Ainda esta semana, um relativamente conhecido comentador benfiquista (participante habitual no painel do Porto Canal), escreveu o seguinte num dos principais blogues do SLB (de que ele é um dos mentores):
“Uma mentira dita mil vezes não passa a ser verdade. Nos últimos dias, a tentação de ir ao baú da História para tentar explicar o presente, fez ressuscitar um nome: Inocêncio Calabote. Quem o fez não conhece a história, nem tem tempo para essas minudências do estudo e da investigação séria e rigorosa. (...)
Calabote, que foi irradiado (sendo o primeiro árbitro a sofrer tal punição) já cá não está para se defender, mas é preciso que a História o reabilite e lhe faça justiça.”
Leram bem. Segundo benfiquistas do século XXI, é preciso que a História reabilite Inocêncio Calabote e lhe faça justiça!
Pois bem, numa altura em que se estão quase a completar 50 anos do “Caso Calabote”, e para que um número cada vez maior de pessoas fique a conhecer o que era o futebol português do antigamente, o ‘Reflexão Portista’ irá publicar uma série de artigos sobre este caso em que, para além dos penalties e da habitual discussão à volta dos minutos de compensação dados por Calabote no Benfica-CUF, iremos abordar os antecedentes, as decisões da FPF, o comportamento de jogadores e treinadores, o relacionamento entre clubes e as reacções dos jornais.
Nota: Este e os restantes artigos são baseados em fontes consultáveis e devidamente identificadas. No caso de algum dos nomes, datas, factos ou citações estarem incorrectos, agradeço a devida correcção através da caixa de comentários ou do e-mail do blog.
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I. A trajectória da bola e as decisões da FPF
Época 1958/59. Após 18 jogos o SLB ia na liderança do campeonato, com o Belenenses em 2º lugar a três pontos e o FC Porto em terceiro a quatro pontos de distância.
No dia 1 de Fevereiro de 1959 disputava-se a 19ª jornada e o SLB tinha uma difícil deslocação ao Restelo, a casa do seu perseguidor mais directo. A expectativa era grande, porque uma vitória dos azuis deixá-los-ia a apenas um ponto dos encarnados (na altura a vitória valia 2 pontos) e relançaria o campeonato a sete jornadas do fim.
«Entre belenenses e benfiquistas ocorreu, no jogo do Restelo, um caso invulgar. Costa Pereira não deteve uma bola, na marcação de um canto, que, muito escorregadia (o desafio foi disputado numa tarde de chuva cinzenta), se lhe escapou para dentro da baliza. O árbitro, Macedo Pires, não considerou o golo, mandando marcar pontapé de baliza. É que, na sua opinião, a bola descrevera um arco ao sair do canto, ultrapassara a linha de cabeceira e voltara ao campo, dando azo a um lance pouco vulgar.»
in 'Glória e Vida de Três Gigantes', A BOLA
«Fernando Vaz, treinador dos «azuis», considerou que dois erros do árbitro tinham decidido o campeão. Mas, se o árbitro dizia ter visto a bola sair pela linha de cabeceira, reentrar em campo e cair depois da estranha viagem dentro da baliza do Benfica, nada a fazer!»
in 'Glória e Vida de Três Gigantes', A BOLA
Reparem bem, segundo o árbitro Abel Macedo Pires (AF Lisboa), após Matateu ter marcado o canto, a bola descreveu um arco ultrapassando completamente a linha de cabeceira, voltou a entrar no campo e, desafiando todas as leis da Física, foi parar ao fundo da baliza do Benfica!
Não acreditam?
Pois é verdade, naquele tempo aconteciam coisas destas...
Perante tamanho escândalo, que deixou o país desportivo incrédulo, o ‘SPORT ilustrado’ ironizou com a situação e cerca de uma semana depois publicou um esquema em que tudo está “perfeitamente explicado”:
A trajectória mirabolante do canto de Matateu (clique na imagem para a ampliar)
«Conversa de todos os dias desde há mais de uma semana. Foi golo; não foi golo; a bola passou assim; a bola não saiu; a bola fez um "S"; a bola descreveu uma curva; o árbitro apitou; não apitou; abriu os braços; mas estava atento; não estava; estava – irra... que é demais!
Para acabar com tanta discussão o nosso colaborador gráfico Manuel Vieira fez a montagem da presente página indo ao local do crime fazer a foto e tracejando a seguir a trajectória da bola desde o pontapé de canto de Matateu (que não estava lá) até entrar nas redes de Costa Pereira (que também não estava lá).
