segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Salvos pela bomba



Como a época deixa pouco tempo para se falar de coisas triviais como é o caso da Taça da Liga, a azáfama vai grande para o banquete de ossos e espinhas desta noite, fiquemo-nos por uma resumida visão do 2º jogo do FC Porto nesta competição, até porque na verdade, por mais que se tente espremer, não é muito sumo que ficou por beber deste encontro.

Não que não tenha existido nele os seus momentos de frisson, mas a largos períodos o futebol foi atabalhoado, pobre e pouco acertado. Sobretudo no passe. Aliás, sobre este último capítulo diga-se que a rapaziada de Vítor Pereira continua a patentear um nível de acuidade demasiadamente mau para uma equipa que se supõe ser de top. Está bem que aquele terreno de ontem nem para outras modalidades mais musculadas cumpria requisitos, mas já vem de muito longe este péssimo registo no passe e recepção, que só é, tão-somente, o bê à bá do futebol.

A falta de agressividade evidente da nossa equipa no decorrer do encontro teve consequências na primeira metade da partida, onde raramente a bola chegou à baliza adversária com perigo. O Estoril contra-atacava com alguma liberdade e num desses lances “sacou” o livre que Steven Vitória converteu superiormente.

A toada pouco empenhada dos nossos jogadores - mais preocupados com as eventuais nódoas negras inestéticas para uma noite de passagem de ano, não davam grandes esperanças numa reviravolta do estado de coisas, pelo que só mesmo o “brinde” Mário Matos, o guardião dos visitados, permitiu com que Jackson Martinez fizesse o empate.

A saída do avançado colombiano ao intervalo atrofiou por completo o ataque portista na 2ª parte. Depois de 2 pequenos apontamentos no recomeço da partida a equipa eclipsou-se até aquele penalty dos “tempos modernos” cometido por Otamendi e no qual João Querido Manha vincou numa desenfreada masturbação cerebral que quase atirou com os porcos o meu infeliz LCD.

Vá lá que a nossa equipa ainda tentou a reacção. Quase sempre incipiente  é certo, porem algo mais aguerrida do que se vira até aí. O empate já pouco esperado surgiria do nosso elemento mais esclarecido do encontro de ontem, João Moutinho. Um pontapé fabuloso que bateu Mário Matos, onde ao segundo duelo com médio portista pereceu no terreno.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Pois é uma pena


...se Quaresma não vier.

Muita gente anda a colocar todas as suas fichas na tradicional queda de forma das equipas de Jorge Jesus nas segundas-voltas. Seremos ingénuos se acreditarmos que o próprio não tenha ainda preparado um antídoto para tal.
Seria aconselhável tomarmos iniciativas por nós mesmos e não adormecermos na crença que esta época tudo se repetirá.

É uma aposta muito arriscada não nos mexermos, a sério, neste mercado de Inverno.
Mais certo que a queda do slb lá para Fevereiro/Março é que, mais cedo ou mais tarde, Jackson deixará de resolver tanto como até agora.
É a coisa mais natural do mundo os ponta-de-lança terem flutuações de rendimento durante uma tão longa temporada. Até o próprio Falcao teve também os seus períodos em que não facturou durante uma série de jogos. A questão é mesmo saber "quando" tal irá suceder. É praticamente uma inevitabilidade matemática.
Assim sendo, o melhor é pensarmos já em soluções que possam mitigar tal facto.
Sem o Jackson "habitual", assistiremos ao fim do equilíbrio actualmente reinante. O slb passará então a ser o mais forte se nada for feito.

Acresce ainda o problema da longa ausência de Atsu. Há quem diga tratar-se da única real alternativa que temos no nosso banco para resolver as partidas mais complicadas. Não anda muito longe da verdade quem assim pensa...

Sendo certo que ganhar série longas de jogos ditos "menores" seja sempre importante e digno de elogio, o facto é que verdadeiramente só em duas ocasiões esta temporada o FCP teve um rendimento inequívoco de excelência: na partida caseira contra o PSG e no jogo de Braga para o campeonato.
Tudo o resto, exceptuando a eliminação para a Taça e os dois empates na Liga, pode ser considerado positivo mas não nos deve deixar exageradamente optimistas em relação ao futuro. Não há razões objectivas para tal já que o nosso directo rival teve, nessas tais partidas, rendimento bastante semelhante ou até ligeiramente superior (vide jogos contra o scp).

De onde vem então este actual sentimento, generalizado entre os portistas, que as coisas estão "bem"?
Ora, vem da crença que o tal nível atingido contra o PSG no Dragão poderá ser repetido nos tempos próximos.
O jogo da Luz confirmará ou não essa teoria.
Sendo uma partida fora-de-casa, manda o bom senso estarmos preparados para que as coisas não corram assim tão bem.
Se se abrir uma diferença pontual entre os dois primeiros, o FCP precisará de algo "extra" em relação ao que vem apresentando até ao momento. Ainda para mais tendo, este ano, a possibilidade teórica de chegar mais longe na Champions.
Um percurso imaculado (ou próximo disso) na Liga, poderá vir a ser necessário.

Em suma, se não houver dinheiro para um médio ofensivo e/ou um novo ponta-de-lança, pelo menos não deixemos fugir um jogador como Quaresma.



quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Que alternativa para Atsu?


Christian Twasam Atsu está pré-convocado e tudo indica que irá fazer parte das escolhas do selecionador do Gana (Kwesi Appiah) para o CAN 2013, prova que irá decorrer na África do Sul, entre 19 de Janeiro e 10 de Fevereiro. Ora, como o estágio da Seleção do Gana começa no dia 2 de Janeiro, isso significará uma ausência que pode chegar às seis semanas (dependendo da fase da prova que o Gana atingir).

Até agora, Atsu foi utilizado em 21 jogos (8 vezes a titular e 13 a suplente), perfazendo 778 minutos de utilização, o que faz dele uma das escolhas mais frequente de Vítor Pereira para o trio de ataque (Varela tem mais minutos - 1123 - mas menos dois jogos).


A confirmar-se esta ausência, parece óbvio que a SAD terá de encontrar uma alternativa para as alas, porque uma equipa com as responsabilidades do FC Porto, e que joga num modelo em 4-3-3, não pode passar a contar unicamente com Varela e James (que já é uma adaptação) para as alas.

Possíveis soluções?

Kelvin. Tem muita habilidade, mas pouquíssima cultura tática. Precisa de ser muito trabalhado e de jogar com regularidade, algo que, obviamente, nesta altura é impossível na equipa principal do FC Porto. Mais do que ser uma solução para colmatar a ausência de Atsu, penso que lhe faria bem seguir as pisadas de Iturbe e ser emprestado a um clube, onde existisse um treinador formador e onde pudesse jogar todas as semanas.

Sebá. Promover este extremo brasileiro teria três vantagens: i) é uma solução caseira e, por isso, sem custos imediatos; ii) a correr bem, seria um enorme trunfo para quem aposta no projeto da equipa B; iii) seria um teste fundamental para a SAD decidir se exerce o direito de opção no final da época (Sebá está emprestado pelo Cruzeiro e tem o seu passe fixado em cinco milhões de euros).
O problema é que, tal como Kelvin, também Sebá precisa de tempo, minutos de jogo e, já agora, de um treinador como Jesualdo Ferreira (algo que Rui Gomes não parece ser).


Quaresma. Desvinculado do Besiktas desde o dia 20 de Dezembro, teoricamente seria a melhor solução (no imediato e a médio prazo). Para Quaresma, que regressaria a uma casa onde foi acarinhado, ganhou títulos, atingiu o apogeu da sua carreira e que lhe abriria as portas para voltar a jogar na Liga dos Campeões e para regressar à Seleção.
E para o FC Porto, que receberia um jogador de top, conhecedor das regras e cultura do clube e que não precisaria de tempo para se adaptar à cidade e ao país.
MAS... falta saber se é possível as duas Partes chegarem a acordo, quer em termos de salário (que deveria ser por objetivos), quer da duração do contrato (seis meses mais dois anos de opção?).

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Futebol no período de Natal


Por essa Europa fora, jogou-se no passado fim-de-semana (22 e 23 de Dezembro) para os campeonatos de Inglaterra, Espanha, Itália, França, Holanda, Bélgica, Escócia...
Em Portugal, houve folga.

Hoje é o Boxing day e no Reino Unido (Inglaterra e Escócia) os campeonatos não param.
Em Portugal, há três semanas de paragem! A 12ª jornada do campeonato foi disputada no fim-de-semana de 15 e 16 de Dezembro e a 13ª jornada está agendada para o fim-de-semana de 5 e 6 de Janeiro. E ainda há dirigentes e treinadores de clubes que se queixam das paragens motivadas pelo calendário das seleções...
Contudo, estes 21 dias não são inteiramente dedicados às férias natalícias. Foram agendadas duas jornadas da "importantíssima" Taça da Liga, uma antes e outra depois do Natal, como convém em período de Festas e de alguns excessos...

