Ao longo dos anos/décadas seguintes à sua inauguração, o Estádio das Antas foi sendo objecto de sucessivas melhorias.
Ainda em 1952, apenas quatro meses após a inauguração do estádio, foi inaugurada a pista de atletismo.
Em 1960, o Estádio das Antas foi dotado de uma pista de ciclismo, que mais tarde seria extinta.
A iluminação artificial do Estádio das Antas, que custou 3740 contos, só começou a funcionar cerca de 10 anos após a inauguração do estádio, a 1 de Setembro de 1962. O jogo que assinalou essa data histórica foi contra o Athletic Bilbau, tendo os azuis e brancos vencido a equipa basca por 2-1.
A 30 de Abril de 1976 foi inaugurado o fecho da “Maratona”, obra orçada em cerca de 45 mil contos. Esta obra abrangeu a construção da Bancada, de modo a fechar o anel inferior, a construção da Arquibancada e das respectivas rampas de acesso. Nos novos espaços existentes por baixo da Arquibancada, passaram a funcionar os serviços administrativos do clube, bem como, a sala museu.
Em simultâneo com o fecho da “Maratona”, foram também edificados novos camarotes do lado oposto, na designada bancada dos cativos.
A última grande obra de melhoramento do Estádio das Antas consistiu na extinção da pista de atletismo e no rebaixamento do relvado, de forma a aumentar a capacidade do estádio. Esta obra foi inaugurada a 17 de Dezembro de 1986 e, mais uma vez, o clube convidado foi o SL Benfica (outros tempos).
Mas, nas Antas, o Futebol Clube do Porto não se “limitou” a construir um grandioso estádio de futebol. À volta do Estádio das Antas, nasceu um complexo desportivo, uma autêntica “cidade desportiva”, que movimentava centenas/milhares de pessoas, e que era composta por diversas infraestruturas.
A 25 de Agosto de 1954, foram iniciadas as obras para o campo de treinos, o qual só foi inaugurado a 3 de Agosto de 1958. Para além de servir para os treinos da equipa principal, muitos sócios do Futebol Clube do Porto ainda se lembrarão de ver neste campo os jogos das camadas jovens.
Campo de treinos e respectiva bancada, 1958 |
A 18 de Agosto de 1968 foram inauguradas as Piscinas, as quais, mais tarde, haveriam de ter uma cobertura provisória (a partir de Fevereiro de 1969) e uma cobertura definitiva, inaugurada a 21 de Março de 1971.
Piscinas das Antas |
A 21 de Março de 1970 foi inaugurado o Pavilhão de Treinos (posteriormente rebaptizado Pavilhão Afonso Pinto Magalhães). Era um pavilhão espaçoso, sem bancadas (lugares para público), o que permitia que várias equipas, de diferentes modalidades, treinassem em simultâneo.
Piscinas, Pavilhões e Arquibancada |
A 28 de Maio de 1972, incluído nas comemorações do 20º aniversário da inauguração do Estádio das Antas, procedeu-se ao lançamento da 1ª pedra do novo Pavilhão Gimnodesportivo do Futebol Clube do Porto (posteriormente rebaptizado Pavilhão Américo de Sá), o qual haveria de ser inaugurado em 14 de Julho de 1973.
Pavilhão Américo de Sá |
Para além das piscinas e pavilhões, cuja construção foi fundamental para suportar o desenvolvimento das modalidades amadoras e de alta competição, o CLUBE, ao longo de sucessivas Direcções (particularmente nas Direcções presididas por Afonso Pinto Magalhães e Américo de Sá), foi negociando e adquirindo terrenos, que possibilitaram (já no mandato de Pinto da Costa) a construção de mais três campos de treinos e a expansão da “cidade desportiva” das Antas em direção a Nascente.
Terrenos das Antas em 1976 (na presidência de Américo de Sá) |
Quando, no início do século XXI, os associados foram chamados a pronunciar-se sobre o envolvimento do CLUBE no Plano de Pormenor das Antas (PPA), concordaram em abdicar de tudo isto – Estádio, Pavilhões, Piscinas, Campos de Treinos, terrenos – em troca da obtenção dos meios para a construção do novo estádio do Futebol Clube do Porto.
Vista aérea da "cidade desportiva" das Antas |
Importa salientar este aspecto. Os associados do Futebol Clube do Porto aprovaram a destruição da “Cidade desportiva” das Antas (erguida durante décadas, ao longo de sucessivas Direções) e a inclusão da totalidade dos seus terrenos no projecto de renovação urbana da zona das Antas (o FC Porto detinha 51% da área abrangida pelo PPA), tendo em vista, como contrapartida, o CLUBE ficar detentor de um novo estádio.
