão.

Todos os campeonatos internacionais que reduziram o número de clubes num muito curto prazo "morreram". Ou seja não existe um único modelo de sucesso. E isto ocorre por várias razões.

Primeiro porque o número de equipas que simplesmente desaparece é brutal. É tão dificil subir aos escalões superiores que algumas equipas preferem não competir. Já é dificil obter patrocinios, ainda mais quando as possibilidades de subida são próximas de 0%. Por arrasto a formação de jogadores é também afectada.

Segundo porque o interesse global na competição diminui. Basicamente um modelo reduzido concentra tudo nos clássicos e nas mesmas equipas. Se já agora algumas regiões do pais não vêm futebol de 1ª ao vivo, então com esse modelo suspeito que 70% do pais sofresse do mesmo mal.

Terceiro porque o tal maior equilibrio é uma ilusão. Não vejo nenhum factor de evolução para um Guimarães, para uma Académica, para um Nacional etc. Alguns disputariam 12 jogos com os grandes numa época. Com a possibilidade de 9, 10, 11, 12 derrotas. É ver o que sucedeu noutors campeonatos...

Finalmente, a tal % solidária não só é impossivel de aplicar como seria imoral. Nenhum clube pode "financiar" directamente outro. Aliás algo como isso já foi recusado este ano...

Por fim relembro que a questão financeira nada tem a ver com o número de clubes. Tão pouco o equilibrio. O que é necessário é impôr regras financeiras que obriguem os clubes a reduzir orçamentos e a apostar em jogadores ou portugueses ou baratos. O Paços por acaso não é uma equipa competitiva?

José Rodrigues disse...

Pedro

levantas varias questoes pertinentes mas constato q leste mais do q devias no q foi escrito, q vou explicar em comentarios separados.


Para ja' comento apenas o seguinte:

"Todos os campeonatos internacionais que reduziram o número de clubes num muito curto prazo "morreram"

Isso e' mentira, pq sugere q mudaram para pior. Ora acontece q os campeonatos onde isso foi feito (Escocia, Belgica, Suecia,...) sao campeonatos q ja' estavam mortos ANTES disso - e ninguem (comecando por mim) pode ter a ilusao de q a reducao de clubes num pais vai ser uma enorme panaceia para a competitividade dos seus melhores clubes, porque nao vai.

Nao ha' milagres, ainda q ajude ligeiramente (dependendo dos detalhes como a reducao for implementada) - nao me digam q o Celtic ou o Rangers estariam mais fortes na Europa do q no modelo actual se a Escocia tivesse 20 clubes a apenas 2 voltas, com esses 2 clubes a disputar mais jogos contra os Cascalheiras de Skye e menos entre si...

De resto:

José Rodrigues disse...

1. Maior equilibrio

Em lado nenhum eu disse ou sugeri q num campeonato a 12 haveria mais equilibrio. O campeonato a 12 nao e’ uma solucao para esse problema (q e’ intratavel enquanto 80% da populacao apoiar um dos 3 grandes, e isso nao se muda por decreto), mas sim para outros (q enunciei). Mas uma coisa e’ certa, certamente quantos menos clubes houver mais equilibrio vai haver, ainda q de forma marginal.

O campeonato a 12 (no modelo q defendo) iria no entanto levar a uma ligeira melhoria de competitividade dos Bragas e Guimaraes na Europa, ja’ q as suas receitas iriam aumentar um pouco (mas nao diminuiria para com FCP e slb, ja’ q tb estes teriam o mesmo beneficio).

José Rodrigues disse...

2. “o número de equipas que simplesmente desaparece é brutal. É tão dificil subir aos escalões superiores que algumas equipas preferem não competir”.

