quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

De Portugal para o Azerbaijão via Rússia

"FC Porto empresta Izmailov ao FC Qabala


Negócio está fechado, russo vai jogar no Azerbaijão durante seis meses limpando por isso a folha de custos do clube portista: os azeris pagam o salário por completo [...] Está desta forma aberta uma porta para Izmailov regressar à competição, ele que se encontra ausente há mais de quatro meses dos treinos do FC Porto para resolver problema familiares, de acordo com o que o clube azul e branco tem dado conta." in Mais Futebol

Bem, antes de mais fico satisfeito que esta autêntica telenovela chegue ao fim de forma minimamente satisfatória... já se tornava mais do que ridículo ter um jogador do plantel A ausente há 4 meses e meio (!) com uma mera comunicação (telegráfica e enigmática) de que seria por «razões familiares».

Mas pergunto-me se os «problemas familiares» na Rússia afinal já foram resolvidos, já que para quem não saiba Qabala fica a uns «meros» 2,300km de Moscovo (que é, salvo erro, onde ele tem a família)... ou seja, mais ou menos a mesma distância que do Porto à Eslovénia, por exemplo.

E se estão resolvidos, a sua saída obviamente acontece porque não é visto como uma mais-valia no plantel - o que não me admira nada, primeiro porque tem uma concorrência bem razoável para a sua posição no plantel (ainda mais com a chegada de Quaresma, que não jogando no mesmo lugar é concorrência directa num lugar no 11) e segundo porque sem estar a treinar há tanto tempo muito dificilmente seria útil ainda esta época. Isto claro para não falar em outras considerações extra terreno de jogo, eventualmente.

Izmailov não vai deixar saudades no Dragão, tendo tido uma passagem muito discreta. Após expectativas iniciais dos adeptos fruto de algumas boas indicações dadas no SCP (e apesar de uma passagem algo conturbada pelo mesmo clube), e sendo mesmo titular (de forma extremamente passageira) pouco após chegar ao Dragão, Izmailov esfumou-se... indo-se embora com a seguinte «bagagem» no CV em jogos oficiais:

12/13: 15 jogos (5 a titular), 623 minutos, 1 golo, 0 assistências, 1 cartão vermelho 
13/14: 1 jogo, 23 minutos, 0 golos, 0 assistências

Bem, boa viagem (e «good riddance», como dizem os bifes) e desejos que em Qabala ele não seja vítima de cabalas!

PS - ele há coincidências do caraças... por acaso tenho na minha coleção uma camisola do FC Qabala. Pois bem, fica agora justificada a sua compra.. a posteriori (isto se for verdade que os gajos lhe vão pagar o salário por inteiro :-)

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

De Caballero para burro

«Tal como A BOLA revelou hoje, os paraguaios do Libertad estão ao corrente do interesse do Benfica na esperança Mauro Caballero. O presidente do clube paraguaio, Carlos Guggiari, em declarações à Rádio Renascença, confirmou o alegado interesse por Maurito, de 17 anos, mas esclareceu que ainda não existe nenhum contacto oficial.»
in abola.pt, 19-04-2012


«O Benfica tem dois concorrentes de muito peso na corrida pelos direitos do avançado Mauro Caballero, de 17 anos, que representa o Libertad. De acordo com o paraguaio Diario Popular, o Real Madrid e o Barcelona seguem atentamente o jogador, que se destacou nas camadas de formação da seleção paraguaia.
Em 2009, Maurito, como é conhecido, participou no campeonato sul-americano de sub-15, que o Paraguai conquistou com um golo do avançado, que nessa competição foi vice-goleador, título pessoal que voltaria a repetir em 2011 (sub-17), com cinco golos.
O jovem jogador tem paulatinamente conquistado o seu espaço na primeira equipa do clube de Assunção, no qual se tem destacado na Taça Libertadores, na qual já assinou dois golos, chamando a atenção dos colossos europeus.»
in abola.pt, 08-05-2012


«Augusto Paraja, empresário que tratou das negociações entre o Benfica e Mauro Caballero, decidiu revelar os motivos que levaram ao rompimento do pré-acordo que existia entre o jogador e os encarnados.
O Mauro Caballero assinou um papel onde aceitou as condições que lhe oferecia o Benfica, mas depois negou. (…) Se assinas um papel é para cumprir. Agora, rasgou a passagem, o salário, os prémios, a casa, tudo... Não há explicações quando tens algo assinado. Se tens uma oferta melhor e não tens nada assinado, tudo bem, mas ao contrário não.
Augusto Paraja, 13-06-2012, em declarações à imprensa paraguaia


«Mauro Caballero tem tudo para ser jogador do FC Porto a partir de janeiro. O avançado já acordou um contrato de cinco épocas com o clube português e, nesta fase, não há qualquer direito legal do Libertad sobre ele, a não ser os direitos de formação, que de uma forma ou outra teriam sempre de ser pagos.»
in ojogo.pt, 04-11-2012


«Mauro Caballero, avançado que o FC Porto contratou ao Libertad, chegou ao Porto na manhã desta terça-feira [8 janeiro de 2013].»
in ojogo.pt, 08-01-2013


Estou muito contente pela confiança que me estão a dar. Quero adaptar-me o mais rápido possível para devolver a confiança. (…) Deram-me boas referências do FC Porto. É um clube muito grande e já queria a minha chegada há muito tempo. É um grande desafio para mim. (…) Sou ponta de lança goleador. Quero títulos e o carinho das pessoas. Quero muita glória.”
Mauro Caballero, 09-01-2013, em declarações ao Porto Canal


«Aquisição dos direitos de inscrição desportiva assim como 100% dos direitos económicos do jogador Caballero à MHD, S.A. por 2.000.000 USD»
in Relatório e Contas da FC Porto SAD, do 1º Semestre de 2012/2013

Relatório e Contas Consolidado da FC Porto SAD, 3º Trimestre de 2012/2013

O primeiro jogo de Caballero pela equipa B, após um longo período de paragem (devido a um conflito com o seu anterior clube), foi apenas no dia 2 de Março de 2013, correspondente à 30ª jornada do campeonato 2012/13 da II Liga.

Em 24 de Julho de 2013, publiquei um artigo onde escrevi o seguinte:

Mauro Caballero parece-me promissor, mas tem 18 anos e só chegou ao Porto no início deste ano, tendo participado em apenas 13 jogos da equipa B (entre Fevereiro e Maio).
Não sei se este avançado paraguaio vai dar grande jogador mas, por aquilo que vi na época passada, para além de uma agressividade natural, já denota algumas movimentações à ponta-de-lança.
É óbvio que, para já, ainda não tem a maturidade suficiente para integrar o plantel principal mas, na época que agora começou, vai ser trabalhado por Luís Castro (que substituiu Rui Gomes como treinador da equipa B) e veremos o tipo de crescimento que irá ter.

