- Passam a apurar-se 22 equipas directamente para a fase final (vs. 16 no formato actual). Os beneficiados são os 3os classificados dos 3 países melhores cotados no ranking e os campeões dos países cotados da 10a à 12a posições.
- A pré-eliminatória passa a ser dividida em duas tranches paralelas: uma para os campeões dos países cotados da 13a posição para baixo, e outra para os não-campeões dos 15 primeiros países (o 4o classificado dos 3 países melhores cotados, o 3o classificado dos países cotados da 4a à 6a posição, e o 2o classificado dos restantes).
- Cada uma das tranches dá direito a 5 vagas, portanto a fase de grupos será composta por 22+5+5.
- Na 2a tranche (reservada aos não-campeões dos países melhores cotados) os 10 clubes dos países cotados entre a 6a e 15a posições jogam uma eliminatória entre si; os 5 vencedores jogam a seguir uma eliminatória com os 5 não-campeões dos 5 países melhor cotados.
A minha análise...
Parece-me claro que esta reforma espreme a "classe média", de forma a agradar a gregos (os clubes dos países ricos) e troianos (os pobres, de cujos votos a UEFA depende nas eleições, já que são em muito maior número que os ricos e classe média).
Penso no entanto que a competitividade da fase de grupos será pouco afectada (ligeiramente pela negativa): já hoje temos muitos clubes de países relativamente mal cotados na fase final (em 2007/08 tivémos 9 clubes de países cotados abaixo da 10a posição do ranking).
Mas teremos também mais campeões, aproximando a Liga dos Campeões um pouco do conceito original da Taça dos Campeões.
No que diz respeito a Portugal...
Tendo em conta que em 2009/10 estaremos no 7o ou 8o lugar do ranking e só teremos portanto 1+1 na Liga dos Campeões (algo que não tem nada a ver com esta reforma - ver o meu artigo anterior), a vida fica bastante mais complicada para o 2o classificado do que no formato actual.
No formato actual um slb ou SCP jogariam a última pré-eliminatória (em que 32 equipas se defrontam "mano-a-mano") onde facilmente são cabeças-de-série (basta ser um dos 16 melhores cotados entre essas 32 equipas), tendo pois que eliminar um Copenhaga para chegar à fase de grupos.
Com o novo formato o 2o classificado português passa a ter que disputar DUAS pré-eliminatórias.
Na primeira será provavelmente cabeça-de-série, jogando contra o 2o classificado de um campeonato cotado até à 15a posição (ou seja, de uma Turquia, de uma Bélgica ou de uma Grécia).
Na segunda já é muito pouco provável que seja cabeça-de-série, e irá jogar muito provavelmente contra um 4o classificado do campeonato inglês, italiano ou espanhol.
Concluindo: é uma reforma inteligente da parte de Platini, já que tem o apoio dos clubes ricos e dos países pobres, e aproxima a competição do espírito de uma Liga de verdadeiros Campeões sem comprometer seriamente o nível da competição; mas é uma reforma algo nefasta aos interesses portugueses (ainda que não drasticamente).
Cabe-nos pois a Portugal tentar recuperar a 6a posição do ranking de forma a voltarmos a ter 2+1 equipas na competição; e, no caso do FC Porto, cabe-nos continuar a ser campeões para evitar estas contas...
Excelente análise, devia evitar-se o que serão as "consequências" para Portugal para as catalogar, quase forçosamente, como penosas para os nossos clubes.
ResponderEliminarComo pouco vai mudar no cenário defronte dos clubes portugueses, com a queda óbvia no ranking de países, importa acima de tudo explicar bem, como está feito aqui, do que se trata a reforma.
Sim, a análise à raison d'être da reforma de Platini - que em 2003 tinha em mente um projecto escalonado nas taças europeias, com países repartidos por cinco divisões - é essa: favorecer um pouco os países mais fracos, franqueando mais portas aos seus campeões.
Não só me parece justo como, no final, cumprirá o elemento essencial de favorecer os campeões nacionais e ser muito mais uma Taça dos Campeões. Concordo plenamente.