O efeito do modelo q defendo seria “one off” com umas poucas equipas a serem afectadas inicialmente, sem aumentar a dificuldade “ongoing” em subir ao escalao principal. Primeiro pq defendo q descessem e subissem 2 equipas na mesma (e nao aumentava o nr de equipas na 2ª liga), segundo pq amortizar a coisa defendo q parte das receitas de TV dos 6 melhores clubes fosse re-encaminhada para os clubes pequenos da 1ª e 2ª Liga, como disse, de forma q tenham orcamentos minimamente decentes.

InVicturioso disse...

A sugestão não me parece má de todo, apenas discordo no ponto em que diz que na 2ª fase os clubes começariam com metade dos pontos adquiridos na 1ª. Parece-me totalmente descabido pois isto seria um golpe para os clubes que contruíssem boas vantagens na 1ª fase e as visses por esse meio encurtadas.

Imaginemos que o 1º classificado tinha 40 pontos e o 2º 36 (diferença de 4 pontos); no início da 2ª fase, sem percebi, o 1º teria 20 pontos e o 2º 18 (diferença de 2 pontos).

José Rodrigues disse...

3. “[...]o interesse global na competição diminui. Basicamente um modelo reduzido concentra tudo nos clássicos e nas mesmas equipas. Se já agora algumas regiões do pais não vêm futebol de 1ª ao vivo, então com esse modelo suspeito que 70% do pais sofresse do mesmo mal”

Nao vejo pq motivo a populacao portuguesa em geral deva ter um “direito” estabelecido de poder ver jogos de 1ª liga perto de sua casa (ainda por cima quando temos tantos jogos na TV)... da mesma forma q ninguem tem o “direito” de ter espectaculos de opera perto de sua casa, ou concertos dos U2. Nao estamos a falar de escolas ou centros de saude...

Alias, a populacao q hoje tem esse privilegio (ou sorte) nao parece nada aprecia-lo, por isso nao deve fazer falta... dos 200mil habitantes da grande Leiria so’ 1% (2mil em media) e’ q se da’ ao trabalho de ir ao estadio. Idem em Aveiro, e ai’ por diante. A esmagadora maioria dos portugueses esta-se a cagar para o futebol ao vivo e para o clube da “terra”, sendo espectadores de sofa’, e nao houve qq mudanca pela positiva nos ultimos 20 anos, bem pelo contrario (com uma unica excepcao isolada: Braga... mas ate’ isso podera’ ser sol de pouca dura em anos q sejam menos competitivos).

Ou seja: os portugueses q seriam afectados com esta medida nao passam certamente de 0,05% da populacao, um valor ridiculo (4 clubes x 2mil em media por jogo, dos quais se deve descontar os q continuavam a ter jogos da 1ª liga perto de si, principalmente os do Grande Porto, Minho e Grande Lisboa). Logo esse argumento nao so’ e’ demagogico como e’ irrelevante. O interesse tb nao iria diminuir, ja’ q os mais de 90% dos portugueses q apoiam uns dos grandes (como 1ª ou 2ª escolha) iriam certamente continuar a seguir os seus jogos com atencao.

José Rodrigues disse...

4. “a tal % solidária não só é impossivel de aplicar como seria imoral. Nenhum clube pode "financiar" directamente outro”

Isto e’ uma questao de pragmatismo, nao de moralidade. Alias se fosse “imoral”, entao por ex os ingleses e americanos (na NBA por ex) para nao falar em tantos outros sao “imorais” ja’ q negociam contratos de TV em conjunto e nao so’ (por ex contratacoes de jogadores na NBA). “impossivel” tb nao e’, certamente, como se ve^ em outros paises –e’ apenas uma questao de vontade dos grandes.

Q seja claro que, como afirmei, nao defendo q os grandes facam isto por caridade: trata-se de uma solucao PRAGMATICA em q assim as receitas aumentavam para TODOS, sem serem apenas os grandes a acambarcar os proveitos extra do modelo. Nao se trata de tirar a uns para dar a outros, ja’ q as receitas dos grandes nao iriam diminuir (o q iriam “oferecer” e’ receitas q hoje nao tem). Como disse, estabeleceria-se uma formula cuidadosamente de forma q digamos uns 10% das receitas de TV (ou se preferirem, um valor fixo e escalonado em funcao da classicacao final - chamem-lhe uma "taxa" se quiserem) dos 6 melhores fosse para um fundo a distribuir equitativamente pelos restantes clubes da 1ª e 2ª liga.

