sábado, 30 de abril de 2011
O Novo Mourinho?? NÃO!!!
Claro que todos conhecemos a propensão da Comunicação Social portuguesa para o chavão fácil, o raciocínio preguiçoso e o elogio barato e traiçoeiro. E também todos sabemos (ou já devíamos saber) que Portugal, ao contrário do que se pensa, não é um país católico, mas sim, essencialmente, um país de hindús (com o devido respeito pelos seguidores dessa religião), onde certas vacas sagradas são alvo de histérica veneração. Mas nós, portistas, que tanto clamamos contra esse estado de coisas, devíamos fazer um esforço (e muitos de nós fazêmo-lo) para remar contra a maré.
Um dos tais chavões, que começa irritantemente a ser repetido, é de que André Villas Boas seria "o novo Mourinho" (isto depois de uma baldada e ridícula campanha para dar esse epíteto ao Jorge Jesus). E eu pergunto: qual a base dessa afirmação? O ter sido seu colaborador durante vários anos? O seu sucesso precoce? As suas "bocas"?
Faço regredir o calendário ao dia da apresentação de André Villas Boas como treinador do F.C.Porto. Posto perante essa mesma questão, Villas Boas fez questão de salientar que estaria mais próximo de Sir Bobby Robson que do auto-denominado "Special One". E, de facto, o modo como joga a equipa do F.C. Porto parece confirmar essa auto-avaliação de Villas Boas. O seu "adn" futebolístico indica-lhe que para a frente é que é o caminho, e não o calculismo tacticista.
Muito provavelmente, nem André Villas Boas, nem Sir Bobby Robson teriam sido capazes de eliminar o Barcelona nas meias-finais da Liga dos Campeões da época passada. Só mesmo um indivíduo "futebolisticamente cínico" como Mourinho teria sido capaz de jogar tão declaradamente à defesa, prescindindo quase que completamente de jogar à bola para atingir os seus fins. Dir-me-ão: mas conseguiu o que queria! Pois claro, para os adeptos do Inter isso era o mais importante, e que se lixassem os lirismos dos puristas. Mas para a esmagadora maioria de neutros que viu esse jogo, aquilo só pode ter representado a mais aberrante negação do futebol que algum dia se viu. O Prof. Neca (sem menosprezo) teria possivelmente sido capaz de igual façanha naquele dia. Ah, e convém não esquecer que José Mourinho foi o inventor - em sentido pejorativo - da famosa expressão do "autocarro à frente da baliza", o que não o impediu de colocar um de dois andares nesse dia na área do Internazionale.
Transportemo-nos agora para as meias-finais da Taça de Portugal recentemente jogadas na Luz. Será que o "Especial" teria sido capaz de dar a volta ao resultado da eliminatória? Em vez de especular, prefiro relembrar uma eliminatória da Liga dos Campeões, há uns anos atrás, em que Mourinho, à frente do Chelsea, e em desvantagem após a primeira mão em casa, se apresentou em Camp Nou à defesa e de lá saíu apenas com um empate (conseguido com um penalty inexistente). E aquele Barcelona não era o actual Barcelona de Pep Guardiola, mas uma muito menos inspirada e mais previsível equipa. Pois atrevo-me - sem grande risco de contradita, acho eu - a afirmar que, com Mourinho, muito dificilmente o F.C. Porto teria dado a volta a esta eliminatória da Taça de Portugal. Teria ido jogar na expectativa, até era capaz de ter ganho o jogo por um golinho, assim salvando a face, mas o rasgo ter-lhe-ia faltado.
Por outro lado, e exceptuando o genial Lionel Messi, não me parece que a equipa do Barcelona seja assim tão superior à do Real Madrid, pelo que, se calhar, a diferença essencial nos confrontos entre as duas esteja nos treinadores. Não tenho dúvidas que, se sentássemos Guardiola no banco madrileno e Mourinho no catalão, os jogos seriam completamente diferentes, e, se calhar, mais equilibrados.
Com Mourinho à frente do exército britânico, os alemães teriam decerto ganho a Segunda Batalha de El Alamein.
