O início desta época é marcado, de forma incontornável, pela final da Supertaça Europeia frente ao Barcelona. E se há uns meses atrás, existiam todas as condições para que esse confronto fosse, tanto quanto possível, jogado “olhos nos olhos”, o apelo do dinheiro – a treta do “desafio” é isso mesmo, uma treta, uma desculpa – deixou a equipa do Porto em risco de ser inapelavelmente batida e até mesmo humilhada.
As exibições frente ao Guimarães e a má imagem deixada frente ao Gil Vicente – a vitória não disfarçou visíveis dificuldades na defesa, e um incompreensível nervosismo frente a uma equipa recém-promovida – não auguravam nada bom frente à “melhor equipa do Mundo”. Aliás, a troca de palavras entre Vítor Pereira (VP) e Jorge Jesus, uns dias antes deixou transparecer um nervosismo natural mas estranhamente evidente; VP começou por demarcar-se do estilo do seu antecessor, dizendo que os confrontos com o treinador da equipa mais castelhana de Portugal, o Bienfica, seria travado exclusivamente dentro do campo, para debitar mais tarde um rol de violentas acusações sobre a mesma pessoa; eu não critico o conteúdo, mas a forma e a evidente contradição nas posições.
Porém o dia chegou, o Porto não venceu, mas deixou uma sensação paradoxal de dever (minimamente) cumprido e de esperança. Contra todas as expectativas, VP, “o substituto do André Villas-Boas” (AVB), começou no Mónaco a sair da sombra do seu antigo superior – porque até aí, a vitória na Supertaça nacional e as duas vitórias na Liga poderiam perfeitamente ser dadas como resultado do trabalho deixado pelo AVB – e a afirmar-se como treinador com capacidade para ocupar o cargo que detém.
Nem tudo foi perfeito frente ao Barcelona, quanto mais não seja porque Guardiola pode ter jogadores como Fabregas no banco e o VP tem de ter jogadores como Guarín no plantel – não, nunca gostei dele – mas é inegável que o nosso treinador sabe o que faz. O tempo dirá se possui outras capacidades vitais ao nível da gestão de homens e egos – algo em que o seu antecessor primava – mas pelo menos nos aspectos técnicos e tácticos, parece reunir todas as condições para atingir os objectivos que lhe foram propostos, e quiçá, até levar o Sr. Abramovich a despender 18 milhões de euros no final da época, para fazer dele o curador do seu “brinquedo”.
Contudo, até lá, o caminho foi, é e será pejado de obstáculos. O primeiro e mais complexo é sem dúvida a herança deixada pelo seu antecessor. Nesse aspecto, o AVB foi um sortudo: recebeu uma equipa desconjuntada e sem o título de campeão para defender – e é sempre mais fácil subir do que manter-se no topo, que o diga o Sr. Jesus. VP recebe uma equipa teoricamente melhor, mas com menor urgência de vitórias e certamente muito menos permeável ao discurso de “revolta” típico de AVB.
Outro obstáculo que costuma trocar as voltas aos treinadores do Porto, é o malfadado “mercado” e até nesse ponto, as sortes foram diferentes: a um deu João Moutinho, e com ele uma enorme “injecção” de moral em toda a equipa; ao outro tirou Falcao e não deu alternativa em troca, e ainda deixou vários jogadores no limbo, com o corpo no Porto mas com a cabeça em contratos milionários com clubes de segunda em ligas de primeira. Algo que um mercado de transferências com um calendário completamente ridículo e à medida dos clubes mais endinheirados, propicia e que curiosamente tem passado despercebido ao "sagaz" Sr. Platini. Isto já para não falar de contratações de 13 milhões que só chegam em Janeiro…!
Há ainda a juntar a tudo isto a componente europeia da temporada. Jogar a Liga dos Campeões, seja em que circunstâncias forem – e aquelas com que o VP se vai defrontar, em virtude das equipas sorteadas e das longuíssimas deslocações envolvidas, são bastante complicadas – é sempre mais difícil que disputar a Liga Europa, embora as expectativas não sejam obviamente tão altas.
Os desafios colocados ao VP são de monta e as condições que tem para trabalhar estão longe de serem as melhores, mas o homem, apesar de ainda estar a “apalpar terreno” no que toca à relação com os media e outros intervenientes no jogo, parece estar ciente das dificuldades, motivado e acima de tudo, ter as capacidades necessárias. Se isso é suficiente para levar o navio a bom Porto, é uma incógnita mas, até prova em contrário, VP tem a minha confiança.
As exibições frente ao Guimarães e a má imagem deixada frente ao Gil Vicente – a vitória não disfarçou visíveis dificuldades na defesa, e um incompreensível nervosismo frente a uma equipa recém-promovida – não auguravam nada bom frente à “melhor equipa do Mundo”. Aliás, a troca de palavras entre Vítor Pereira (VP) e Jorge Jesus, uns dias antes deixou transparecer um nervosismo natural mas estranhamente evidente; VP começou por demarcar-se do estilo do seu antecessor, dizendo que os confrontos com o treinador da equipa mais castelhana de Portugal, o Bienfica, seria travado exclusivamente dentro do campo, para debitar mais tarde um rol de violentas acusações sobre a mesma pessoa; eu não critico o conteúdo, mas a forma e a evidente contradição nas posições.
