Finalizar, a nossa cruz |
A derrota de Portugal com a Alemanha deixou no ar um vislumbre
de sentimentos diversos. A organização lusitana superou largamente a dislexia patenteada
nos encontros de preparação. Mas fatalmente a Seleção voltou a vacilar nos
momentos decisivos e contra um adversário poderoso. Porventura haverá mais
esperança no seio da pátria numa exibição que não deslustrou. Mas os sintomas da doença
continuam lá morar e provavelmente vão abafar Portugal bem antes que a sua
esperança acabe.
A eventual falta de ousadia de Paulo Bento até ao minuto 72
pode muito bem ser explicada na tração mais dianteira do seu conjunto diante da
Turquia. O sistema e os protagonistas eram os mesmos em ambas as contendas, mas
a assunção do risco no controlo do jogo e no passe pôs em xeque o seu sucesso
no último particular. Antevendo esse desacerto com os alemães o selecionador apostou
numa construção sem riscos, com os seus jogadores a não se permitirem a
exposições desnecessárias, limitando-se a fazer circular a bola por caminhos óbvios.
E a verdade é que a coisa decorreu quase sempre de forma
organizada e planeada. Miguel Veloso não se perdeu nos seus habituais passes
transviados e o grupo foi bastante solidário entre si. Claro que tamanha
preocupação em deixar tudo tão aprumado desviou a atenção aos jogadores lusos
em agarrar-se ao jogo de quando em vez, não apenas quando o prejuízo já lá morava.
Isso, e a eterna nulidade na finalização da raia lusitana.
Paulo Bento não foi pouco ousado com uma Alemanha que se
revelou ser um pequeno monstro. O selecionador legitimamente preocupou-se em disfarçar as diversas lacunas que Portugal ostenta. Do trinco, ao puro 10. Do
ponta-de-lança ao lateral direito.
Algumas dessas chagas ficaram remetidas ao
esquecimento durante os 90 minutos, mas seria impossível escamoteá-las todas de
uma só assentada. Aqui não dita a regra do mercado global dos clubes. Cada
Seleção tenta sobreviver com aquilo que a sua terra lhe dá. E nossa, para além
de ter desperdiçado bom fruto em colheitas recentes, poucas vezes deu uma “máquina
de golos” como a que resolveu o jogo da noite passada.
Para se ganhar uma competição como esta não basta muita ambição e cagança de todo um povo. Só com um conjunto homogéneo e equilibrado é possível reverter as adversidades com outras opções tão ou mais válidas. Portugal é uma equipa sem resposta a algumas necessidades, não por culpa de Paulo Bento, mas sim por inépcia do seu campo de recrutamento.
Não é possível fazer omeletes sem ovos.
ResponderEliminarUma equipa que tem Cristiano Ronaldo e Nani e Moutinho e outros de muito bom nível nunca poderá ganhar nada quando a seu lado tiverem jogadores como João Pereira e Miguel Veloso e Postiga entre outros.
Dos 23 aproveitam-se 10 (+ ou -) e os restantes são jogadores medianos, para não dizer até que há lá dois ou três que são de bradar aos céus.
Agora só espero que continue, a selecção, na mesma senda de ontem, ou seja, que tenha mais vitórias morais e no fim da próxima semana que acabe o histerismo exacerbado, passo o pleonasmo, da comunication portugaise.
Uma palavra para o seleccionador:
Um xico-esperto armado em anjinho, que antes da porcaria que já se adivinhava que ia ser esta coisada de 2012, conseguiu que lhe dessem mais 24 meses de salários bem altos sem ter que mostrar se os merecia ou não. Parabéns a ele e a todos os otários que se deixam comer por lorpas.
Alguem reparou nos diferentes penteados que o Ronaldo exibiu em cada uma das partes do jogo??? Os outros jogam futebol, os nossos é o que se vê...
ResponderEliminarQuando não se tem cão, caça-se com gato. O problema é a filosofia a que os treinadores se sujeitam cegamente para os tornar mais credíveis e não parecerem medrosos, ainda que a equipa entre a jogar com demasiadas cautela, recuada e apostada mais na reacção que na acção. No primeiro tempo do jogo de ontem, tínhamos 38% de posse de bola e uma boa parte dela cumprida no nosso meio campo. Insistimos nas transições rápidas que raramente foram servidas fluentemente e nas bolas paradas, à boa maneira portuguesa.
ResponderEliminarNão há mal em reconhecer a superioridade do adversário e, para o suster, tomar os devidos cuidados. Só que a equipa não esteve coesa e, por isso, nunca foi um conjunto equilibrado. Defendemos de forma muita trapalhona, o meio campo operou quase sempre em desvantagem numérica e pouca criatividade, enquanto o sector mais ofensivo raramente criou desequilíbrios, à excepção dos últimos 18 minutos em que aproveitámos o recuo da Alemanha para tomar a iniciativa e dominar. A entrada de Varela, a maior liberdade de Nani na fase de construção e o empenhamento de Coentrão, Moutinho e Ronaldo sustentaram esse crescimento muito consentido pelos orgulhosos germânicos que deram, também eles, uma pálida amostra do seu poderio.
Para lutar com a Alemanha (e demais adversários do nosso grupo) a jogar em 4x3x3, com um meio campo pouco agressivo, uma defesa trapalhona e um trio atacante que pressiona com os olhos, ficámos presa fácil para adversários que nos conhecem de ginjeira. Com a Dinamarca, vamos ter que assumir o jogo e, quando assim é, raramente nos saímos bem. Além disso, a Dinamarca mostrou ser uma equipa coesa, unida e perigosa.
Não há grandes destaques individuais. João Pereira mostrou as suas insuficiências, tal como Veloso e Postiga. Zé Bosingwa e Ricardo Carvalho fazem falta. Embora este desaire faça parte da crónica de uma morte anunciada, pode ser que me engane e a rapaziada espevite e nos embale numa réstia de esperança. Oxalá !
ℕℯℓsση ℳαcℎα∂σ disse...
ResponderEliminarDos 23 aproveitam-se 10 (+ ou -) e os restantes são jogadores medianos, para não dizer até que há lá dois ou três que são de bradar aos céus.
Caro Nelson Machado, quem são os 10 que se aproveitam?
Com a excepção de Ronaldo, Pepe, Nani e Moutinho (por esta ordem), eu só vejo jogadores medianos e medíocres.
Postiga + Hugo Almeida + Nelson Oliveira juntos não dão um bom ponta-de-lança.
ResponderEliminarE, se calhar, o miúdo é o menos mau dos três.
Como é possível jogar em 4-3-3 com um meio-campo sem um bom Nº 6 e sem um único médio criativo?
ResponderEliminarLembro-me de ver jogar na Seleção médios como João Alves, António Oliveira, Jaime Pacheco, André, Carlos Manuel, já para não falar, e mais recentemente, em médios como Costinha, Rui Costa, Maniche ou Deco.
ResponderEliminarAlguém tem dúvidas que o Trio Miguel Veloso + Raul Meireles + Moutinho é o pior meio-campo da Seleção nos últimos 30 anos?
Esta colheita de 2012 tem um enorme deficit de talentos. E, para agravar a situação, dois jogadores que seriam titulares indiscutíveis - Bosingwa e Ricardo Carvalho - foram arrumados devido a problemas com o "Sargentão" Paulo Bento.
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