E temos ainda o aspecto, nada despiciendo, diga-se, do "discurso". Por onde passa, José Mourinho deixa um inevitável rasto de antipatia, pelas suas constantes provocações, maus-humores e piores perderes (abra-se uma excepção para os ingleses, que levam mais de um século disto, e sabem colocar o personagem - por quem têm a simpatia de quem aprecia o teatro burlesco - no devido lugar, não o levando inteiramente a sério). Chega ao cúmulo de, como treinador do Real Madrid (que está para o futebol espanhol quase como Muammar Al-Kaddafi para a política líbia) se queixar de perseguições e prejuízos constantes. E ainda na 4ª feira tivemos direito a mais uma deprimente exibição da lamentável verborreia .
E nesta coisa do "discurso" há uma de que o "Special One" ou "Lo Speziale", ou como lhe queiram chamar, não se livra: a sua má-vontade para com o F.C. Porto desde que de cá saíu. Enquanto que, por exemplo, faz profusas declarações de amor ao Chelsea (não se brinca com a a Mafia russa, é um facto), ignora o F.C. Porto ou chega mesmo a tecer comentários depreciativos às escolhas técnicas do clube (como fez em relação a Jesualdo Ferreira e, mais gritantemente, André Villas Boas). Sabemos que, em privado, e após ter ganho a Liga dos Campeões com o Inter, agradeceu a Jorge Nuno Pinto da Costa a oportunidade que lhe deu ao escolhê-lo para treinador do F.C.Porto, mas em público, cioso do seu estatuto "unanimista" no futebol português, não se atreve a elogiar a mão que um dia lhe deu de comer, talvez para não prejudicar a sua ambição de um dia treinar a Selecção Nacional. Frontalidade?? Apenas sentido apurado da oportunidade, mau feitio, e um óptimo conhecimento da psiché nacional, isso sim.
Em todos os aspectos e mais alguns, André Villas Boas não é - e ainda bem - o novo José Mourinho. E, além do mais, e tal como Artur Jorge antes dele, André Villas Boas é dos nossos. E até demonstra gostar de futebol.
Nem mais Alexandre!!
ResponderEliminarSó acrescentaria que a Mourinho no Porto foram dados seis preciosos meses de adaptação antes daquelas duas gloriosas épocas.
A AVB não houve tempo de espera e começou logo um teste de fogo. E só tinha uma equipa deprimida e menos auto-confiante por se sentir ultrapassada pelo seu rival.
AVB recuperou a equipa em semanas e fê-la competente, competitiva e espectacular, JM teve alguns meses para gerir os conflitos internos, mandar uns recados públicos para dentro e cimentar a sua liderança.
Some-se a isto o facto de AVB ter sido líder com 32 anos e percebe-se o quanto difícil foi o seu trabalho.
Mesmo sem ter ganho ainda nada na Europa, diria que pela amostra, é JM que tem muito a aprender com o nosso AVB.
Pedro Carriço
O Vilas Boas tem de andar muintos anos para xegar aos calcanhares do Boby Robson e de José Mourinho
ResponderEliminarPara o ano quando venderem o Hulk e Falcão o andré vai fazer do FCP um Académica de Coimbra;se fosse bom a Académica não era o que era quando ele lá esteve
Não concordo com as críticas feitas a Mourinho no post.
ResponderEliminarA o que chama jogar claramente à defesa no jogo Barça-Inter, eu chamo estratégia de jogo...
Um treinador que diz ter mostrado "a mais aberrante negação do futebol", foi o mesmo que marcou 3 golos na 1ª mão. (Gostava de saber quem foi a ultima equipa a marcar 3 golos ao Barça).
Na ressaca da nossa magnifica meia-final de Liga Europa, sugiro a todos que vejam um resumo do FCP-Lázio na caminhada para a conquista da Taça Uefa de 2003. Terá sido um "autocarro estacionado" ou um "bombardeiro em andamento"??
http://www.youtube.com/watch?v=qCSp2Hrxo4Y
Se acha que o Mourinho não teria conseguido dar a volta à meia-final da Taça de Portugal, eu acho que o Mourinho não teria perdido 2-0 em casa...
Cada jogo é um jogo diferente, com equipas diferentes, com jogadores diferentes, com estratégias diferentes... e é aqui que está a beleza do futebol.