Mas a realidade é que Caballero nunca foi aposta de Luís Castro, quer como ponta-de-lança, quer como 2º avançado e, em termos de utilização na época 2013/2014, Maurito contabiliza apenas 429 minutos nos 11 jogos (4 como titular) em que participou.

Utilização de Caballero na época 2013/2014 (fonte: zerozero)

Até que hoje soube-se o seguinte:
«O paraguaio Mauro Caballero é reforço do Penafiel, até ao fim da época 2013/2014, por empréstimo do FC Porto, anunciou hoje o clube da II Liga de futebol.
O provável substituto de Rafael Lopes – transferido para a Académica de Coimbra no mercado de inverno – chegou esta terça-feira a Penafiel e fará já hoje, às 15:30 horas, o primeiro treino ao serviço da equipa penafidelense.»

Deixa ver se eu percebi.

Ao serviço das seleções jovens do Paraguai, Mauro Caballero destacou-se como goleador nos campeonatos sul-americanos de sub-15 e sub-17.

Em 2012 (entre 25 de Janeiro e 7 de Outubro), ao serviço do Libertad e com apenas 17 anos, participou em 14 jogos da Liga Paraguaia Apertura (2 golos), 4 jogos da Liga Paraguaia Clausura e 6 jogos da Copa Libertadores (2 golos).

Utilização de Caballero, ao serviço do Libertad, em 2012 (fonte: zerozero)

A partir de Março de 2013 (quando o diferendo entre o FC Porto e o Libertad foi resolvido pela FIFA), Caballero foi sendo integrado gradualmente por Rui Gomes (ex-treinador da equipa B), tendo participado em todos os jogos da equipa B entre as jornadas 30 e 42 do campeonato 2012/2013 da II Liga.

Utilização de Caballero na época 2012/2013 (fonte: zerozero)

Após a adaptação à cidade, clube e futebol português estar concluída, esperava-se que 2013/2014 fosse a época de afirmação de Caballero, quer como titular da equipa B (na minha opinião, tem características de 2º avançado), quer com algumas chamadas à equipa principal (em jogos menos importantes).

Nada disso se passou e, pelo contrário, perante uma utilização muito baixa na equipa B do FC Porto, Caballero foi “desterrado” para Penafiel.

É estranho. Eu pensava que a equipa B era o espaço ideal para jogadores muito jovens, como Caballero, se integrarem, adaptarem, “beberem a cultura do clube”, potenciarem as suas qualidades e fazerem a transição para a equipa principal.

Afinal, parece que não. Para que serve, então, a equipa B?

(*) O título deste artigo é algo provocador (de discussão, assim espero) mas, evidentemente, não pretende atingir e/ou ofender o jogador Caballero ou o seu novo clube, o FC Penafiel.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

DOLOroso

10-02-2010
O jogo do FC Porto começou atrasado. É preciso ter coragem. Não se cumpriu o regulamento. Se se provar que foi com dolo, o FC Porto tem de perder o jogo
Eduardo Barroso, em declarações prestadas hoje à Rádio Renascença

Faltava cá este artista. Pelos vistos, para além de especialista em fígados, também é versado em leis… Razão tinha o Carvalhal…

Nas últimas 48 horas, vi, ouvi e li muitos “entendidos”, como este, a falarem em dolo, mas será que algum destes indivíduos é capaz de distinguir entre os conceitos de culpa e dolo?
Será que estas “mentes brilhantes” conseguem compreender a diferença entre atraso negligente e atraso doloso?
Eu acho que sim, porque não parecem ser ignorantes, mas disfarçam bem…

E já que estamos a falar em atrasos no início ou reinício de jogos organizados pela Liga, fiz umas pesquisas rápidas na Net e…

«05 Jan 2010 (Lusa) – O Benfica e o Sporting foram hoje punidos pela Comissão Disciplinar da Liga de Clubes por reincidência em atraso no início dos respectivos jogos da 1.ª jornada da 3.ª fase da Taça da Liga.
O clube “encarnado” sofreu a multa pecuniária mais pesada (850 euros), pelo atraso verificado no início da partida com o Nacional, no Estádio da Luz, ao passo que o Sporting foi punido com 600 euros na recepção ao Sporting de Braga.»

«No que toca ao polémico Sp. Braga-Benfica [época 2011/2012], a Comissão Disciplinar (CD) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional decidiu aplicar apenas multas a ambos os clubes. (…) Quanto aos encarnados, são multados em 1450 Euros por reincidência em comportamento incorrecto dos seus adeptos e por atrasar o início ou reinício do jogo.», 08-11-2011


Chega? É que se for preciso arranjo mais alguns exemplos, ocorridos nos últimos anos, de atrasos no início ou reinício de jogos, que foram SEMPRE punidos com MULTA.

Mas enfim, para quem, como os calimeros, tinha tantas expectativas na Taça de Portugal e na Taça da Liga, deve ser muito doloroso chegar a Janeiro e estar cingido ao campeonato…


P.S. «Uma equipa que pretende atrasar um jogo propositadamente, regressa para a segunda parte em primeiro lugar que os árbitros e o adversário?» (ver foto em 'BiBó PoRtO, carago!!')

P.S.2 Graças a esta polémica completamente artificial, criada pelos calimeros e que a comunicação social lisboeta se encarregou de amplificar de forma ridícula, ninguém falou na paupérrima exibição do FC Porto contra um Marítimo cheio de segundas escolhas. Ainda por cima, este tipo de ataques costumam funcionar como doping motivacional para os dragões, que se unem e tocam a reunir contra os "mouros". Imagino o sorriso de Pinto da Costa, deve estar deliciado com as figurinhas tristes destes idiotas.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Fonte oficial da Liga…

«Fonte oficial da LPFP disse à agência Lusa que no caso de ter havido intenção deliberada do FC Porto de atrasar o jogo (o Sporting jogava à mesma hora e as duas equipas estavam a disputar o apuramento), os “dragões” podem vir a ser punidos com a derrota no jogo e consequente perda de pontos. No caso de se determinar que não houve dolo, a punição a aplicar ao clube nortenho pode ser apenas uma multa.
A mesma fonte acrescentou que no jogo do Dragão, a contar para a última jornada da fase de grupos da Taça da Liga, a equipa insular “chegou ao campo à hora combinada”, ao contrário da equipa “azul e branca”, que se atrasou e teve de ser chamada pelos delegados.
Os delegados foram buscar a equipa que estava atrasada e esse atraso pode configurar uma de duas situações: ou se trata de um atraso sem dolo ou houve uma intenção deliberada”, disse a mesma fonte, acrescentando que cabe à justiça desportiva averiguar qual das duas situações ocorreu. (…)
Por outro lado, a fonte oficial da LPFP admite que “não está fora de causa a direção da Liga poder participar o caso ao Ministério Público”, caso se comprove que houve, de facto, dolo por parte dos “dragões” no atraso do começo do jogo.»


