Não é fácil falar de Rui Rio e de Pinto da Costa, exclusivamente no âmbito político e desportivo, respectivamente, como se a vida de cada um começasse e terminasse nessa condição.
O homem que é Presidente do FCP tem todo o direito de fazer as suas escolhas políticas, mas deve-o fazer em seu nome pessoal e não misturar o clube com motivações do tipo partidário.
O mesmo tipo de registo seria exigível ao Presidente da Câmara e a Rui Rio, relativamente ao FCP, embora não seja a mesma coisa, porque os cargos que ambos exercem pedem responsabilidades diferentes.
Relativamente ao Presidente da Autarquia, é esquisito que não lhe interesse o desporto – ainda que profissional – e os clubes que moram cá no burgo, nomeadamente o FCP que é uma marca que beneficia claramente a cidade. No seu programa, fala no apoio ao desporto amador. Deve ser, por isso, que a autarquia tanto se empenhou nas corridas de automóveis e aviões. Entre o desporto amador (que fica muito bem em qualquer programa) e o ego do nosso presidente, ganharam os motores e as acrobacias aéreas.
Nem oitenta como era com Fernando Gomes, nem abaixo de zero como faz Rui Rio. Um Presidente da Câmara tem todo o direito de não se querer misturar (nem parecer que o faz) em situações que sejam (ou pareçam) promíscuas. Com o FCP, Rui Rio não se distanciou: criou a ruptura. Houve exageros e alguma violência absolutamente reprovável por parte da claque, mas o pecado original foi cometido por Rui Rio e a sua entourage, que na sua grande maioria detesta o futebol ou o FCP. Pior, agiu como se o facto fosse uma mais valia política. Depois da vitória nas eleições, o que antes era um desejo - partir a espinha dorsal ao FCP -, passou a ser um projecto exequível. Se já tinha ganho as eleições contra tudo e todos, porque não aspirar chegar mais longe?
Como atrás referi, da sua agenda (pessoal e informal) constava quebrar a espinha ao FCP (e a PdC) e retirar-lhes todo o apoio que até aí tinham recebido da CMP. O PPA que viabilizou a construção do Dragão, era o instrumento que precisava para consolidar a personalidade de antes quebrar que torcer. Serviu, ao mesmo tempo, para funcionar como um instrumento fundamental para o seu projecto político. Com um cajado matou dois coelhos: o PS, despesista e promíscuo, o FCP uma espécie de tecto que encobria toda um seita de malfeitores.
Com a ajuda da Associação de Comerciantes do Porto tudo fez para bloquear o projecto do Dragão. Amorim que é um conhecido apoiante da causa do PSD, interveio e conseguiu um acordo.
Sinceramente, era interessante conhecer como tem sido monitorizado esse empréstimo e o que é que ganharam os Comerciantes, para além da exploração do cinema Batalha. Parece-me óbvio que o problema dos pequenos comerciantes é sistemático e não vai com as bolhas de dinheiro que Rio generosamente lhes "concedeu", via acordo com o Grupo Amorim.
Para que serviu tanto alarido? Obviamente, prejudicar o FCP e ficar bem na fotografia para a opinião publicada. Para além disso, servirá para memória futura, quando o partido for chamado a eleger um novo presidente, o que deverá acontecer a curto prazo. Aliás, esta é a fórmula ganhadora, que Scolari seguiu e que tem o nome de “Princípio de Rio”: hostiliza o FCP e tens o país aos pés.
Depois do acordo entre Rio, Amorim e os Comerciantes, o que ganhou a cidade? E que problemas viram os comerciantes resolvidos? A quem interessa isso agora? Fazer todo o mal de uma vez, relativamente ao FCP, foi a estratégia. Agora, o seu desprezo, mais silencioso e cuidadoso, é quase reconhecido como um benefício.
Firmou acordos com o Grupo Amorim e com a Soares da Costa. Satanizando o FCP, obviamente só podia criar anti-corpos junto do clube, dirigentes e adeptos. O tempo cura algumas chagas, mas as marcas ficam lá. Apesar disso, honra lhe seja feita, conseguiu fixar e aumentar o seu pecúlio eleitoral, o que é obra que merece reflexão, política e sociológica.
A ambiciosa intervenção do Plano de Pormenor das Antas visava o propósito de criar uma nova centralidade com funções variadas. Para aqui previram-se três mil fogos, dois hotéis, um estádio de futebol, um pavilhão multiusos, um centro comercial, equipamentos de saúde e de ensino, um parque urbano com dez hectares, estacionamento para três mil viaturas e um interface para o metro.