Como se vê pelo tracejado, o esférico tomou a direcção de Almada, contornando o magnífico monumento que ali se ergue, voltou ao Restelo e entrou nas redes.
Entretanto, o árbitro Macedo Pires – que, também não se vê na foto, nem se pode ver, pois está proibido de pisar campos de futebol – apitara (mais ou menos quando a bola se cruzava com um cacilheiro) e o golo não contou, nem pode contar.
Mais nada!»
in "SPORT ilustrado", Fevereiro de 1959
Com o árbitro a invalidar o golo marcado por Matateu a três minutos do final do jogo, o desafio terminou empatado (0-0), para enorme alegria dos encarnados que mantinham a distância para o seu principal rival dessa altura.
Revoltado, o Belenenses protestou o jogo mas, apesar das evidências, o Conselho Técnico da Federação indeferiu o protesto. Mesmo sabendo que a probabilidade de ganharem o recurso era muito reduzida (não havia memória de uma decisão do Conselho Técnico ser contrariada), os azuis de Belém recorreram para o Conselho Jurisdicional da FPF.
A trajectória da bola (fonte: Sport Ilustrado, Fevereiro de 1959)
Entretanto o campeonato continuou e na penúltima jornada o Benfica foi a Alvalade, sendo derrotado por 1-2.
Devido a este resultado e à recuperação que o FC Porto (treinado por Bella Guttmann) tinha feito, encarnados e azuis-e-brancos entrariam na última jornada com os mesmos pontos, mas com vantagem dos portistas na diferença de golos.
Contudo, quando já ninguém o esperava, mais um golpe de teatro com origem na Federação. O Conselho Jurisdicional da FPF decidiu contrariar a decisão do Conselho Técnico e dar provimento ao recurso do Belenenses, mandando repetir o Belenenses-Benfica.
Ora, se no início de Fevereiro o Belenenses era o principal rival do SLB na disputa para o título, nesta altura já nada podia lucrar com a repetição do jogo. Era 3º classificado e nem com uma vitória poderia chegar ao título.
Pelo contrário, o SLB que aquando do protesto do Belenenses tudo fez para evitar a repetição do jogo, tinha agora todo o interesse na repetição do mesmo, porque uma vitória permitiria que entrasse na derradeira jornada com mais um ponto que o FC Porto.
Há 50 anos como agora, vê-se para que lado e ao sabor de que interesses pendiam as decisões dos órgãos da Federação.
Quarta-feira, 19 de Março de 1959, foi o dia marcado pela FPF para a repetição do Belenenses-Benfica. A classificação era a seguinte:
1º FC Porto, 25 jogos, 39 pts. (78-22)
2º Benfica, 24 jogos, 38 pts. (70-18)
3º Belenenses, 24 jogos, 35 pts. (62-25)
4º Sporting, 25 jogos, 31 pts. (49-26)
«Imagine-se o que foi a repetição do encontro. O Belenenses já só estava relativamente interessado; os jogadores do F. C. Porto, nas bancadas, sofrendo a bom sofrer; o Benfica lutando para tirar partido daqueles 90 minutos suplementares, que tanto havia contrariado e, agora, davam tanto jeito...»
in 'Glória e Vida de Três Gigantes', A BOLA
O jogo terminou empatado (1-1), resultado feito ainda na primeira parte.
Assim, à entrada da 26ª e última jornada do campeonato 1958/59, a classificação era a seguinte:
1º FC Porto, 25 jogos, 39 pts. (78-22)
2º Benfica, 25 jogos, 39 pts. (71-19)
(continua: ‘A pouco inocente nomeação de Calabote’)
Fontes:
[1] 'Glória e Vida de Três Gigantes', A BOLA, 1995
[2] António Tadeia, O Jogo, Dezembro de 2007
[3] ‘Blog do Belenenses’, Janeiro de 2008
[4] ‘Belenenses Ilustrado’, Setembro de 2008
Fotos: ‘Belenenses Ilustrado’, ‘Blog do Belenenses’
Boa iniciativa, Zé Correia.
ResponderEliminarÉ um servço público que só os obstinados pela verdade procuram alcançar: a serenidade pelo conhecimento.
Depois do CSI: CALABOTE SOB INVESTIGAÇÃO, do nosso confrade Pobo do Norte (Maio de 2008), este mais detalhado "crono" do que então se passou há quase 50 anos tirará de vez a poeira da história e o bafio do tempo em que se envolvem certos personagens.
