terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mudança de formação: do 4-3-3 para o 4-4-2

A saída de Ricardo Quaresma para o F.C. Internazionale Milano, abriu a porta para uma possível mudança de formação (não no sentido de formação, mas no sentido da disposição táctica) da equipa.

O famoso 4-3-3 de Jesualdo Ferreira utilizado nas últimas épocas pelo FC Porto parecia "girar" em torno de Ricardo Quaresma, da sua capacidade de criar desequilíbrios no ataque e para prevenir os desequilíbrios defensivos criados pelo mesmo jogador, devido à sua inacção defensiva (propositada ou não). Este estilo de jogo dá preferência ao jogo junto das linhas laterais de modo a que o jogador que lá se encontre possa optar pelo cruzamento (para o avançado, e para os médios que apareçam vindos de trás) ou pelo remate ao descair para o centro do terreno.

Atendendo à fisionomia (Lisandro com 1.75, Farías e Hulk com 1.78 e Rabiola com 1,80) e estilo de jogo dos jogadores existentes no ataque do FC Porto e ao sistema de jogo implementado pelo treinador que privilegia as rápidas transições de bola e o lançamento dos jogadores nas costas da defesa, este plantel parece mais ajustado a uma formação diferente.

O 4-4-2 parece-me então uma formação interessante para o tipo de jogadores que o FC Porto tem no plantel actual.

4-4-2 (clássico)


Cristian Rodríguez e Mariano González são dois jogadores, que apesar de partilharem a mesma posição no terreno que Quaresma, são distintos na maneiro como o fazem. Auxiliam a equipa na fase defensiva, e são mais agressivos a atacar a bola. Para um maior equilíbrio ao meio campo, são normalmente utilizados dois médios de características complementares: um de pendor mais defensivo e um de pendor mais ofensivo.

4-4-2 Diamante


A contratação de múltiplos jogadores para a posição central do terreno (Tomás Costa, Freddy Guarin, Péle e o retornado Fernando) possibilitam uma formação que fortaleça o centro do meio-campo. Esta táctica permite (e exige) que os laterais sejam mais ofensivos de modo a apoiarem o ataque.


Para as duas opções acima existem opções no plantel actual que aconselham uma e outra:
- Os laterais que têm sido titulares (Sapunaru e Benitez) não terem muita propensão ofensiva desaconselha o uso da formação em diamante, mas existe também a opção mais ofensiva Fucile e Lino.
- A grande aposta feita em Cristian Rodríguez (custou 7M€ por 70% do passe) poderia aconselhar a utilizar a formação clássica, com o recurso a dois alas, apesar de o "Cebolla" poder jogar também como médio interior e explorar o seu remate de longe.
- A utilização simultânea de dois avançadas é possível em qualquer uma delas, potenciando o investimento feito nos actuais dois suplentes de Lisandro: Farías (4M€) e Hulk (5,5M€ por 50% do passe).
- O reforço de um meio-campo enfraquecido pela saída de P.A. a nível defensivo com a entrada de um dos médios centrais.

Jesualdo Ferreira tem utilizado frequentemente o 4-4-2 em jogos considerados de dificuldade acrescida (na Liga dos Campeões e em alguns jogos contra os outros dois grandes do futebol português). Considerando que existe um trabalho prévio (não quero acreditar que os jogadores foram postos a jogar em 4-4-2 de improviso), não deverá ser muito complicado fazer esta transição.

imagens: record.pt e wikipedia.org

3 comentários:

  1. "Mas até parece que o 4x4x2 é uma estrutura muito mais ofensiva do que o 4x3x3. Ter quatro médios e dois avançados prepara uma equipa para ser mais vezes ou menos vezes ofensiva? Tenho muitas dúvidas. Por isso é que há equipas que são campeãs da Europa em 4x3x3 e outras em 4x4x2 ou em 3x5x2. O FC Porto tem o seu sistema-base. E depois tem princípios, tem métodos e tem estratégias que variam necessariamente tendo em vista alcançar determinados rendimentos e resultados. O sistema-base não define o modelo. O modelo é um conjunto de sistema, princípios, métodos e estratégias. O que se pretende atingir cada vez com maior eficácia é que é o modelo. Portanto, o sistema do FC Porto é o 4x3x3, a sua dinâmica nunca indicia o 4x3x3 permanente, os princípios que o FC Porto tem sob o ponto de vista do seu método, quer seja a zona ou o aproveitamento dos espaços, faz-se através de transições rápidas, a definição das áreas de pressão, a capacidade de ritmar o jogo, que já foi mais forte na época passada do que na anterior. Tudo isto faz parte dos processos que o FC Porto utiliza para chegar ao modelo. O problema é que muitas pessoas confundem o modelo com tácticas e com o sistema. E não é tudo a mesma coisa."
    Jesualdo Ferreira, PÚBLICO, 2008/09/09

    Pedro, acho que para a próxima tens explorar mais esta afirmação do Professor-Mestre:
    "O modelo é um conjunto de sistema, princípios, métodos e estratégias." ;-)

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  2. Fiz questão de falar em mudança de "formação" por isso mesmo :)

    Uma formação diferente permite ao treinador aproveitar melhor os recursos dos plantel, e é nessa perspectiva que fiz este artigo.

    Isso não invalida que se mantenha o mesmo sistema (o de jogo, não o do Dias da Cunha), como refere o JF, que tem a ver com "o aproveitamento dos espaços, (...) através de transições rápidas, a definição das áreas de pressão, a capacidade de ritmar o jogo".

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  3. Numa das últimas entrevistas como responsável pela formação do FCP, Ilídio Vale referiu que existia na SAD e na formação "um guião servido por dois sistemas, o 4-3-3 e o 4-4-2 losango".

    Para mim a questão é: deve o treinador da equipa principal ter carta branca para mudar? ou deve seguir as regras instituídas?

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