De salientar q isto poderia ser perfeitamente feito SEM QUE houvesse negociacoes colectivas de transmissoes de TV (o q penso nao ter pernas para andar).

José Rodrigues disse...

5. "Por fim relembro que a questão financeira nada tem a ver com o número de clubes."

Pois nao. Quem e' q disse q tinha? Eu nao fui de certeza (nem o deixei minimamente implicito)!

Isso e' uma conversa completamente diferente q nao tem nada a ver com o q esta' em discussao... mas ja' agora concordo a 100% q ai' o q e' preciso e' q haja vontade politica para estabelecer regras a SERIO q sejam cumpridas, a bem ou a mal. Por ex, com garantias (mas garantias a SERIO, com possibilidade de exercer 'a forca de forma exequivel) no inicio da epoca q cubram os salarios da epoca toda.

José Rodrigues disse...

“Parece-me totalmente descabido pois isto seria um golpe para os clubes que contruíssem boas vantagens na 1ª fase e as visses por esse meio encurtadas”

Sim, seria um pequeno golpe, e sim, uma vantagem de 4 pts seria encurtada para 2 (e caso fosse impar podia-se arredondar para cima depois de dividir por dois, i.e. 45 pts -> 23 pts, para evitar nrs esquisitos).

Nao sou fundamentalista neste ponto, nao sou totalmente contra q se transfiram 100% (ou 2/3) dos pontos da 1ª fase, e’ um pormenor sem demasiada importancia... a meu ver a vantagem com a proposta de 50% e’ que:

1) diminuia-se a probabilidade de termos as ultimas jornadas com “jogos para cumprir calendario” (i.e. tendo-se estabelecido cedo diferencas pontuais impossiveis de ultrapassar; nao so’ entre 1º e 2º, mas entre 2º e 3º, 11º e 12º, etc).

2) Como disse, na fase “quente” europeia (Set-Dez) os clubes na LC/LE estariam um bocadinho melhor para “colocar a carne toda no assador” nos jogos europeus sem comprometer em demasiado ambicoes internas. Raras sao as vezes q um clube portugues chega a Mar/Abr na Europa, ja’ agora (q e’ quando teriamos a maioria dos 10 jogos da 2ª fase).

3) Comecar a 2ª fase (em que haveria apenas 10 jogos, e’ preciso salientar) com por ex 2 pts de vantagem (para pegar no exemplo do InVicturioso) ja’ nao e’ nada negligenciavel, convenhamos

cincoAzero disse...

um bom video
http://youtu.be/XtrXXoTb5Io

pedro disse...

E porque nao 10 equipas, a 4 voltas com 38 jornadas e restrição a estrangeiros não internacionais pelo menos pelos sub-20?

A 2ª liga com as restantes equipas divididas em 2 zonas (a evitar grandes deslocações e potenciar derbys), com playoff de promoção e despromoção, com transmissão televisiva (canal proprio para 1ª e 2ª liga), e restrição a 3 estrangeiros por equipa.

Taça da liga na pre-epoca, durante agosto, tipo alemanha?

Azulantas disse...

Zé, pano para mangas. Pedro idem aspas. Para já algumas boas ideias de um lado e de outro.

Quando a LPF reduziu de 18 para 16 eu defendia medidas do género daquelas que propões no teu post. Lembro-me de na altura quase toda a gente me cair em cima porque era "uma ideia absurda" e que o campeonato Português ia perder competitividade etc.

Hoje em dia não tenho tantas certezas sobre o assunto. Se por um lado a teoria seduz, por outro existe o problema de que na prática só com muita boa vontade de todas as partes se conseguiria algo do género. E leia-se boa vontade = dinheiro.

