sábado, 13 de junho de 2009

A fartura e o exemplo

É isso: estamos obesos de tanta fartura. Tetra campeões, óctuplos campeões de hóquei e campeões de andebol. Só o basquetebol nos traiu, numa época para recordar e não repetir. Com tanta vitória, tanto sucesso e mérito, pouco fica por dizer, salvo cantar as loas de costume, e ouvir os elogios que até os nossos adversários concedem de forma suspeita. Desconfio de tanta bondade.

Somos mestres na crítica e na intolerância quando as coisas não correm bem, e excessivamente eufóricos quando os ventos correm de feição. Então, no futebol somos todos especialistas e acertámos sempre em cheio, depois dos resultados conhecidos. Se há vitória e êxito tudo corre bem. Depois das derrotas, nomeadamente junto dos nossos principais rivais, não há desculpa. Recordo os tempos de Co que até teve direito a espera para lhe acertarem o passo, ou o período especialmente conturbado pós Mourinho.

Foram momentos complicados. A memória desses tempos – na minha opinião – confirmam que a direcção e particularmente o nosso presidente são âncoras importante dos bons como dos maus momentos. Apito Dourado, incluído.

Os portistas estão satisfeitos com o rendimento do seu clube, com o trabalho dos seus dirigentes e, apesar de bastante exigentes, renderam-se ao treinador. Seria uma estupidez pôr em causa a gestão da direcção e a competência do treinador, quando as coisas correm (tão) bem e até nas ocasiões particularmente difíceis conseguimos dar a volta por cima.

Mas, não nos enganemos: não há organizações perfeitas, não há treinadores infalíveis e equipas invencíveis. La Palisse não diria melhor. Porém, é sempre conveniente relembrar alguns lugares comuns, porque a situação financeira é complicada, a concessão de crédito pelas horas da morte e o mercado está em retracção.

Sabemos (FCP) que eles sabem (Barça, Lyon & Cia.) que temos activos valorosos e com procura, mas também sabemos que eles sabem que precisamos de vender uns quantos, como pão para a boca, para equilíbrio das nossas contas. Neste jogo em que ninguém quer perder, esperemos que todos possam ganhar. Se não for possível, que o FCP consiga atingir os encaixes financeiros de que carece, dentro de um nível satisfatório, como tem acontecido até agora, sem que a equipa perca o nível competitivo para discutir cá dentro e lá fora.

Já temos uma série de reforços garantidos, mas ainda faltará bastante para fixar qual vai ser a constituição do novo plantel. É o tempo de entradas e saídas e muito ainda faltará decidir, neste jogo de paciência que é exigido numa negociação. Para além disso, temos em carteira muitos excedentes que haverá que (re)colocar. Uma dor de cabeça que se repete e agrava.

Os Dragon Seat estão à venda e a receita de bilheteira é uma parte muito importante das receitas. Vai ser o primeiro sinal dos sócios relativamente à crise. Convém que a direcção não o esqueça: o dinheiro está caro e não é entendível que haja gastos sumptuários que devam ser evitados.


O FCP foi campeão. Um ano brilhante. A direcção da SAD - pela conquista do campeonato - fica com o direito a uma compensação variável, a partir de 1 de Julho de 2009, de 75% sobre o respectivo salário bruto. Não sei o que vão fazer a este propósito, mas era bom que soubessem dar o exemplo. Mais do que famintos de palavras, estamos sedentos de bons exemplos. Seria muito importante que a direcção da SAD usasse da máxima parcimónia na distribuição desse “direito” a si mesma.

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