Paulo Futre chegou ao FC Porto no Verão de 1984, como resposta de Pinto da Costa ao ataque de João Rocha (presidente do Sporting) que, após a final de Basileia, levou Jaime Pacheco e Sousa para Alvalade e ameaçou levar a equipa toda.
Futre tinha apenas 18 anos, mas logo se tornou titularíssimo e, durante as épocas 1984/85 e 1985/86, formou com Gomes (bi-bota de ouro) uma das duplas mais produtivas de sempre do futebol português.
Com Chalana (titular no Euro 84, disputado dois anos antes) impedido de dar o seu contributo à Selecção, devido a uma série infindável de lesões, o seu sucessor natural era Futre e, também por isso, seria de esperar a manutenção da dupla atacante portista na fase final do Mundial de 1986. Contudo, o seleccionador nacional, o ex-jogador do Benfica José Torres, numa das suas várias decisões inexplicáveis, entendeu remeter o fantástico extremo esquerdo portista para o banco de suplentes.
Assim, no 1º jogo - Portugal x Inglaterra - Futre entraria apenas aos 73 minutos, para substituir... Gomes!
E no 2º jogo - Portugal x Polónia - a situação repetiu-se, mas mais cedo, porque a substituição de Gomes por Futre foi feita ao intervalo.
"Só entras na segunda parte porque és a nossa arma secreta", terá dito José Torres a Futre, ao qual este respondeu após a derrota com os polacos (0-1): "Mas qual arma secreta, qual quê, o que eu quero é jogar de início e ainda não tive essa oportunidade."
Teria, no jogo seguinte, frente a Marrocos, quando finalmente foi titular ao lado de Gomes. Mas isso não chegou para salvar uma Selecção animicamente destroçada, profundamente dividida em grupos, e cujos jogadores tinham entrado em ruptura com a Direcção da FPF, ameaçando fazer greve se os prémios de jogo não fossem aumentados.
Mais tarde, viria a saber-se que Futre não jogava para se preservar os lugares de alguns "pesos pesados" da Selecção e para se obter um equilíbrio entre os jogadores das diferentes equipas, de modo a evitar conflitos.
O único senão na gloriosa carreira futebolista de Futre foi o facto de não ter brilhado num Mundial, foi várias vezes "escolhido" como um dos melhores para numa selecção mundial (ao lado de outros como Maradona, Matheus, Gullit etc.), esteve quase a ganhar a bola de ouro em 1987, perdeu para o Gullit ou Van Basten se não me engano. Como não nos qualificamos para o Mundial de 1990, em 1986 era a sua oportunidade mas a política das "vacas sagradas" e dos "lugares intocáveis" na selecção nacional arruinou essa possibilidade.
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