Viena.
Sempre teremos Viena.
Se o FC Porto nunca tivesse estado em Sevilha, Gelsenkirchen ou Dublin sempre teríamos Viena.
Não há cidade mais simbólica na história das competições europeias. E, para nós, é ouro sobre azul. Vamos a Viena amanhã começar mais um ano de aventuras europeias. Não é a primeira vez. Mas sabe sempre de forma especial. Porque havia um FC Porto antes e outro depois de Viena.
Não necessariamente pelo triunfo.
Antes já tinham ganho a Taça dos Campeões Europeus clubes de menor perfil e prestigio que nós. O Nottingham Forrest, o Steaua Bucareste e até o Celtic Glasgow e o Feyenoord, são bons exemplos de que o torneio não era um exclusivo das grandes equipas das grandes ligas da Europa. No ano seguinte o troféu foi ganho pelo PSV, dois anos depois pelo Estrela Vermelha e seis pelo Olympique Marseille. Se a história do futebol europeu fosse lida desde esse prisma, éramos mais um entre alguns. Mas somos mais do que isso. Somos um caso singular e único. Porque repetimos esse triunfo. E eles não.
Depois do Jamor o Celtic não ganhou um troféu europeu. O Feyenoord venceu duas Taças UEFA. O Nottingham Forest desapareceu do mapa do futebol inglês e há largos anos que vive na segunda divisão. O Steaua, alimentado pelo regime de Ceaucescu, desfez-se com o regime. Regressa este ano à Champions League depois de largos anos de ausência. O Marseille pagou o preço das ligações perigosas e o PSV não voltou a cheirar uma final. E o Estrela Vermelha acabou, de facto, com a própria Jugoslávia. Mas nós não. Nós crescemos. Nós ficamos mais fortes. Nós passamos a fazer parte dessa elite europeia.
Não em dinheiro, não na qualidade do plantel ano após ano. Mas em prestigio.
O FC Porto - graças ao trabalho de Pinto da Costa e de algumas das suas eleições mais acertadas para o banco - soube provar de novo o sabor do champanhe.
Somos únicos nesse feito entre as pequenas nações da Europa. E é algo do qual nos devemos sentir orgulhosos. Sempre que apareça Viena no horizonte, saber que foi aí que a gesta começou. Sim, Pedroto estabeleceu as bases. Para mim é a personalidade mais importante da história do clube porque foi ele quem marcou o antes e o depois. Mas partiu cedo, muito cedo, sob o fantasma de Basileia e aquele golo do Boniek, os gritos do Zé Beto e o medo de que aquela final não seria repetida. Mas em Viena, com o "rei Artur", com o calcanhar do Madjer, o sprint do Futre, a taça nas mãos do "capitão" e as lágrimas do presidente, soubemos que a festa estava a começar. Era algo dentro de nós que fervilhava por essa paixão das noites europeias.
O futebol europeu, continental claro, começou a desenhar-se em Viena.
As tardes europeias do início do século XX, os anos de ouro da Taça Mitropa, tudo sucedeu nessa cidade mágica, no campo do parque do Prater. Para o futebol europeu e para nós. Historicamente, o FC Porto era um clube a que se lhe dava mal as provas europeias.
Até meados dos anos setenta até o Vitória de Setúbal tinha um registo melhor que o nosso. Mas com Pedroto algo mudou. Para sempre. Hoje somos o melhor clube português na história das competições europeias. Somos uma das equipas com mais participações na Champions League. Nas quatro últimas vezes que disputamos a Taça UEFA/Europa League, vencemos duas. Ninguém tem estes números.
Estivemos no calor asfixiante de Sevilla. Desfrutamos da nossa superioridade evidente em Gelsenkirchen e tinhamos a certeza que Dublin era uma formalidade. São três noites europeias que ninguém esquecerá. Mas Viena, a nossa Viena, até para quem não a viveu como deve ser, é especial.
Amanhã, mais ou menos por esta hora, o mítico FK Austria - o tal das tardes europeias mágicas - vai ser o nosso rival em campo. Mas quando o escudo do dragão subir ao relvado, o Bayern, o Dinamo de Kiev, o Brondby, o Vitkovice e o Rabat também vão lá estar à nossa espera. Viena, o Prater, o Danúbio azul, a magia da história. O pontapé de saída para mais uma temporada europeia, difícil, exigente e que gera ilusão nos adeptos pelo local onde se disputa a final. Mas a cada jogo, a cada passe mal medido, a cada remate torto, a cada golo sofrido, convém não perder nunca a perspectiva. Podemos ir mais longe, devemos lutar por ir mais longe, queremos ir muito mais longe do que temos feito nos últimos anos. Mas o que o FC Porto conseguiu, isso, meus amigos, não conseguiu mais ninguém!
Disclaimer
O título do artigo não é inocente.
