terça-feira, 21 de março de 2017

Antijogo, Penalties e NESpia

I. Um antijogo obsceno (o crime compensa – parte I)

«O pedido de assistência médica por parte de jogadores do V. Setúbal levou o Dragão à loucura. Bruno Varela, guardião dos sadinos, esteve no epicentro da contestação repartindo com Vasco Fernandes a maior necessidade de auxílio. Pinto da Costa juntou-se ao coro de protestos ao intervalo.
Além dos assobios com que o Estádio do Dragão brindou algumas cobranças de faltas ou pontapés de baliza mais demorados, os protestos elevaram-se sempre que o corpo clínico adversário foi chamado à partida, ao todo em nove ocasiões. Segundo relatos recolhidos pelo Record, Pinto da Costa esteve na zona do túnel de acesso ao relvado ao intervalo, tendo dado a conhecer a sua insatisfação pelo que se tinha passado tanto à equipa de arbitragem como a elementos do V. Setúbal, o que foi presenciado por um elemento da Liga.
Diga-se que o facto de os dois primeiros substituídos sadinos, Bonilha e Vasco Fernandes, terem saído em maca e acabarem por se levantar após ultrapassarem as quatro linhas não ajudou ao serenar dos ânimos. A demora provocada por este tipo de situações levou o árbitro Manuel Oliveira a dar 5 minutos de descontos na primeira parte e mais 7 na segunda.»
in record.pt, 19-03-2017

O antijogo de Bruno Varela (foto: Maisfutebol)

«A primeira parte resume-se numa frase: FC Porto a atacar, Vitória de Setúbal a defender, usando e abusando do antijogo, nomeadamente Bruno Varela. Aliás, algo de estranho se deve passar com um guarda-redes que se lesiona pelo mero impacto com o relvado e que é assistido por três vezes em meia hora
Crónica publicada no site oficial do FC Porto, após o final do jogo


«(…) num jogo que ficará na história deste campeonato como o pior exemplo de antijogo desde o primeiro minuto. O árbitro Manuel Oliveira concedeu 12 minutos de descontos (final de primeira parte e final de jogo), mas isso não compensa as constantes quebras de ritmo provocadas pelo Setúbal, com inúmeras entradas da equipa médica em campo, mas nenhuma quando o resultado lhes era desfavorável - no total, a equipa médica do Setúbal entrou em campo sete vezes, três com o resultado em branco, quatro com o resultado empatado a um golo, num total de 9m26s de tempo perdido só nestas sete paragens. Mas o antijogo do Setúbal não se cingiu às assistências médicas, começou com o apito inicial do árbitro - aos cinco minutos já o árbitro avisava Bruno Varela para não perder tempo - e chegou a ser obsceno. Infelizmente, o crime continua a compensar e assim será enquanto não houver coragem de expulsar os jogadores infratores.»
Francisco J. Marques, Dragões Diário, 20-03-2017


Mais de 16 minutos de paragens (infografia Record)

O antijogo obsceno que foi praticado pelos jogadores do Vitória de Setúbal, cortou permanentemente o ritmo de jogo, reduziu drasticamente o tempo de jogo e quase levou ao desespero os mais de 49 mil portistas que encheram o Estádio do Dragão e pagaram bilhete para assistir a um jogo de futebol (e não a uma palhaçada).

Perante a pouca vergonha que se viu, houve vários tipos de reações, quer no estádio, quer nas redes sociais.
O treinador da equipa principal do FC Porto reagiu assim:

O antijogo é algo que tem sido recorrente ao longo do campeonato. Esse critério do árbitro em dar aqueles minutos de compensação é o que deve ser seguido sempre, penalizando as equipas que fazem antijogo. Mas não quero comentar esse tipo de estratégia, cada equipa adota a que considera melhor, nós só temos que estar concentrados no jogo e procurar que o tempo de jogo seja o mais útil possível.
Nuno Espírito Santo, na conferência de imprensa


II. Mais três penalties por assinalar (o crime compensa – parte II)

Poucos minutos após o final do jogo, alguém do FC Porto (presumo que do Departamento de Comunicação), partilhou um vídeo nas redes sociais, com três lances de possíveis penalties a favor do FC Porto que ficaram por assinalar (dois agarrões a André Silva e uma carga do guarda-redes sadino sobre Brahimi).

3 penáltis por marcar

O 'Tribunal de O JOGO' também não teve dúvidas e, por unanimidade, considerou que ficaram mesmo três penalties por assinalar a favor do FC Porto (aos 20', 49' e 61').

Três penalties por assinalar no FC Porto x Vitória Setúbal (Tribunal de O JOGO)

Admito que no estádio e da posição onde estava, Nuno Espírito Santo (NES) tivesse dificuldade em ver (eu também tive), mas estou certo que alguém da estrutura do FC Porto o informou, senão durante o jogo, logo após o final do mesmo.

Assim sendo, após um empate dramático em casa, em que ficaram por assinalar 3 (três!) penalties a favor do FC Porto, o que disse NES sobre o assunto, quer na flash interview, quer na conferência de imprensa?

Népia. Absolutamente nada.

De que adianta, então, os adeptos protestarem, quer seja no estádio ou nas redes sociais?