Se não fosse preciso adoptar medidas diferentes para cada jogo, não era preciso treinar... bastava meter 11 jogadores em campo, que conhecessem a única filosofia de jogo do treinador.
Qual é a equipa que neste momento joga o jogo pelo jogo com o Barça? Quantas vezes o Barça termina o jogo em superioridade numérica? (faz-me lembrar um equipazita ano passado).
Na minha opinião o que interessa no Mundo do Futebol, são os resultados... se se puder conjugar com bons espectáculos, melhor ainda.
Mas por ex. de certeza que o Arsene Wenger, não se importaria de trocar o bom futebol que algumas equipas do Arsenal praticaram no seu Arsenal, pelo currículo do Mourinho.
Mourinho é frontal? é... Gosta de chamar as atenções? gosta... É conflituoso? é... Ganha? MUITAS VEZES!!!
André Villas-Boas não é concerteza um segundo Mourinho. Esse rótulo já há muito foi tirado...
Será apenas AVB, com todo o excelente trabalho e comando da equipa que tem feito.
Mas podemos dizer que será um "Special TOO"
Desculpem lá mas não devem tentar alterar a história...
ResponderEliminarO ano passado o Inter apenas marcou 2 golos ao Barça em Milão...
O terceiro foi do Benquerença.
Isto para não falar do PENALTI do tamanho do mundo que ficou por marcar contra o Inter...
"A o que chama jogar claramente à defesa no jogo Barça-Inter, eu chamo estratégia de jogo..."
ResponderEliminarJá o Shakespeare dizia que a rosa, mesmo com outro nome qualquer, teria o mesmo aroma.
E quanto aos 3 golos que marcou ao Barcelona em San Siro, convém não esquecer que o Inter nesse dia utilizou o codicioso ponta-de-lança Olegário Benquerença. Eu queria ver o que teria dito o Mourinho na sua "frontalidade"" (eufemismo para "grosseria" nos dias de hoje em Portugal) se tivesse sido ao contrário.
Quanto aos resultados do Wenger e do Mourinho, eu acho que o autor do post foca precisamente essa questão dos resultados, quando diz que aos adeptos do Inter o que interessava era ganhar.
E não percebo que tem o jogo com a Lazio a ver com o assunto. Também aqui o autor - que decerto não precisará de quem o defenda, pois argumenta sempre com acutilância - não disse que o Mourinho usa sempre o autocarro.
Ou seja, caro amigo Vitor Zenha, o articulista fala em alhos e você, pelo menos em certas passagens, responde com bugalhos.
Quanto ao que eu penso: é um evidente disparate dizer que o AVB é o Novo Mourinho. Os estilos de jogo são completamente diferentes (já para não falar nas personalidades).
O articulista faz algumas afirmações ou suposições arriscadas, como dizer que o Mourinho possivelmente não teria eliminado o Benfica da Taça, e dá o exemplo da tal eliminatória Chelsea-Barcelona. Pois, tem razão, mas poderia falar também na eliminatória Porto-Panathinaikos.
"As pessoas associam-me a um dos melhores treinadores do mundo. É algo com o qual tenho de viver, mas não me dá qualquer problema. As pessoas pensam que eu sou o sucessor, mas eu não sou. Sou um treinador normal. Não me chamaria especial."
ResponderEliminarAndré Villas-Boas, 30/04/2011
"A separação [de José Mourinho] aconteceu, porque eu senti que poderia dar um pouco mais. Senti que podia começar a treinar. Se eu pudesse dar mais ao Mourinho tinha dado, mas percebo perfeitamente que ele não tenha sentido necessidade disso. Por isso, achei que era altura de arriscar."
ResponderEliminarAndré Villas-Boas, 30/04/2011
"Não falo com José Mourinho. Não tem nada a ver com a separação, até porque depois de eu sair, enquanto estava na Académica, falava muito com ele. É assim que as coisas são, nada mais que isso. Rival? Não...eu não posso ser rival daquele que, na minha opinião, vai ser o melhor treinador de todos os tempos."
ResponderEliminarAndré Villas-Boas, 30/04/2011
O Mourinho e na minha opiniao, e ao que parece na do AVB tambem, o melhor treinador do mundo.
ResponderEliminarNao so isso mas ate se pode dizer que e um treinador que mudou o paradigma.
