terça-feira, 14 de julho de 2009

Mudar...


Temo que Jesualdo acredite, convictamente, que o seu sistema de “transições rápidas” tenha mesmo sido o grande “segredo” do expressivo número de vitórias fora-de-portas, e consequente êxito global, obtido nas últimas temporadas (em especial na que agora terminou).

Tenho, para mim, que aquele mesmíssimo sistema táctico, com aquele mesmíssimo meio-campo (trinco-Meireles-Lucho), jamais teria obtido tão bons resultados se, na linha da frente, não tivéssemos contado com jogadores de categoria verdadeiramente superior como Quaresma (nas duas primeira épocas), Lisandro (em todas elas) e Hulk (na derradeira).

Eram estes quem, verdadeiramente, fazia a diferença. E apenas um só não chegava, para a coisa resultar em pleno tinham que estar dois deles, simultaneamente, em campo.

Com a saída (esta sim “dramática”) de Lisandro, algo terá que, obrigatoriamente, mudar naquele “clássico” esquema táctico (e plano único assumido) de Jesualdo. Sem ele, este 4-3-3 que tantas vitórias forasteiras nos deu, parece esgotado.

Receio é que o professor, crente incondicional no seu sistema (vencedor) dos últimos 3 anos, seja tentado a não dar o braço a torcer e queira mesmo fazer omeletas sem ovos, mantendo o “desenho” como até aqui. Pelo menos na parte inicial da nova época. Pelo menos até a realidade o fazer mudar de ideias.

Sem dúvida que o facto de termos sempre jogado, fora, com 3 médios que, inventem-se os nomes que se inventarem (de contenção, de transição, interiores, box-to-box), pouca vocação atacante possuíam, dava ao adversário a doce ilusão que seriam mesmo capazes de discutir o jogo-pelo-jogo, na sua própria casa, isto porque ali, mesmo à sua frente, viam o grande FCP, com uma estranha incapacidade de segurar a bola, até mesmo de “controlar” (no sentido clássico) a própria partida.
Ora, era esta tal ilusão que os liquidava, jogo após jogo, um após o outro. Apanhados em contra-pé, perdida a - fundamental - superioridade numérica junto da sua própria baliza, os nossos oponentes tombavam, mais cedo ou mais tarde, aos pés dos golpes rápidos, simples e práticos de um Lisandro ou Hulk.

É bem verdade que os nosso médios colocavam, de facto, a bola, o mais rapidamente possível, nos pés dos nossos avançados, mas era mesmo a arte, incomum, destes últimos quem verdadeiramente fazia a coisa funcionar na perfeição.

Fossem os nossos atacantes apenas “bonzitos” (como um Farias, como um Falcao?) jamais teríamos tido o sucesso que obtivemos. A bola até pode continuar a chegar “lá”, na mesma, nesta época que agora se inicia, mas sem a magia, o drible, a convicção, de um Lisandro ou Quaresma, a coisa dificilmente funcionará.

Muita gente, pelo contrário, tem colocado a ênfase no trabalho do meio-campo. Porém, mesmo a ser verdadeira esta discutível ideia (convenhamos que sempre foi mais fácil roubar a bola ao adversário e pô-la ao dispor do colega da frente do que marcar golos...), este tipo de médios que temos vindo a utilizar, coloca-nos problemas fatais e sem solução nos jogos em casa (por definição, 50% do total) onde, sem posse-de-bola, pouca meia-distância e nenhuma imaginação, raramente conseguimos criar grande número de chances, quanto mais batermos um Mancheter United, scp, slb ou mesmo um Braga).

Estar à espera de um qualquer erro do adversário, foi coisa que nunca resultou nos jogos mais complicados disputados no Dragão.

Jesualdo, deve pois adoptar um novo sistema de acordo com os (bons) jogadores que ainda restam, que no fundo são quem sempre dita qual a melhor forma de uma qualquer equipa se estender em campo.
Faltam alas para pontas-de-lança como Farias ou Falcao? Bem, foi o nosso treinador quem achou que Reyes não fazia falta. Tarik, idem. Candeias e Vieirinha também podiam ter tido uma chance. Ele lá saberá...