De que adianta o Departamento de Comunicação do FC Porto fazer (e bem) o seu trabalho, denunciando (com factos, imagens e vídeos) estas e outras situações relacionadas com as arbitragens deste campeonato?

De que adianta lutarmos contra o "polvo" fora das quatro linhas, se o atual treinador do FC Porto e principal rosto da equipa é incapaz de se indignar, é incapaz de se revoltar, é incapaz de dar um murro na mesa e dizer BASTA!

Por aquilo que tem sido o seu comportamento ao longo da época, NES parece decidido em passar pelo FC Porto sem criar inimizades e cultivando uma imagem de bom rapaz (não sei se é feitio ou se já estará a pensar no seu futuro).

Eu tenho pena que assim seja e duvido que, com esta postura, NES venha a ter sucesso no FC Porto mas, naturalmente, espero estar enganado.

6 comentários:

Saci Pererê disse...

Talvez porque o seu trabalho seja dentro das 4 linhas e não a disparar na arbitragem, para isso está o departamento de comunicação do Porto. A equipa deve focar-se em ganhar os jogos não em lamentar-se de arbitragens.
Também me custa aceitar, mas Lopetegui era um lutador sozinho nestas andanças e de nada lhe valeu, aliás só serviu para lhe meter mais pressão em cima, coisa que sinceramente não necessita. Temos um excelente departamento de comunicação hoje e continuamos a lutar pelo titulo, acredito mais numa má gestão do esforço que num tropeção, má escolha depois daquela jornada de deixar o meio campo entregue a dois jogadores e não a três.

Nuno Silva disse...

Ouvindo a entrevista do Marcano, percebo que a equipa técnica não queira ressaltar questões relacionadas com a arbitragem.

o Marcano diz algo do género: percebiam que estavam a ser prejudicados pela arbitragem jogo após jogo, e com as dificuldades em criar golos estavam instabilizados durante os jogos... foi um trabalho interno à equipa fazer os jogadores perceberem que as arbitragens iriam sempre cometer erros contra nós, mas que os intervenientes no jogo devem focar-se apenas naquilo que podem controlar e não perder foco do seu jogo... isso ajudou a equipa a ultrapassar a situação da arbitragem e a obter uma melhor performance durante o jogo.

Essas questões de arbitragem devem ser tratadas pela direcção... que com isso protegem o grupo ! Idelamente não devem acontecer, se acontecer os jogadores concentrem-se em jogar e treinadores em treinar. todo o gasto de energia que for envolvido na polémica de arbitragem será sempre adverso.

Filipe Sousa disse...

Simular lesões não é anti-jogo: é uma profunda falta de respeito, para com os colegas de profissão, e os espectadores. É uma pulhice, reles e baixa, que nada tem a ver com demorar na reposição da bola, ou sair a passo numa substituição.

Radagast disse...

Ponto 1.
A verdade é que o V. Setúbal fez exactamente a mesma coisa na Luz; e o Benfica também foi prejudicado. Nesse jogo até o golo do Vitória teve origem numa falta que não existiu. E venho lembrar isso porque já passou muito tempo e é muito fácil vir dizer "ah, o FCPorto é que é roubado e tal e os outros não" (e os descontos totais dados pelo árbitro nesse jogo foram de...5m).

Ponto 2.
O anti-jogo tem MESMO de ser penalizado a sério. Isto não é futebol, não é isto que as pessoas querem ver, não é assim que se valoriza esta indústria.
E não é uma questão de se jogar "com as armas que se tem". O Benfica também esteve metido no "buraco" no primeiro jogo contra o Dortumund, a levar com as ondas sucessivas dos alemães, e apesar de jogar demasiado (na minha opinião) à defesa, não recorreu a estes estratagemas.
Claro que irão sempre acontecer lesões fingidas. No final de um jogo os jogadores estão rebentados e precisam de descansar (e, claro, também querem quebrar o ritmo ao adversário). Epá, uma, duas vezes, uma pessoa compreende; mas este V.Setúbal é uma vergonha! Isto é outra coisa!

Dsizniht disse...

Para mim está questão do anti-jogo é muito fácil de resolver... descida de divisão!!! Se as equipas como Vitória de Setúbal e outras não teêm capacidade de se bater contra equipas como FcPorto, Sporting e Benfica devem então num escalão inferior!!! Nem que o nosso campeonato tenha só 12 equipas e que se tenha que um play off no final, parece-me que as grandes equipas ficariam a ganhar porque o índice competitivo seria mais elevado e para as competições europeias as nossas equipas estariam dotadas de muita mais capacidade competitiva. Isto é a minha opinião.

Luís Vieira disse...

Curiosamente, a postura Gandhi do Nuno-treinador contrasta com a postura Pitbull do Nuno-jogador. Era sempre o primeiro a saltar do banco para proteger os seus. No entanto, devo confessar que no estádio não consegui descortinar os penáltis e, depois de vistas as repetições dos lances, não acho que seja escandaloso, são jogadas difíceis de avaliar, daquelas que acontecem às dezenas nas grande-áreas. Acho que já houve jogos em que fomos prejudicados de forma mais evidente, principalmente na 1ª metade do campeonato. Não tivemos sorte na 1ª parte (devíamos ter marcado mais golos, face às oportunidades), nem arte na 2ª (acusámos a pressão do empate e do passar dos minutos). Só nos resta ganhar na Luz.