Quanto a meia-final em Barca, nao e qualquer um que controla o Barcelona em Camp Nou e com um jogador mal-expulso no inicio do jogo. Em Milao o Inter mereceu a vitoria e o erro no terceiro golo nao e de palmatoria (lance rapido e na duvida deixa=se o apito no bolso).
Quanto ao AVB gosto muito dele como treinador e da sua postura.
ResponderEliminarNao tendo as mesmas ambicoes do Mourinho e de outros treinadores de topo (O Ferguson parece querer morrer no banco) nao sei se atingira um curriculum comparavel ao dos melhores treinadores da historia.
O Mourinho pode vir a ser o treinador com o maior palmarés de todos os tempos - coisa diferente de ser o mehor treinador de todos os tempos - mas também se posiciona para isso. Anda sempre em salta-pocinhas à procura de sucesso. Se o Ferguson tivesse feito o mesmo, se calhar já tinha mais Ligas dos Campeões ganhas do que as que tem, embora vencer 12 (contando com o actual) campeonatos ingleses seja obra, provavelmente inigualável.
ResponderEliminarO que o Mourinho claramente é, é o melhor treinador DEFENSIVO do Mundo, isso sim.
Mas não era esse o tema do post, nem eu tenho queda para esse tipo de discussões bizantinas.
Não concordo com o facto de dizer que o Mourinho não teria capacidade de dar volta ao resultado de 0-2 na taça.
ResponderEliminarRepare que deu o exemplo do Chelsea-Barcelona, mas esquece-se que quando o Porto ganhou a Taça UEFA em 2003, a eliminatória-chave centra-se nos quartos de final quando o Porto perde em casa com o Panathinaikos por 0-1 e depois vai à Grécia vencer por 0-2.
Não nos podemos esquecer dessa época pois o Porto produzia um futebol muito ofensivo e bem vistoso, tal como o Mourinho fez também na primeira época ao serviço do Chelsea.
Estou a adorar o trabalho do Villas-Boas e espero que ele, tal como os jogadores, continuem cá para o ano pois nunca se sabe o que poderemos fazer na Champions!
Mas acho que não podemos agora dizer que o Mourinho não teria capacidades para fazer o que fez o Villas-Boas.
Saudações Desportivas
No futebol europeu, nós estamos muito mais perto dos tubarões actualmente do que em 2003.
ResponderEliminarQuando Mourinho pegou na equipa em 01/02 a meio da época, nós lidávamos com um cenário catastrófico: 3 anos consecutivos sem ganhar campeonatos, estádio com 20 mil espectadores em média, futebol aborrecido, contratações medíocres e resultados económicos na mesma linha.
A vitória de Sevilha e em Gelsenkirchen foi o resultado de um trabalho espantoso, bem como a consagração de equipa que fabricava futebol a um ritmo que esta não consegue e ainda o renascimento do grande FC Porto. O FC Porto de 02/03 era uma equipa tão forte ofensivamente como a actual e muito mais forte defensiva e o FC Porto de 03/04, não sendo tão constante na espectacularidade, era uma equipa que dominava o jogo! Sem as lesões do Derlei e do Peixoto (não tenham memória curta), teríamos sido ainda mais imparáveis.
Ainda hoje, e apesar de algum mal-estar relativamente a Mourinho, que é aceitável, o sucesso que nós tivemos nos últimos 7 anos deriva da forma como ele reacendeu a chama de vitória e deixou cá algumas sementes para os anos seguintes (Meireles e Pepe foram contratações aprovadas por ele, se Mourinho não tivesse sido treinador do FC Porto até que ponto AVB poderia ter tido o destaque e até aprendizagem necessárias para ser o que é hoje, a equipa ganhou um estatuto que permite enfrentar os grandes jogos europeus não com a esperança de poder vir a ganha-los mas sim com a certeza que consegue disputa-los de igual para igual, etc.).
Não quero com isto diminuir o sucesso de AVB até porque tenho grande estima que tenho por ele como treinador e portista, mas, antes de ele cá chegar, o FC Porto só tinha perdido um campeonato após ter sido tetracampeão (com um treinador fraquinho), tem o maior orçamento de sempre na história do clube e o plantel estava e está recheado de jogadores jovens com altíssima margem de progressão.