Concordo com o Pedro na questão do esvaziamento de interesse que aconteceria aos clássicos quando estes passassem para o dobro sem que a recompensa final fosse dobrada. O exemplo da Escócia que mencionas é deveras evidente de que se o campeonato deles estava morto, sem os milhões prometidos pela SETANTA (canal TV entretanto falido), agora está cremado e enterrado.

Aliás, o que aconteceu ao Glasgow Rangers esta época só não acontece ao Sporting e Benfica porque... (inserir justificação verosímil).

Devo dizer que me aflige menos um alargamento para 18 - desde que as regras de fair play financeiro sejam claras, controláveis e as penalizações por desrespeito das mesmas sejam severas e exemplares, e levadas a cabo de forma rápida e sem recurso para tribunais civis - do que uma redução para 12 ou 6+6 (aliás o que seria o grupo dos ultimos 6 senão um limbo entre as 2 ligas?).

Penso que existem medidas concretas que podem e devem ser implementadas para melhorar o futebol português que não tem que ver com alargamentos ou diminuições dos números dos clubes participantes nas ligas profissionais.


Aliás penso que é

Ricardo Melo disse...

Eu cá não tenho grandes dúvidas que uma Primeira Liga com menos clubes seria muito mais interessante de seguir. Não acho é que deva haver menos jogos - muito pelo contrário. Já opinei que faz-me confusão que, ao contrário do que se vê noutros países, os clubes não joguem ininterruptamente ao fim-de-semana e a meio da semana, todas as semanas desde meados de Agosto até finais de Maio. Estamos a falar de mais ou menos 40 semanas por ano, ou seja 80 jogos por época. Sobrariam 12 semanas para férias e pré-época, um pouco menos em anos de Europeu e de Mundial, o que me parece perfeitamente ajustado (eu cá AINDA tenho o equivalente a 5 semanas de férias, e não é por aí que caio para o lado).
Ora, tirando uns 6 "slots" dos 80 disponíveis para jogos da Selecção, e uns 4 para pausas pontuais para recuperação (e para dar folga para eventuais problemas inesperados, como por exemplo um FdS em que chova tanto que ninguém consegue jogar), sobram 70 slots. Com 14 slots para jornadas europeias, sobram 56 slots, a dividir entre campeonato, taça nacional e taça da liga. Para equipas da 1ª, a taça nacional não deve ultrapassar os 6 jogos. Sobram 50. A taça da liga (entre 32 clubes) num esquema "bota-fora" a uma mão em que o clube da casa seria o pior classificado na época anterior dos 2 em jogo, gastaria 5 slots. Sobram então 45 slots para o campeonato. O que dá perfeitamente para um campeonato a 12 com 4 voltas (44 jogos). Ainda sobra um slot para a Supertaça... :-)
Teriamos 12 na Primeira Liga e 20 na Segunda divididos por 2 zonas, também estas a 4 voltas (36 jogos).
Desceriam 4 da Primeira para a Segunda, e subiriam 2 de cada zona da Segunda para a Primeira. Da Segunda desceriam 3 de cada zona dando lugar aos 2 primeiros de cada zona da 2ª B (que deveria passar a chamar-se 3ª, e a 3ª a chamar-se 4ª).

No entanto concordo que isto só é "aprovável" com um "mecanismo de solidariedade" em que os clubes mais pequenos saiam a ganhar (em euros). Quais os detalhes desse mecanismo, não sei...

Concordo também com a limitação apertada de estrangeiros, tanto na Primeira como na Segunda.

Em suma: o que eu defendo acima de tudo é que um clube nacional de topo tem que fazer no mínimo dos mínimos 60 a 70 jogos oficiais numa época. E se para isso precisar de um plantel com 30 ou 35 jogadores, acho muito bem.

Azulantas disse...