Implementação do PPA nos antigos terrenos do FC Porto |
Quando o project finance do novo Estádio foi apresentado, não me lembro de alguém ter dito que, passados 5, 10 ou 20 anos, o CLUBE poderia ter de alienar acções da EuroAntas e deixar de ser o único proprietário do Estádio do Dragão. E muito menos que isso poderia acontecer devido a problemas financeiros de outras entidades (no caso, da SAD criada para gerir o futebol).
Fotos deste artigo: ‘Os Filhos do Dragão’ e ‘Bibó Porto, carago!’
(continua)
3 comentários:
Esta excelente série de artigos de puro portismo do José Correia são provavelmente o que de mais importante será escrito no RP relativamente ao Futebol Clube do Porto este ano.
Este assunto é demasiado importante para falar em antis e pros SAD´s, entre pintocostistas e antis-PDC (se é que os há) entre este e aquele. Estamos a falar do futuro do FC Porto e não há nada mais importante que isso. Porque, senhores, o FC Porto pode um dia desaparecer, tal como o conhecemos, e todos os que podemos fazer algo em relação a isso vamos arrepender-nos para sempre.
O FC Porto clube é dono de 40% da SAD.
Ao contrário do Benfica e do Sporting não quis criar uma SGPS que assegura-se o 51% necessário para controlar a SAD sob qualquer circunstância. Com Pinto da Costa ao leme não parecia ser sequer necessário. Mas o Pintocostismo terá o seu final, é inevitável. E o Clube vai ficar desprotegido face á SAD. Nada nem ninguém impede que um Oliveira, um angolano, um sheik ou um russo venham comprar as acções (que baratas estão) necessárias para fazerem do FCP o mesmo que alguns andaram a fazer com os Atléticos de Madrid, Cardiffs, Hulls, Malagas e afins. Perante esse cenário - PERFEITAMENTE VIÁVEL - o Clube fica nu se não tiver receitas próprias, se não tiver com que se defender. Já perdeu parte importante das quotas. Foi um golpe duro. Perder o Estádio é um golpe de misericórdia.
Pensem num cenário em que o Clube não possui nada a seu nome. Que adiantará ser sócio? Eleger um Presidente se depois um acionista maioritário que o próprio clube (ou dois accionistas em conjunto) controlam absolutamente tudo desde os naming rights, o futebol, o fim das modalidades (por falta de financiamento) ou o estádio? Nada, absolutamente nada.
O FC Porto terá sempre outras formas de fintar este buraco financeiro em que se meteu com uma politica que agora não vale a pena discutir. Sempre se podem vender os anéis (e se Jackson tivesse sido vendido este aumento de capital era desnecessário, pena que a SAD não tivesse planteado esse problema antes do fecho do mercado) mas é importante que fiquem os dedos.
Se amanhã o estádio passa para a SAD, ainda será nosso, dos portistas, porque quem está na SAD foi eleito pelo Clube. Mas depois de amanhã o Dragão, o Clube, podem perfeitamente passar a mãos estranhas. Estão dispostos a isso? Por um titulo mais? Uma taça mais?
O portismo não se resume a ganhar, a ser melhores, a ser diferentes. O portismo é o sentimento que nos une a mais de 100 anos de história, de identificação com algo que sentimos nosso. As cores, o emblema, as nossas lendas, os nossos mitos. E a nossa casa. Aquela que ajudamos a construir (ninguém a pagou, nem o Estado, nem a Camara, nem a SAD) e que tantas felicidades nos deu. Merecemos que a casa do portismo continue a ser nossa. Leiam com atenção tudo aquilo que está a ser publicado esta semana e pensem. Pensem seriamente no que será o FC Porto daqui a dez anos se isto vai adiante. Não será uma imagem bonita para ter na cabeça antes de dormir!
Esta é uma situação muito melindrosa e parece-me que se está a abrir uma verdadeira Caixa de Pandora...Às tantas o que vai realmente acontecer é uma enorme divisão entre Portistas.
O meu irmão mais velho disse-me, que no início, o Estádio das Antas tinha uns degraus rebaixados no espaço onde depois se construiu a Pista de Ciclismo. Recordo-me de nos anos 80 se ter eliminado a Pista de Ciclismo -de que gostava muito, vi lá muitas Provas de Perseguição Individual e contra-relógios por Equipas integradas na Volta- e nesse espaço, se construírem uns degraus rebaixados que nos colocavam quase ao nível do relvado. Lembro-me de um jogo -creio que uma final da Supertaça- em que o Porto recebeu o Benfica e ganhou por 4-1 com a particularidade de nessa equipa do Porto jogar o baixinho Jaques, que viera de Braga.
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