Tudo o que aqui disse serve para que as pessoas não se esqueçam que Mourinho, com todos os seus defeitos, deu muita coisa ao FC Porto e desagrada-me muito pensar que se tente diminuir o valor de uma equipa que deu a todos os portistas 2 anos maravilhosos.
Saudações Portistas
Repare que eu não digo que o Mourinho não teria capacidade para dar a volta à eliminatória na Luz, caro Pedro Bessa. Capacidade, acho que ele tem, claro. O que eu queria dizer é que não está no estilo dele.
ResponderEliminarQuanto aos exemplos Chelsea-Barcelona e Porto-Panathinaikos, cada um puxa a brasa à sua sardinha!:-)
Abraço
Eu nunca diminuí o altíssimo mérito do Mourinho na sua passagem pelo FCP, caro Paulo. Nem neste artigo, nem noutro qualquer.
ResponderEliminarMas isso não me obriga a ser um seu adepto acrítico, faça ele o que fizer, ou jogue ele como jogar. E o estilo verbalmente truculento e agressivo que usa (dentro do campo é bastante mais defensivo;-)) é altamente prejudicial à imagem do futebol, quer queiramos, quer não.
Não jogou o Manchester United à defesa com o Porto depois do empate a dois lá ? Era ver o Rooney a defender qual Eto'o. :-)
ResponderEliminarJosé Mourinho é polémico, trabalhador, estudioso e um excelente técnico. Como em muitas outras brilhantes personalidades, nele coabitam, sem confronto, o Special One and Mr. Hyde.
ResponderEliminarO FCP sob comando de Mourinho somou êxitos brilhantes. Não me esqueço dos banhos de bola que demos ao SLB e ao SCP, em Lisboa, apesar de só termos ganho por uma bola a zero. O FCP teve jogos brilhantes, muitos, que raramente os nossos vizinhos espanhóis valorizaram, mesmo quando vencemos a CL.
Ainda ao serviço do FCP, algumas das suas entrevistas ficaram justamente célebres. E foram muito importantes, porque transmitiu o que nos ia no peito e na alma.
Em Itália foi severamente perseguido pela CS, com quem esteve sempre em pé de guerra. Poucos teriam a couraça de aguentar tal perseguição e conseguir ganhar. Diga-se que o Inter para chegar onde chegou não poderia fazer muito mais se jogasse olhos nos olhos com os seus rivais directos, Barcelona e Bayern. Veja-se a presente época e compare-se.
O Real Madrid é para JM uma espécie de duelo final. Os madrilenos querem ganhar e ser melhores, e o JM, para já, só demonstrou que poderia ganhar. Não foi capaz de mostrar que poderia ser melhor. Limitou-se a jogar como uma equipa pequena e quando ganhou nunca o fez com o mesmo brilho de Guardiola. Por isso, e para já, resta-lhe vestir a personagem de Mr. Hyde e criar a suspeição. Esta guerra veio mesmo a calhar e se conseguir condicionar os árbitros que forem apitar os jogos do Barça, pelo menos terá essa batalha ganha.
O AVB é suficientemente independente para ser o clone de quem quer que seja. Terá referências e acolherá influências como qualquer outro profissional.
"Polémico", caro Mário, é um termo demasiado benigno para descrever um, digamos assim, incendiário contumaz do calibre do Mourinho.
ResponderEliminarFala de Itália: pois bem, lá como em toda a parte, quem comprou essas guerras foi ele.
Parafraseando o Guardiola, seria bom que, de vez em quando, o Mourinho tentasse apenas ganhar dento das quatro linhas, e deixasse de sistematicamente insinuar que os outros ganham fora delas. Os casos já são demasiados, e até começo a duvidar da eficácia dos seus desgastados "mind games".
Exacto! Eu sei que o estilo do Mourinho não é este do AVB, mas o Mourinho foi alterando a sua forma de jogar consoante os anos vão passando (para um estilo mais defensivo e resultadista).
ResponderEliminarAliás, o facto de ter alterado tanto o estilo de jogo do Real Madrid nos jogos com o Barcelona, fez perder a identidade da equipa, jogando única e exclusivamente em função do adversário e, arbitragens e casos à parte, não se deu bem.