É curioso que, por leituras atravessadas, também cheguei a esse blogue benfiquista, alertado pelo título que leva o nome do ex-árbitro, falecido, dizem que infeliz e miserável, mais uma peça na engrenagem que era servir o regime e o clube do Estado.
As alarvidades que lá se lêem - e não conheço o tal Pedro Fonseca, nem vejo o Porto Canal por ter outra rede de cabo -- são de uma enormidade fantasiosa, típica da agremiação bafienta a que se colaram os tiques salazarentos que, infelizmente, no século XXI ainda a fazem, como dantes, o clube do regime.
Por lá aproveitei, sem me chocar mas escandalizado com a iliteracia reinante nauela favela de comentários, para esclarecer algumas coisas e aconselhar a leitura do dossier CSI do Pobo do Norte. Para lhes poupar trabalho, porque estas coisas de ler e compreender são difíceis e nem na escola ensinam hoje os meninos a fazer esse esforço, adiantei os excertos mais significativos.
Gozaram. Os pobres de espírito gozaram com a sua ignorância perene, encolhidos na sua frustração de verem o Porto agigantar-se sem o deterem.
Vu seguir com mais atenção ainda este dossier, tendo já o CSI gravado em ormato pdf que o Pobo do Norte fez justamente como documento imperdível.
Há ainda, lembro-me bem de as ler, declarações do Manuel Oliveira, não o cineasta mas o treinador de futebol, homem do sul, antiportista seguro, que em entrevistas a A Bola e a Record asseverou que o Benfica-CUF teve tanto de anormal com Inocêncio alabote como de invulgar por o g-r- Gama, da CUF, ser substituído por reclamação dos colegas de equipa.
Para já, bom começo com os resuqícios desse Belenenses-Benfica anulado, pois esse pormenor do que se tinha passado não conhecia. E muita piada teve a ilustração referida com o percurso da bola pelo Cristo-Rei. Para o tempo, não estava mal pensado e até passou a censura!
Caro Sr:
ResponderEliminarmuito bem escrito!
é preciso que estas novas gerações saibam como se fez a historia do benfica.
é um historia cheias de roubos e atropelos para chegar ao primeiro lugar.
existem muitos"calabotes" existem muitos "chines" existem muitos "manacas" a marcar golos da propria baliza para dar o titulo ao seu clube.
E preciso que existam mais pessoas como o sr que denunciem e que exponham a pouca vergonha que se passava com os benificios dos clubes da capital.
Zé Luis disse...
ResponderEliminar«Depois do CSI: CALABOTE SOB INVESTIGAÇÃO, do nosso confrade Pobo do Norte (Maio de 2008)»
Confesso que não sou um leitor habitual do blog 'Pobo do Norte', mas fui dar uma vista de olhos ao 'CSI: Calabote Sob Investigação' e está um documento muito completo. O mais completo que vi até hoje.
Será, sem dúvida, uma referência muito útil que irei usar a partir do 3º artigo da série que irei publicar.
A ideia é construir um dossier o mais completo possível, que possa ser lido, usado e melhorado por qualquer pessoa que queira realmente conhecer os contornos que envolveram aquilo que ficou conhecido como o "Caso Calabote".
Zé Luis disse...
ResponderEliminar«Há ainda, lembro-me bem de as ler, declarações do Manuel Oliveira, não o cineasta mas o treinador de futebol, homem do sul, antiportista seguro, que em entrevistas a A Bola e ao Record asseverou que o Benfica-CUF teve tanto de anormal com Inocêncio Calabote como de invulgar por o g-r- Gama, da CUF, ser substituído por reclamação dos colegas de equipa.»
Conheço as declarações do Manuel de Oliveira, nomeadamente as que fez ao jornal RECORD de 23/01/2006.
Aliás, digitalizei parte do jornal e tanto as imagens como as declarações foram utilizadas num artigo sobre o Inocêncio Calabote, que publiquei há quase um ano atrás (em 6 de Fevereiro de 2008).
Zé Luis disse...
ResponderEliminar«Para já, bom começo com os resquícios desse Belenenses-Benfica anulado, pois esse pormenor do que se tinha passado não conhecia. E muita piada teve a ilustração referida com o percurso da bola pelo Cristo-Rei. Para o tempo, não estava mal pensado e até passou a censura!»