A mentalidade vigente é tal, que Jorge Jesus, logo após o desafio da 12ª jornada, deu férias antecipadas a cinco jogadores do plantel encarnado (Artur, Maxi, Luisão, Melgarejo e Cardozo), apesar do slb ainda ter um jogo em Olhão para a... Taça da Liga.

Sol, bom tempo, boa comida, jogos disputados a um ritmo baixo e férias, muitas férias.
Venha jogar para Portugal.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Mourinho e os guarda-redes simbólicos

José Mourinho está a fazer de tudo para ser despedido do Real Madrid.
Cada vez se parece mais aquele tipo de trabalhadores que querem ser despedidos para receber uma indemnização e decidem desafiar o patrão por tudo e por nada para forçar a situação. Ele sabe que naquele balneário ninguém o suporta, que lhe será impossível voltar a vencer a liga e a Champions League parece uma utopia cada vez mais evidente. Para preparar o futuro, com 12 milhões de euros no bolso, o melhor é sair quanto antes. Por isso decidiu pisar o último símbolo do clube espanhol que faltava: Iker Casillas.

As discussões de Mourinho com Casillas não são nada novas.
Remontam ao dia em que o capitão do Real Madrid ligou ao seu melhor amigo, Xavi Hernandez, em plena sequência de Clásicos, em 2011, e da troca de insultos e acusações entre ambos os clubes. Mourinho não lhe perdoou ao madrileno que pensara pela sua própria cabeça e como faz sempre, desenhou uma cruz no seu nome e manteve-a até hoje. Mas Casillas não é um jogador qualquer.
Capitão, herdeiro único da última equipa a vencer a Champions League com o clube, símbolo máximo do futebol espanhol e da sua geração mais brilhante, casado e amigo de jornalistas influentes, era a peça com quem não se podia meter livremente sem saber que acabaria por perder. Até agora.
Ao relegá-lo ao banco de suplentes num jogo decisivo em Málaga, Mourinho condenou-se e voltou a demonstrar a sua particular veia por discutir com guarda-redes que também são símbolos e lideres de balneário. Viajemos até 2003.



Mourinho tinha acabado de chegar e reencontrou-se com Vitor Baía, com quem tinha vivido épocas douradas no FC Porto e em Barcelona como adjunto de Bobby Robson.
Os dois eram amigos e rapidamente o treinador tentou afastar-se do jogador para não dar a imagem errada ao balneário. Mas Baía era o líder indiscutível, particularmente depois do afastamento de Jorge Costa, e o capitão dessa equipa. E não queria abdicar facilmente do poder que tinha para um homem que tinha começado a carreira há meio ano. Houve discussões, houve fricção e houve problemas quando Mourinho devolveu a braçadeira ao regressado "Bicho", passando por cima do historial de Baía e da sua maior longevidade com o clube.
O choque aconteceu depois de Mourinho não ter convocado Baía para uma viagem a Guimarães, entregando a titularidade a Nuno Espírito Santo. Baía pediu explicações a Mourinho, lembrou-o do seu passado como "traductor" e Mourinho queixou-se à directiva que ficou do seu lado e suspendeu Baía de todas as actividades. Nesse dia o guarda-redes deu igualmente uma polémica entrevista ao Record em que deixava antever que havia movimentos no clube para o substituírem  Uma linha de raciocínio que vem de encontro com as declarações, à posteriori, de Scolari e com o pensamento de Mourinho, que gosta de eleger um guarda-redes sempre com o mesmo tipo de características  algo que Baía não tem. O 99 vinha também de um período complicado, depois de várias lesões e do Mundial 2002, e essa discussão podia ter colocado um ponto final na sua carreira.

Só um posterior pedido de desculpas do 99 - quase um mês depois dos incidentes - o permitiu voltar a ocupar o seu lugar natural, nas redes, a caminho do biénio mais bem sucedido da história do clube. A partir de aí não voltou a haver um conflito aberto, apesar de já Mourinho ter recomendado ao clube a contratação de Helton, que anos mais tarde seria o substituto definitivo do capitão azul e branco.

Nesse mano a mano, Mourinho saiu vencedor e a sua posição no balneário reforçada, apoiada directamente por uma SAD que não sabia bem como lidar com os pesos pesados do balneário (veja-se caso Jorge Costa). Neste duelo concreto é fácil perceber que o português já perdeu. Perdeu a credibilidade que lhe restava, o apoio da directiva, da pouca imprensa que ainda o aguentava e do adepto comum, habituado a ver em Casillas um símbolo do madridismo. Dois guarda-redes históricos, duas histórias paralelos e um mesmo protagonista. O homem que não lidava bem com os guarda-redes!


domingo, 23 de dezembro de 2012

O rumo do FC Porto B!

O FC Porto B empatou hoje em casa com o equivalente encarnado num jogo onde os golos disfarçaram a pobreza futebolística. Este projecto que é a equipa B parece ter sido mal parido e pior gerido. Apesar de uma série recente de bons resultados, é confrangedor ver uma equipa com o emblema do FC Porto tão perdida em campo, como se não soubesse o b-á-b-á do futebol.

As semelhanças com a primeira equipa começam com o 4-3-3. E acabam aí.
Rui Gomes tem um plantel bastante medíocre  para os padrões do FC Porto. E talvez por isso prefira uma abordagem muito mais defensiva. As linhas jogam a quilómetros, uma das outras. O quarteto da defesa raramente chega à linha de meio-campo, os laterais quase nunca dobram os médios no ataque e o buraco entre o trio do miolo e os homens do ataque é constante. Não só neste jogo, é uma tendência desde Setembro.

No jogo em questão, apesar de tudo, o FC Porto B foi superior porque o Benfica B joga ainda pior.
Chegaram aos 2-0 muito cedo, concederam um auto-golo que deu oxigénio ao Benfica e depois sofreram o golo do empate, tudo na primeira parte. tudo muito inocente, tudo muito atabalhoado, tudo sem critério, tudo longe dos padrões de excelência que se deve exigir a uma equipa com o dragão ao peito.
No segundo tempo o Benfica dedicou-se a distribuir faltas pelo meio-campo e o médio peruano Ascues, demorou quinze minutos entre o momento em que deveria ter sido expulso e o que realmente foi enviado para o banho. Em vez de cair em cima do rival, faltou killer instinct. O treinador não mudou nada, os jogadores não cresceram e com dez o Benfica teve as suas oportunidades. O empate foi justo, pela mediocridade colectiva, e só o péssimo arranque de época dos homens de Rui Gomes justifica a diferença de sete pontos na tabela classificativa. Ao contrário do Sporting B, que realmente joga a outro nível, as equipas B de FC Porto e SL Benfica estão a anos-luz do que se lhes exige.



Doeu-me ouvir ao final Rui Gomes dizer que fez o melhor jogo do ano. É caso para pensar.
Se o treinador da equipa pensa que este é o melhor futebol que pode fazer, então há realmente algo que não está mesmo a funcionar neste projecto. Uma equipa B serve, sobretudo, para pensar em lançar jogadores para a primeira equipa. Devem jogar da mesma forma, com os mesmos processos e trabalhando jogadores de futuro. Na realidade o FC Porto B é algo bem diferente.
Deste plantel actual vejo apenas em dois jogadores reais possibilidades de chegar à primeira equipa.
Casos como Sérgio Oliveira, Pedro Moreira, David Bruno e Delatorre são para esquecer. Jogadores muito melhores que eles foram dispensados por muito menos. Tiago Ferreira gera-me dúvidas. Tem potencial mas falta-lhe ainda a maturidade que à sua idade tinham Fernando Couto, Jorge Costa e Ricardo Carvalho, por exemplo. Seba e Vion querem mas raramente conseguem.

Só mesmo Fábio Martins e Tozé demonstraram ter o futebol na cabeça e o espírito competitivo no corpo para sonhar com mais. O extremo tem de polir muito o seu jogo, mas é um jogador vertical e incisivo que quero seguir com mais atenção. Tozé é um projecto bem mais sério. Pequeno, de baixo centro de gravidade, pauta o jogo como quer, lê bem os espaços, tem uma técnica considerável e joga para a equipa, o que é difícil a esta idade. Aos 19 anos está no momento decisivo da sua carreira.