Apenas uma possível alternativa ao modelo sugerido dentro do esquema de redução dos clubes:

Super Liga: 2 torneios regulares anuais (como na Argentina = Abertura + Clausura) com 8 equipas a duas voltas cada (14 jogos + 14 jogos).

O campeão seria determinado automaticamente se vencesse os 2 torneios ou, em caso de vencedores diferentes, jogar-se-ia uma finalíssima a 2 mãos. Total de jogos: 28 ou 30. Os 2 piores classificados (pontuações acumuladas nos 2 torneios) seriam despromovidos (desempate por difereça de golos).

Na 2a Liga o campeonato seria a 16/18/22 (conforme eles quisessem) e subiam os 2 melhores.

Penso que em termos de mudança isto seria um verdadeiro terramoto para as mentalidadezinhas portuguesas, ainda que pudesse fazer sentido.

O facto de disputar 2 torneios no mesmo ano daria um prémio justo ao "campeão de inverno" para além de que diluia o problema da banalização dos clássicos (12 clássicos não equivale a 12 jogos imperdíveis).

Azulantas disse...

Medidas fundamentais para acompanhar uma redução drástica do número de clubes na 1a Liga:

1) Negociação colectiva das receitas televisivas, patrocínio e merchandising da Liga;

2) Fundo de supporte a clubes despromovidos e promovidos (semelhante à Premier League);

3) Regularização e intransigência na aplicação das regras de Fair-Play financeiro

4) Profissionalização séria da arbitragem e penalização severa para clubes que directa ou indirectamente desrespeitem ou incitem a falta de respeito para com os árbitros e auxiliares;

5) introdução de tecnologia de linha-de-golo (ou por visionamento de imagens de TV ou outros métodos)

6) Punição retrospectiva por conduta violenta e/ou anti-desportiva;

7) Composição dos plantéis tendo obrigatoriamente 1/3 (arredondado para cima) dos atletas formados (+ de 3 anos) no clube e 1/3 dos atletas formados (+ de 3 anos) em Portugal;

8) Redução das transmissões televisivas em canal aberto para 1 por semana;

9) Realização dos jogos nunca depois das 19h45

10) Standardização dos preços dos bilhetes para não sócios.

Estes são apenas alguns pontos para debate.

Luís Carvalho disse...

Muito bom exercício este de autoria do José Rodrigues.
De facto, é difícil, em teoria, encontrar pontos em que ficariamos pior do que no modelo actual.

Apenas me ficou uma dúvida em relação ao segundo escalão: se a ideia é manter o mesmo número de equipas actual (16), então haveria 4 equipas que teriam que "desaparecer" pois as que viriam do primeiro escalão aumentaria o total para 20.

Ou seja, de um total de 32 equipas (primeiro+segundo escalão), 8 delas (1/4, portanto) ficariam em pior situação do que a que actualmente gozam. Ora, 8 em 32 é um número com algum peso.
Contudo, as coisas realmente poderiam melhorar para as restantes, ou seja, para uma maioria de clubes.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Zé,

Subscrevo ipsis verbis as ideias do teu post, naturalmente não é o único caminho para melhorar o futebol português mas seria um passo importante.

Mas se não for acompanhado de uma aposta séria na formação, sem um controlo muito maior dos imensos passivos de todos os clubes (como bem dizes num país responsável o que se passa com o Rangers poderia ter passado com o Sporting) e sobretudo com uma melhor divisão das receitas televisivas, de pouco servirá.

Já sabemos que é assim a gestão egoista do futebol português e que dificilmente mudará.

um abraço

Paulo Marques disse...

Isto é que são soluções de bancada, o que interessa é mudar para uma qualquer porque o que está está mal. Muito boa ideia, sim senhor, e que nunca dá mau resultado!

E quanto às regras dos estrangeiros, lembro mais uma vez que nunca como hoje, com estas regras, os clubes, atletas e seleções tiveram tanto sucesso e cotação a nível internacional.
Já para não falar na legalidade dentro da UE (se bem que esta bem pode desintegrar-se a curto prazo).