quarta-feira, 6 de abril de 2011
Assobiar para o lado
“Quero louvar publicamente a eficaz cooperação entre a Liga e as autoridades, deixando um cumprimento especial aos agentes de segurança pública, que têm feito um grande trabalho no interior e exterior dos estádios, por forma a evitar manifestações de violência”
Laurentino Dias, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, 25/02/2011
Após o apagão da Luz, o subintendente Costa Ramos, responsável pelo dispositivo policial destacado para o slb x FC Porto, não perdeu tempo e, publicamente, criticou os responsáveis benfiquistas:
“Ao desligarem as luzes e ao ligarem a rega puseram em causa a segurança dos agentes da polícia em serviço no interior do estádio e isso não pode voltar a acontecer”.
Quanto aos incidentes que ocorreram antes do jogo, Costa Ramos afirmou:
“Repare que os incidentes foram provocados por alguns adeptos do Benfica e envolveram apenas a polícia”, acrescentando que tinham sido “detidos 11 adeptos encarnados, seis dos quais por terem arremessado pedras, dois por atitudes agressivas para com a polícia, dois por transportarem material pirotécnico e um por atirar com berlindes para o banco do FC Porto, os quais atingiram um agente policial”.
A comunicação social tem comentado o apagão, essencialmente, sob o prisma do mau perder, ausência de desportivismo e total falta de fair-play dos actuais dirigentes benfiquistas (gostava de saber o que é que a UEFA e, principalmente monsieur Platini, têm a dizer sobre este caso).
Sem minimizar estes aspectos, principalmente por a ordem ter vindo de quem passa a vida a apregoar o contrário (bem prega Frei Tomás…), importa salientar que este caso tem contornos muito mais graves e, conforme referiu o subintendente Costa Ramos, a decisão dos responsáveis do slb podia ter tido “consequências lamentáveis”, aumentando em muito o risco de invasão de campo.
Segundo a PSP, estavam cinco mil adeptos do FC Porto no estádio da Luz, os quais tiveram de aguardar cerca de uma hora às escuras, antes de poderem abandonar o estádio. Ora, com o estádio às escuras, um dos elementos principais do sistema de segurança – as câmaras de videovigilância –, e que é obrigatório por lei, deixou de poder funcionar. Ou seja, a PSP deixou de poder ver e monitorizar as bancadas do estádio através das câmaras de vigilância.
Ninguém responde por isto?
Mais. O que teria acontecido se, devido ao estádio estar às escuras, algum adepto tivesse caído e fracturado uma perna ou um braço? Como é que seria socorrido e por quem? E se houvesse desacatos entre os adeptos, ou entre os adeptos e os stewards, como é que os mesmos seriam controlados?
Isto não interessa às entidades públicas com responsabilidades nesta área, nomeadamente ao ainda Secretário de Estado da Juventude e do Desporto?
E o ainda Ministro da Administração Interna, tão rápido a reagir noutras alturas, o que tem a dizer perante todos estes factos? Desta vez não diz nada?
Pois, parece que nos camarotes não faltou a luz…
P.S. Apesar da direcção do slb ter impedido a entrada no estádio dos adereços transportados pelas claques do FC Porto; apesar dos adeptos portistas terem passado por quatro barreiras e sido sujeitos a uma revista minuciosa (incluindo tirar os sapatos), fazendo com que muitos deles só tivessem entrado no estádio após o resultado já estar em 1-2; apesar do indecoroso e irresponsável apagão no final do jogo; não há registo de qualquer incidente violento provocado por adeptos do FC Porto. Que grande bofetada de luva azul-e-branca!
Ainda assim... o FCP foi multado em 2500€ e o SLB em 4000€...
ResponderEliminarHaja vergonha
Grande artigo José Correia, eu até diria "grande chapada de luva azul e branca"
ResponderEliminarCumps
caro José Correia,
ResponderEliminarfaço minhas as palavras do "zeze". brindou-nos com (mais) um brilhante , como é seu apanágio. ;9
abraço
saudações desportivas mas sempre pentacampeãs! ;)
Miguel | Tomo I
Seria interessante se algum adepto do slb tivesse invadido o relvado para atacar jogadores do FCP durante o "apagão".
ResponderEliminarPara além disso e como já disse, os dirigentes do slb são tão bestas q colocaram em causa a integridade dos seus próprios adeptos, quando a maior parte deles ainda abandonava as bancadas. Se uma criança se tivesse magoado, se fosse o pai dela não só não voltava a pôr os pés na luz como processava o clube.
Mesmo assim (sem mazelas que se conheça) estou certo q terá havido um número delas que deve ter entrado em pânico. Brilhante, senhores dirigentes do slb.
PS - se dúvidas ainda havia, os jornais do "regime" em Espanha têm em muito em comum com os de Portugal. Depois de recentemente terem falsificado imagens de um jogo do Barça na capa, dizia a "Marca" que o apagão foi "compreensível". Pois.
Falta referir que apesar da proibição dos adereços entrou uma tarja dos Super Dragões e uma bandeira que não consegui identificar se era dos SD ou do Colectivo....