Fonte oficial da LPFP?…
Terá sido a mesma “fonte oficial da Liga” que, a propósito do slb x Gil Vicente não poder ser realizado no estádio da Luz, por falta de condições do terreno de jogo, ignorou ostensivamente o Artigo 9º, ponto 7, do Regulamento da Taça da Liga?

Regulamento de Competições da LPFP

Quanto aos 2m40s de atraso do FC Porto x Marítimo relativamente ao início do FC Penafiel x Sportem Calimeros de Portugal, atendendo à enorme gravidade da situação, algo nunca visto nos relvados portugueses, não vejo outra hipótese que não seja esta direção da Liga, sempre tão zelosa em cumprir os regulamentos, participar o caso ao Ministério Público…

Ai se o ridículo matasse…

Josué, Quaresma, Carlos Eduardo, Quintero, Varela, Jackson e Ghilas



Josué com nervos de aço, marcou no ultimo segundo, de penalty, o golo do apuramento contra um Marítimo que, mesmo desfalcado, jogou como nunca no nosso estádio.
Mas este jogo tem muito mais para contar.

Começou tudo umas horas antes, com o adeus do capitão. Depois de tanta emoção, parece até já ter acontecido há uma eternidade. Mas recapitulemos: numa velocidade vertiginosa, Lucho pediu para sair e o FCP anuiu de imediato. O facto do mercado estar praticamente a fechar, parece não provocar grandes dores de cabeça quer à SAD, quer a Paulo Fonseca. Fica então subentendido que o substituto já cá estará. É então de espantar como o "comandante", em sub-rendimento há largos meses, continuasse a ser tão massivamente utilizado até aos dias de hoje. Era um jogador-chave ou alguém que se podia descartar em meras 24 horas? Fica a pergunta.

E foi neste clima que rolou a bola.
"11" na máxima força, não fosse a utilização de Defour. O belga provou, pela enésima vez, que efectivamente no Fulham era que ele estava bem.
Paulo Fonseca quer mesmo ganhar a Taça da Liga e, nesse único aspecto, tem efectivamente razão.
Um clube como o nosso tem mesmo é que lutar por ganhar todas as provas nacionais. É o mínimo que se poder exigir. Ainda para mais num calendário como o português que é mais folgado que a maioria dos outros países europeus.
Tendo mais um golo que o scp, e jogando em casa, o favoritismo caia ligeiramente para as nossas cores. Tudo ficaria ainda mais risonho com os golos de Jackson e aquele outro do Penafiel.
Porém, e desde o apito inicial, este Marítimo parecia muito mais forte do que é habitual sempre que joga no nosso estádio (que pena que não jogue assim na Luz). Não foi então com grande surpresa que chegou ao empate no minuto seguinte. Aliás, o FCP tinha marcado na única oportunidade que tinha tido até então.
Tudo ficaria ainda mais escuro com o 1-2 antes do intervalo...
Maicon de volta aos seus tempos mais negros e Fabiano a mostrar que afinal também tem os seus limites.

Mas como as vezes se escreve direito por linhas tortas, a saida de Fernando (tocado) permitiu que Josué voltasse finalmente a entrar nas contas. Ele que bate Defour em todo e qualquer ponto no que à substituição de Lucho diz respeito.
Ghilas e Quintero juntar-se-iam mais tarde. E, por uma vez, Fonseca acerta também em cheio nas saídas: Defour e Maicon não estavam em campo a fazer nada.
Mas tinha mesmo que ser Carlos Eduardo, o tal que veio provar "que um médio também pode jogar para a frente", a marcar o golo da esperança. Parecia vir tarde, mas ao menos seria um golo de revolta de toda uma segunda parte nem sempre bem conseguida em que apenas nos minutos finais e (finalmente) com muitos jogadores de qualidade em campo, o sufoco viria a dar os seus frutos.
Desta vez foi Josué a fazer de "Kelvin 92"...

Que nos servia de exemplo para o resto da época.

Paulo, não te esqueças: foi com Josué, Quaresma, Carlos Eduardo, Quintero, Varela, Jackson e Ghilas em campo. Lembra-te sempre bem disto.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Os penalties do calimero Bruninho

Falta de Igor Rossi sobre Ghilas, FC Porto x Marítimo (foto: TVI)

"Continuamos a fingir que não se vê nada. Quando o Sporting acaba o jogo é apurado e vê-se eliminado com um penálti que só é visto através de um 'intensómetro' que aqueles senhores inventaram"
Bruno Carvalho, 25-01-2014, em conferência de imprensa


De que penalty estará o calimero Bruninho a falar?
É que houve dois lances para penalty no FC Porto x Marítimo e apenas um foi assinalado pelo árbitro.

Será que o líder dos calimeros estará a referir-se ao lance em que Carlos Eduardo é ostensivamente empurrado pelas costas (minuto 56) e que o árbitro Manuel Mota, mais conhecido por lampião de Vila Verde, transformou em bola ao solo?

Ou, por estar verde de raiva, será que o calimero-mor não viu o lance em que Ghilas é agarrado por trás e impedido de rematar (minuto 90+3) e que esteve na origem do único dos dois penalties que foi assinalado?

Alguém lhe diga que isso também é para aplicar no seu mandato

"Quem vier apenas tem que não estragar o que está bem feito." - Pinto da Costa

Paulo Fonseca quer ganhar a Taça da Liga

Olhando para a lista de 18 jogadores convocados por Paulo Fonseca e para os sinais que vêm do Dragão, O JOGO perspectiva que, logo à noite, o FC Porto irá alinhar com o onze titular dos últimos jogos (a única excepção é a habitual troca de guarda-redes em jogos para a Taça da Liga e Taça de Portugal).

Para quê jogar na máxima força?

Os treinadores que antecederam Paulo Fonseca – Jesualdo Ferreira, André Villas-Boas, Vítor Pereira – aproveitavam os jogos da Taça da Liga para darem oportunidades aos jogadores menos utilizados do plantel e, por vezes, até a jogadores da equipa B.

Mas o atual treinador do FC Porto não pensa da mesma maneira.
Aparentemente, para Paulo Fonseca é muito importante ganhar (e por muitos golos) ao Marítimo, para passar às meias-finais e continuar a disputar esta prova. Porquê?

Em termos de gestão do grupo e perspectivando a 2ª metade da época (podem acontecer lesões, castigos, abaixamentos de forma), não seria mais importante aproveitar o jogo de hoje para dar uma oportunidade a sério a alguns elementos do plantel, que também têm legitimas expectativas de jogar?