Nas últimas semanas aproveitei parte dos meus tempos livres para fazer umas pesquisas acerca do caso Calabote e de tudo aquilo que o rodeou (que é muitíssimo mais que os penalties e os minutos de prolongamento do Benfica-CUF).
Sinceramente, apesar de ter um conhecimento razoável do que se passava no futebol "puro e limpo" do antigamente, eu próprio fiquei surpreendido com algumas das coisas que descobri.
São coisas como a trajectória mirabolante do canto de Matateu e as decisões subsequentes da FPF, algumas das quais para mim são novidade, e que irei dando a conhecer nos próximos artigos.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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ResponderEliminarCésar disse...
ResponderEliminar«Meu caro Zé Correia, e já que está numa fase de se cultivar com conhecimento, e também de instrospecção, poderia também dar uma vista de olhos sobre mais matérias, nomeadamente sobre perpectivas visuais. A qualidade do seu blog agradece...»
Se quer comentar ou contestar os factos, nomes, datas ou citações que constam deste ou de outros artigos, pode fazê-lo sem problemas.
Se o que pretende é mandar umas bocas já lhe disse e repito tem N blogues benfiquistas onde o pode fazer à vontade.
Copiei :
ResponderEliminarO branqueamento
Hoje em dia são outros os protagonistas,mas a cultura da agremiação é a mesma.
Vale-lhes a impunidade com que passeiam no futebol e na sociedade portuguesa.
Esta ficção é uma visão perfeita do pântano em que a descarada C. Social se movimenta no sentido de guindar por meios obscuros o clube do regime da "outra senhora" que perdeu, desde o derrube do mesmo, a capacidade de se manter na elite do futebol Nacional e Internacional.
"Imaginemos, um clássico à 23ª jornada no Estádio do Dragão.
Intervenientes FC Porto – SL Benfica.O Benfica estava em 1º lugar com a diferença de um ponto. Foi nomeado um árbitro internacional, da Associação de árbitros do Porto, e, pura coincidência, filiado no Futebol Clube do Porto. Vamos chamá-lo de Sr. José Fruta.Aos 81 minutos, com a equipa da casa a perder por um a zero, um livre contra o visitante. A bola é centrada e um defesa central do FCP cabeceia. A mesma bate no poste, ressalta no peito de um homem do meio-campo do Benfica e entra na baliza. O árbitro valida o jogo mas o comentador de serviço da SPORTTV, o insuspeito Sr. Sobral, adianta de imediato que o central do Porto estava fora de jogo. Passam pelo menos, 4 repetições, de ângulos diferentes onde se nota o adiantamento do mesmo. O jogo termina empatado.Nessa mesma noite o programa de desporto da TVI abre com as mesmas repetições do escândaloso roubo que o glorigozo sofreu. São mais de 5 minutos do prime-time onde o assunto é dissecado até ao mais infímo pormenor e apelidado de “Roubo do Século”.Na manhã seguinte A BOLA tem, na sua primeira página e encabeçada por um título em letras garrafais e vermelhas de “Roubo de Igreja”, uma foto onde se vê o central do Porto em claro fora de jogo.A escritora de serviço, inspirada por este trágico acontecimento, inicia um rascunho que mais tarde será conhecido por “Eu Creolina – parte 2 e um terço”.O Sr. Filipe, aka Orelhas, pede, com caracter de urgência, uma audiência ao Exmo. Sr. Ministro do Desporto. Tem consigo um dvd, pirata e comprado na Feira local, com provas irrefutáveis. Pede a anulação do jogo e a imediata descida de divisão do adversário.O Sr. Veiga, que ainda estava no activo, rasga o seu cartão de sócio do FCP e brada, a todos os ventos, que o árbitro tem que ser colocado na prateleira.A Exma. Sra. Assistente Procuradora Geral, carrega no botão vermelho, despoletando a saída de 4 brigadas anti-corrupção com o intuito de deter e interrogar todo e qualquer prevaricador envolvido neste escândalo. As equipes de escuta analisam todas as conversas telefónicas relacionadas com os intervenientes e conseguem descobrir uma onde o Sr. João Fruta comentava algo tipo “a fruta estava boa” com o Sr. Joaquim que era o merceeiro do supermercado da esquina. Foi também interceptada uma encomenda online feita pelo Sr. João Fruta ao Continente onde pedia 2 kgs de bananas da Madeira, 3 kgs de maça golden, 1 kg de morangos importados de Espanha e 1 kg de mangas do Brasil. Foi considerada suspeita devido à grande quantidade de fruta encomendada assim como a sua proveniência.Não sabendo ainda de como isto pode terminar cumpre ainda fazer alguns reparos. Existiram 8 cartões amarelos: 6 para os visitantes e 2 para a equipa da casa (onde eram todos bons rapazes). Dois dos jogadores dos visitantes lesionaram-se sózinhos ficando impedidos de jogar nas próximas duas jornadas.
