domingo, 14 de junho de 2009
A máquina portista
«Um grupo reduzido de quadros, a maioria deles na fronteira dos 40 anos, uma paixão pelo clube a roçar a religião e uma fé inquebrantável na liderança de Pinto da Costa são os segredos da máquina de ganhar do FC Porto. (...)
Mais do que a lenda de tudo funcionar em circuito fechado, ou de um sem número de segredos mais ou menos bem guardados, o FC Porto é hoje uma organização direccionada unicamente para a vitória, em que a equipa profissional de futebol é cliente de uma estrutura encarregada de fornecer todos os produtos necessários à vitória, sejam eles a transferência de um jogador que reforce a equipa, a aquisição de uma nova máquina para o departamento médico, a contratação de uma ama que cuide de um filho de um jogador durante a noite para que o descanso do atleta não seja perturbado, ou até a existência de um director de cena para que nos jogos em casa tudo o que não tem a ver com o que se passa dentro das quatro linhas decorra como seguindo o guião de uma peça de teatro.
No Verão passado, a SAD do FC Porto anunciou, através de comunicado enviado à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), a contratação de Hulk. Na altura, a notícia só não passou despercebida porque o FC Porto estava disposto a pagar cinco milhões de euros por metade do passe de um desconhecido com nome de super-herói que jogava na longínqua e sem sex-appeal liga japonesa. Um campeonato depois, Hulk foi unanimemente considerado a revelação da Liga, contribuiu para mais um título e será seguramente uma das grandes transferências do clube depois de ajudar na conquista de mais alguns troféus.
Mas a história da contratação de Hulk começou dois anos antes, quando um dos mais importantes quadros do clube passava noites sucessivas a observar jogos dos campeonatos do Japão e da Coreia, à procura de um jogador oriental que pudesse integrar o plantel da equipa profissional, como titular, para permitir ao clube beneficiar das receitas geradas pela exposição do clube ao rico mercado do Extremo Oriente.
Esse jogador nunca chegou, mas foi no meio dessas sucessivas observações que foi detectado o talento de Hulk, enviado um emissário para o observar in loco e posteriormente assinado o contrato, depois de passar os sucessivos filtros do clube, processo completado ao fim de quase duas épocas desportivas.»
Francisco José Marques
in DN, 12/06/2009
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Não sei se os passos que conduziram à contratação do desconhecido Hulk foram exactamente assim, conforme nos é contado neste artigo assinado por Francisco José Marques. Se assim foi, em que parte deste "filme" entrou o empresário Juan Figger?
Contudo, a ser verdade, parece-me muito interessante que o FC Porto estivesse (ainda está?) à procura de um jogador oriental para, numa lógica semelhante a outros clubes europeus, aumentar a sua notoriedade em mercados como o coreano, o japonês ou o chinês. Evidentemente, uma estratégia deste género tem de ter outras vertentes e, nomeadamente, incluir digressões, transmissões televisivas (o contrato com a SportTv permite-o?) e um merchandising com canais de distribuição muito mais eficientes.
Neste domínio, penso que ainda há um longo caminho a percorrer em termos de promoção da marca FC Porto e do merchandising associado e, antes de ir para o Extremo Oriente, parece-me que se deveria olhar com muito mais atenção para o mercado da lusofonia e sul-americano.
Por exemplo, porque razão é que os jogos do FC Porto não são transmitidos para a Argentina e Uruguai? Com tantos internacionais desses países no plantel azul-e-branco, penso que na Argentina deverá haver algum interesse em ver a actuar jogadores como Lucho, Lisandro, Farias ou Mariano e no Uruguai em ver Cristian Rodriguez, Fucile ou Álvaro Pereira.
Mas voltando à "máquina", cuja eficácia operacional é por todos reconhecida, incluindo pelos adversários, o artigo não refere um dos aspectos lendários considerado mais importante: o sistema de vigilância activa sobre o comportamento dos jogadores, nomeadamente sobre os hábitos noctívagos que possam influenciar negativamente o respectivo rendimento desportivo.
É um mito, terá sido esquecimento, ou é algo que não ficava bem no artigo do DN?
Excelente abordagem do José Correia a uma "área de expansão" da marca FCP: os mercados internacionais, especialmente os asiaticos e o sul-americano, e, acrescentaria eu, também o norte-americano!
ResponderEliminarO exemplo actual dos fabulosos investimentos do Real Madrid provam exactamente isso: o crescimento do FCP tem que passar pela aposta nesses mercados!
Tenho a percepção que o FCP está a crescer imenso no estrangeiro. Por isso sorri quando, após a conquista deste último "Tetra", li e ouvi comentários minimizando o crescimento que o FCP estaria a ter apesar dos títulos obtidos!
Nestes tempos de "globalização" importa muito mais crescer a nível externo do que estar dependente apenas do reduzidíssimo mercado português!
As receitas de TV, publicidade, camisolas, etc. comandam neste momento o negócio e como em todas as outras actividades económicas, exportar é o futuro e a própria sobrevivência!
Só se tem conhecimento da força que o FCP já conseguiu no estrangeiro, quando se anda por lá e se conversa com os "locais".
Ainda muito recentemente alguém, em Itália, me deixou surpreendido ao desvalorizar o nosso "Tetra", como que considerando que somos demasiado grandes para a pequenez do nosso futebol! Isto é: no estrangeiro estão com os olhos em nós para ver o que fazemos a nível das competições internacionais!
PS: Também acho intrigante a "colaboração" do empresário Figer na contratação do Hulk, caso a sua descoberta tenha acontecido como relata o artigo do DN!