Um portista no terceiro anel

A viagem correu sem incidentes, só teve história à medida que nos aproximamos de Lisboa. Muita gente do FCP e do SLB, passámos as 10 camionetas dos SD que viajavam com toda a calma, escoltados pela PSP, que num dos carros levava dois polícias sentados nas janelas do veículo, para que o campo de observação do alvo fosse o mais amplo possível. Devia ser, ou então apenas para impressionar, imitando uma cena mais arrojada de um filme qualquer policial, made in USA.

Mais à frente, um carro com adeptos portistas imitava a iniciativa, seguindo com três adeptos do FCP sentados sobre a janela, com cachecóis todos muitos com alusões muito “simpáticas” para o SLB. Lá iam eles, descarados e sem medo!

De resto tudo calmo. Não se sentia qualquer tensão no ar.

Imagem obtida em maps.live.com

Não é um estádio bonito. Demasiado vermelho torna-o pesado, algo mais condizente para um espectáculo de outro tipo, muito popular em Barrancos. Os acessos não são grande coisa e as bocas de saída são apertadas. A famosa acústica não me impressionou. Dois pontos muito positivos : as cadeiras (pelo menos na bancada) são almofadadas e muito cómodas, e o maior espaço entre filas melhora essa comodidade.

Estava situado acima dos lugares cativados para os SD, sobre a direita e relativamente próximo de uma das tribunas do estádio. Portistas e benfiquistas misturados esqueceram as suas diferenças e não ocorreu o mínimo acidente, próximo de nós. Aliás, a única situação desagradável ocorreu com a polícia que resolveu – uma meia hora antes do jogo começar – retirar o pessoal que estava sentado na primeira e segunda filas do sector e fê-lo de forma autoritária, arrogante, ameaçando de forma desproporcionada, quando alguns utentes desses lugares reagiram de forma natural ao receberem ordem de despejo.

Fiquei com a ideia que a águia deve estar com cataratas, porque demorou a dar com o poleiro.

Para além desta animação, o estádio tem pessoal distribuído para lançamento de bombas e very lights, um conjunto muito harmonioso de luz e som que abrilhantou o evento desportivo. Foi igualmente contratado, para o jogo de ontem, um artista para fazer uma pantomina, teatralizando uma situação de agressão ao juiz de linha.

No fim, uns benfiquistas encenados pela TV, vieram dizer muito escandalizados: que foram roubados, que é uma roubalheira, que é o PdC que manda e que nem se atrevam a multar o SLB.

Em tempos idos, foram encontradas armas de “guerra” nos escritórios dos executivos da claque benfiquista, no estádio da Luz. Se houve diligências, não se conhecem. Os resultados são conhecidos : passam material proibido para o estádio, com a maior impunidade e a bênção do ministro da administração interna.

A entrada de rompante, vigorosa e em corrida acelerada dos SD para ocupar os melhores lugares, não deixou ninguém indiferente. Só na altura de apoio às palavras de ordem dos SD, descobrimos que naquela bancada afinal estava muita gente nossa.

Não vislumbrei qualquer incidente, com a polícia ou com adeptos do SLB, salvo a troca de piropos habituais.

Não se calaram. Fizeram um intervalo quando o FCP entrou para o aquecimento e descobriram a forma conservadora, que o escalonamento da equipa fazia prever.

Os atletas olímpicos filiados no SLB foram recebidos com honra devida aos heróis. Registo duas impressões: a simpatia de Nélson Évora que cumprimentou a claque do FCP, pois entrou por uma porta próxima do local onde estavam os SD, tendo cumprimentado uns quantos, sem qualquer preconceito ou receio.

Foto: Inácio Rosa / Lusa - gamada via Mais Futebol

Na volta de honra acenou sempre sem nos ignorar, enquanto Vanessa se distanciou e se fez alheada dos aplausos unânimes que recebeu dos portistas que estavam espalhados “oficiosamente” naquela zona do estádio. Não creio que tenha sido impressão minha. Acho que foi premeditado.

Tirando o Tomás Costa e o Helton que destoaram pela negativa, continuo a considerar que no FCP a soma do desempenho individual é bastante superior ao colectivo. Dir-me-ão que se não fora o falhanço de Helton, teríamos saído a sorrir com os três pontos no bolso. Porém, o nosso golo resultou de uma gp e jogámos 32 minutos contra 10, em dois lances que Katsou falhou clamorosamente.

Foto: Miguel Riopa / AFP / Getty Images

Nunca fiquei com a ideia que iríamos ganhar o jogo, notava-se que a confiança da equipa não era muita e se Hulk teimava nas jogadas individuais, a verdade é que a equipa não parecia ser capaz de ganhar o jogo que não fosse por essa via. Tal como com o Belenenses, e contra 10, não vi nos últimos 20 minutos quem pudesse marcar que não fosse Hulk a partir de uma jogada individual, só que o terrível Hulk desistiu depois de uma ou duas jogadas em que as coisas não correram bem. Fez mal.

Positivo : Lucho, Rolando e Fernando;
Negativo : o resultado.