Por exemplo, porque não jogar Diego Reyes em vez de Maicon ou Mangala, Herrera em vez de Fernando e Ghilas em vez de Jackson?

A equipa não ficava descaracterizada (seria apenas uma alteração por sector), três dos jogadores mais utilizados seriam poupados e três jogadores que têm andado pela equipa B, ou pelo banco de suplentes, seriam titulares da equipa principal.

Não me parece que a aposta sempre nos mesmos, incluindo nos “jogos importantíssimos” da Taça da Liga, seja boa para a gestão do grupo.


P.S. Do lado do Marítimo, parece que há vários dos habituais titulares (José Sá, Gegé, Danilo Pereira, Derley e Heldon) que nem viajam para o Porto.
«Pedro Martins vai dar oportunidade a alguns jogadores menos utilizados e tudo indica que mexe em meia equipa no Dragão. Do último onze que perdeu com o Benfica, na Luz, apenas devem repetir a titularidade João Diogo, Igor Rossi, Marakis, Nuno Rocha e Danilo Dias.», in record.pt

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Impotência!


A equipa B do FCP demonstrou, mais uma vez, a incapacidade de ultrapassar equipas que jogam fechadas e que põem músculo na disputa de cada lance. Com adversários que jogam no erro, na espera, com o tempo, sem a obrigatoriedade de ganhar e com a mira apontada ao contragolpe, pouco mais fazemos que circular a bola para os lados e para atrás, sem velocidade e rapidez na execução, longe da baliza, sem poder de fogo e imaginação. O golo é um acidente, quase sempre, nestes tipo de confrontos.
Ainda não percebi se o mal é do modelo ou dos intérpretes, provavelmente das duas coisas, o que é uma pena. Este tipo de jogos até pode ter alguma utilidade no processo de formação dos mais jovens, mas é doloroso para todos, especialmente para os espectadores. Como é possível que jogos como o FCP – Desportivo das Aves possam atrair o público? Pagar e suportar a incomodidade das intempéries, a troco de quê? Se vi na TV e fiquei enfastiado, a única mensagem a tirar, mesmo de alguém que gosta de ver o futebol ao vivo, é que este tipo de espectáculos é um bocejo que incomoda.

O jogo de hoje, seguiu o guião. O comentador reclamava por criatividade e rapidez, o que tem repetido em quase todos os jogos que tive a oportunidade de seguir. O treinador no fim, comentou o jogo e apresentou um conjunto de considerações que não explicam coisa nenhuma. Neste entrelaçado de linhas em que a equipa fica aprisionada, falta intensidade, velocidade, saber e tornamo-nos uma presa fácil de domar. E essa impotência deixa-me insatisfeito, por não vencemos e porque saímos derrotados pelo não futebol, ainda que executado por empenhados trabalhadores.

O nosso Porto, desde a formação, segue um modelo que privilegia a posse e o controlo da bola. Hoje tivemos 68% de posse de bola. E quantas oportunidades? Pouco mais que zero e não mais que uma. Ao adversário bastou juntar as linhas e num charuto chegar ao golo. Se o adversário esteve sempre confortado na gestão do jogo, com a vantagem, foi só descer um pouco mais e desistir do contra ataque. Ainda assim, foi quando apostámos tudo atrás do prejuízo que houve alguma emoção, pelo fervor que pusemos na luta. Muita vontade, pouca qualidade, mas ainda assim, só nestes momentos se mostrou ganas de ganhar e empenho para lá chegar. Antes, foram só cócegas.

Com dois reforços da equipa "A" no sector defensivo, não houve nenhum jogador que estivesse em bom plano; Fabiano foi surpreendido pelo forte e colocado  remate do meio da rua: estava demasiado subido na baliza. Foi assim que aconteceu. O crime, no futebol, compensa demasiadas vezes, mas tivemos alguma culpa no cartório.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Contas consolidadas... à moda do Porto

Já tinha falado neste assunto - contas consolidadas (incluindo o clube) - em Outubro passado.

O assunto hoje voltou à baila, através de um comunicado pertinente - Contas à moda do Porto -, publicado no site oficial do FC Porto.

Quanto ao desafio público (amplamente divulgado) para que Benfica e Sporting cumpram a lei (esta foi boa...) e apresentem as contas consolidadas dos respectivos universos empresariais, é melhor esperar sentado.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Boa vitória, goleada desperdiçada

FC Porto x Vitória Setúbal (foto: REUTERS)

Um bom Porto, um mau Vitória, uma boa vitória e uma goleada desperdiçada.

1-0 aos 10 minutos.
2-0 aos 35 minutos.
Com o golo da tranquilidade (e que golo!) alcançado, por Silvestre Varela, a cerca de uma hora do final do jogo; com um trio de ataque azul-e-branco inspirado e uma defesa cor de laranja atarantada (ficou ainda pior depois da lesão de Javier Cohene), pensei que o resultado só ia parar nos cinco ou seis a zero.

Assim não aconteceu, essencialmente porque os jogadores do FC Porto não quiseram. Abrandaram, reduziram a intensidade, diminuíram o número de metros percorridos (nenhum jogador do FC Porto atingiu os 9 quilómetros percorridos) e passaram a "gerir" tranquilamente o jogo.

Após a entrada de Josué, para substituir um Lucho que me pareceu cansado, a equipa portista, que estava meio adormecida, ganhou uma injecção de ânimo, voltou a criar oportunidades e chegou naturalmente ao terceiro golo (mais um golaço de Carlos Eduardo).

Para além dos golos de Varela e de Carlos Eduardo, que deverão entrar para o top 10 do campeonato e que, por si só, valeram o preço do bilhete, este jogo confirmou que o trio de ataque para a 2ª volta do campeonato está encontrado.
Jackson marcou o seu 13º golo no campeonato e o 19º em jogos oficiais esta época; Varela (um habitual patinho feio) está ao seu melhor nível; falta Quaresma atingir uma boa forma física e começar a entender-se melhor com Danilo e... Jackson.

Com Maicon de novo titular (ainda não percebi por que razão Paulo Fonseca preferiu Otamendi no jogo da Luz), deste jogo sobra a dúvida do meio-campo.
Lucho vai continuar a ser titular indiscutível?
Herrera, Defour, Josué e Quintero, não serão médios a mais no plantel para, em condições normais, jogarem um total de 20-25 minutos por jogo?

As mensagens de Pinto da Costa


O FC Porto foi eliminado da Liga dos Campeões. No campeonato, no final da 1ª volta, a equipa está no 3º lugar. Num cenário destes, qual o objetivo de uma entrevista de Pinto da Costa ao Porto Canal, imediatamente após uma derrota em casa do principal rival?

