Crise. Uma palavra que mergulhou a fundo no léxico mundial e
entranhou no quotidiano europeu, com particular incidência para todos nós,
portugueses. As vidas reconfiguram-se a um padrão até há bem pouco tempo impensável,
as empresas escrutinam os seus custos ao mais ínfimo pormenor. Em todos os
sectores de atividade! Todos? Bom, ainda se constatam alguns exemplos onde esse
aperto não chega.
A indústria do futebol sempre demonstrou viver desfasada da
sociedade e em contraciclo perante a realidade económica. As contratações
sumptuosas, os ordenados principescos, o excesso de jogadores nas equipas, toda
gente que gravilha em volta dos clubes e o clientelismo inerente. É certo que denotam-se
alguns sinais de mudança, uma espécie de contenção envergonhada, mais por
imposição de quem tudo isto financia do que consciencialização própria, e o FC
Porto não é exceção.
Vem isto a propósito da notícia lida algures por aí que
Sapunaru, Belluschi e Ukra treinam-se à parte no Olival. Do jogador português já
era previsível de antemão a sua pouca possibilidade de ascensão no clube desde que
saiu há dois, porém a situação em que se veem relegados os internacionais
romeno e argentino tem tanto de surpreendente como de incompreensível. O defesa
direito foi quase sempre peça de utilização regular que, mesmo perdendo margem
de manobra com a chegada de Danilo, não justifica a sua inusitada exclusão
definitiva. E no meio campo portista as soluções não abundam, isto num cenário
onde a cobiça estrangeira por Moutinho pode decapitar o nível de qualidade
deste setor.
Se por razões estratégicas contratuais e de balneário a SAD
pretenda livrar-se destes jogadores até se compreende. Contudo não me parece
que relegar atletas à condição de proscritos a uma equipa “C” de milhões, onde tão caros foram aos nossos cofres, os fará valorizar convenientemente. Isto quando
o plantel principal joga particulares com jogadores adaptados a estas posições
ou em manifesta inferioridade qualitativa. Não seria a pré-época uma boa montra
para estes jogadores na antecâmara das competições?
E por falar em estrelas da equipa “C”; Será que este é
próximo a juntar-se ao grupo?
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Mais um bom artigo.
ResponderEliminarNa realidade a crise é patente e obriga ao emagrecimento dos planteis e da profusão de contratos com bons atletas que passam a vida emprestados. Com a decisão da Liga torna-se obrigatório libertar esses "activos" que mais parecem "passivos" face ao custo que tem para as contas próprias.
Creio que o filão, se assim lhe podemos chamar, de recrutar promessas para empréstimos e depois ver o que dão, é finita. Incomportável. O futuro será contratar bem e certo, sem excessos e ... empresários e comissionistas pelo meio...
Quanto a termos atletas a treinar á parte, é inqualificável. Por respeiro pelo seu passado e respeito pelo pessoa. No mínimo.
A notícia de Janko é surpreendente. O pretérito campeonato mostrou em todo o seu esplendor que um ou dois avançados não chegam a um plantel envolvido em várias frentes. Se não há melhor, pelo menos não desperdicem o que é raro no futebol: avançados. Se houve paciência com Kleber (veremos se está realmente melhor), te-lo-á que haver com Janko, pelo menos enquanto não descobrirem avançados com "A" grande.
Seja como fôr, fé e amor incondicional à parte, muitas vezes não percebo as decisões do meu Clube (basquetebol incluído)...
Um abraço e até sábado...
"Se por razões estratégicas contratuais e de balneário a SAD pretenda livrar-se destes jogadores até se compreende."
ResponderEliminarDeve ser por aí e ASSIM SENDO...
Afirmações do presidente FPB Mario Saldanha transcritas no OJOGO:
ResponderEliminar"Sabemos que pelo menos a Sport TV não está interessada em transmitir jogos do campeonato devido ao comportamento do FCP na final da ultima epoca", abordando o facto de as transmissões televisas estarem em duvida.
Bem parece me que estas declarações de Saldanha não são exactas e não ajudam a desanuviar o ambiente.
Reconheço que há razões que a razão desconhece;
ResponderEliminarReconheço que aos atletas estão conferidos todos os direitos, inclusive o direito a pedirem a rescisão por justa causa;
Reconheço que há jogadores que são maus profissionais;
Reconheço que a SAD poderá estar a agir segundo as suas regras e não como um mero exercício de abuso de poder;
Não me chega a argumentação utilitária que pode ser posta ao serviço do método da descriminação ou do seu contrário;
Reconheço, fundamentalmente, que estas práticas colidem com princípios éticos que deveriam subordinar as instituições que mereçam um largo reconhecimento no tecido social e, nesse contexto, devem ser um exemplo de rectidão. O FCP é uma instituição de utilidade pública, a FCP SAD é seguramente uma das entidades com mais notoriedade da cidade e uma e outra estão ligadas por um cordão umbilical sólido que o facto de serem comandadas pelas mesmas personalidades ainda mais acentua. Este método radical de separar atletas com quem se quer rescindir mais parece um acto de pequena vingança ou de prepotência que não são condizentes com a grandeza do clube e da SAD.
Definitivamente, não gosto.