Noites Europeias é o nome do livro que vai ser colocado à venda nos próximos dias, escrito por mim e pelo João Nuno Coelho, representante do FC Porto no programa do canal Q Sacanas sem Lei e coordenador do livro "Porto 25". É um livro que viaja às origens das competições europeias de clubes e se prolonga até à última temporada em mais de 100 anos de histórias, jogos, personalidades, sistemas de jogo e memórias. Inevitavelmente o FC Porto é um dos protagonistas dessa Europa periférica fora das grandes ligas. Não é por acaso o único clube - com a excepção honrosa do Ajax, noutro contexto - fora desse circulo de grandes fortunas que tem quatro troféus das provas da UEFA. Um feito único e histórico entre os muitos que relatamos.
Oficialmente a apresentação do livro é na tarde do dia 29 de Setembro, no bar Casa do Livro na zona das Galerias de Paris com moderação do Luis Freitas-Lobo e de alguns convidados-surpresa ligados à história europeia do FC Porto. A todos os adeptos do clube, amantes das "noites europeias", aqui fica o meu convite pessoal e o desejo de uma boa leitura, se for o caso.
O Nottingham Forest também repetiu o triunfo na TC!
ResponderEliminarSim Filipe, falava do ciclo. O do Nottingham foram duas seguidas (é o único clube do Mundo com mais titulos continentais que nacionais) e depois foi desaparecendo do mapa ;-)!
ResponderEliminarA propósito dessa equipa do Nottingham .recomendo aos amantes de futebol
Eliminarverem o filme "Maldito United" (que neste caso se refere ao Leeds) e que nos conta a história de Brian Clough ,que foi o treinador dessa equipa do Nottingham e até agora o unico treinador ingles a vencer a TC duas vezes.
Oxála logo Viena seja mais uma vez talismã para esta campanha europeia.
Saudações Portistas
Paulo Almeida
Tem de ter pelo menos o mesmo numero de titulos nacionais e continentais ,pois na altura em questão só os campeões nacionais iam á TC,logo duas TC tem de corresponder dois titulos de campeão nacional ingles.
EliminarPaulo Almeida
Paulo,
EliminarNão.
O Nottingham ganhou só uma liga inglesa. No ano seguinte entrou na prova e eliminou o Liverpool - campeão europeu em titulo e 2º classificado da liga inglesa no ano anterior - e venceu a prova contra o Malmoe. Mas acabou a liga em sexta e entrou na competição como detentor do troféu, tal como o Liverpool, de novo campeão. Nesse ano o Liverpool foi eliminado pelo CSKA Sofia e o Nottingham foi á final, contra o Hamburgo, que ganhou tornando-se assim na única equipa da história com 1 titulo nacional e 2 continentais!
..."fora desse circulo de grandes fortunas que tem quatro troféus das provas da UEFA".
ResponderEliminarEu diria 5 troféus da UEFA, pois a supertaça européia também é uma prova oficial da UEFA, ou não...;-)
Não é a 1ª prova oficial das competições européias, o tira-teimas entre o campeão europeu e o campeão da liga europa?
Disputamos 4, vencemos uma:-)
RBN,
EliminarÉ uma prova da UEFA, sem dúvida, sobretudo quis deixar o enfase nas provas de participação regular em cada temporada. Mas conta para o CV ;-)!
o Estrela Vermelha não ganhou 2 anos depois do FCP, mas sim 4 (1991)
ResponderEliminarCorrecto, em Bari!
Eliminar"Sim Filipe, falava do ciclo. O do Nottingham foram duas seguidas (é o único clube do Mundo com mais titulos continentais que nacionais) e depois foi desaparecendo do mapa ;-)!"
ResponderEliminarsim, e nesse sentido até se poderia incluir o 5lb no lote dessas equipas, que fez o mesmo que o Forest com 2 seguidas, mas depois nunca mais ganhou nada.
há 23 anos que não vai à final da Champions, porque ir a finais da Liga Europa e perder, isso também o Celtic fez (2003 com o FCP) ou o Estrela Vermelha.(79) e o Marselha (99 e 2004)..o PSV e o Feyenoord ganharam Taças UEFA.
o 5lb apesar de ter muitas finais perdidas, já esteve 20 anos sem atingir a final da TCE e agora já leva 23 anos sem estar na final da maior competição (23 sem presença na final ou sequer numa meia-final).
são dois ciclos negativos que somados, fazem 43 anos de ausência, pelo que os ciclos positivos do 5lb se resumem a 61-68 e 88-90.
a Liga Europa ou UEFA já é 2ª divisão europeia e o 5lb nem essa ganhou.
ir a finais da Liga Europa/UEFA todos esses clubes, à excepção do Steaua e do Forest, o fizeram. até o Braga e o Sporting foram a finais na última década. e o Boavista esteve quase, quase...
o FCP foi o único desses clubes que ganhou a Taça/Liga dos Campeões, em dois períodos ou ciclos diferentes e afastados no tempo (17 anos)
o Ajax é outra excepção dos "pequenos países", a conseguir ser campeão europeu em dois ciclos diferentes (de 71 a 73 e 94-95)
o PSV, ao contrário do que disse o texto, já voltou a "cheirar" uma final.
em 2005 chegou à meia-final contra o Milan, e só um golo do Schevchenko, creio que já no fim ou no prolongamento, é que salvou os italianos da eliminação e evitou que o PSV voltasse à final.
