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| O JOGO, 04-03-2014 |
Após um dia de folga, o
FC Porto regressou esta terça-feira aos treinos (embora com muitos jogadores ausentes nas respectivas seleções) e, ao contrário do que alguma comunicação social previa, ainda sob o comando técnico de Paulo Fonseca.
O JOGO (um jornal normalmente bem informado em assuntos relacionados com o FC Porto) anunciou que o futuro de Paulo Fonseca está por horas/dias mas, aparentemente, a decisão ainda não está tomada.
Tem-se dito muita coisa (nos jornais, televisões e… redes sociais), mas eu não alinho nas teses de que a saída de Paulo Fonseca ainda não se concretizou devido à teimosia de Pinto da Costa, ou por causa de uma eventual indemnização que a FCP SAD terá (teria) de pagar ao atual treinador do FC Porto (o que está em causa é muito mais do que isso e só o apuramento direto para a fase de grupos da Liga dos Campeões 2014/2015 vale 10 milhões de euros).
Por mais teimoso que seja, ou por querer mostrar que o clube não é gerido de fora para dentro, Pinto da Costa já demonstrou que, tendo uma boa alternativa na manga, não olha a amizades ou compromissos com os treinadores em funções (que sempre foram escolhidos por ele), quando constata que a mensagem do treinador não passa (as conferências de imprensa de Paulo Fonseca são elucidativas) e que a situação se tornou insustentável (a equipa continua em sub-rendimento, apesar de já estarmos no 9º mês de trabalho deste treinador).
Porque, ao contrário de situações anteriores (Artur Jorge em 1988/89, Bobby Robson em 1993/94, José Mourinho em 2001/2002), nesta altura não me parece que seja fácil arranjar um treinador consagrado (ou que tenha experiência de trabalhar com consagrados), que seja uma solução de médio prazo, mas que esteja disponível e/ou disposto a pegar na equipa já.
Um treinador que chegasse agora ao FC Porto teria, logo de entrada, 7 jogos em 21 dias (entre 9 e 30 de Março), entre os quais uma eliminatória da Liga Europa enfrentando o Napoles (13 e 20 de Março), com uma deslocação a Alvalade pelo meio (onde um mau resultado poderá afastar a equipa da luta pelo 2º lugar) e a 1ª mão das meias-finais da Taça de Portugal contra o slb (a 26 de Março).
Ou seja, atendendo ao momento da equipa (agravado por um balneário em frangalhos, com alguns jogadores a saberem que irão sair no final da época) e olhando para o calendário (com viagens e jogos a serem disputados de 3 em 3 dias, praticamente só é possível fazer treinos de recuperação), qualquer treinador que pegue na equipa nesta altura, corre um risco elevadíssimo de chegar a Maio “esturricado” (vejam o que se passou com José Couceiro na parte final da época 2004/2005 e a consequência que isso teve para a sua carreira subsequente de treinador).
Além disso, mesmo que Pinto da Costa assumisse o compromisso (pessoal, escrito, contratual) que, independentemente dos resultados até Maio, o novo treinador continuaria para a próxima época, quais seriam as condições de sucesso de um treinador que iniciasse a época 2014/2015 fragilizado pelos resultados da parte final desta época e, ainda por cima, sabendo que, muito provavelmente, não irá poder contar com parte da coluna vertebral da equipa – Mangala, Fernando e Jackson?
Mais ainda. Se o FC Porto terminar o campeonato na 3ª posição, terá de disputar a pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões 2014/2015. Ora, isso significa ter de começar a época 2014/2015 mais cedo do que o habitual.
O problema é que, muito provavelmente, o FC Porto vai ter uma parte significativa dos jogadores do plantel 2014/2015 (Mangala?, Reyes, Fernando?, Herrera, Defour, Josué, Varela, Quaresma, Jackson?, Ghilas), envolvidos na fase final do Mundial do Brasil, o que significa que esses jogadores só irão iniciar a pré-temporada 2014/2015 em finais de Julho!
Noutros tempos, o FC Porto seria um desafio irrecusável e o risco de falhar estrondosamente era pequeno.
No cenário atual não é assim e, por isso, percebo perfeitamente que treinadores emergentes (Marco Silva?, Sérgio Conceição?) pensem duas vezes e que treinadores com passado no clube (André Villas-Boas?, Fernando Santos?) prefiram regressar apenas em Julho.
Quanto a treinadores estrangeiros consagrados (Marcelo Bielsa?, Michael Laudrup?), não acredito que haja algum que aceite pegar na equipa nesta altura.
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| O JOGO, 04-03-2014 |
P.S. Seria mais cómodo (e sem risco de falhar nos cenários traçados) se tivesse esperado pela decisão de Pinto da Costa, mas optei por publicar este artigo já, na sequência do artigo publicado pelo Filipe Sousa hoje de manhã, porque não sou grande adepto de fazer “prognósticos no final dos jogos”…