quarta-feira, 8 de julho de 2009
A melhor dupla de tango argentino
As saídas do Lucho e do Lisandro podem ser analisadas de diferentes pontos de vista.
Do ponto de vista do administrador financeiro da FC Porto SAD, o encaixe de 42 milhões de euros (e que pode chegar a 52 milhões, mediante o desempenho dos clubes compradores e dos jogadores nas próximas quatro épocas) é notável, nomeadamente se levarmos em conta o cenário de crise actual e a idade dos jogadores (particularmente a do Lucho).
Sejamos realistas. Há seis meses atrás, quem pensaria que neste defeso o FC Porto ia conseguir vender não um, mas dois jogadores, acima dos 20 milhões de euros?
Nesta linha de raciocínio, quero enaltecer a forma como a Administração da SAD conduziu as negociações destes dois jogadores, obrigando Marselha e Lyon a abrirem os cordões às bolsas e transformando estas compras em duas das transferências mais caras de sempre do futebol francês (a do Lisandro é apenas superada por Anelka, jogador comprado pelo Paris Saint-German em 2000 por 33.5 milhões de euros).
Ao fim de quatro anos de excelente rendimento desportivo, Lucho e Lisandro ainda proporcionaram uma mais-valia significativa (superior a 100% do seu custo) para os cofres da SAD. Chapeau!
Há, contudo, outras formas de olharmos para estas transferências.
Quantos médios da categoria do Lucho e avançados com versatilidade, raça e eficácia do Lisandro passaram pelo FC Porto nos últimos anos?
Mais. Para além da sua enorme valia individual formavam, juntamente com Bruno Alves, a coluna vertebral do FC Porto e uma das melhores duplas que já vi jogar no futebol português, só comparável às duplas Futre-Gomes e Drulovic-Jardel.
Quanto nos vai custar substitui-los?
Para já, a FC Porto SAD gastou 5 milhões de euros na contratação de Fernando Belluschi (50% do passe), o anunciado substituto de Lucho, e talvez Silvestre Varela ou Falcão (se for contratado) possam jogar no lugar do Lisandro.
Mas as maiores implicações serão desportivas. Por melhor que sejam as adaptações dos novos jogadores, nem daqui a um ano vai ser fácil atingir o nível de entendimento que existia na dupla Lucho-Lisandro, os quais já jogavam de olhos fechados, qual maravilhoso par argentino a deslizar sobre tapetes verdes dançando o tango.
Inclusivamente, não sei se Jesualdo não terá de rever o seu 4-3-3 baseado em transições rápidas, visto que Lucho e Lisandro eram interpretes fundamentais para este modelo de jogo.
Uma coisa para mim é certa, ninguém espere milagres, porque não é de um dia para o outro (nem em dois ou três meses) que uma alternativa válida para a dupla Lucho-Lisandro se consegue impor.
É bom que os adeptos portistas sejam exigentes, é mesmo uma das razões do nosso sucesso, mas não peçam ao Professor Jesualdo o impossível.
«O técnico do Marselha ainda não esqueceu a final da Liga dos Campeões, que perdeu contra o FC Porto, quando orientava o Mónaco. "Já na altura o FC Porto tinha inúmeros jogadores de qualidade, como Maniche, Deco, Carvalho, Derlei, Costinha, por exemplo. Hoje, o FC Porto continua a ser uma fábrica de bons jogadores. Trabalham imenso na prospecção e na formação e isso dá os seus frutos", comentou. Mas então há mais jogadores que gostava de lá ir buscar? Resposta diplomática: "Com certeza que têm bons jogadores no plantel, mas não nos podemos esquecer que vivemos num quadro económico que nos impede de realizar os nossos sonhos todos. O presidente do FC Porto sabe o que tem. É uma pessoa com 'metier', muita experiência, duro a negociar, mas não duvide que, se tivesse possibilidades, ia lá buscar mais alguns."»
ResponderEliminarin O JOGO, 08/07/2009
«A venda de Ibson ao Spartak, quase concretizada por valores próximos dos cinco milhões de euros, somada à cedência de Paulo Machado ao Toulouse, por 3,5 milhões, chegaria para que o FC Porto fosse o maior vendedor deste defeso nacional. Para ganhar mais que os outros, o FC Porto não necessitava de deflagrar as bombas Lucho e Lisandro, graças às quais somará o terceiro defeso acima dos 50 milhões em receitas extraordinárias nos últimos seis anos.
ResponderEliminarNesse caso, se os outros sobrevivem com menos, restam duas perguntas: porque vende o FC Porto? E para que vende o FC Porto? As respostas são de escolha múltipla e, ao contrário do que sucede nos testes americanos, todas as alíneas podem estar correctas.
O FC Porto vende, se não para reduzir o passivo ou encerrar exercícios com grandes lucros, pelo menos para manter as suas contas equilibradas gastando o que quer como quer (veja-se o desembaraço que mostra em casos como os de Falcao ou Álvaro Pereira, ou a manutenção de um vasto grupo de jogadores emprestados). O FC Porto vende porque, a partir de determinada altura, os seus jogadores querem conhecer outros mercados e pressionam para sair. O FC Porto vende porque, certamente, lá no fundo, os seus responsáveis encontrarão algum gozo nas tarefas de reconstrução que todos já experimentámos em jogos de gestão no computador. E, sobretudo, condenado a um mercado secundário como o nosso, o FC Porto vende porque pode. As vitórias dão nisto.»
António Tadeia
in O JOGO, 08/07/2009
Concordo com a analise mas estou desolado com a perca destes jogadores , então a raça do lisandro...só o tevez joga aquele nível de intensidade e de entrega.Vão para um campeonato de treta sem expressão a nível de liga dos campeões(Adoro quando nos sai equipas francesas) mas pagam salários que meu Deus é impossível recusar...
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente a análise, sobretudo o último parágrafo. De facto mesmo sendo exigentes como são os adeptos portistas, e muito bem, devemos manter os pés assentes na terra. Com a saída da dupla argentina, vai ser necessário reconstruir a equipa, e isso não se faz em pouco tempo. Com a excepção do Lucho, nenhum dos grandes jogadores do Porto, se impôs logo na primeira época.
ResponderEliminarConfio no entanto na sabedoria, já amplamente demonstrada, do mestre Jesualdo.
Eu também choro a perda da dupla. Mas também chorei por Futre, Rui Barros, F. Couto, S.Conceição, Jardel, Deco, Maniche (Oh, se chorei!) Costinha, Alenitchev, C. Alberto, Diego, Paulo Ferreira, Jorge Andrade, R. Carvalho, Derley, Nuno Valente, Anderson, Quaresma, Pepe, Bosingwa, Mac CarthY, Jorge Costa, Baía, Pedro Emanuel (este último por outras razões, como é sabido) e nem por isso deixámos de ganhar. Esqueçam o Deve/Haver, ou comprem acções e vão à Ass. Geral da SAD protestar contra a Administração, por estar a gerir mal. Queixam-se de barriga cheia, porque agora é moda dizer mal de tudo. Em tempos,P.da Costa disse que os sócios queriam comer sardinha e não tinham, e queixavam-se disso; quando passaram a comer lagosta, discutiam a qualidade da lagosta. Assim não se pode ser prior numa freguesia destas.
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