Anónimo,
EliminarFoi uma grande meia-final que o PSV merecia ter ganho, a expressão é claramente um recordatório de que não passou a eliminatória. Uma grande equipa, a do Guus Hiddiink!
- Nottingham Forest ganhou por 2 vezes e seguidas.
ResponderEliminar- Celtic voltou a jogar a final em 1970 e depois foi à final da UEFA Cup contra nós.
- Steaua jogou 2 finais e chegou a outra meia final.
- Feyernoord ganhou uma Liga dos Campeões e 2 UEFA Cup.
Para mim faz mais sentido falar de outras equipa que não são mencionadas como o Aston Villa.
O Steaua e o Estrela Vermelha, na minha opinião, não deveriam entrar nessa lista por razões políticas conhecidas. Os seus jogadores só depois de caírem as respectivas ditaduras, enfranquecendo as suas principais equipas. O Estrela Vermelha que ganhou a Champions em 1992 é o caso mais conhecido. Tivessem eles mantido as suas equipas e poderiam ter repetido esse feito.
Pedro,
EliminarO texto não diz que o Steaua não voltou a nenhuma final. Diz que acabou o regime do Ceaucescu, em 1989. O mesmo caso com o Estrela Vermelha.
O Feyenoord, venceu a Taça dos Campeões Europeus e as duas Taças UEFA. Está no texto. O Celtic foi a duas finais mas não voltou a ganhar. O Nottingham, como expliquei antes, foi o exemplo perfeito de um biénio bem sucedido que depois deu em nada. O Aston Villa também poderia estar, perfeitamente, na lista.
O que, naturalmente, o texto enfoca é a capacidade que o FCP teve de triunfar na Europa em 3 etapas distintas da sua história, mesmo que delimitadas por 25 anos entre si. Foram três gerações diferentes, algo que só o Ajax conseguiu, por outros motivos.
Viena não, Viennetta
ResponderEliminarExcelente artigo, que vem provar como se tal fosse preciso que esse tal ranking das equipas que ficaram na historia é uma completa falacia pela subjetividade inerente ...senao vejamos o caso do Celtic que ganhou essa tal liga dos campeoes e nao mais repetiu.Eu tambem posso dizer se calhar que a melhor equipa da historia e de futebol mais bonito podera ter sido o Arsenal de chapman mas nem sei se aparece no tal ranking falacioso.Opinioes portanto...
ResponderEliminarAgora que o FCP é um caso muito particular é, e isso é que os roi...de inveja digo eu.Nunca mas nunca uma equipa de um país pobre e periférico se aproximou tanto dos tubaroes e isso é que lhes doi na ferida, porque sendo originario de um país sem dinheiro e pobre consegue resultados muito satisfatórios e isso desgosta os malandros e os que preferem sempre a via mais fácil ou seja comprar em vez de trabalhar.Ponto final parágrafo.
O estrela poderia ter repetido o feito, se a cortina segundo um iluminado nao tivesse caído,Quem sabe? talvez sim talvez nao, o FC porto tambem poderia ter repetido mais vezes se calhar se nao tem apanhado com hughs dallas e se nao tem entrado com o aloisio a defesa esquerdo em camp nou quem sabe também?
ResponderEliminarO que conta é o que é e nao o que poderia ter sido.
Julgo que este anónimo fala de mim! Por isso respondo.
EliminarO Red Star de Belgrado depois da meia-final perdida em 1992, perdeu da equipa titular, 9, repito 9 jogadores para os campeonatos mais competitivos e com mais poder económicos!
Na Roménia, o ditador foi executado no Natal de 1989, ano em que o Steaua foi à final, depois de ter ganho a final de 1986, no ano seguinte a equipa não passou da 2ª Ronda.
Da equipa finalista, saíram 9 jogadores, repito, 9 jogadores!
Por isso não é segundo o "iluminado", é a verdade! Se o caro anónimo é um inculto no que toca à política e as suas influências no desporto, recomendo-lhe alguma leitura antes de vir aqui falar de peito feito sob o manto do anonimato!
Esse filho da grande puta do Dallas... tão bem me recordo desse artista e do Jorge Costa no fim do jogo a passar os dedos na testa e a mostrar o suor que ele desrespeitou!
EliminarPara mim ficou como o Paixão da Uefa, pela proximidade temporal com a vergonha de campomaior...