segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A palestra de Fernando Gomes na EGP


Na passada sexta-feira, dia 13 de Novembro, Fernando Gomes foi convidado para uma palestra inserida na pós-graduação do curso de "Gestão do desporto profissional" da EGP - University Business School. Num ambiente diferente das assembleias gerais da SAD ou do clube, o administrador do FC Porto respondeu a várias perguntas e fez um conjunto de afirmações interessantes.

"[o sucesso desportivo continuado do FC Porto, sobretudo a nível internacional] é um autêntico milagre".

Para concretizar o fosso que separa Portugal de países como a Inglaterra e a Espanha, Fernando Gomes serviu-se de um quadro comparativo das receitas: Manchester United (324 milhões de euros), Barcelona (308), Bayern Munique (295), Chelsea (268), Arsenal (264), Liverpool (210), Villarreal (68) e FC Porto (54).

"O FC Porto está num mercado parco. Tem apenas 10 ou 12 por cento da capacidade de gerar receitas nos mercados em que está envolvido. Mas, ao mesmo tempo, compete ao mesmo nível em aspectos como a aquisição de jogadores."

"O Keirrison [agora com 20 anos] foi referenciado há dois anos, mas os valores eram incomportáveis. Acabou por ir para o Barcelona, por 14 milhões de euros, com encargos de um milhão de euros por ano. Não tivemos capacidade financeira para competir com o Barcelona."

"Lisandro foi ganhar três mihões de euros para o Lyon".

Na resposta a perguntas da plateia, Fernando Gomes considerou interessantes, mas quase inviáveis uma liga ibérica ou uma liga europeia de clubes.

"[a integração do FC Porto, Benfica e Sporting num potencial campeonato ibérico] Seria aliciante, do ponto de vista de receitas, mas há regras extremamente restritivas a esse respeito no futebol europeu. Ainda recentemente não foi permitida a entrada dos escoceses do Celtic e do Rangers na Premier League."

"O Real Madrid recebe, por ano, 135 milhões de euros, só de direitos televisivos. O Barcelona 125 milhões e o FC Porto nove. Do ponto de vista de mercado, seria muito interessante, mas isso provocaria a diminuição da competição em Portugal".

Quanto à possibilidade de o FC Porto competir numa Liga europeia, foi descrita como "inviável", até porque a UEFA respondeu com o reforço de prémios da Champions. "A oportunidade surgiu em 1998, mas esse tempo já passou. A melhoria das receitas por parte da UEFA tornou quase impeditivo os grandes clubes de darem esse passo".

"Apesar das inúmeras presenças na Liga dos Campeões, o FC Porto tem direito a fatias do market pool muito inferiores a clubes holandeses ou turcos, por exemplo."

"O nosso sucesso passa por antecipar e conquistar os jogadores através da projecção que os atletas ganham no FC Porto"

"O FC Porto é um case study europeu", estatuto granjeado à custa de vários factores: "cuidadosa gestão, boa observação de jogadores e equipas competitivas". O fortalecimento da marca também conta. "Somos muito procurados".

A estratégia do FC Porto para o sucesso, segundo Fernando Gomes, é a seguinte: "profissionalização dos quadros; aposta no centro de treinos e no estádio novo; estratégia agressiva de investimento no plantel e planeamento a longo prazo". Boa parte do sucesso tem que ver com a "prospecção de jogadores e recolocação posterior com negócios altamente vantajosos".

Com um "passivo de 155 milhões de euros, sem contar com outro de 50 milhões relativos à EuroAntas" (detentora do estádio), Fernando Gomes referiu não ser importante o montante. "Os passivos não interessam para nada. Temos é de ter capacidade para gerar fluxos de maneira a pagar esses passivos".

8 comentários:

  1. "Os passivos não interessam para nada". Este deve ter-se formado na Indepedente, ao domingo, e por fax.

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  2. O passivo devia forçar um pouco mais de preocupação, é a minha opinião...

    Quanto ao resto:
    .Keirrison- Ainda bem que não o compramos.
    .Liga Ibérica- Dificilmente. Seria mais fácil uma Liga Europeia.

    Abraços

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  3. A estratégia do FC Porto para o sucesso, segundo Fernando Gomes, é a seguinte: "profissionalização dos quadros; aposta no centro de treinos e no estádio novo; estratégia agressiva de investimento no plantel e planeamento a longo prazo". Boa parte do sucesso tem que ver com a "prospecção de jogadores e recolocação posterior com negócios altamente vantajosos".

    Palavras muito vagas. A ideia que dá é que o Fernando Gomes nem sabe como é que o sucesso aconteceu.