A equipa B tornou-se num entreposto comercial. No onze titular havia um sérvio, um zambiano e dois brasileiros. No banco estavam ainda um francês e outros dois brasileiros. Jogadores de perfil muito baixo, sem potencial para se afirmarem a nível internacional. Quando o FC Porto vai ao mercado mexicano pescar pérolas como Diego Reyes, jogadores com um potencial tremendo, pagando por isso cerca de 7 milhões de euros, é importante ver como é gerida a equipa B para perceber o quão mal este projecto está desenhado desde o principio.

Se os directores do FC Porto querem jogadores jovens estrangeiros para a equipa B, tudo bem. Mas que sejam Reyes, James, descobertos não depois de "explodirem" nacionalmente mas antes disso, quando a rentabilidade para o clube for muito maior. É curioso que no meio disto tudo, tanto Tozé como Fábio Martins nasceram no Grande Porto, precisamente a área de prospecção que mais temos negligenciado.


Espero honestamente que este ano de prova sirva para aprender lições para o futuro. O resultado de hoje - e o resultado do final da época, sempre que seja em lugares de salvação - é o de menos. Urge trabalhar sobretudo a ideia por detrás do projecto equipa B nos escritórios e dar uma profundidade táctica no relvado. Sem ambas as directrizes, fundamentais, a equipa B do FC Porto vai ter um final prematuro!

sábado, 22 de dezembro de 2012

Sobre a suspensão do Málaga, alerta!

Desde que ontem se soube oficialmente que o Málaga é um dos clubes afectados pela decisão da UEFA de começar a aplicar o seu novo modelo de Fair Play financeiro que todas as atenções se viraram para La Rosaleda. Foi um golpe duro e inesperado por parte do clube. Mas quem conhece a realidade dos andaluzes sabe que esta situação era previsível.

No entanto, é preciso a partir de agora ter muito, muito cuidado com este Málaga.
O clube vai recorrer, naturalmente, ao TAS. E vai perder.
Tanto ele como os clubes de leste foram visados pela UEFA que sabia, de antemão, que não tinham forma de se defender. São rivais institucionalmente fracos, sem peso nenhum, e vão ser os primeiros exemplos, avisos à navegação, não aos tubarões como aos clubes médios...se passam a linha, estão tramados.

O sheik Al Thani, que supostamente é dono do clube, há um ano que não tem os salários em dia. Um ano!
Os jogadores recebem de 3 em 3 meses partes do ordenado mas há alguns a quem o clube ainda deve metade do salário do ano passado, incluindo os prémios de fim de ano. Foi o trabalho de Pellegrini e a garra dos jogadores que lhes permitiu salvar a situação, primeiro no final de época passada, agarrando o 4º lugar de um Atlético de Madrid in crescendo. E depois no arranque deste ano.

Van Nistelrooy saiu porque não recebia há 2 meses. Cazorla foi vendido por 18 milhões de euros porque sem esse dinheiro o clube podia, inclusive, fechar portas. E todos puseram a mira na Champions League. Porque só de lá vinha o dinheiro fresco necessário para salvar o clube. Só há umas semanas a UEFA desbloqueou finalmente os 20 milhões de euros de prémios do clube, entre apuramento para a fase de grupos e vitórias num grupo que dominou de fio a pavio. Dinheiro fresco que motiva os jogadores, que sabem que só ali vão poder encontrar pão para comer.



O vestuário, desde Agosto, deixou claro que a Champions League tinha de ser a prioridade desta época, pelo dinheiro que lhes dá e pelo escaparate que é para os clubes grandes europeus. Mas também eram conscientes que se queriam continuar a receber tinham de repetir ou melhorar o quarto lugar do ano anterior para voltar a ver os milhões da Champions. A partir de agora, isso já não vale.


As informações que tenho definem claramente a eliminatória de Champions como único jogo importante do ano para o clube a partir de agora. O Málaga sabe que lhes dá igual acabar em 3º ou em 6º lugar, porque não participará nas próximas provas europeias, passe o que passar. Isso significa que vão tirar o pé do acelerador da liga, principalmente em Fevereiro e Março, onde têm jogos difíceis  e apostar tudo na Champions. Simplesmente, para fazer dinheiro que evite no 31 de Março que a situação se amplie a mais uma época e para que os jogadores possam receber os salários em dia com esse balão de oxigénio.

Esta realidade transforma o Málaga num rival muito mais perigoso. Não os melhora como futebolistas mas dá-lhes outra atitude, mais desesperada, e o FC Porto tem de saber lidar com isso. Em Fevereiro vamos estar em duas frentes, sem perder a atenção em nenhuma delas, sob pena de ficar irremediavelmente com a época em risco. Eles não. Eles jogam o ano a dois jogos, o que venha a seguir é para cumprir calendário.

É um alerta, com meses de antecipação. Espero que VP tenha consciência disso mesmo!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Objectivo: Málaga

O sorteio prévio que a UEFA realiza sempre tinha deixado antever um duelo FC Porto - Málaga.
Parecia que seria só no universo virtual que os dois conjuntos azuis e brancos se iam cruzar. Mas não. Como o sorteio oficial repetiu exactamente a prova matinal, o FC Porto decidirá a passagem aos Quartos de Final no estádio La Rosaleda.

O Málaga é um projecto novo, inspirado por mais um sheik árabe com sonhos de grandeza europeia.
Nesse sentido é similar ao Paris Saint-Germain, com quem já disputamos a fase de grupos. Os donos de ambos clubes são familiares, ambos investiram no mercado dos últimos dois anos para reforçar o plantel e procuram na edição deste ano da prova o prestigio internacional que o dinheiro, só por si, não pode comprar. Que o diga o Manchester City!

Mas ao contrário do PSG, este Málaga é um poço de problemas.
Os jogadores passam meses sem receber a tempos e horas desde meados do ano passado. No Verão o clube teve de vender a Santi Cazorla ao Arsenal por tuta e meia (15 milhões de euros) e dispensar um par de jogadores porque não havia dinheiro para manter o plantel que conseguira o histórico quarto lugar obtido por Manuel Pellegrini no final da época passada. Só depois do apuramento para a fase de grupos ter sido garantido é que o clube investiu no mercado e contratou a Saviola e Santa Cruz, os dois avançados da equipa. Até lá tinha jogado com um miúdo da equipa B de 16 anos.

É por isso um projecto com pés de barro e ,a par do Schalke 04, o que melhor nos vinha. Não tem nem o prestigio de um Manchester United ou Juventus nem a qualidade de Borussia Dortmund, Barcelona e Bayern Munchen. Mas não é por isso um rival menos perigoso.


Os espanhóis (imprensa e adeptos) já se dão por favoritos e a boa primeira fase podia dar essa sensação.
Mas com um plantel curto, as boas exibições têm sido alternadas com jogos francamente maus. Em Espanha caminham no quinto posto (empatados com o Bétis), longe do trio da frente, e na Copa del Rey têm sofrido para seguir em frente. Todas as fichas foram postas na fase de grupos - por motivos financeiros evidentes - e agora resta saber como será que um clube pouco habituado a isto suportará a pressão de uma eliminatória. Não é por acaso que os dirigentes do clube têm um discurso bem mais cauteloso!

Da equipa treinada pelo homem que foi desprezado pelo Real Madrid mas que antes tinha transformado o Villareal num clube de bairro a um semi-finalista europeu, é preciso ter cuidado com três jogadores que têm sido fundamentais ao longo do ano:

- Isco, provavelmente uma das maiores promessas do futebol europeu, chamado a sucessor de Andrés Iniesta na selecção espanhola
- Joaquin, o veterano extremo que redescobriu a alegria de jogar e que tem sido o principal motor ofensivo dos andaluzes
- Eliseu, renascido sob o comando de Pellegrini que lhe dá uma tremenda liberdade no flanco esquerdo, transformando-o num jogador a que a linha defensiva tem de prestar muita, muita atenção.

Quanto ao resto do plantel, há um equilíbrio evidente.
Willy Caballero é o lider do prémio Zamora, mas oscila entre defesas impossíveis e autênticos "frangos". A linha defensiva, composta por Jesus Gamez, Demichelis, Wellington e Eliseu é bastante desequilibrada e no meio-campo a equipa depende sobretudo da frieza de Toulalan e da magia de Isco, deixando a Camacho e Portillo o trabalho mais táctico. No ataque, o titular é o já conhecido Saviola, e do banco saltam habitualmente os mesmos nomes, o chileno Iturra, o espanhol Monreal, o português Duda e o paraguaio Santa Cruz.

Honestamente, perante este rival, o FC Porto tem de se considerar favorito, de portas para dentro.
Que o rival queira embandeirar em arco, é lá com eles. Nós temos um bom onze, um pedigree na alta competição reconhecido e jogadores que, individualmente, não estão atrás dos melhores da equipa rival. Se eles têm Isco, nós temos James. Se eles têm Joaquin, nós temos Moutinho. Se eles têm Saviola, nós temos Jackson. E assim sucessivamente.