Serviço público da mais alta valia, caro José Correia. Isto devia estar no Plano Nacional de Leitura :)
ResponderEliminarAgora s a sério, é muito importante que a palhaçada que foi o nosso futebol nos tempos da outra senhora seja denunciada e recordada. É que há sempre idiotas como o APV, Searas e outros que tais (falo só dos que têm notoriedade, não de algumas amebas que escrevem em blogues lampiónicos) que insistem em tentar branquear este passado vergonhoso. Também eu gostava de ter paciência e abnegação para fazer algumas investigações e recolher material sobre episódios de que não guardo nenhum registo, desde a viagem à China do Mário Luís a toda a série de poucas vergonhas que presenciámos no campeonato de há 4 anos.
Um abraço
Permitam a intrusão de um lampião, mas vou tentar fazer a análise do que tenho recolhido:
ResponderEliminar1º - Parabéns, a composição do artigo está coerente e com argumentação sustentada, tendo em conta que o texto serve um propósito, devo dizer que a construção é excelente. Mais uma vez, parabéns.
2º - Como em tudo, as opiniões são diferentes segundo o prisma. Eu, pessoalmente, prefiro a verdade. E como tal, fiz o que qualquer pessoa deve fazer: ler visões azuis e encarnadas do caso do Calabote. A conclusão a que eu chego é que a verdade não mora propriamente em lado nenhum. Isto é, os dados fornecidos são tão diferentes que algures no meio estará o que realmente aconteceu. Mas o que realmente fica para a posteridade foi um caso que envergonha uma classe que devia ser isenta e que, até hoje, esta história será sempre usada, por ambos os lados da barricada.
Concluo portanto que não aceito a visão portista, mas também não aceito a visão benfiquista. Creio que se poderia falar de branqueamento de ambos os lados segundo os interesses. Em todo o caso, tenho que dar os parabéns porque o artigo está redigido de uma forma excelente. Os meus mais sinceros parabéns e boa sorte para o FCP nas competições europeias!
Caríssimos:
ResponderEliminarEstou a escrever sobre este caso (Belenenses-Benfica) mais de um ano depois da sua publicação neste blog. E faço-o porquê? Por causa desta polémica da bola que saiu e voltou a entrar dentro do campo. Efectivamente assim foi. Eu e meu pai assistimos a este jogo. Ao tempo, eu tinha nove anos e naquela tarde chuvosa, eu e meu pai ficámos de pé a ver o jogo na bancada nascente (do lado da Rua dos Jerónimos) mesmo no enfiamento da linha de cabeceira e, de facto, quando o Matateu bateu a bola, do lado direito da baliza sul da forma como atacava o Belenenses, ou seja do lado contrário onde eu me encontrava, fê-lo com o seu pé direito e a bola saiu e voltou a entrar dentro do campo, descrevendo um arco. A maioria das pessoas presentes no campo não se apercebeu dessa situação, pois só quem estava onde eu e meu estávamos é que o poderia assim dizer e corroborar. O mais inexplicável foi a forma como o Costa dos Frangos, como era conhecido, deixou escapar a bola para dentro da baliza, pois estava sozinho e sem ninguém a estorvá-lo. Aqui deixo o meu testemenho deste caso. O árbitro decidiu bem, mesmo muito bem, pois a bola saiu mesmo. Este comentário faço-o com todo o gosto, pois a verdade deve ser dita e bem dita ou "bendita", como se quiser entender. Deixo ainda a nota que sou adepto e sócio do Belenenses há 53 anos, pois na altura em que este facto se passou já era adepto e sócio do clube do Restelo.
Quanto ao caso do Inocêncio Calabote lembro-me bem dele, mas pouco ou nada mais sei, pois não assisti ao jogo SLB-CUF, embora me lembre que a CUF ao intervalo mudou de guarda redes, tendo entrado o José Maria e saído o Gama, que no ano seguinte já não jogou na CUF. Disse-se que o Gama estava "feito" com o Benfica. Disse-se e disse-se. É tudo o que sei...
Cumprimentos,
Alexandre Reis