Se Pinto da Costa, um reconhecido expert em futebol, fosse um mero comentador, ou adepto portista (ele teve o cuidado de distinguir adeptos de sócios), talvez fosse de esperar uma análise fria, rigorosa e coerente ao momento atual da equipa portista, quiçá com a identificação de alguns erros cometidos. Mas Pinto da Costa é o máximo responsável do clube e da SAD e, por isso, optou por jogar ao ataque e usar o tempo de antena que teve à sua disposição para disparar em várias direções.

O que eu interpretei de algumas das mensagens que Pinto da Costa quis transmitir:

Paulo Fonseca – 100% de apoio ao treinador atual. Sinceramente, alguém esperava que, a meio do campeonato, Pinto da Costa dissesse outra coisa?

Nomeações / Rui Silva (árbitro do Estoril x FC Porto) – “fez lembrar os tempos do Inocêncio Calabote...”. Seria uma surpresa se, esta época, o árbitro de Vila Real voltasse a ser nomeado para jogos do FC Porto.

Nomeações / Artur Soares Dias (árbitro do slb x FC Porto) – Para além das fortes críticas, que deverão garantir um período de nojo na nomeação deste árbitro internacional para jogos do FC Porto, pareceu-me relevante Pinto da Costa dizer que a arbitragem do jogo da Luz foi para agradar a quem o pode projetar para a elite da arbitragem internacional (“pode ser por ter ficado deslumbrado com promessas da FIFA...”). Seria interessante que a comunicação social explorasse esta deixa.

Arbitragem em geral – Pela primeira vez, ouvi Pinto da Costa dizer que defende um lote de árbitros profissionais, mas a nível europeu e arbitrando em diferentes países, para não serem sujeitos a pressões. Desse lote de árbitros de elite (Pinto da Costa falou em cerca de 50 árbitros), sairiam os árbitros nomeados para diferentes campeonatos de países geograficamente perto (por exemplo, Portugal, Espanha, França, Itália, …).

Liga – A Liga de Clubes perdeu poder, perdeu credibilidade, perdeu patrocinadores e deixou de ter os clubes na Direção (“no executivo da associação que os clubes criaram não há presidentes de futebol, só há advogados…”). A Liga, com sede no Porto e “motor” do futebol português, morreu. Ou seja, o poder do futebol português regressou a Lisboa e está novamente centralizado na FPF. Outra deixa interessante para a comunicação social explorar.

Fernando Gomes – Tem muito boa imprensa, mas não é alguém que esteja na FPF com o apoio de Pinto da Costa (isso já sabíamos), bem pelo contrário. Fernando Gomes tem uma estratégia pessoal de poder e, para alcançar os seus objetivos, faz as alianças que forem necessárias (incluindo com Luís Filipe Vieira e Bruno Carvalho). Ex-atleta, ex-vice-presidente do clube e ex-administrador da SAD, cortou o cordão umbilical e não terá o apoio de Pinto da Costa para a sua sucessão.

António Oliveira – O maior acionista individual da FC Porto SAD, ex-jogador e ex-treinador do FC Porto, não está nas boas graças de Pinto da Costa. E, em termos de sucessão na presidência do clube, se António Oliveira avançar, Pinto da Costa deverá fazer-lhe o mesmo que Rui Rio fez a Luís Filipe Menezes, isto é, lançar e apoiar (implicitamente) outro candidato (tudo indica que será Antero) e dar as entrevistas necessárias, para que os sócios do FC Porto fiquem convencidos que o irmão de Joaquim Oliveira não serve para ocupar a cadeira do poder.

P.S. Claro que não é só por causa das arbitragens que o FC Porto passou de uma vantagem de 5 pontos para uma desvantagem de três. Contudo, quer no Estoril x FC Porto, quer no slb x FC Porto, as arbitragens prejudicaram objectivamente o FC Porto e Pinto da Costa teve razão nos cinco lances/erros desses jogos que referiu.

sábado, 18 de janeiro de 2014

E porque não?

Isto é um descaramento. Um treinador que faz isto e depois perde 7 pontos em 3 jogos, o senhor Paulo Fonseca não tem condições para treinar. Se é honesto, não pode treinar e não tem competência para isso.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

As alas são um problema?

O JOGO, 06-01-2014

7 portistas que podem jogar na ala: Quaresma, Varela, Licá, Kelvin, Josué, Ricardo e Quintero.
O JOGO, 06-01-2014

«(…) Varela está em grande. E Kelvin finalmente conta. Licá é o extremo portista que melhor defende (…) Meia época depois, os extremos já não são um problema do FC Porto. (…)
André Morais, O JOGO, 06-01-2014


Para além dos sete jogadores referidos por O JOGO que, esta época, já jogaram nas alas (nos casos de Josué e Quintero, num posicionamento e movimentação parecidos com o de James na época passada), há ainda Ghilas, o qual, conforme se viu no último jogo (FC Porto x Penafiel, para a Taça da Liga), também poderá ser uma alternativa, numa lógica semelhante à de Derlei em 2002/03 ou de Lisandro em 2005/06.

Olhando para estas oito opções, o mais provável é que Paulo Fonseca opte por Varela e Quaresma que, juntamente com Jackson, deverão formar o trio de ataque que irá ser mais utilizado na 2ª volta do campeonato.

A confirmar-se este cenário e atendendo às características deste lote de jogadores, Kelvin poderá ser uma alternativa a Quaresma (o extremo titular mais tecnicista) e Ghilas uma alternativa a Varela (o extremo titular mais possante).

E Licá?
Licá brilhou na época passada ao serviço do Estoril, mas parece-me ser um jogador que muito dificilmente encaixa no 4-3-3 tradicional do FC Porto. Isto porque, não sendo um jogador tecnicista (tem muitas dificuldades nos duelos um-contra-um) e não sendo um jogador possante, Licá é um jogador que necessita de espaço para potenciar o seu futebol.
Ora, não havendo espaço no relvado para as “cavalgadas” de Licá, penso que o ex-estorilista também irá perder espaço nas convocatórias de Paulo Fonseca.

Quanto às restantes duas opções – Josué e Quintero – o seu lugar natural é no meio e não nas alas, possivelmente como alternativas ao Carlos Eduardo (ou vice-versa).

Seja como for, não me parece que as alas sejam um problema.

Precisamos, isso sim, que Paulo Fonseca estabilize um onze com todos os jogadores nas suas posições naturais e que saibam interpretar o modelo de jogo idealizado pelo treinador. Matéria-prima não falta.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Quaresma e a dupla Jackson-Ghilas


«Vitória diluviana, quatro golos e duas notícias para o FC Porto. Uma má, outra boa. A primeira esclarece que Ricardo Quaresma, apesar do excelente golo marcado, está ainda a meio gás; a segunda sugere que o mesmo Quaresma, a meio gás, é já o melhor extremo dos dragões.»
Pedro Jorge da Cunha, in Maisfutebol


Quaresma a caminho da titularidade, provavelmente já no próximo jogo a sério (digo eu).
E, perante as sucessivas lesões de Nani, a lesão (grave) de Bruma e o nível que tem vindo a ser evidenciado pelos restantes extremos portugueses, se Quaresma tiver cabecinha é bem capaz de "obrigar" Paulo Bento a levâ-lo ao Brasil em Junho.