Parte do Plano de Pormenor das Antas está construído mas, o equipamento de saúde, o de ensino e o tal parque urbano ficaram pelo caminho, confirmando o imobilismo camarário instalado há anos na cidade.
A revitalização da baixa, os bairros camarários, as corridas de automóveis e aviões, o recente amor pelo fogo de artifício, são a obra que é elencada pelos seus seguidores como meritória. O Metro serve para demonstrar a sua sanha regionalista, e mostrar os dentes a Lisboa, sem morder.
A relação entre o FCP e Rui Rio já foi bem pior. Agora, simplesmente preferem silenciar o ódio de estimação que merecem um do outro. A Rui Rio já não interessa afrontar o clube porque já não retira dividendos disso – os ganhos conquistados estão consolidados, não é preciso bater mais no ceguinho – e o FCP porque sabe que a maldição de Rui Rio há-de passar e o FCP há-de continuar por muitos e bons anos como o clube de referência da cidade.
Devo confessar que sou de mais do FCP e de menos do PSD, apesar disso, desejo a melhor sorte para o Dr. Rui Rio. Estou ansioso por vê-lo no Parlamento, ou noutro qualquer lugar, bem longe da Câmara e da nossa cidade. O país espera-o!
Excelente reflexão, gostava de saber o que pensa a D. Laura dos Comerciantes sobre o que ganhou com esta guerra.
ResponderEliminarReactivei nestes ultimos tempos o belo hábito de passear pela Cidade e fico deprimido por ver o estado das coisas, desde os edifícios até ao fecho de lojas na baixa, o Batalha, " bai no batalha", Rio teve o desplante de fazer corridinhas só porque gosta da modalidade, a Cidade com ele parou, estagnou e atrasou-se perigosamente, sendo ultrapassado em toda a linha por Meneses como Edil de Gaia...
Ao afrontar o FCP tornou-se numa qualquer reserva moral do seu partido para mais dia menos dia ser secretário geral.
Eu quero vê-lo fora dos destinos da cidade e, se possível, do País...
Que tenhamos finalmente um Presidente de Câmara que pense a Cidade no seu todo sem ostracizar nem perseguir ninguèm.
"...gostava de saber o que pensa a D. Laura dos Comerciantes sobre o que ganhou com esta guerra... "
ResponderEliminarJorge Aragão: a D. Laura Rodrigues ganhou 5 milhões de euros (1 milhão de contos em moeda antiga) e muita publicidade gratuíta, que não sei calcular quanto vale, mas que atendendo a que é uma pequena comerciante, terei que deduzir que constituiu um óptimo enriquecimento!
Interessava saber é o que é que ganharam os comerciantes e a própria Cidade do Porto em troca desse MILHÂO DE CONTOS!
A propósito: será verdade aquilo que eu leio na CS que Rio e Laura se recusam a mostrar as contas desse milhão?
O Sr. Pacheco Pereira não poderia dar uma ajudinha e meter uma cunha para que os seus queridos amigos nos explicassem o que foi feito ao dinheirinho?
«Com a ajuda da Associação de Comerciantes do Porto tudo fez para bloquear o projecto do Dragão.»
ResponderEliminarSe o essencial do PPA não tivesse sido aprovado (houve partes que foram retiradas), teria sido um "crime" anti-FCP mas, mais do que isso, era um "crime" de lesa cidade.
Qualquer pessoa honesta e com um mínimo de bom senso, sabe que a cidade do Porto ficou a ganhar, e muito, com o PPA.
Mais. Se compararmos o PPA com aquilo que existia lá antes, o ganho para a cidade é abissal.
«esta é a fórmula ganhadora, que Scolari seguiu e que tem o nome de “Princípio de Rio”: hostiliza o FCP e tens o país aos pés.»
ResponderEliminarAqui discordo do Mário.
Antes do Rui Rio, já o Santana Lopes (quando tomou posse como presidente do Sporting) e, principalmente, o Vale e Azevedo tinham sido promovidos a herois nacionais por, precisamente, fazerem da oposição ao FC Porto e a Pinto da Costa o essencial da sua mensagem.
Só que Rui Rio tinha e tem outra credibilidade e, para além disso, não é do "futebol" e é da cidade. E isso faz toda a diferença.
ResponderEliminarRio mete nojo !
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