Para baralhar ainda mais estas contas todas, temos ainda que tentar entender quem é, afinal, o verdadeiro Cristian Rodriguez: se aquele que jogava pouco mas marcava muito, da primeira metade do último campeonato, se aquele que jogava mais e melhor mas que não acertava tantas vezes com o fundo da baliza, dos últimos meses.
Pode até ser que seja uma mescla dos dois ou mesmo nenhum deles...

Muita coisa ainda em aberto, pois. Muito cedo ainda para se aceitarem palpites. Mais do que há um ano atrás, agora sim é que virá mesmo, por aí, uma nova “era” no nosso clube.

Dentro do campo, entenda-se.

7 comentários:

  1. Sem concordar com alguns dos aspectos referidos pelo Luis Carvalho neste artigo, também penso que as saídas do Lisandro e do Lucho poderão obrigar Jesualdo Ferreira a repensar o seu 4-3-3 baseado em transições rápidas.
    Contudo, falta-me ver jogar os novos jogadores – Belluschi e os que ainda vão chegar para o meio-campo e ataque – para poder aprofundar a minha opinião sobre este assunto.

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  2. Mais do que quem vai chegar acho que muito da nova época vai depender da explosão de Hulk e Rodriguez, e da afirmação total de R.Meireles.

    Mas a confirmar-se a contratação de Valeri está dado um sinal que a equipa vai ter mais médios disponiveis o que pode indicar um principio de mudança. Ainda mais quando Valeri é um tipico número 10.

    Algo me diz que vamos ter surpresas nos jogadores a chegar, mais se o B.Alves sempre sair.

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  3. Atenção que na primeiras 2 época do Jesualdo não jogávamos com o modelo do ano passado.

    Jogávamos com um 4x3x3 puro, com o Lisandro e o Quaresma nas alas na 1ª época, e o Tarik e o Quaresma nas alas na 2ª época.

    Se há coisa que elogio no Jesualdo, foi na época passada ter sabido adaptar-se aos jogadores que tinha.

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  4. creio que Jesualdo vai mudar o esquema. os dados são diferentes, a matéria-prima é nova e não creio que tenhamos jogadores para o 4-3-3 funcionar como funcionava antes. já na época passada JF tentou mudar um pouco a forma de jogar devido à lesão de Lucho, e agora penso que vai mesmo apostar noutro esquema. amanhã saberemos mais...

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  5. Concordo com o Pacheco.
    No ano passado, e talvez pela saída do Quaresma o Porto apresentava varios esquemas durante uma partida.
    Ora o 4-5-1 quando defendia.
    E quando atacava, transformava-se num 4-4-2, com Hulk e Licha ao centro, Lucho pela direita e Rodriguez pela esquerda.
    Foi assim em Old Traford.

    http://carregaporto.blogspot.com/

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  6. O Diego Valeri é mesmo aquilo a que agora se chama "um número 10" (não deixa de ser curioso que, agora que os jogadores não são numerados de 1 a 11, é que se lembraram destas classificações)? É que, se é, isso poderá ser mesmo indício de mudança de estilo de jogo da equipa. Mas eu não me lembro de ver uma equipa do prof. Jesualdo a ter um jogo elaborado, quase dizia "mastigado", pelo que acho que tal mudança seria nele atípica.

    O raciocínio essencial deste artigo tem muita sustentação. Tivemos inúmeros jogos no Dragão na época passada em que não levámos de vencida adversários mais ou menos fechados por carecermos de alguém no meio campo que usasse "saca-rolhas". E por, nesses dias, os nossos prolíficos avançados não estarem inspirados.
    Mas pode ser que o Falcao esteja ao nível do Lisandro em capacidade de concretização.

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  7. Parece-me evidente que a equipa terá necessariamente de fazer alguns reajustamentos. Sairam jogadores fundamentais e não existem substituições perfeitas. A ciência está em adoptar um modelo de jogo que permita extrair o máximo rendimento dos jogadores disponíveis. Pessoalmente tenho plena confiança no treinador, que, já a época passada fez exactamente isso mesmo, com os resultados que se conhecem.

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