Porém o dia chegou, o Porto não venceu, mas deixou uma sensação paradoxal de dever (minimamente) cumprido e de esperança. Contra todas as expectativas, VP, “o substituto do André Villas-Boas” (AVB), começou no Mónaco a sair da sombra do seu antigo superior – porque até aí, a vitória na Supertaça nacional e as duas vitórias na Liga poderiam perfeitamente ser dadas como resultado do trabalho deixado pelo AVB – e a afirmar-se como treinador com capacidade para ocupar o cargo que detém.
Nem tudo foi perfeito frente ao Barcelona, quanto mais não seja porque Guardiola pode ter jogadores como Fabregas no banco e o VP tem de ter jogadores como Guarín no plantel – não, nunca gostei dele – mas é inegável que o nosso treinador sabe o que faz. O tempo dirá se possui outras capacidades vitais ao nível da gestão de homens e egos – algo em que o seu antecessor primava – mas pelo menos nos aspectos técnicos e tácticos, parece reunir todas as condições para atingir os objectivos que lhe foram propostos, e quiçá, até levar o Sr. Abramovich a despender 18 milhões de euros no final da época, para fazer dele o curador do seu “brinquedo”.
Contudo, até lá, o caminho foi, é e será pejado de obstáculos. O primeiro e mais complexo é sem dúvida a herança deixada pelo seu antecessor. Nesse aspecto, o AVB foi um sortudo: recebeu uma equipa desconjuntada e sem o título de campeão para defender – e é sempre mais fácil subir do que manter-se no topo, que o diga o Sr. Jesus. VP recebe uma equipa teoricamente melhor, mas com menor urgência de vitórias e certamente muito menos permeável ao discurso de “revolta” típico de AVB.
Outro obstáculo que costuma trocar as voltas aos treinadores do Porto, é o malfadado “mercado” e até nesse ponto, as sortes foram diferentes: a um deu João Moutinho, e com ele uma enorme “injecção” de moral em toda a equipa; ao outro tirou Falcao e não deu alternativa em troca, e ainda deixou vários jogadores no limbo, com o corpo no Porto mas com a cabeça em contratos milionários com clubes de segunda em ligas de primeira. Algo que um mercado de transferências com um calendário completamente ridículo e à medida dos clubes mais endinheirados, propicia e que curiosamente tem passado despercebido ao "sagaz" Sr. Platini. Isto já para não falar de contratações de 13 milhões que só chegam em Janeiro…!
Há ainda a juntar a tudo isto a componente europeia da temporada. Jogar a Liga dos Campeões, seja em que circunstâncias forem – e aquelas com que o VP se vai defrontar, em virtude das equipas sorteadas e das longuíssimas deslocações envolvidas, são bastante complicadas – é sempre mais difícil que disputar a Liga Europa, embora as expectativas não sejam obviamente tão altas.
Os desafios colocados ao VP são de monta e as condições que tem para trabalhar estão longe de serem as melhores, mas o homem, apesar de ainda estar a “apalpar terreno” no que toca à relação com os media e outros intervenientes no jogo, parece estar ciente das dificuldades, motivado e acima de tudo, ter as capacidades necessárias. Se isso é suficiente para levar o navio a bom Porto, é uma incógnita mas, até prova em contrário, VP tem a minha confiança.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Filipe Sousa a elaboração deste artigo.
Caro Filipe,
ResponderEliminarQuanto à ideia final, estamos completamente de acordo: VP tem a minha confiança e apoio!
Agora já não concordo consigo quando diz que a tarefa do AVB estava mais facilitada do que a do VP. Eu prefiro partir com uma equipa confiante, produtiva e moralizada que perdeu "apenas" um jogador, apesar de ser um dos melhores, mas que ganhou em contrapartida, no imediato ou em Janeiro, uma série de importantes reforços: Iturbe, Danilo, Alex Sandro, Kleber, Mangala, Defour.
No final se verão os resultados, mas não "embarco" nessa de dizer que faltam ao VP condições para ser campeão e fazer uma boa campanha na LC (ou melhor que as condições do AVB eram melhores).
Um abraço portista
O VP é um grande treinador e acima de tudo um grande ser humano. Nunca duvidei das suas capacidades e arrisco dizer que com AVB frente ao Barcelona teriamos sido muito mais dominados do que fomos com VP. O VP pois a equipa a jogar contra o Barça como nunca ninguém conseguiu... Deixámos a imagem de que somos realmente o 3º melhor clube do mundo. e que não restem dúvidas quanto a isso mesmo. Este Porto não perdeu ninguém de importante. Não me digam que sem Falcão nao somos campeões porque isso é treta. Jogámos mais de 10 jogos sem falcão na temporada transacta e continuamos a golear. Walter é enorme e marcou 8 golos em 9 jogos e só precisa que a situaçao da sua filha em risco de vida se componha. Kléber não é Falcão mas disfarça bem disso. Temos todas as condições reunidas e jogamos melhor que o adversário. Frente ao Leiria deixamos isso claro à concorrencia. Somos melhores e somos campeões.
ResponderEliminarFernando Teixeira
armadaazulebranca.blogspot.com