O primeiro jogo no Dragão será fundamental. Já sabemos que não podemos sofrer golos, que teremos de ser mandões desde o principio. E, acima de tudo, demonstrar a eficácia que ainda não tivemos nos duelos contra rivais directos. Na Europa isso é fundamental.

Entre Fevereiro e Março o Málaga terá um calendário muito complicado. Tem um plantel curto. É o momento certo para fazer valer a nossa superioridade e marcar o bilhete para os Quartos de Final.


PS: A UEFA anunciou agora mesmo que o Málaga é um dos clubes excluídos das próximas edições das provas europeias. Nos próximos quatro anos, mesmo que se apure, o Málaga será excluido por não cumprir com os requisitos financeiros do Financial Fair Play, juntamente com outros clubes do leste da Europa. A prova viva de que o estado das finanças do clube é um desastre. Mas não podiam aplicar isto já?

Missão cumprida

Missão cumprida na Madeira com uma vitória clara e tranquila, em que o resultado terá sido escasso dado o ascendente portista, tendo-se resolvido o jogo relativamente cedo (aos 50mins).

Penso que V. Pereira demonstrou inteligência na forma como geriu o plantel, tendo em conta o calendário. Ficaram de início de fora 3 jogadores da equipa-tipo, 2 de campo (Hélton, Maicon e Fernando) tendo-se a oportunidade (resolvendo o jogo cedo) para dar cerca de meia hora de jogo a Castro, Fernando e Atsu (descansando Lucho, Moutinho e James). Isto já depois de ter utilizado inicialmente Fabiano, Defour e Mangala.

Se não faz sentido em geral sobrecarregar os jogadores, o oposto também é certamente verdade: não seria boa ideia se a equipa-tipo chegasse ao jogo da Luz praticamente sem ter jogado de todo durante um mês inteiro (o que seria o caso se jogássemos com 2as e 3as escolhas na Taça da Liga como muitos defendem, opção aliás ainda ontem aqui defendida em artigo sobre o tema).

Da mesma forma, é jogando ao lado de habituais titulares (na maioria) que se dá verdadeiras «oportunidades» às 2as escolhas (Mangala na sua posição natural, Defour, Castro, Atsu, etc), e não rodeados de outras 2as escolhas numa manta de retalhos.

No próximo jogo em Estoril penso que será de repetir a abordagem (i.e. maioria de jogadores da equipa-tipo no 11 inicial, e não 3 como em Braga), com eventuais alterações pontuais ao 11 inicial de ontem; tendo-se depois a oportunidade de rodar mais 3 jogadores com as substituições. Com uma vitória (e o empate até pode chegar) poderemos depois encarar com toda a tranquilidade o 3o jogo em casa contra o Setúbal, estando já apurados - e sim, recheando o 11 inicial de 2as escolhas tendo em vista a poupança dos habituais titulares para o jogo do «galinheiro» que terá lugar poucos dias depois. Como aliás tinha defendido em artigo na semana passada.

Esta competição é totalmente secundária, sem qualquer dúvida (e numa fase avançada fará eventualmente sentido fazer grandes poupanças, dependendo lá está do calendário e contexto de cada jogo e jogador), mas também não é razão para nos «armarmos» em viscondes desprezando-a completamente (e estamos sujeitos a dúvidas legítimas de que assim se fala porque nunca a ganhámos): está no ADN portista querer ganhar tudo que seja competição oficial. Ambição e exigência são duas palavras-chave no léxico portista.

Mesmo que seja totalmente hilariante assistir a parangonas do género «Tetracampeões recebidos em Olhão» como ainda ontem vi no site ZeroZero...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O que eu queria era o Barcelona C...


Diálogo imaginário (inspirado numa pouco célebre escuta do processo Apito Dourado) entre o presidente da UEFA e o presidente do FC Porto, uns dias antes de se saber qual é o adversário dos dragões nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões...

Michel Platini (MP) - Talvez o Manchester United, pá!

Pinto da Costa (PC) - Não, não quero Manchester United nenhum! (...)

MP - E o Bayern Munique?

PC - O Bayern Munique também não quero! Ouça, é tudo para nos f...!

MP - E o Schalke 04?

PC - O Schalke 04?... pode vir o Schalke 04. Agora o que eu queria... Disseram-me que seria o mesmo Barcelona que jogou contra o slb o nosso adversário dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões... O Barcelona C!...

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Pois, eu também queria que o FC Porto tivesse o “privilégio” de ir a Camp Nou e jogar contra o mesmo o Barça que defrontou o slb (seria o Barcelona C, D ou Z?), de modo a Vítor Pereira tentar pôr em prática algo de semelhante à “tática inovadora” que Jorge Jesus adoptou mas, infelizmente, parece que isso não vai ser possível. Suspeito que, nos oitavos-de-final, Tito Vilanova vai apresentar o Barcelona A nos dois jogos e, sendo assim, não quero.

Também gostava de evitar o Bayern Munique (estão a jogar muito) e o Manchester United (embora, da última vez que os apanhamos nos oitavos, fomos campeões europeus…).

Não há equipas acessíveis (que chatice!) mas, se pudesse escolher, preferia o Malaga ou o Schalke 04.



Infografia: record.pt

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Que se lixem as taças

"Se algum dia tiver de perder umas eleições em Portugal para salvar o país, como se diz, que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal"
Pedro Passos Coelho, 23 de Julho 2012, durante um jantar do grupo parlamentar do PSD na Assembleia da República


Foi muito polémica a poupança de diversos dos habituais titulares (Helton, Danilo, Alex Sandro, Lucho, Moutinho, Varela e Jackson Martinez) decidida por Vítor Pereira no último SC Braga x FC Porto (2-1), para os oitavos-de-final da Taça de Portugal.
Contudo, apenas 13 dias antes, para os 1/16 avos da mesma competição, o FC Porto tinha ido à Madeira jogar contra o Nacional com praticamente o mesmo onze inicial. A propósito, relembro os onze jogadores que alinharam de início no Nacional x FC Porto (0-3), disputado no dia 17 Novembro de 2012: Fabiano, Miguel Lopes, Abdoulaye, Otamendi, Mangala, Defour, Castro, Lucho, Iturbe, Kléber e Atsu.
Ou seja, comparando os onzes do FC Porto nestes dois jogos para a Taça de Portugal (ambos deslocações que, à partida, se anteviam difíceis), só houve duas diferenças: Fernando e James entraram no onze inicial de Braga, saindo Lucho e Iturbe.
E, claro, houve também diferenças substanciais no resultado final dos dois jogos e, consequentemente, nas críticas à decisão do treinador.

Mas, faz algum sentido o FC Porto poupar 5, 6, 7 ou mais jogadores habitualmente titulares em jogos da Taça de Portugal, contra adversários como o Nacional ou o SC Braga?
Claro que é discutível, mas Vítor Pereira não é o primeiro (e suspeito que não será o último) treinador do FC Porto a fazer este tipo de gestão do plantel.

Recordo precisamente uma outra deslocação a Braga, para a meia-final da Taça de Portugal, realizado no dia 16 Março de 2004, em que o FC Porto de Mourinho foi disputar com a equipa orientada por Jesualdo Ferreira, uma vaga na Final da Taça de Portugal 2003/04.
Relativamente aquele que podia ser considerado o onze titular da altura, José Mourinho fez cinco alterações:
- Nuno em vez de Vítor Baía (que foi para o banco);
- Ricardo Costa fez dupla com Ricardo Carvalho em vez de Jorge Costa (que nem sequer foi para o banco, onde quem se sentou foi Pedro Emanuel);
- Alenitchev em vez de Pedro Mendes ou Carlos Alberto (ambos haveriam de ser titulares na Final de Gelsenkirchen, mas neste jogo em Braga nem entraram em campo);
- Maciel em vez do Ninja ou de Carlos Alberto (dependendo do modelo de jogo adoptado por Mourinho);
- Jankauskas em vez de McCarthy.

Apesar de ter jogado com várias segundas e até terceiras escolhas, como eram os casos de Ricardo Costa e Maciel (um dos grandes flops das contratações feitas na era-Mourinho), o FC Porto ganhou por 3-1 e o herói do jogo foi o “rapaz alto e loiro” – Jankauskas –, o qual fez uma belíssima exibição e marcou os 3 golos dos dragões.