ResponderEliminarSegundo rezam as crónicas os adeptos do Porto tiveram um comportamento exemplar, mesmo debaixo da chuva de pedras, isto a juntar à vitória do Porto é o maior melão na história do nosso pais.
José,
ResponderEliminarÉ que como estão as coisas por aqui pode ser que ao Real Madrid lhe aconteça algo parecido e é preciso começar a preparar terreno para uma eventual humilhação (mais uma?)!
um abraço
Ainda relativamente ao apagão e ás "justificações" dos comentadores encarnados já tinha encontrado isto:
ResponderEliminarAs mentiras da semana
Comunicado do FCP
Será... que os benfiquistas levam mesmo a sério o Rui Gomes da Silva e o António Pedro Vasconcelos? E porque razão os jornais desportivos não denunciam as mentiras? Esta era uma pergunta retórica...
Brilhantes os comunicados do FC Porto.
ResponderEliminarGrande contratação esta e o enterro definitivo do labaredas...
É nojento este País, políticos, jornalistas e demais boys e serventes.
O FC Porto representa a única força de ruptura, a marca de excelência, o reflexo da meritocracia.
Aqui ganha-se por trabalho, suor, inteligência.
Nunca nada é perfeito e há sempre onde melhorar.
Nunca se dorme à sombra da bananeira nem de um qualquer título.
Nõa se sofre de gigantismo de de prepotência.
Orgulho a 1000% em ser Portista. A minha nação e a única coisa que foge à mediocridade que os ratos de esgoto tentam espalhar por todo o País.
http://thebluefactoryofdreams.blogspot.com/
A Marca acha "compreensível" porque o seu enviado em Lisboa chama-se Nuno Luz, o qual, provavelmente terá escrito esse texto.
ResponderEliminarMas eu ouvi na SIC-N, em observação entaramelada do locutor, que a Polícia tinha preso vários adeptos do FCP. Seria para fazer o frete ao amigo?
ResponderEliminarTambém gostava de conhecer os "critérios" da CD da Liga!
A valoração das multas e dos porquês,
permitiria conhecer quem é quem
PS - claro que a "isenção" da Marca tem "marca"
Mas temos de lhe dar desconto. O rapaz está afectado, há muito, pelo mijo...
O Nosso Senhor da bola
ResponderEliminar10.04.2011
José Manuel Meirim
1. Confrontei-me bem cedo com o "Nosso Senhor do Jogo". Com efeito, desde criança, o meu inveterado pai jogador deu-me conta de uma justiça divina bem específica. No fundo, se alguém numa dada jogada se portasse mal, fosse incorrecto - evidenciasse sobranceria, por exemplo -, era certo e sabido que, no final, as coisas lhe correriam mal. A divindade passou a ter um espaço bem significativo de intervenção no futebol. Ao longo dos anos fui dando conta do acerto justiceiro desta divindade e, se dúvidas houvesse, o antes e o depois do jogo Benfica-FC Porto dissiparam-nas por completo. É certo, todavia, que houve demónios (ou anjos?) à solta - para além do porco - que deram uma mão.
2. Antes do jogo assistiu-se à "batalha das bandeiras e tarjas". Não temos ilusões sobre o "princípio da reciprocidade" invocado pelo Benfica para impedir a entrada no estádio desses adereços. Porém, ele não é, no caso, um princípio legal. Pode ser reciprocidade, mas a ser é no domínio da ilegalidade. Existem normas que determinam o que é proibido introduzir num recinto desportivo, quer queiram ou não o Benfica ou outro clube, a PSP ou o presidente de algo meio desconhecido, mesmo quase clandestino, o Conselho para a Ética e Segurança no Desporto (CESD). O despautério da PSP, que se deixou ficar "nas mãos" da segurança privada, concedendo-lhes a eles a leitura final de uma lei da República, só foi devidamente compensado - lá está, pelo Nosso Senhor da Bola -, com a insegurança que sentiu com o "apagão". Para o presidente do CESD, igualando tal despropósito, o remédio estava no "bom senso". Não havia nada a fazer, só esperar por meio quilo, bem pesado, de bom senso. Viu-se. Tivessem trilhado bom caminho e por certo chegariam ao artigo 52.º, alínea g), do Regulamento de Competições da Liga e seu 2.º (?) parágrafo único.
3. Uma acção "concertada" para que o FC Porto não comemorasse a eventual conquista do título em Lisboa. Nada de bandeiras, tarjas, cachecóis, etc. O Nosso Senhor da Bola não gostou da atitude e o FC Porto foi mesmo campeão. Depois, veio o inqualificável - eventualmente sempre em nome de um "princípio da reciprocidade" - "apagão molhado" que, no futuro, não será esquecido pela divindade.
4. No futebol português, para além das competições organizadas pela Liga, disputa-se, em paralelo, uma outra que opõe o Benfica ao FC Porto, ou vice-versa, para não ferir susceptibilidades. Parece tudo valer. E, no futuro, próximo ou longínquo, vão-se disputar mais jogos deste negativo campeonato.
5. Laurentino Dias não se ouve? Assim, uma palavrita? É verdade. Já me esquecia. Peço desculpa, está em gestão.