Jackson e Ghilas a jogarem simultaneamente (algo muito raro esta época), num relvado que foi ficando cada vez mais pesado (em algumas zonas quase impraticável), estiveram envolvidos em jogadas interessantes (delicioso o cruzamento de letra de Ghilas para o 1º golo do ponta-de-lança colombiano).
Não seria de explorar mais vezes (e durante mais minutos) a possibilidade dos dois avançados do FC Porto jogarem juntos?

P.S. A jogar nesta competição com tantos craques, o FC Porto arrisca-se a ficar à frente dos calimeros e a ganhar o grupo, o que significa continuar em prova e jogar com o SLB nas meias-finais da Taça da Liga (e ainda não se sabe onde será a final...)

P.S.2 Fiquei surpreendido com a titularidade de Alex Sandro. Então na semana passada não esteve dois dias sem treinar devido a mialgias?

P.S.3 Fiquei surpreendido com a não titularidade de Diego Reyes. Se num jogo para a Taça da Liga, em casa, contra uma equipa de um escalão inferior não joga, quando é que é suposto o defesa-central mexicano jogar?

O slb de JJ contra o FCP

Jorge Jesus (JJ) vai na sua 5ª época como treinador do slb e não se pode dizer que, nas quatro épocas anteriores, se tenha superiorizado nos confrontos directos com o FC Porto, bem pelo contrário.
De facto, entre as épocas 2009/10 a 2012/13, descontando a Taça da Liga (que é, claramente, a competição menos importante do panorama futebolístico português) e também retirando destas contas a derrota dos encarnados na Supertaça e a eliminação nas meias-finais da Taça de Portugal, ambas na época 2010/2011, nos oito jogos para a principal competição nacional - o CAMPEONATO -, Jorge Jesus apenas venceu o FC Porto uma vez.

E, há que o lembrar, essa única vitória, pela margem mínima, foi manchada por episódios tristes.
Dentro do campo, na jogada do único golo do desafio, há um fora-de-jogo "quilométrico" de Urreta (comparado com este, o contestadíssimo fora-de-jogo de Maicon é uma brincadeira), que não foi assinalado.
Após o final do jogo, ocorreram os célebres incidentes envolvendo stewards do slb e jogadores do FC Porto, que motivaram a suspensão de Hulk e Sapunaru durante três meses.

Em resumo, em jogos para o campeonato, o saldo de Jorge Jesus era o seguinte:
- 1 vitória (por 1-0), no seu primeiro clássico contra o FC Porto;
- 2 empates e 5 derrotas, nos sete jogos seguintes.

Jogos para o campeonato entre o slb de JJ e o FC Porto (fonte: zerozero)

Mais. Nestes sete jogos para o campeonato (épocas 2009/10 a 2012/13), contra o slb de JJ, o FC Porto obteve um total de 19 golos e marcou sempre, pelo menos, dois golos por jogo!

No domingo passado, mais de quatro anos após a anterior e única derrota (para o campeonato) contra o slb de JJ, não foi apenas a exibição da equipa azul-e-branca que foi uma nulidade. O marcador, do lado dos andrades (a jogar desta forma nem sombra de dragões), também voltou a ficar a zero.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A homenagem perfeita


Depois de uma semana a ouvirmos na comunicação social as carpideiras benfiquistas ad nauseam, eis que chegava o grande jogo e era preciso ganhar ao FC Porto para dedicar a vitória ao Eusébio. Nada me move contra as homenagens a esse grande símbolo do Benfica mas ironicamente a homenagem deu-se num jogo de sentido único em que SLB e o árbitro Artur Soares Dias (filho de um benfiquista) encostaram às cordas uma equipa do FC Porto sem atitude competitiva.

O critério disciplinar do árbitro foi desigual, favorecendo o SLB, e a generalidade das faltas cometidas pelo FC Porto deveu-se a disputas de bola intensas com mergulhos frequentes dos jogadores do SLB ao primeiro contacto. Isso também os ajudou a controlar o jogo. No critério técnico o árbitro esteve, também, muito mal, beneficiando na maioria das vezes a equipa lisboeta. Contra o FC Porto ficou um penalty por marcar por mão na bola de Mangala e contra o SLB ficaram 2 penalties por marcar, um por derrube pelas costas a Danilo quando este se preparava para rematar, isolado, à baliza de Oblak e outro por falta dentro da área de Garay sobre Quaresma. No derrube a Danilo, o árbitro não só não marcou penalty como ainda “interpretou” a queda do brasileiro como uma simulação, mostrando-lhe o segundo cartão amarelo e o correspondente cartão vermelho. Erro muito grave. Curiosamente, Danilo tinha visto o primeiro amarelo por protestos num lance em que há uma falta à entrada da área benfiquista sobrando a bola para Jackson Martínez que estava em óptima posição para prosseguir o lance rumo à baliza adversária, mas o árbitro resolveu marcar a falta, beneficiando claramente o infractor. Outro erro muito grave.

A partir de metade da segunda parte passou a ser impossível jogar: bola dividida, jogadores disputam a bola, jogador do SLB deixa-se cair ou mergulha intencionalmente e falta contra o FC Porto. Perdi a conta ao número de vezes...


Por ironia do destino, o jogo que teve Eusébio como grande protagonista poderia ter sido transmitido a preto e branco, tantas foram as semelhanças com o tempo do Estado Novo: um estádio empolgado, um árbitro demasiado caseiro e um Portinho frouxo e pouco organizado (a fazer lembrar os Andrades)… E para compor o ramalhete, o treinador Paulo Fonseca, incapaz de se insurgir contra os erros de arbitragem, como se lhe exigia, surge aos microfones com aquela tibieza de discurso que lhe é habitual: péssima atitude. Não será possível manter este treinador na próxima época  não serve para o FC Porto.

Que se enterrem, também, os fantasmas do Regime.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Uma derrota inevitável

O FC Porto foi derrotado no estádio da Luz. Os números não mentem. Desde a polémica dos "túneis", há quatro anos, que a equipa azul-e-branca não caía em Lisboa para o campeonato. Foi uma derrota mais do que merecida. Salvo nos minutos finais da primeira parte jamais a equipa de Paulo Fonseca esteve à altura do jogo. Durante a semana a morte de Eusébio intoxicou a comunicação social. Criou-se a sensação de que o Benfica teria de ganhar este jogo, sim ou sim, como homenagem ao "Pantera Negra". Não foi preciso muito. Quem tem seguido a carreira do FC Porto nesta época sabia que a equipa não estava preparada para um desafio deste nível emocional. Jorge Jesus agradeceu. Pela primeira vez o Dragão chegou à capital do "império" com um treinador pior que ele. Assim, uma derrota é algo inevitável.