Admito perfeitamente ter uma perspectiva muito minoritária entre os adeptos portistas mas, na minha opinião, a Taça de Portugal é uma competição simbólica do centralismo (a final é obrigatoriamente disputada no decrépito e “helénico” Estádio Nacional) e da parolice que existe em Portugal (é tão giro ver a malta que se desloca à capital, de garrafão na mão, a fazer piqueniques na mata do Jamor…) e, também por isso, interessa-me essencialmente quando enfrentamos o clube do regime - o slb.
Se gosto que o FC Porto ganhe a Taça de Portugal?
Claro que gosto, principalmente quando não ganhamos o campeonato porque, nesse caso, serve de (pequena) consolação.

Ora, se em relação à Taça de Portugal compreendo (e na maioria das situações estou de acordo) que os treinadores do FC Porto poupem vários dos habituais titulares, na Taça da Liga ainda mais.
Na realidade, para um clube com o historial do FC Porto, cujas prioridades fundamentais (a nível desportivo e financeiro) são vencer o campeonato e atingir os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, para que serve esta aberração…, perdão, competição?

Para aumentar a notoriedade do clube a nível interno?
Não.

Para a SAD efetuar um encaixe financeiro relevante?
Não, e esta época ainda menos, visto a Taça da Liga ter ficado sem patrocinador e a Olivedesportos ter rompido o contrato que existia com a Liga.

Para enriquecer o currículo?
Compreendo que, por razões várias, o slb e a comunicação social que lhe é afeta procurem valorizar esta competição; compreendo que ganhar esta prova seja relevante para os clubes pequenos ou médios do nosso campeonato; mas algum portista, que tenha vivido as vitórias alcançadas nos últimos 30 anos, acha que é uma Taça da Liga que enriquece o currículo do FC Porto?

Então, para um clube como o FC Porto (que, lamentavelmente, é obrigado a participar), para que serve a “Taça Lucílio Baptista”?
Na minha opinião, para rodar os jogadores menos utilizados e, eventualmente, dar oportunidades a alguns jogadores da equipa B.
É isso que espero que Vítor Pereira faça no Nacional x FC Porto de amanhã (que, de tão "importante" que é, nem sequer vai ter transmissão televisiva...).


"Se algum dia o FC Porto tiver de perder umas taças em Portugal para salvaguardar a integridade física dos jogadores com mais minutos nas pernas e aumentar as hipóteses de sucesso noutras competições, como se diz, que se lixem as Taças, o que interessa é Campeonato e a Liga dos Campeões"
José Correia, 18 de Dezembro 2012

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Prenda de "Reyes"

O campeão olímpico mexicano Diego Reyes é a nova contratação do FC Porto. Segundo anuncia, esta segunda-feira, o clube, o jogador integrará o plantel “azul e branco” a partir de Junho de 2013, no arranque da próxima época futebolística.
in Porto24

O FC Porto anunciou hoje a primeira contratação para a próxima temporada.
O defesa central mexicano Diego Reyes chega proveniente do América e os valores oficiais ainda não transcenderam mas falam-se entre 5 e 8 milhões de euros, dependendo das variantes do negócio.

Pessoalmente é uma contratação que me agrada.
Não só porque o que vi dele me entusiasma, é bom na marcação individual e tem uma cultura táctica bastante evoluída para os 20 anos que tem. É também porque quem me conhece sabe que há vários anos que defendo que o FC Porto tinha de encontrar rapidamente um mercado alternativo ao inflacionado mercado brasileiro e ao mercador argentino que tem perdido qualidade, como o próprio futebol local o evidencia de ano para ano. Mercados com jogadores jovens, de projecção e com um potencial de mercado evidente. O México é um dos exemplos mais claros.

Não são apenas campeões olímpicos, medalha de bronze no último Mundial sub-20 e campeão do mundo de sub-17. São um país que está a lançar aquela que será, provavelmente, a sua melhor geração. Há, sem exagerar, entre dez a vinte jogadores mexicanos que nos próximos anos estarão em clubes de elite europeus como já acontece com o Javier Hernandez, por exemplo.


Há outros países (o caso da Colombia é evidente) como o as potências orientais (Japão/Coreia do Sul), a Bélgica (na qual já pescamos o Defour e o Mangala) ou o Senegal (país do Ba) que vale a pena seguir com atenção. À medida que a situação financeira do clube se aperta é fundamental sermos rápidos em realizar negócios destas características porque são os valores de futuro, tanto no terreno como fora dele.

O facto de ser um defesa central implica, seguramente, que o clube pensa não só vender Rolando (como já queria neste último defeso) como hipoteticamente outro central do plantel actual. Mangala e Maicon têm mercado e Otamendi é internacional argentino, com "noivas" em Espanha e Itália. Será curioso ver como evoluciona o ano competitivo destes três jogadores.

Para os que gostam de seguir tendências, lembro só que este é mais um dos prodígio latino americanos que um clube da capital tentou pescar mas que à última da hora preferiu o prego ao bitoque. É esperto, o miúdo!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Mais um não-assunto

É apenas mais um.

Passou-se ontem, a 25 minutos do fim, no jogo da Luz.

Bola na mão, expulsão e penalty. Golo.
E siga.

"O penalty acaba por ser o momento-chave, mas acontece."
Pois claro que são coisas que acontecem, caro treinador do Marítimo.
É de facto um não-assunto.

E de certeza, certezinha, que o slb iria marcar de qualquer das formas...
Se não fosse com esta ajuda, o "massacre" faria o resto.
"É preciso é árbitros sem vícios", diz também o inteligente.

Eu não dizia que era um não-assunto?

sábado, 15 de dezembro de 2012

A A3 tem dois sentidos?

(clicar na imagem para ampliar)


No passado dia 23 de Novembro, o semanário Grande Porto publicou um artigo cujo título era "Como o Sp. Braga beneficia da aliança com o FC Porto" (de onde extraí o quadro anterior).

Nada tenho contra esta "aliança", "parceria", ou como lhe queiram chamar, entre o FC Porto e o SC Braga, a qual é visível desde que António Salvador assumiu a presidência do clube bracarense (em 2003). Contudo, ainda não consegui perceber que benefícios é que o FC Porto tirou desta aproximação.

Radamel Falcao, 40+7?




«A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, nos termos do artigo 248º nº1 do Código dos Valores Mobiliários, vem informar o mercado que chegou a um acordo com o Atletico de Madrid para a cedência, a título definitivo, dos direitos de inscrição desportiva do jogador profissional de futebol Radamel Falcao pelo valor de 40.000.000 €(quarenta milhões de euros).
Este acordo prevê o pagamento de uma remuneração variável, pelo que o montante global a receber poderá atingir os 47.000.000 € (quarenta e sete milhões de euros)
Comunicado da FC Porto SAD, 18 de Agosto de 2011


Desde que chegou a Madrid, Falcao ainda não parou de marcar golos, muitos golos, quer no campeonato espanhol, quer nas competições europeias.
Na época passada, os seus golos, com destaque para os dois que marcou na final, foram decisivos para o Atletico Madrid conquistar a Liga Europa (com 12 golos em 15 jogos, voltou a ser o melhor marcador desta competição).
No início desta época, voltou a maravilhar os adeptos do futebol na Supertaça Europeia, aguçando ainda mais o apetite dos "tubarões" do futebol europeu.
E, no campeonato espanhol 2012/13, já leva 16 golos marcados sendo, nesta altura, o principal perseguidor do "estratosférico" Lionel Messi.

Conforme recordei acima, o acordo entre o FC Porto e o Atletico Madrid prevê uma remuneração variável que poderá atingir sete milhões de euros. É um montante que não é desprezável.
Contudo, não é claro (bem pelo contrário) mediante que condições é que a FC Porto SAD poderá receber este valor (ou parte dele).
Isto é, esta remuneração variável está indexada a que objectivos?
Esses objectivos poderão ser individuais (número de jogos em que o Falcao alinha por época; número de golos marcados no campeonato / competições europeias; etc.) e, nesse caso, dificilmente o Falcao poderia ter um desempenho melhor do que aquele que tem tido com a camisola do Atletico.
Mas também poderão ser objectivos colectivos. Exemplos: o Atletico Madrid vencer a Liga espanhola, a Taça do Rei, a Liga Europa, a Supertaça Europeia, a Liga dos Campeões ou apurar-se para a Liga dos Campeões.

E, em termos desta componente variável do contrato entre a FC Porto SAD e o Atletico Madrid, o que acontecerá se, entretanto, o Falcao for transferido para um outro clube?

Numa futura entrevista ao Angelino Ferreira, Antero Henrique ou ao Pinto da Costa, era interessante (para os sócios e adeptos portistas) que os jornalistas colocassem estas questões, de modo a este assunto poder ser esclarecido.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Adiado...


..., em princípio, para o dia 23 de Janeiro.

