Numa tarde de sábado de Junho de 1966 em Old Trafford, Manchester, Alberto Festa, capitão do F.C. Porto, escreveu um importante capítulo na História do clube: tornou-se o seu primeiro jogador a alinhar numa partida do Campeonato do Mundo, mais precisamente contra a Bulgária, num jogo que Portugal venceria por 3-0.
Era o segundo jogo da selecção nacional, tendo Festa sido preterido no primeiro, contra a Hungria, a favor do sportinguista João Morais, um jogador tornado célebre pelo canto directo com que dera a vitória ao seu clube dois anos antes na finalíssima da Taça das Taças, contra o MTK de Budapeste. Festa e Morais repartiriam "irmamente" os jogos nesse Mundial, tendo cada um disputado três. Na fase de qualificação Festa jogara cinco das seis partidas. Era claramente o melhor defesa-direito português, mas isto de ter um concorrente de um clube de Lisboa tinha muito que se lhe dissesse...
Alberto Festa nasceu em Santo Tirso em 1939 e jogara primeiramente no Tirsense. Veio para o F.C. Porto em 1961/62, acabando por tornar-se o digno sucessor do famoso "Leão de Génova", Virgílio Mendes, na posição de lateral-direito. Manteve-se no clube até 1967/68, tendo disputado um total de 114 jogos para o campeonato. Uma lesão num joelho acabaria por lhe prejudicar a carreira e encurtá-la ao mais alto nível. Devido a ela, nas suas duas últimas épocas no clube só disputaria seis partidas a contar para a prova máxima do futebol nacional. Também não voltaria à selecção pelo mesmo motivo, tendo o jogo contra a U.R.S.S. de apuramento do 3º e 4º classificados do Mundial de 1966 sido o último que disputou pela equipa das quinas, num total de 19, um bom número para a época.
Acabaria a carreira no "seu" Tirsense e, se a memória me não atraiçoa, faria parte da equipa daquele clube que, disputando a 2ª divisão, eliminaria o F.C. Porto da Taça de Portugal em 1969/70, em pleno Estádio das Antas.
Alberto Festa foi talvez o primeiro defesa-direito português a fazer com eficácia e brilho todo o corredor direito. O tempo dos laterais que avançam estava no seu início, e entre nós Festa destacou-se nesse aspecto. Era alto, forte e rápido. E era um grande capitão.
Foto: blogue Dragaopentacampeão
A propósito das escolhas no Mundial de 1966, numa entrevista que deu ao blogue 'Bibó Porto, carago' em Julho de 2009, Américo, outro dos "magriços" portistas, afirmou o seguinte:
ResponderEliminar"Se eu fosse jogador de outro clube, se calhar, era capaz de ter jogado. A Selecção era constituída por um Senhor que já faleceu, que mais tarde, me pediu muitas desculpas, até mesmo na TV, por não me ter colocado a jogar, porque foi o maior erro da vida dele, mas que tinha que ser.
Repare, o Otto Glória, que também já faleceu, foi treinador do Benfica e do Sporting, o Manuel Rodrigues Afonso, tinha sido director do Benfica, o Gomes da Silva era o coordenador da selecção, que era do Belenenses e portanto, os jogadores entravam a jogar com entorses, com isto e aquilo, e nós no banco a assistir ao «espectáculo»."
A entrevista completa pode ser lida aqui.
Interessantíssima a entrevista ao Américo, José Correia, especialmente a parte que se refere ao Mundial de 1966.
ResponderEliminarClaro que ao fim de tantos anos há coisas que a memória já não retem bem. Por exemplo: o Manuel "Rodrigues" Afonso era de facto o Manuel DA LUZ Afonso; e a tal derrota volumosa no Benfica foi para a Taça, pois para o campeonato (já com o Pedroto afastado) fomos lá empatar a zero.