Os sindicatos são organizações de classe e faz todo o sentido que os jogadores de futebol tenham uma organização forte que se faça ouvir e respeitar. Os jogadores são os artistas do espectáculo desportivo e os seus interesses não podem ser escamoteados: é perfeitamente justo que se defendam e intervenham no quadro legislativo e regulamentar, na defesa dos seus direitos e na luta por uma relação com os restantes agentes desportivos – nomeadamente as entidades patronais – assente no respeito pelos compromissos (colectivos) estabelecidos entre as partes e o pelo cumprimento das condições contratuais, livre e individualmente negociadas.
Haverá um longo caminho a percorrer e, no futebol como noutras actividade, continua a reinar o nacional porreirismo, a fuga para a frente, a incompetência e o absurdo total, como o caso do BFC comprova. No futebol o impossível acontece.
Que o Presidente do Sindicato se atire com unhas e dentes sobre os infractores e que lidere ou acompanhe os processos em que os jogadores são lesados e estabeleça ou queira estabelecer o primado da prevenção contra os salários em atraso e outros desmandos que prejudicam a carreira dos jogadores, será sempre bem vista e nunca é demais vir à luta, apontar o dedo e direccionar os culpados.
O Sindicato dos jogadores teve outros presidentes, cuja linha não foi substancialmente diferente do actual, só que sendo antigos praticantes tinham uma outra compreensão e uma tendência para o compromisso e o acordo, pois estiveram mais próximos de uma multiplicidade de temas e problemas que se vão repetindo – não são novos há muito tempo - e que viveram de muito perto.
Couceiro e Carraça saíram do Sindicato e a sua actividade profissional mudou de posicionamento: passaram a servir entidades patronais do sector, em funções directivas ou outras.
O Sindicato dos jogadores permite aos seu Presidentes uma grande visibilidade, e tal como nas outras estruturas sindicais se não houver uma intervenção activa dos sócios, o sindicato tende a tornar-se uma estrutura burocrática, dominada por funcionários que conhecem mal o terreno e a vida real dos seus associados. E se o Sindicato passa ser one man show, então há uma clara subversão do espírito associativo e as relações sindicais poderão ser enviesadas, pois ficam demasiado dependentes da liderança do “chefe”.
Esse é um problema que não me afecta, nem tão pouco me diz respeito. É de total responsabilidade dos jogadores de futebol. Tinha uma opinião positiva de Joaquim Evangelista, presidente do SJPF, mas a notoriedade às vezes retira lucidez: a justa luta dos jogadores não dá o direito ao presidente de se meter em temas que não lhe cabem e pronunciar sentenças, como se fosso o dono da bola.
Ouvi, ontem, o presidente do SJPF na TV a dizer que “com o devido respeito o vencedor (do campeonato suponho) não é um verdadeiro vencedor, porque havendo concorrência desleal, não há verdade desportiva.” Em resumo: um campeonato de batotice não gera um vencedor digno.
Ocorreu-me que já tinha ouvido exactamente o mesmo raciocínio por parte do Dr. Dias Ferreira no programa da SIC Notícias. Coincidências. Aos anos que esta praga dos salários em atraso acontece no futebol português. Todos os anos se repetem as profecias, as desgraças, as promessas, as exigências, e nada muda porque, obviamente, os problemas são estruturais.
Mas, o presidente do SJPF resolveu falar de batotice, que nem a Dra. Morgado sobre a corrupção. Meteu-se num beco sem saída, pois tomou um caminho demagógico e colocou o debate numa orla que não é da sua competência nem do interesse do SJPF. Já sabemos que tudo o que possa desvalorizar o êxito do FCP é bem recebido e não sofre remoques, mas o senhor presidente também representa os jogadores do FCP e não deveria ter caído nessa armadilha. Essa forma de desvalorizar o campeão, é um absurdo e só caberia se o FCP tirasse mais proveito da situação que os outros clubes que consigo competiram directamente. É “tão batoteiro” o vencedor do campeonato, como a eleição do jogador do mês patrocinado pelo STJF, pois a batotice reinante que denuncia, faz com que os jogadores não compitam para esse título em igualdade de condições.
E todos sabemos que os casos conhecidos são apenas a ponta do iceberg. Os jogadores (os trabalhadores em geral) com menor poder reivindicativo e com menos mercado, sujeitam-se, calam-se e esperam resolver os problemas a bem, sob pena de perderem pau e bola. É preciso atentar na situação e prever sanções para os prevaricadores, mas nada de matar o doente com a cura.
E a concorrência desleal não vem apenas dos salários em atraso, das dívidas ao fisco ou à Segurança Social. Procure, senhor presidente, que há-de encontrar muitas outras discriminações, como por exemplo o estatuto excepcionalmente favorável dos clubes da região autónoma da Madeira.
Depois do que li, e ouvi, ainda hoje, sobre a listagem dos clubes com os salários em atraso relativo ao mês de Abril (cuja denúncia considero mais um excesso de zelo, para presidente se exibir), acho que Joaquim Evangelista gosta de se ouvir e estará, provavelmente, a preparar a sua saída. Definitivamente, está a prejudicar o SJPF. Vamos esperar para ver.
Na mouche.
ResponderEliminarO homem ultimamente só tem dito asneirada. Está a prejudicar mais os jogadores do que a ajudá-los.
Não tinha ouvido a referência à suposta concorrência desleal ou à nossa vitória no campeonato, mas isso dissipa todas as dúvidas sobre a honestidade intelectual deste homem.
As últimas declarações e posições de Joaquim Evangelista foram um autêntico tiro de canhão nos pés.
ResponderEliminarSuspeito que não terá grande futuro como presidente do SJFP.