Assim sendo, A BOLA já pode ir preparando a capa: "slb campeão de Inverno"

A Sucessão: Antero Henrique

Antero Henrique é visto por muitos portistas como estando na pole position dos possíveis candidatos a sucessor de Pinto da Costa, e bem possivelmente com razão, embora eu tenha algumas dúvidas.

Não deixa de ser curioso que assim seja quando não faz sequer parte da «cúpula» na SAD, não fazendo parte do Conselho de Administração (onde para além de PdC temos A. Caldeira, R. Teles e A. Ferreira, para além de um administrador não-executivo) nem sendo sequer um dos 14 vice-presidentes do clube (onde se encontra por exemplo R. Teles e A. Caldeira). Isso acontece no entanto porque é visto como o homem forte do futebol, e o futebol é a principal actividade do clube.

Transmontano de Vinhais (e alegadamente benfiquista enquanto criança segundo entrevista de um amigo de infância ao JN há uns anos, tendo depois visto a «luz»: um pormenor que a ser verdade acho curioso mas sem importância), Antero Henrique subiu a pulso no FCP a partir de um início modesto, sob a tutela de PdC. Tendo ido estudar para o Porto com 18 anos, cruzou o seu destino com o FCP no início dos anos 90 como coordenador da revista Dragões, de onde «saltou» para assessor de imprensa, ainda nos anos 90; e com a criação da SAD estruturou o departamento de relações externas. Destacou-se nos primeiros anos de SAD pela lealdade absoluta a PdC (como durante o processo do «Pito Dourado»), sendo promovido a director-geral para o futebol em 2005 (o que levantou confusão entre alguns adeptos na altura, como eu, no que diz respeito ao seu papel vs. o papel do «administrador para o futebol» que era, e é suposto no papel ser ainda, Reinaldo Teles; hoje em dia há muito menos dúvidas nessa questão).

No sistema presidencialista de PdC, Antero passou desapercebido da esmagadora maioria dos adeptos nos primeiros tempos, «dando a cara» pela primeira vez a sério num projecto por si anunciado intitulado de «611,» que muito aplaudi na altura. Como se viu mais tarde esse projecto foi um tremendo fracasso (medido pelos critérios anunciados por Antero), já que se em 2006 tínhamos 4 jogadores da casa no plantel, em 2011 em vez de termos 6 como previsto (um objectivo que nem era particularmente ambicioso), tínhamos... 1.

No entanto a imagem de competência (ainda que bastante nebulosa e vaga, devido à forma opaca como a SAD funciona e com PdC a ser quase o único a dar a cara, o que tem muitas vantagens mas também algumas desvantagens)  que ganhou junto de muitos adeptos foi pouco beliscada por esse projecto que tinha a sua marca, sendo associado com as sucessivas vitórias nacionais (e internacional, no caso da Liga Europa), claramente o mais importante para os adeptos. Ultimamente tem dado um pouco mais a «cara», o que saúdo, mas mesmo assim é difícil para o adepto comum saber até que ponto é que ele teve «dedo» em decisões importantes de gestão por contraponto a PdC e aos companheiros de administração.

Mesmo que seja mais ou menos consensual que é competente no cargo que desempenha, será ele um bom presidente? Uma pergunta que muitos adeptos se colocam é se não estaremos na presença de um possível exemplo do princípio de Peter, i.e. de que as pessoas têm tendência a serem promovidas até ao seu nível de incompetência - no caso de Antero, quer isto dizer que poderá ser um bom director no dia-a-dia mas um mau presidente. Essa é uma resposta muito difícil de responder, mas para a maioria dos adeptos será suficiente que PdC «abençoe» a sua candidatura para remover essa dúvida.

Dúvida que no entanto regressará em força caso as primeiras épocas no pós-PdC não sejam de sucesso, com comentários do género «Pois é, o mérito do sucesso era mesmo do PdC». Um desafio que se coloca tanto a Antero como a qualquer outro possível candidato, aliás, porque terão sempre muitíssimo menos margem de manobra do que PdC tinha, por razões óbvias. Existem duvidas tambem que tenha a sensibilidade e sagacidade suficientes para a gestão económica da SAD quando se perspectivam tempos de maior aperto do cinto.

Muitos consideram que não tem um perfil presidenciável, sendo um «tecnocrata». Penso que não será de excluir de todo a possibilidade de que, consciente disso, Antero junte forças com A. Caldeira e A. Ferreira (e quem sabe R. Teles) para colocar uma figura popular entre os adeptos como presidente do FCP clube que se contente em deixá-lo(s) gerir a SAD como mais ou menos bem entenderem (como possivelmente um Fernando «bibota» Gomes). É um cenário que não me agrada porque é o presidente que é eleito pelos sócios e a eles responde também pela gestão do futebol, e com essa responsabilidade devem vir poderes concretos e inquestionáveis na SAD. Prefiro Antero a presidente do clube e da SAD, do que responsável (de forma oficial ou não) apenas da SAD.

Pergunto-me também como verão os seus colegas mais seniores e com origens menos humildes, como um A. Caldeira, a perspectiva de o ter como chefe. Não sei se o aceitarão de forma tão pacífica como isso.

Finalmente, contra si Antero tem o handicap de ser desde sempre um mero homem do futebol, sem experiência significativa ao nível do clube, ao contrário de PdC e tantos outros dirigentes (como R. Teles). Será ele um candidato com a sensibilidade suficiente para ter em conta os interesses superiores do FCP quando estes colidirem com os da SAD? Esta é uma enorme dúvida (e parecem existir alguns dados avulsos que a reforçam), mas penso que de menor importância aos olhos da maioria dos sócios: não vai ser certamente por aí que não será eleito.

Para terminar, pergunto-me se Antero estaria disposto a continuar no posto actual no caso de uma candidatura que não seja de «continuidade», com os administradores a serem todos substituídos (ou quase),  e numa posição claramente subalterna perante o novo «chefe» - na teoria, e na prática. Com os dados que tenho neste momento, penso que poderia ser uma solução eventualmente interessante para o FCP... mas ainda é cedo para tirar conclusoes bem fundamentadas.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Os mal amados

Com excepção de Pedroto (que foi bem mais que um treinador no FCP) todos os restantes, uns mais do que outros, foram sujeitos a contestação por parte dos adeptos, do balneário ou de ambos.
Nem Robson escapou. Uma das críticas que lhe era dirigida frequentemente era sua incapacidade de ser mais interventivo no banco e, nessa perspectiva, gerir melhor “quem substitui quem” e o timing mais adequado para produzir essas mudanças. Rui Barros passou, a partir de certa altura, a ser o sacrificado da ordem e acho que o foi numa grande parte dos jogos. Também não foi muito bem entendido que tivesse recebido os “russos” do SLB e os tenha colocado a jogar de imediato e posto no banco o Domingos. Também não foi muito bem aceite, que tivesse sido eliminado da taça com o Marítimo e, pior, que tivesse levado 3-0 e um banho de bola do SCP de Octávio, na Supertaça em Paris. Estava no aeroporto quando a comitiva do FCP chegou de Paris e fiquei revoltado com a forma como foi recebida, tendo havido confrontos entre alguns dos palermas que lá se encontravam e alguns jogadores. Recordo que Vítor Baía e João Manuel Pinto eram dos mais inconformados com aquela estúpida recepção, depois de terem sido campeões com inteiro mérito.

Artur Jorge foi sempre muito contestado, e toda essa contestação começou no balneário e tinha como principal protagonista o Fernando Gomes, que queria a continuidade do António Morais no comando da equipa. Aliás, na época que vencemos a Taça dos Campeões perdemos o campeonato para o SLB e fomos eliminados da Taça pelo SCP, nas Antas. Artur Jorge trouxe modernidade ao futebol português e alguns conceitos novos, nomeadamente a “concentração” competitiva que exigia aos seus jogadores em todos os momentos de jogo. Octávio foi mais que um treinador adjunto, porque foi capaz de ser e fazer aquilo que Artur Jorge não era capaz, ou seja, assumir o lado desagradável do comando e ser duro e intransigente relativamente à disciplina dentro e fora do campo, ao que consta. Desse tempo vem as desavenças com Fernando Gomes e os Oliveira.

Ivic ganhou tudo no FCP, menos a Taça dos Campeões. Os sócios detestavam-no ainda mais que ao actual treinador e não foi por acaso que foi embora e substituído pelo Quinito, que fez haraquiri quando disse que o FCP era Gomes mais dez: ficou refém do balneário e sem mão na rapaziada. Depois foi o que se viu: uma equipa sem rumo do pior que tivemos nestes longos anos em que PdC comandou o clube.