Se me perguntarem qual estilo gosto mais é óbvio que prefiro o do AVB!! Esperemos é que, conforme o passar dos anos, ele também não vá ajustando o estilo ao resultado e seja mais pragmático e resultadista. Porque todos nós gostamos de ver o nosso clube a ganhar, mas a ganhar e a jogar bem :)
Até porque vou a Dublin e espero sair de lá com um grande sorriso :)
Paulo disse...
ResponderEliminarNo futebol europeu, nós estamos muito mais perto dos tubarões actualmente do que em 2003. Quando Mourinho pegou na equipa em 01/02 a meio da época, nós lidávamos com um cenário catastrófico: 3 anos consecutivos sem ganhar campeonatos, estádio com 20 mil espectadores em média, futebol aborrecido, contratações medíocres e resultados económicos na mesma linha. A vitória de Sevilha e em Gelsenkirchen foi o resultado de um trabalho espantoso, bem como a consagração de equipa que fabricava futebol a um ritmo que esta não consegue e ainda o renascimento do grande FC Porto. O FC Porto de 02/03 era uma equipa tão forte ofensivamente como a actual e muito mais forte defensiva
De acordo com quase tudo. Só não me parece que a equipa de 2002/03 fosse tão forte ofensivamente como a desta época, até porque não tinha avançados do calibre do Hulk ou do Falcao.
Paulo disse...
ResponderEliminarNão quero com isto diminuir o sucesso de AVB até porque tenho grande estima que tenho por ele como treinador e portista, mas, antes de ele cá chegar, o FC Porto só tinha perdido um campeonato após ter sido tetracampeão (com um treinador fraquinho), tem o maior orçamento de sempre na história do clube e o plantel estava e está recheado de jogadores jovens com altíssima margem de progressão
O AVB está a fazer um trabalho extraordinário, muito para além das expectativas, mas é um facto que o ponto de partida, quer em termos de plantel, quer de resultados nas épocas anteriores, é muito melhor do que o existente quando o Mourinho cá chegou.
Esforçou-se tanto nos 'mind games' que já conseguiu abrir brechas no seio da selecção espanhola. Del Bosque já veio a público manifestar a sua preocupação pelo clima de ódio que reina entre jogadores que, juntos, trouxeram o título de campeão do mundo para Espanha. E não me parece que a culpa possa, sequer em parte, ser atribuída ao Guardiola.
ResponderEliminarDepois dos erros tácticos e da consequente derrota caseira da passada semana Mourinho estalou por completo o verniz e nem sequer poupou a UNICEF (que segundo ele poderia ser o motivo para as arbitragens favorecerem o Barça).
Mourinho perdeu e foi ridículo. Fez lembrar o Manuel Machado com as suas conjecturas. Se continuar assim ainda acaba em Octávio.
"Villas-Boas é muito forte em todas as áreas. Obviamente que aprendeu muito com Mourinho, mas tem, sobretudo, a sua própria visão do futebol. Ele [Villas-Boas] disse que da anterior equipa técnica apenas me queria a mim. Chamou-me para uma conversa e fiquei imediatamente rendido. Esse homem sabia tudo sobre mim e a forma como me disse as coisas foi fantástica. Tem menos dezoito anos do que eu, mas falou-me com uma autoridade que me conquistou. Ele consegue estar entre os jogadores e acima deles. Mantém um equilíbrio incrível com o grupo. É um deles, mas é também o líder que decide. Sabe motivar como ninguém os atletas. Este grupo está completamente concentrado em vencer a Liga Europa e a final da Taça de Portugal. Villas-Boas procura a perfeição. Joga de forma muito ofensiva, porque a sua filosofia de jogo é inspirada no Barcelona e na selecção holandesa."
