terça-feira, 29 de junho de 2010

Os novos dirigentes do basquetebol portista

No início da época 2008/09, após a substituição de Alberto Babo pelo seu treinador-adjunto - Júlio Matos - no comando técnico da equipa, o ex-director-geral do basquetebol portista, Fernando Assunção, afirmou o seguinte (numa entrevista publicada no site Planeta Basket, em 18/09/2008):

Como sempre, o lema deste clube é tentar ganhar todas as provas em que entramos. Nem sempre isso é possível, mas essa é a nossa postura nas competições. A saída de Alberto Babo significou o fecho de um ciclo no clube. A escolha do seu sucessor foi um homem da casa, Júlio Matos.”

E sobre o treinador que tinha sido escolhido para orientar a equipa, a opinião de Fernando Assunção era a seguinte:
Como sempre gostamos de dar oportunidade aos nossos e o Júlio Matos é nosso há muito, muito tempo. No entanto gostaria de realçar que este predicado, sendo relevante, não é o mais importante. Essencialmente é a qualidade e a capacidade de trabalho e esses são predicados que não tenho dúvidas o Júlio Matos reúne em grande quantidade e por isso foi o escolhido.”

Infelizmente, e conforme é sabido, era quase impossível o desempenho da equipa portista ter sido pior, com Júlio Matos a nunca ter sido capaz de construir um colectivo forte e só in extremis o FC Porto conseguiu o apuramento para os play-off (os dragões ficaram em 8º lugar da fase regular).

Perante o que se passou, que foi o culminar de um certo desnorte no basquetebol portista, defendi ser necessário que as responsabilidades fossem assumidas por quem de direito e que, na minha opinião, estava na hora de Fernando Assunção passar a bola e de renovarmos a direcção com sangue novo, novas ideias e redobrada ambição.

Um ano depois, atendendo à saída de Fernando Gomes dos cargos que ocupava no FC Porto, tenho dúvidas que o timing actual (a meio do contrato do Moncho Lopez) seja o mais indicado para Fernando Assunção também abandonar o basquetebol portista e ser substituído por Rodrigo Moreira (economista de 29 anos e antigo atleta do clube na área da formação), o qual, segundo sei, não tem qualquer experiência no dirigismo desportivo.

Mas compreendo a decisão de Fernando Assunção. Tendo sido director-geral durante largos anos e, nessas funções, (co)responsável pela escolha de Júlio Matos, primeiro para treinador-adjunto e depois para treinador principal, não devia sentir-se muito confortável a ter de interagir com ele nesta altura. De facto, de treinador dispensado há um ano atrás, Júlio Matos passou a integrar os corpos sociais do FC Porto, recentemente eleitos para o próximo triénio, sucedendo a Fernando Gomes como vice-presidente para o basquetebol. E das duas uma: ou Fernando Assunção foi convidado para assumir o lugar de Fernando Gomes e não aceitou; ou não foi e este convite a Júlio Matos (presumo que de Pinto da Costa) foi um sinal que ele não podia ignorar.

Não tenho dúvidas do portismo de Júlio Matos mas, nestas novas funções, de homem forte do basquetebol azul-e-branco, espero que seja mais feliz e competente do que demonstrou ser como treinador principal, em que o seu desempenho deixou muito a desejar. E recordo que um dos aspectos questionado foi a autoridade (ou falta dela) perante jogadores com quem, aparentemente, tinha um passado de relacionamento muito “tu cá, tu lá”.


Uma palavra final para Fernando Assunção. Foi atleta do clube entre 1961 e 1979, tendo sido campeão nacional em 1971/72 (numa equipa da qual também faziam parte Fernando Gomes, Alberto Babo e... Dale Dover!). Depois foi treinador até 1992, altura em que juntamente com Fernando Gomes e um grupo de antigos praticantes, contribuiu para que o basquetebol não acabasse no FC Porto. No total, foram 49 anos de ligação ao basquetebol azul-e-branco. Muito obrigado.

Foto 1: Alberto Babo (treinador principal) e Júlio Matos (treinador-adjunto) (fonte: blogue 'Bibó Porto, carago')
Foto 2: Campeões nacionais de basquetebol 1971/72 (fonte: blogue 'Lôngara')

4 comentários:

  1. Excelente artigo José Correia.

    Concordo com o essencial e também eu acho q Assunção sai um ano mais tarde do q o deveria. O seu passado no clube, os êxitos que ajudou a alcançar e os muitos anos a defender este nosso clube "obrigam" a uma palavra de apreço por tudo quanto fez pelo FCP.

    Qt ao Matos, é aguardar pelos resultados da px temporada. Já vamos em 6 anos de jejum, é preciso ganhar o campeonato.

    um abraço, é bom verificar que ainda existem Portistas com paixão pelas modalidades...

    ResponderEliminar
  2. Caro lucho, embora não tantos como eu e tu gostaríamos, há muitos portistas que gostam das modalidades, particularmente das modalidades de alta competição – Andebol, Basquetebol e Hóquei em Patins.
    Eu gosto particularmente de basquetebol, apesar do sucesso portista nesta modalidade não ser comparável ao nosso historial no andebol e no hóquei em patins. Mas acredito/espero que o bom trabalho iniciado pelo Moncho na época 2009/10 seja para ter continuidade e evolução nos próximos anos (daí ter publicado este texto).

    De resto, claro que gostaria de ver mais portistas nos jogos do Dragão Caixa, mas até os artigos sobre as modalidades têm menos gente a comentar... ;-)

    Um abraço e Bibó Porto!

    ResponderEliminar
  3. Com todo o respeito que Fernando Assunção nos mereça pelo seu passado, a sua posição aquando do fim da liga profissional e o regresso à federação - em que defendeu o fim do basquetebol no FC Porto, já deviam ter implicado a sua saída há 2 anos.

    ResponderEliminar
  4. Mas a dupla F.Gomes e F.Assunção estavam a obter bons resultados?
    Era de espantar o número de pessoas que pertenciam à direcção do Basket, só faltava mesmo um acessor para carregar telemóveis, não acho de todo que a secção estivesse a ser bem dirigida, não sei se vai melhorar mas era necessário fazer algo, espero bem que sim.
    VIVA O FUTEBOL CLUBE DO PORTO

    ResponderEliminar