Quanto ao actual treinador não alinho em muitas críticas que lhe são feitas, onde entra tudo, particularmente o que é suposto faltar-lhe: carácter, competência e experiência, um murcão como, de forma sucinta, alguns adeptos o qualificam. Estou em desacordo frequentemente com o treinador porque não “faz” como acho melhor, mas estaria com qualquer outro desde que não cumprisse o que eu acho melhor. No jogo com o SC Braga (para o campeonato) benzi-me quando meteu Kléber no fecho do jogo e não é que fomos ganhar por 2-0. No segundo, também não fez o que esperava que fizesse: meter mais gente no meio campo para equilibrar o jogo naquela zona, mas o brinde quem o deu foi Danilo, como antes Fernando tinha provocado uma grande penalidade com um claro erro individual. Quem ganha os jogos são os jogadores quem os perde é sempre o treinador, e nessa não alinho porque não é justo. A responsabilidade tem de ser partilhada, nomeadamente quando há erros individuais que influenciam o resultado final, por muito que se se especule que a desgraça já vinha a caminho. Acho que alguma coisa mudou desde o primeiro jogo com o SC Braga: Vítor Pereira apareceu muito tenso na entrevista após o jogo, pelo que – tendo em conta a cara muito zangada de Lucho quando saiu – se deva ter passado algo de desagradável no banco. Espero que se ajustem, se deixem de amuos e saibam dialogar.

Uma das criticas que têm feito ao nosso treinador é a eventual desvalorização dos activos do FCP, desde que VP tomou posse como treinador principal. Afinal, assim parece não acontecer a atentar na seguinte notícia:

“O plantel do FC Porto é o 18º mais valioso do mundo num ranking com 200 equipas, de acordo com um estudo efetuado pela empresa brasileira Pluri Consultoria, especializada em marketing desportivo, que lhe atribui um valor de mercado de 180 milhões de euros (ME) e 6,9 milhões (valor médio) a cada um dos 26 futebolistas”.

Por fim, considero que o Vítor Pereira se excedeu na rotação do jogo da Taça de Portugal, reagiu tarde quando Castro foi expulso e deixou James tempo demais em campo, já que era tempo de rodar os que haveria a proteger. Dito isto, considero que há jogadores que têm de “merecer tratamento especial”. Danilo e Alex porque estiveram nos Jogos Olímpicos, Moutinho, Varela, James e Martinez por causa das horas extra nas selecções, o Fernando porque saiu de uma lesão, voltou e teve uma recaída, logo no momento em que anunciou que gostava de sair, o Lucho porque é dos que corre mais e é quase um veterano. Nesse particular, dou o benefício da dúvida ao treinador, embora considere, insisto, que decidiu a rotação num laivo de deslumbramento que não é nada aconselhável.

Depois de Vercauteren e de avaliar a forma como tem dirigido o SCP, acho que devo continuar a conceder o benefício da dúvida a VP.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A Sucessão: o fim de um tabu?


A sucessão de Jorge Nuno Pinto da Costa tem sido um tema praticamente considerado tabu nos meios portistas, chegando qualquer especulação nesse sentido a revestir-se, aos olhos de alguns zelotas, de tons de sacrilégio ou blasfémia. Faz-me lembrar - salvaguardadas as devidas distâncias e proporções - o que se passava no Estado Novo quando Salazar já passara a casa dos 70 anos: nem os indefectíveis do regime se atreviam a especular sobre  a sucessão do chefe. Estava tudo na aparente crença de que ele era eterno, e quem ousasse pensar o contrário era logo considerado um perigoso subversivo (hoje em dia dir-se-ia que tinha uma "agenda").

O que no F.C. Porto tem sucedido a este respeito deve causar ao próprio Pinto da Costa um imenso gáudio, pois é próprio dos seres superiores, como ele, rirem-se - pelo menos à sucapa - dos lisonjeadores baratos. Mas não duvido que a sua sucessão o preocupe. Não é impunemente que se serve um clube como o F.C. Porto 30 anos. Isso requer, além de grandes qualidades, uma grande paixão pelo clube.

Pois agora, Pinto da Costa, aquando da ida a França para o jogo com o Paris Saint-Germain - e num muito português hábito de se falar no estrangeiro do que se não fala em casa - declarou que tenciona fazer apenas mais um mandato, ou seja, de 2013 a 2016.

Entre os portistas há, como não podia deixar de ser, grande apreensão relativamente à sucessão de uma fígura ímpar como Pinto da Costa. Há um chavão que diz que ninguém é insubstituível, e mesmo tendo em atenção que todo o chavão tem um fundo de verdade - ou não existiria - é minha opinião que um personagem como ele é mesmo insubstituível, pelo menos na versatilidade e eclectismo dos seus dotes e capacidades.

Colocados perante o inelutável facto de que, um dia, Pinto da Costa sairá mesmo, os portistas têm reacções díspares. Há os que antevêem um descalabro, depois do sucesso e estabilidade de tantos anos, há os que acham que ele já não deveria estar à frente do clube - uma corrente certamente minoritária - e há os que, não olhando a nomes, temem pelo futuro do clube e, principalmente, da SAD, ao lerem os relatórios - uma corrente ainda mais minoritária, diria eu.

Mas dado ser agora aparentemente oficial que em 2016 teremos de escolher um novo presidente, abro aqui um debate, se tal presunção me é permitida. Quem pensamos que será o sucessor de Pinto da Costa, e quem desejaríamos que ele fosse? O leque de candidatos normalmente falado é vasto: Vítor Baía, António Oliveira, Fernando Gomes (futebolista), Antero Henrique, Rui Moreira, até o Presidente do Braga, António Salvador. Pinto da Costa costuma dizer que não indicará um sucessor, pois "o F.C. Porto não é uma monarquia" (diga-se de passagem que as monarquias não funcionam desse modo, pois os monarcas não têm o poder legal de decidir quem lhes sucede, a sucessão está constitucionalmente prevista. A não ser, claro, que estivesse a pensar em "monarquias" do tipo norte-coreano ou cubano). Mas, e já dizia o poeta, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", pelo que nada poderá garantir-nos que, daqui até 2016, Pinto da Costa não mude de ideias e decida apoiar um "delfim". Afinal de contas, também disse um dia que nunca presidiria a um F.C. Porto transformado em sociedade. Pragmatismo sempre foi a sua palavra de ordem, e com isso tem-se ele - e nós - dado muito bem.

Existe um outro nome, do qual ninguém fala, e que nem sei se tem ambições dessa natureza, mas que não me surpreenderia que fosse do agrado do próprio Pinto da Costa. A seu tempo, e na sequência deste artigo, direi a quem me refiro.

Há apenas um pequeno senão nesta história toda. É que Pinto da Costa, mesmo que provavelmente não jogue poker, sempre foi um mestre de "bluff", pelo que, até poderá estar a pensar sair já no próximo ano, ou nem sequer ter decidido quando sairá.

Está aberto o debate.


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O problema do Ballon D´Or

Avizinha-se a entrega de mais uma edição do prémio individual mais célebre do universo futebolístico: o Ballon D´Or.

É um prémio que, como todos os prémios, vive do seu glamour e peca por ser injusto, na medida em que a opinião individual de cada um nunca se alterará por uma tendência colectiva. Quem acha que o seu é melhor nunca mudará de ideias se vencer outro e portanto, num desporto colectivo, eleger a melhor individualidade é algo ainda mais complexo.

O que se premeia?

As regras do Ballon D´Or original eram claras: premiar o melhor jogador dentro de um ano natural tendo em conta as suas performances, as da sua equipa, a sua influência na equipa e as suas conquistas. Ou seja, o papel de um individuo como espelho de uma performance colectiva.



Dessa forma, historicamente, em anos de Europeus e Mundiais, o vencedor acabava por ser alguém ligado de forma simbólica a esses triunfos. Em 2006, Cannavaro representou o triunfo italiano, em 2002 o renascimento de Ronaldo o do Penta brasileiro. Em 1998 e 2000, Zidane foi o rosto de França e da sua geração de ouro, em 1990 Mathaus venceu porque a RF Alemanha ganhou o Mundial e em 1982 os golos de Rossi em Itália deram-lhe o troféu. E assim, ad aeternum.

Por outro lado sempre se convencionou que este era um prémio de futebol de ataque. Só um guarda-redes, o mítico Yashin, e dois defesas - o italiano Cannavaro e o alemão Sammer - venceram o troféu, os últimos dois quais como espelho da vitória das suas selecções. Os restantes, avançados, extremos e criativos. E sobretudo, jogadores de grandes potencias.

Ainda hoje custa-me entender porque Futre perdeu o Ballon D´Or em 1987 para Gullit e Deco o de 2004 para Shevchenko. Curiosamente os dois vencedores jogavam no AC Milan, um dos clubes mais premiados da história e com mais peso junto dos votantes. Votantes que estão na base da profunda mutação do Ballon D´Or do passado com o do presente.