ResponderEliminarWil Coort, treinador de guarda-redes do FC Porto, numa entrevista concedida ao "De Telegraaf"
«Está [Villas Boas] prometido ao Arsenal. Mas ainda não assinou. Se querem futebol alegre, meditem, gente, meditem»
ResponderEliminarGazzetta Dello Sport
Caros proprietários do blog permitam-me passar um artigo de Joel Neto (um sportinguista) sobre a comparação entre AVB e Mourinho, que foi publicada no Jornal de Notícias no dia 22 de Abril:
ResponderEliminarNAPOLEÃO E GEORGE WASHINGTON
Mourinho conseguiu uma vitória enorme, Villas-Boas uma das grandes também. Foi uma semana em cheio para aqueles que um dia recordaremos como os dois maiores treinadores portugueses de sempre. Para nós, sportinguistas, é como se o fracasso continuasse a desfilar-nos à frente. Se desistir de Mourinho (obrigado, Juve Leo) marca o momento em que o Sporting decide deixar de ser grande, falhar a contratação de Villas-Boas (obrigado, Jorge Mendes) marca aquele em que o Sporting perde a oportunidade de voltar a tentar sê-lo.
E, no entanto, eu já não sei se Villas-Boas é de facto o segundo Mourinho, ou se Mourinho é que foi o primeiro Villas-Boas. Mourinho é um génio, mas Villas-Boas parece tocado pela graça divina. Mourinho joga um futebol de contenção, à procura da eficácia, Villas-Boas um futebol positivo, à procura da beleza (mas, ainda assim, eficaz). Onde Mourinho é agressivo e mesquinho, Villas-Boas é elegante e educado. Confrontados com uma pergunta difícil, Mourinho lança perdigotos e Villas-Boas articula ideias. É bem falante, Villas-Boas – ou estou errado?
Se Mourinho é Napoleão, Villas Boas é George Washington. Um é um cilindro compressor, o outro um Dona Elvira, belo e até um tanto dandy. Há entre Mourinho e Villas-Boas diferenças semelhantes às que separam a formiga da cigarra, com a ressalva de que, aqui, em ambos os casos o trabalho aparece feito (e bem feito). Parafraseando Arnaldo Jabor: Mourinho é sexo, Villas-Boas é poesia. Mourinho é o Special One? Então Villas-Boas não é o Special Two, não senhor: é o Really Special One. Ou talvez seja. O tempo não nos deixará na dúvida.
No fundo, o que parece é que Villas-Boas não tem de fazer um esforço tão grande. Ele dispõe da aura dos homens bem nascidos, muito mais do que do lastro das fortunas de oportunidade. É duro, mas ainda assim amável. É veemente, mas nunca truculento – e, aliás, nem sequer precisou de criar um estilo: uma gravata assenta-lhe bem. Ao pé de Villas-Boas, Mourinho parece Octávio Machado, rosnando. Demasiado datada, a analogia com Napoleão e Washington? Então cá vai: onde Mourinho é Putin, rabino e de dentes cerrados, Villas-Boas é Tony Blair, enorme e de sorriso aberto.
O FC Porto de Villas-Boas é mais forte do que o de Mourinho, e Villas-Boas tem extraído o melhor dele. O problema é que o Real Madrid de Mourinho é mais fraco do que o de Carlos Queiroz – e, ainda assim, parece uma equipa destinada a um lugar na história. Não me admiraria se Mourinho proferisse agora a frase: “Para o ano, tenho a certeza de que seremos campeões” – e depois efectivamente o fosse, apesar da Távola Redonda de Guardiola. Já Villas-Boas não dirá nada disso – e para o ano, de certeza, será campeão outra vez.
Para nós, na verdade, qualquer um servia e era um milagre. Tornámo-nos tão pequenos.
Alexandre Burmester disse: "O que o Mourinho claramente é, é o melhor treinador DEFENSIVO do Mundo, isso sim."
ResponderEliminarPode ser ACTUALMENTE o melhor treinador a colocar a equipa a defender, mas, na minha modesta opinião, não é o melhor treinador defensivo da História do Futebol, o Ivic, o Herrera (o tal que inventou o catenaccio), o treinador uruguaio que ganhou o Mundial de 1958 em pleno Maracana estes sim eram treinadores defensivos.
Considero ainda que Mourinho, ao contrário de outros treinadores, não é um treinador defensivo por natureza, são as circunstâncias do jogo, a valia do adversário por exemplo, que o levam a adoptar uma táctica defensiva, pois o Porto de 2002/2003 era uma equipa de ataque, e as 2 primeiras temporadas no Chelsea foram de futebol de ataque.
