E depois do tetra vem Jesus?

Há uma tendência para a notícia andar sempre mais perto da desgraça. Qualquer gripe rapidamente se transforma numa pandemia, qualquer derrota numa crise à vista. O FCP habituou-nos às vitórias que passaram a fazer parte do ADN do clube.

As festas repetem-se e a liturgia não difere muito de ano para ano. Comemorámos com os jogadores no Dragão e reforçámos - também dessa maneira - o orgulho de pertencermos a uma instituição que contra ventos e marés vai construindo um património desportivo de fazer inveja. E faz! Estamos tão habituados ao ódio que destilam e à forma insultuosa como desvalorizam os nossos sucessos que ficamos desconfiados quando alteram o registo.

O tempo de festa acabou, agora é o momento de saborear mais esta vitória com calmo prazer. As euforias já eram. O inimigo principal está encostado às cordas a lamber as feridas. Tudo lhe saiu o mal e o dream team II jaz morto e apodrece sob o choro das carpideiras de costume.

Vem aí a taça e a possibilidade da dobradinha. JF tem nesse jogo um novo desafio, se bem que o seu principal adversário seja neste momento Jorge Jesus que parece merecer a preferência de PdC. O boato corre há muitos meses, logo a seguir à tremedeira que deu na equipa e que fragilizou o posicionamento do nosso treinador principal.

E essa, é a questão de momento. O silêncio é de oiro e PdC aos boatos disse nada. A época passada o nosso presidente surpreendeu-me, pois acreditei mesmo que JF poderia não continuar.

A equipa no último jogo pareceu avalizar a sua continuidade. Mas, esses gestos não são assim tão significativos. Pode ter sido uma manifestação de adeus, e na hora da despedida somos todos menos rudes e dá-nos para o sentimento.

JF fez um trabalho notável, mas parte desse mérito foi muito bem conduzido dialecticamente pelo professor, quando insistiu e sublimou “a equipa em construção” que só falhou quando falhou porque teve de passar por essa fase de aprendizagem. Passado com êxito o Cabo das Tormentas, a imagem terrível do Adamastor foi esquecida e passamos não só a ver a luz ao fundo do túnel como chegamos a acreditar na utopia de chegar à final da CL. E JF passou a ser não o operário coveiro, mas o mestre da construção.

O campeonato já cá mora e qualquer decisão de substituir o JF é de elevado risco. Vejo o SCB e atrai-me o seu modelo de jogo e a forma como JJ monta a equipa. Parece ser hábil e sagaz como António Oliveira, mas menos culto. Jaime Pacheco foi campeão nacional, fez do BFC uma “potência” nacional e depois foram só desastres. O princípio de Peter também dá nos treinadores: Octávio, Quinito, Manuel José, Couceiro e outros são prova disso.

JJ é uma incógnita. Será que o nosso Presidente vai esgotar esse filão, ou vai mesmo privilegiar o progresso na continuidade, tanto mais que JF refinou as suas qualidades e só tem razões para se sentir menos ameaçado e por isso mais confiante nos seus próprios recursos.O programa segue dentro de momentos. Tem a palavra PdC, o actual e futuro presidente do FCP. Resta-nos confiar na sua sagacidade.