Em 2010 a empresa France Football, que criou o prémio, encontrou-se com graves problemas financeiros e aceitou a proposta da FIFA de fundir o seu prémio com o FIFA Award, uma ideia de Blatter, quando era vice-presidente, em 1990, de criar um prémio alternativo ao atribuído pelos gauleses. Até então votavam no Ballon D´Or os 53 jornalistas europeus que representavam as federações continentais. Até 1994 só podiam votar em jogadores europeus (por isso Maradona e Pelé nunca ganharam) e a partir de 2006 passaram a poder votar em jogadores a actuar fora da Europa.

Com o novo FIFA Ballon D´Or passaram a votar os seleccionadores, capitães e jornalistas de todos os países membros da FIFA. E o prémio passou a ser um concurso de popularidade.

Sinceramente a mim tanto me faz qual o critério a aplicar, dou pouca importância ao certame. Mas no modelo antigo, o que tornou o troféu popular, Lionel Messi teria vencido dois prémios até agora. Com este modelo prepara-se - salvo imensa surpresa - para conseguir o quarto consecutivo.
O prémio passou a ser uma luta entre os jogadores mais populares, liderada por Messi com Ronaldo e agora Iniesta como perseguidores naturais. Façam o que fizerem no terreno de jogo outros jogadores, o impacto mediático destes três supera o dos restantes e muitos jornalistas, seleccionadores e capitães de países que vivem o futebol de uma forma muito diferente da nossa, preferem votar neles. Basta ver os boletins de voto das últimas edições e descobrir que estes nomes são omnipresentes.

Em 2010 os jornalistas europeus colocaram Messi no quinto lugar e deram o prémio a Sneijder. A nível mundial o holandês nem entrou no pódio. Sob os registos históricos do prémio, o holandês teria sido o ganhador salvo se Iniesta ou Casillas vencessem. Até hoje, depois de ganhar tudo o que havia para ganhar, nenhum espanhol venceu.

Dizem que Messi ganha sempre porque é o melhor. Não creio que isso esteja em discussão realmente.
Mas o prémio antes não era entregue ao melhor do mundo mas sim ao melhor num ano natural, tendo em conta o que conquistou. Ronaldinho Gaúcho foi o melhor jogador do Mundo durante três anos mas só tem um troféu. Zidane foi o melhor em igual período mas perdeu um ano para Figo e outro para Rivaldo. Platini perdeu o prémio em 1982 quando não era pior jogador do que Rossi e nos primeiros anos, ninguém duvidava que Alfredo di Stefano fosse único. Mas La Saeta tem apenas dois troféus em casa.



Pessoalmente, se eu pudesse votar, a minha eleição estaria entre Casillas, Iniesta e Falcao.
Salvo o manchego, os outros dificilmente poderão vencer o troféu porque perdem em popularidade para Messi e Ronaldo. O português, que não tem feito épocas ao nível de 2008, quando venceu, tem sido presença habitual no pódio porque é, indiscutivelmente, um dos dois jogadores mais populares do Mundo. Se Messi vencer, sine die o troféu, apenas na base de que é o melhor, ele acabará por perder o seu real valor. Basta olhar para os Óscar e pensar que Brando venceu dois - espaçados por vinte anos - e ninguém se atreve a discutir que nesse período houve poucos interpretes como ele.

No futebol, um desporto colectivo onde ser estrela individual é complicado, vive-se uma ditadura de popularidade que acabará por transformar estes pequenos guilty pleasures em algo profundamente aborrecido.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cuidado com o Lobo (e com os meninos da SPORT TV)


Rui Orlando é jornalista e responsável pela delegação do Porto da SPORT TV.
Luís Freitas Lobo é um conhecido “especialista em futebol”, projetado para a ribalta na RTP Porto onde, segundo consta, colaborou a convite de Carlos Daniel. Atualmente trabalha como comentador na SPORT TV, sendo também colaborador do semanário Expresso.

Os adeptos portistas mais atentos, que aguentam ver os jogos do FC Porto na SPORT TV sem desligarem o som, já estão habituados à forma enviesada como estes dois senhores relatam e/ou comentam os jogos que envolvem os dragões e, principalmente, como comentam lances polémicos. Daí, que não seja de estranhar a “forma isenta” como, durante o jogo FC Porto x Moreirense, analisaram dois lances (pseudo) duvidosos que ocorreram nas áreas das duas equipas.

Eu estive a rever atentamente o jogo (para além de não ter a benfica TV na grelha de canais, outra das vantagens de ser cliente da ZON é poder usar o serviço Timewarp e rever programas dos últimos 7 dias) e, para quem não teve a possibilidade de ver, reproduzo a seguir o que estes dois senhores disseram.

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Minuto 57:44
Após um centro da esquerda, Pablo Oliveira (Moreirense) remata fortíssimo contra Alex Sandro (FC Porto).

[Rui Orlando]: Remate de Paulinho… não, de Pablo Oliveira…

Nota importante: Em velocidade corrida, nem Rui Orlando, nem Luís Freitas Lobo viram nada de anormal. Mas não foram os únicos. Não há um único jogador do Moreirense que esboce qualquer protesto.

Minuto 58:22
A SPORT TV repete o lance em camara lenta.

[Rui Orlando]: Revemos aqui o remate de Pablo Oliveira. O jogador do Porto Alex Sandro colocando a bola… as mãos à frente, à frente do rosto, acaba por jogar a bola com a mão.

[Luís Freitas Lobo]: Exacto. O remate é muito perto, é forte, mas ele joga a bola com a mão. O árbitro aqui podia ter marcado penalty.

Como? Penalty?!!! Um jogador protege-se de um remate à queima-roupa e isso é penalty?

Minuto 59:04
Como se trata de um lance polémico na área do FC Porto, o realizador da SPORT TV insiste e repete o lance uma 2ª vez.

[Rui Orlando]: Era grande penalidade. Aqui percebe-se com clareza, não pode fazer aquele movimento com as mãos o jogador do FC Porto.

Fantástico! Em velocidade corrida Rui Orlando não viu nada de anormal; na primeira repetição viu que o Alex Sandro colocou as mãos à frente do rosto; e à terceira já tem a certeza que era grande penalidade. Isto é que é um artista… perdão, jornalista sério e competente.

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Minuto 72:20
Alex Sandro entra na área do Moreirense com a bola controlada, leva um pontapé de um defesa do Moreirense e, em vez de se atirar imediatamente para o relvado, tenta continuar o lance, mas não consegue, desequilibra-se e cai.

[Rui Orlando]: Alex Sandro, arranca Alex Sandro, depois desequilibra-se… fica a olhar para o árbitro…

Nota: Em velocidade corrida, o jornalista da SPORT TV não viu que o Alex Sandro levou um pontapé mas, pelo menos, viu que ele caiu. Vá lá, já não é mau…

Minuto 72:52
A SPORT TV repete o lance.

[Rui Orlando]: E aqui… Alex Sandro acaba por se desequilibrar. Tenta fugir à chegada do adversário…

É incrível como nem em câmara lenta o jornalista da SPORT TV viu o óbvio, isto é, que o Alex Sandro se desequilibrou e caiu porque levou um pontapé do defesa do Moreirense.

[Luís Freitas Lobo]: Sim, ele leva um toque primeiro, depois tenta-se reequilibrar, não consegue e cai, mas ele leva um toque primeiro.

Após uns instantes de silêncio comprometedor…

[Rui Orlando]: Se leva…

[Luís Freitas Lobo]: Sim, parece-me. A ideia que me dá no primeiro lance é que ele leva ali um toque, depois desequilibra-se e cai. Tenta prosseguir a jogada, mas não é fácil, de facto, para o árbitro analisar a jogada.

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Digam lá se estes diálogos não são deliciosos…
Vejam como as certezas acerca do lance ocorrido ao minuto 57:44, dão lugar às omissões, silêncios, dúvidas e beneficio para o árbitro quando, os mesmos dois elementos ao serviço da SPORT TV, são forçados a comentar o lance ocorrido ao minuto 72:20 na área do Moreirense.

No final do jogo, cavalgando a “onda SPORT TV”, lá veio o triste treinador do Moreirense queixar-se que ficou um penalty por assinalar a favor da sua equipa.
E, como era mais do que previsível, no dia seguinte este “facto” fez parte dos títulos, ou subtítulos, escolhidos pela A Bola, Record e Correio da Manhã.

E é assim, com origem nas transmissões da SPORT TV e nos comentários de senhores como Rui Orlando e Luís Freitas Lobo, que se faz “jornalismo desportivo sério” em Portugal.