Deu pena ver as camisolas azuis-e-brancas em alguns momentos na Luz.
Uma equipa perdida, partida, sem ideias. Sem líderes e sem alma. Isso de "jogar à Porto" é algo que, manifestamente, este staff técnico é incapaz de transmitir. O FC Porto não perdeu apenas com o Benfica. Em alguns momentos do jogo foi verdadeiramente atropelado por uma formação rival que não é, propriamente, uma grande equipa. Nem precisou de o ser. Bastou-lhe ter garra, raça e jogar a explorar as falhas dos rivais. Que foram muitas. A começar pela defesa que entregou de bandeja os dois golos. Podia ter sido pior. Otamendi continua a ser um central ao nível dos distritais, falhando cada bola que toca. Mangala hoje vale metade do que valia há um ano (e estou a ser simpático). E Helton, que renovou há pouco para mais uma época, ficou muito, muito mal na fotografia nos dois golos. O primeiro entrou no seu poste, as mãos muito frouxas para travar o disparo de Rodrigo. No segundo golo, uma saída sem qualquer sentido abriu a baliza ao cabeceamento de Garay. Mangala também não ajudou a deixar-se antecipar. Minutos antes o central francês tinha cometido um penalty claro que ficou por marcar. Soares Dias não apitou A bola foi ao braço de Mangala mas a sua posição era tudo menos natural. Não houve sequer tempo para a polémica, com o golo a surgir no lance seguinte. O desnorte dos jogadores do FC Porto era mais do que evidente. Na segunda parte foi Danilo que sofreu um contacto com Garay que poderia ter perfeitamente sido assinalado. Resultado? Amarelo para o brasileiro e expulsão. Nessa altura já Soares Dias tinha perdido o controlo do jogo e o Benfica o tinha ganho. A Paulo Fonseca de nada tinha valido a tecla de emergência chamada Ricardo Quaresma. O seu primeiro lance? Um amarelo por entrada a Matic. O mundo ao contrário.

O FC Porto repetiu o padrão táctico dos últimos tempos e foi rapidamente engolido por um Benfica que povoou o meio-campo, colocando Perez e Matic perto de Markovic e Gaitan. Os quatro moveram-se rapidamente nas transições, aproveitando que a ausência de Cardozo deixava a defesa do Porto sem um alvo de marcação. Quando tinha a bola nos pés, os dragões não sabiam o que fazer com ela. Linhas muito separadas, falta de um organizador e um oceano de encarnados entre Jackson e os colegas. O colombiano teve a oportunidade de marcar no final da 1º parte. Teria sido o golo do empate. O falhanço foi flagrante. Não voltou a ser visto em campo. O golo do Benfica surgiu de acordo com a corrente do jogo, em mais um aproveitamento dos erros defensivos por parte dos encarnados. Depois da euforia, o FC Porto pegou finalmente com a bola mas apesar de ter empurrado o Benfica para a sua linha defensiva, parecia incapaz de criar perigo. As oportunidades em que Oblak foi posto à prova contam-se pelos dedos de uma mão. A apatia era total. A segunda parte não foi diferente. Saiu Lucho e entrou Josué, houve mais velocidade nas trocas de bola mas a equipa continuou sem verticalidade. Quaresma entrou e causou impacto zero. Era esperado. Os que acreditam em contos de fadas talvez tenham ficado desiludidos. Falta muito para o "mustang" poder voltar a ser decisivo neste tipo de jogos. O 2-0, justo pela forma como o jogo se desenrolou (e com a polémica do penalty fresca) matou o jogo. O Benfica encostou-se comodamente à procura dos espaços e entregou a bola ao Porto. Com Villas-Boas ou Vitor Pereira isso teria sido fatal. Com Paulo Fonseca é uma bênção para qualquer rival. O esférico queimava nos pés dos jogadores os passes falhados foram in crescendo permitindo ao Benfica ir realizando raides à baliza de Hélton. A polémica expulsão de Danilo (o penalty pode ser discutido, o conceito de simulação é ridículo) apenas se limitou a facilitar a noite aos da casa quando já tinham o jogo no bolso.



Sem fio de jogo, com erros arbitrais para ambos os lados e sem conseguir deixar uma boa imagem, o FC Porto que viajou à Luz foi apenas mais um capitulo na desastrosa gestão de Paulo Fonseca. Parece mais do que evidente que o treinador vai aguentar até Maio. Uma decisão que honra quem gere o clube e apostou forte nessa ficha. Que esteja à altura das consequências. O campeonato ainda vai a meio mas o vazio mental do treinador do FC Porto não augura nada de bom. Depois da péssima exibição em Madrid e Alvalade a derrota na Luz é apenas mais uma prova de que já não é apenas uma questão de adaptação (seja lá o que isso seja) ou um problema dos jogadores. Sem ter-se esforçado muito, o Benfica lá conseguiu homenagear Eusébio. Perderá Matic (e essa é uma perda importante) mas parte para a segunda volta líder. Eu, pessoalmente, preferia que alguém no FC Porto fizesse algo para homenagear José Maria Pedroto, apostando para a próxima época num treinador de que não seja de papel. Perder na Luz é algo atipico (três derrotas em onze anos) mas não é um resultado que envergonhe ninguém. Cair como se caiu é um fraco favor à garra, à raça e ao espírito ganhador que faz parte do ADN de todos os Dragões. Em Maio vai ser preciso algo mais que um Kelvin para resolver este problema de identidade digno de uma consulta freudiana. O importante agora é chegar lá como na época passada. A discutir um título que ainda não é de ninguém!

Um plantel fraquinho…

Há um ano atrás, no dia 13-01-2013, disputou-se um outro slb x FC Porto para o campeonato.

Sem poder contar com Maicon (lesionado), James (lesionado), Atsu (na CAN) e Liedson (só viria a ser contratado pela FC Porto SAD 11 dias depois), Vítor Pereira teve de recorrer à equipa B e incluiu no lote dos convocados Tozé e Sebá.

slb x FC Porto, 13-01-2013 (fonte: zerozero)

Um ano depois o cenário é bem diferente.
Para o jogo de hoje, o treinador do FC Porto tem o plantel todo disponível e escolheu os seguintes jogadores:
Guarda-redes: Helton e Fabiano
Defesas: Danilo, Otamendi, Mangala, Alex Sandro e Maicon
Médios: Fernando, Defour, Lucho, Josué e Carlos Eduardo
Avançados: Kelvin, Varela, Licá, Ricardo Quaresma, Ghilas e Jackson

Bem, olhando para os 18 convocados, não faltam soluções para diferentes modelos de jogo, bem como, alternativas de qualidade no banco para o treinador, se necessário, poder mexer no jogo.