Gostei da frase: "com Mourinho à frente do exército britânico os alemães teriam decerto ganho a segunda batalha de El Alamein"... (que nesse caso passar-se-ia a chamar El Alemania...) - acho demasiado imaginar o Mourinho vestido com calções, meia até ao joelho, e boina inclinada... um José Monty-Mouro de esparso bigodinho...
ResponderEliminarMas é muito cruel mesmo: - Segundo sei, a segunda batalha em El Alamein foi ganha por falta de comparência do exército do outro lado!...
Os 2 melhores treinadores portugueses de sempre? Então e o Pedroto?
ResponderEliminarTodos os clubes por onde passou fizeram as suas melhores épocas da história. Excepto o Porto, é claro, mas também não tinha os argumentos em dinheiro e jogadores que os outros têm.
Daniel,
ResponderEliminarSe acha que são meramente as circunstâncias que levam Mourinho a ser defensivo, recorde a maneira como o Arsenal jogou em casa contra o Barcelona nos 1/8.
Concordo que o Herrera, cujo Inter vi jogar (e que treinara o Belenenses nos anos 50) é o símbolo do treinador defensivo, mas já o Ivic, bem, se o Mourinho tem a desculpa das circunstâncias, também ele tinha, decerto. A equipa do FCP de 1987/88, que ganhou o campeonato com 15 pontos de avanço numa altura em que as vitórias apenas valiam dois pontos, era bem atacante.
Mas decerto que o Florentino Perez não deixará de rosnar para com os seus botões: "Andei eu a gastar fortunas com Kakás e Ronaldos para este tipo conseguir só ter 30% de posse de bola num jogo em casa!":-))
O mourinho e 1 ser humano absolutamente INSUPORTAVEL
ResponderEliminarEgomaniaco asqueroso q tem a sorte de ter uma plateia de acefalos q engole as patranhas dele
A mim nunca me enganaste
A cena da UNICEF foi de ir ao vomito
A do Einstein foi tao forçada quao ridicula(mas as pessoas acharam sublime!!!!)
PALERMOIDE
Caro José Correia,
ResponderEliminarQuando disse que as duas equipas (02/03 e a actual) eram igualmente fortes ofensivamente, acredito mesmo nessa ideia, apesar de estarmos a falar de duas formas de ataque distintas: enquanto nessa época do Mourinho existiam vários jogadores na zona de finalização, agora, graças a um talento individual que não tínhamos na altura, podemos delegar sobretudo em dois jogadores a responsabilidade de marcar golos.
@Paulo
ResponderEliminarComo é óbvio, respeito a sua opinião, mas não concordo.
O FC Porto actual é fortíssimo em termos ofensivos, o que não surpreende, porque tem avançados como Hulk e Falcao (já nem falo no Varela) e um médio goleador como Guarín (apesar de nem sempre ser titular, já marcou 9 ou 10 golos).
O FC Porto já ultrapassou o número de golos que o slb marcou na época passada e, não fossem os dois meses em que o Falcao esteve ausente (por lesão) e, seguramente, os números seriam ainda superiores.
Quanto ao FC Porto de 2002/03, é um facto que os avançados não eram do mesmo calibre. Tínhamos um Derlei em super-forma, mas o Postiga não é, nem nunca foi, um bom ponta-de-lança.
Lembrete:
ResponderEliminarfoi Pinto da Costa - aquele mesmo Presidente que era tido como FINITO E CANSADO -, quem teve o mérito e a sagacidade para contratar Villas Boas. A escolha foi dele, e a oportunidade de o contratar ANTES DE OUTROS também...
Será que o autor do post Miguel Lourenço Pereira já engoliu o sapo, ou ainda estará a digerí-lo?
Enfim, viva o FCPorto, e já agora -se me é permitido -, JORGE NUNO PINTO DA COSTA!
PINTO Da COSTA ALLEZ!!!!!!!!!!!
ResponderEliminar(sempre fui 1 daqueles «optimistas tolos» por isso posso gritar à vontade!!)
Vou dar uma de necro. O mourinho nao teria que dar a volta ao 0:2 ... porque não teria perdido o 1º jogo 0:2! :)
ResponderEliminarSão os 2 fantásticos, mas o Mourinho será sempre o Special One. O AVB ainda tem muito que aprender e que conquistar...
Agora, a época do AVB foi brilhante, felizmente para todos nós! :)