domingo, 21 de abril de 2013

Palavra de presidente

Um dos portais de futebol mais lidos do Mundo, o brasileiro Lancenet, dá hoje destaque de primeira página a uma larga entrevista com Jorge Nuno Pinto da Costa sobre o seu passado, presente e futuro ao comando da nau azul e branca. Foi a oitava reportagem realizada pelo grupo brasileiro em Portugal, uma série de trabalhos que pretende aproximar o futebol luso ao público brasileiro. Dessa entrevista vale a pena reter seis pontos.

"Na Primeira Divisão, tem mais de uma dúzia de treinadores que iniciaram aqui. Tenho pena quando os vejo partir, mas é sinal de que a nossa escola cria bons profissionais e é um prazer."


Parece claro, como alguma vez já apontou astutamente o José Correia, que um dos modelos de negócio de futuro do FC Porto passará também pela exportação de treinadores. Não só para o mercado nacional - com as respectivas boas relações entre clubes, maior facilidade em negócios de compra, venda e empréstimos - mas também para o mercado europeu como sucede agora com André Villas-Boas. Numa altura em que o dinheiro escasseia, ter amigos espalhados por essa Europa fora - e bem colocados - é sempre importante.

"O Izmailov (russo que foi contratado junto ao Sporting), agora no primeiro contato, não fala uma palavra de português, depois de cinco anos em Portugal. Ele disse que quando chegou em Portugal, falavam com ele em inglês, em casa falava russo, não precisava falar português, e agora já está fazendo lições de português e está aprendendo."

Depois os nossos amigos adeptos do Sporting que por aqui passam perguntam-se como é que o clube deles está no estado em que está. Entre outras coisas por isto. O FC Porto - sob o comando de Pinto da Costa - transformou-se em algo mais do que um clube e nenhum detalhe é deixado ao acaso. A lingua, como elemento de comunicação, é algo fundamental e que Izmailov não saiba uma palavra de português antes de chegar ao Dragão explica muito melhor o seu rendimento desportivo do que os pretensos problemas físicos que até agora ainda não se manifestaram. Talvez os médicos do Sporting confundissem terminologias.

"A gente vê jogadores que saem do Sporting por pouco exatamente por isso. Nós, felizmente, temos resistido e vendemos quando entendemos que temos que fazê-lo. Mas sabemos que tem clubes milionários que não têm limitações de dinheiro, que são de árabes e russos, como Chelsea, PSG... É difícil resistir. Tivemos propostas grandes para o João Moutinho e tivemos que fazer esforço para segurá-lo."

Todas as informações que eu tenho - e não só - falam de outra realidade, a de Moutinho não ter querido sair para o clube que tinha feito a proposta mais alta. Daí a venda, precipitada, de Hulk. Também sabemos que não se vende só quando o clube quer mas sim quando as contas começam a apertar. Mas é um bom alerta para os que acreditam que estamos a caminho de uma "sportinguização". Não estamos!

"Eu assinei uma proposta de sócio de um rapaz de 14 anos, que mandou uma foto com a camisa do Porto, com a bola na mão, ele era da Suécia, e queria ser sócio. Na escola dele, todos gostavam do Porto, eu preenchi essa proposta, pois ele queria estar ligado, isso é significativo."

Um exemplo identificativo do que deve ser o FC Porto do futuro. Portugal é um mercado fechado. Depois de 30 anos de domínio, já só não é seguidor do FCP quem não quer por motivos perfeitamente justificáveis de amor a outro clube ou de medo à superioridade de uma cidade que não seja a capital. É na externalização da marca Porto que temos de avançar, de aí eu falar sempre que posso no caso colombiano...100 mil seguidores no Facebook não justificam um jogo em Bogotá?

"Não tenho que preparar, isto não é uma monarquia. No dia que entender que tenho que sair, ou que queiram que eu saia, saio. Quem quiser se candidatar, os sócios vão escolher, sem que eu influencie. Quem vier, se vier às minhas costas, não terá a legitimidade nem a força e a independência. Se correr bem, vão dizer que fui eu, se correr mal, foi o novo que não foi capaz de fazer o mesmo. A ideia é não me envolver em luta eleitoral."

Pessoalmente, não acredito nem numa só palavra. Não é necessária fazer campanha eleitoral, basta um piscar de olhos para toda a paróquia seguir o sentido de voto. Agora é, como diria o próprio PdC, puro La Palisse..."se triunfarem, será graças a ele. se perderem, a culpa morrerá com o sucessor".

e uma pérola para acabar...

"Na época do técnico Artur Jorge, poderíamos trazer dois jovens brasileiros, quase desconhecidos, mas só tinha como trazer um, e era o Geraldão ou o Roberto Carlos. Era uma pena não poder ter trazido os dois. Não podíamos. Acabou que optamos, com muito sucesso, pelo Geraldão."


8 comentários:

Pedro Albuquerque disse...

"Na época do técnico Artur Jorge, poderíamos trazer dois jovens brasileiros, quase desconhecidos, mas só tinha como trazer um, e era o Geraldão ou o Roberto Carlos. Era uma pena não poder ter trazido os dois. Não podíamos. Acabou que optamos, com muito sucesso, pelo Geraldão."

Queriam trazer o Roberto Carlos com 14 anos?
Geraldão veio com 23 anos em 1987 com o Artur Jorge no comando da equipa.
Pois em 1987 o Roberto Carlos tinha 14 anos, tendo começado a sua carreira profissional em 1991.

Julgo que o nosso presidente deve ter feito uma confusão entre o Geraldão e outro qualquer jogador que veio em 1991 ou 1992.

Pedro Albuquerque disse...

"Eu assinei uma proposta de sócio de um rapaz de 14 anos, que mandou uma foto com a camisa do Porto, com a bola na mão, ele era da Suécia, e queria ser sócio. Na escola dele, todos gostavam do Porto, eu preenchi essa proposta, pois ele queria estar ligado, isso é significativo."

O Atl Madrid no ano a seguir a comprar o Falcão o que fez? Jogo na Colômbia.

Devíamos fazer o mesmo. Temos o James, Quinonez e o Jackson.
E perdemos uma oportunidade de fazer um amigável no Uruguai. Tínhamos o Fucile, Rodriguez e o Álvaro Pereira.

Anónimo disse...

Sendo que na altura o Geraldão já era internacional brasileiro, encaixa um bocado mal no 'quase desconhecido'.

Embora a história esteja muito mal contada, era o tempo do 'quem não tem dinheiro não tem vícios'. Onde vão esses tempos?

Miguel Lourenço Pereira disse...

Sem dúvida que o erro é de PdC, porque o próprio Roberto Carlos confessou que a proposta existiu, mas ele acabou por ir para o Inter, com outra promessa brasileira, onde só esteve um ano antes de mudar-se para o Real Madrid.

Luís Miguel disse...

Não há muito tempo disponível para esses amigáveis, porque existe o cancro dos jogos das selecções.

Joaquim Lima disse...

Na pré-epoca o que não falta é tempo... Nem que comecemos a época 3 dias mais cedo! E nem é preciso levar toda a gente, desde que incluam os colombianos, só é preciso mais meia equipa!

Pedro Albuquerque disse...

Quem fala na pré-época pode muito bem falar na semana a seguir ao fim dos campeonatos.

Pedro Albuquerque disse...

O Roberto Carlos admitiu esse interesse. Mas O Geraldão duvido que tenha sido o outro jogador.