    Profissionalização dos quadros, centros de treino e estádios novos todos os grandes clubes em Portugal já têm. O factor distintivo do FC Porto, quanto a mim, é sobretudo a "estratégia agressiva de investimento no plantel". Foi com base numa boa prospecção que se criaram grandes jogadores transferíveis por montantes muito elevados.

    No entanto uma estratégia agressiva comporta riscos elevados. E a assumpção de riscos exige rentabilidades mais elevadas. Não é uma rentabilidade de 7% ou 8% (recordo que o resultado líquido foi de APENAS 5 milhões de euros) que compensa os riscos elevados que estamos a assumir. Há um descontrolo nos FSE's que impossibilita a obtenção de rentabilidades consentâneas com o nível de risco assumido. E este é o "milagre" que o Dr. Fernando Gomes poderia (deveria) ter explicado.

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  4. "Os passivos não interessam para nada"

    Esta frase era, curiosamente, muito utilizada por um user que andava a fazer spin num conhecido fórum que só aceita as opiniões da carneirada que dá ossanas à gestão da SAD.

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  5. Andava e anda! É um tal de K. e como em terra de cegos quem tem um olho é rei, tudo o que ele ali blatera é lido com reverência!

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  6. "Os passivos não interessam para nada"

    Lamentável que esta afirmação tenha sido feita numa escola superior de gestão!!!!

    Claro que a mensagem não é dirigida aos estudantes e docentes daquela escola superior...
    O Dr. Fernando Gomes, que tirou o curso numa das mais prestigiadas escolas de economia deste País, a Faculdade de Economia do Porto, fica muito mal na fotografia...
    Será já nervosismo pela perpectiva de resultados desportivos que poderão abalar fortemente os proximos resultados financeiros?
    Fico preocupado...

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  7. "(...) Procuram esses oportunistas conquistar, a todo o custo, as honras e mordomias com que sempre sonharam mas que, à falta de carácter e de competência, só seriam possíveis com o recurso ao tráfico de influências. Em vez de servirem o clube, que dizem amar desde pequeninos, o que eles procuram é servirem-se a si próprios, utilizando intrigas, traições e doses maciças de bajulação, com palmadinhas nas costas, à esquerda e à direita, sem olhar a meios para alcaçar os fins.
    Sabe-se hoje que essa fauna abominável utiliza métodos que constam da cartilha de alguns pseudo agentes e empresários, especialistas em fazer chegar à comunicação social nomes de jogadores e treinadores, pretensamente desejados e aliciados para representarem determinados clubes. O processo foi alargado a alguns candidatos a 'dirigentes de topo' que se desdobram em pífias acções de marketing. É uma facto que são experts nesse tipo de comunicação mas, quanto ao resto, já sabemos que, até hoje, apenas coleccionaram flops. Mesmo quando conseguem 'encostar-se' habilidosamente a quem se presta a servir-lhes de 'bengala'. Como sempre fizeram e farão até que alguém tenha a coragem para os desmascarar.(...)"
    (artur agostinho, 'fintas & dribles' no 'record')

    "(...) É evidente que há outros jornais menos dados ao livre pensamento. Com opinadores dispostos a escreverem o que lhes bufam algumas agências de comunicação e mesmo a tolerar a participação promíscua em sociedades cujo negócio é pura e simplesmente condicionar os jornalista e manipular as notícias. (...)"
    (alexandre pais, 'minuto 0', também no 'record')

    no mesmo pasquim que dá o di maria como certo no futebol ingles por 40 milhoes em Janeiro

    uma palavra apenas:
    LOL

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  8. Antes de apresentar o empréstimo obrigacionista, Fernando Gomes esclareceu um ponto sobre o passivo da SAD portista. "Muitas vezes faz-se um cavalo de batalha sobre isso. O que tenho dito, e reafirmo, é que tão ou mais importante do que o valor global do passivo é saber da qualificação desse passivo, se é a médio ou longo prazo, e qual a capacidade que a sociedade tem de o solver", referiu. Nessa perspectiva, garantiu que o FC Porto tem "capacidade para solver" o seu. O rácio do "net debt ebitda", equação financeira usada neste casos, e que, em função dos rendimentos, calcula quantas vezes ou quantos anos seriam precisos para pagar/amortizar a dívida financeira líquida da empresa, no FC Porto é de 2,21. No Sporting é de 10,7 e no Benfica de -20,81, segundo estimativas ontem mostradas. Este rácio é calculado através da divisão entre a dívida financeira líquida e o EBITDA (os resultados antes de impostos, resultados financeiros, amortizações e provisões). No caso do FC Porto as contas são estas: dívida de 84,089 milhões de euros e o EBITDA de M€ 38,1. No Sporting a dívida financeira líquida é de 43,34 milhões e o EBITDA de 4,05. No Benfica, a dívida sobe para 106,618 e o EBITDA é de -5,124.

    in O JOGO, 19/11/2009

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