E se levarmos em conta, que de fora da lista de convocados ficaram as três principais (mais caras) contratações para esta época – Diego Reyes, Herrera e Quintero – e ainda Ricardo, que foi dos melhores no último jogo disputado (para a Taça de Portugal), eu diria que é capaz de ser um bocadinho exagerado dizer-se (como eu já li várias vezes), que o plantel à disposição de Paulo Fonseca é fraco e um dos piores dos últimos seis ou sete anos.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Homenagear é jogar à Porto

Durante muitos anos, as deslocações do FC Porto ao “inferno da Luz” terminavam, invariavelmente, em derrotas e houve mesmo longos períodos em que a equipa azul e branca não conseguiu vencer os encarnados no seu estádio. Foi o caso de 11 deslocações seguidas à Luz para o campeonato, no período entre 24-11-1963 e 04-11-1973, que se traduziram em 8 derrotas e 3 empates.

Em 1976, dois anos após a revolução de Abril, que mudou o país do ponto de vista político e social, iniciou-se um novo período no futebol português. Primeiro com o regresso de José Maria Pedroto ao comando do futebol portista (1976/77 a 1979/80; 1982/83 a 1983/84) e, principalmente, após a eleição de Pinto da Costa em 1982, assistiu-se à progressiva transformação do FC Porto no melhor clube português, quer a nível nacional, quer internacional.

Assim, se durante a “geração Eusébio” o FC Porto esteve 11 anos sem ganhar no estádio da Luz, nas últimas 11 deslocações ao “ninho da águia” para o campeonato, os dragões regressaram de Lisboa com 5 vitórias, 4 empates e apenas 2 derrotas.

Últimos 11 slb x FC Porto para o campeonato (fonte: zerozero)

Nestes 11 jogos, correspondentes ao período entre 04-03-2003 e 13-01-2013, a equipa do FC Porto deslocou-se à Luz sob o comando técnico de seis treinadores diferentes: José Mourinho (2 vezes), Victor Fernandez, Co Adriaanse, Jesualdo Ferreira (4 vezes), André Villas-Boas e Vítor Pereira (2 vezes).

E se é verdade que Co Adriaanse nunca ganhou na Luz (foi campeão nacional na época 2005/06 perdendo os dois jogos contra o slb!), todos os outros foram felizes no estádio da Luz.

Amanhã é a vez de Paulo Fonseca.

Apesar dos muitos sucessos nos últimos anos, uma deslocação a Lisboa, para um desafio no estádio dos encarnados, nunca é um jogo fácil. E esta deslocação tem a dificuldade adicional dos descarados apelos públicos de "vencer em nome de Eusébio" (espero que não influenciem o árbitro), integrados na campanha nacional de homenagens ao King.

Lá está, Eusébio é uma figura nacional, consensual, que une os portugueses e blá, blá, blá mas, mesmo depois de morto, aproveitam-se dessa figura nacional para apelar à vitória do seu clube de sempre - o SLB - e à consequente derrota do odiado clube do Norte - o FC Porto.

Como portista, portuense e português, espero que sim, que a equipa do FC Porto honre a memória de Eusébio e a melhor forma de o fazer é jogando como o fez nos últimos anos, jogando à Porto.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

SMS do Dia

Uma tal de Sophia de Mello Breyner vai para o Panteão antes do Eusébio - mas afinal em que clube é que ela jogava?

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Liedson e Quaresma: as diferenças

Têm sido referidos alguns paralelismos entre as contratações de Liedson e de Quaresma, o que motiva uma certa desconfiança por parte dos adeptos portistas (segundo o princípio do gato escaldado...).

Mas se há semelhanças, também existem diferenças (umas mais óbvias que outras). Vejamos...

Liedson saiu de Portugal como um ídolo de um clube rival do FC Porto e nunca tinha jogado no FC Porto;
Quaresma saiu de Portugal como um ídolo dos adeptos do FC Porto e os melhores anos da sua carreira foram precisamente no período em que vestiu a camisola azul-e-branca.


Liedson chegou ao Porto quase no final do período de transferências de Janeiro (a contratação foi anunciada em 24-01-2013);
Quaresma chegou ao Porto cerca de três semanas antes da abertura do período de transferências de Janeiro e começou a treinar com o plantel portista no 1º dia do ano.


Liedson, quando iniciou os treinos com o plantel do FC Porto, estava em muito má condição fisica;
Quaresma, duas semanas antes de iniciar os treinos com o plantel do FC Porto, passou a ser acompanhado por um técnico do clube e adoptou um plano de preparação específico para recuperar os índices físicos.


Liedson já sabia que vinha para ser suplente de um jogador que era titular indiscutível (Jackson Martinez).
Quaresma vem com a perspectiva de poder ser titular, porque na primeira metade da época nenhum dos extremos do plantel se afirmou como elemento indiscutível no onze de Paulo Fonseca (embora Silvestre Varela seja uma aposta regular).

Liedson foi contratado com 35 anos (nasceu em 17-12-1977) e, ao vestir a camisola do FC Porto, já não tinha grandes perspectivas de carreira.
Quaresma foi contratado com 30 anos (nasceu em 26-09-1983) e, ao voltar a envergar a camisola do FC Porto, sonha com a possibilidade de integrar o lote dos 23 que serão escolhidos por Paulo Bento para o Mundial de 2014 no Brasil.

Esperemos, então, que todas estas diferenças nos dois casos se traduzam em algo de positivo dentro das quatro linhas e que, neste "regresso a casa", o rendimento desportivo de Ricardo Quaresma se aproxime daquilo que ele mostrou em 2007.

Uma coisa parece-me clara: os timings da contratação e o acompanhamento prévio do Quaresma por elementos do clube, são indícios de que a FC Porto SAD terá apreendido alguma coisa com os erros cometidos no processo de contratação do Liedson.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Da alienação ao Panteão


Eusébio com a camisola do SLB
Eusébio da Silva Ferreira morreu no passado domingo.
Quem o pôde ver jogar ao vivo (ele deixou de jogar há cerca de 40 anos), ou viu vídeos / transmissões televisivas de jogos em que participou, diz que Eusébio era um jogador veloz, ágil, possante e de remate fácil, o que fez dele um goleador temível e o tornou conhecido como o Pantera Negra.

Vindo da filial do Sporting em Lourenço Marques (atual Maputo), Eusébio chegou a Lisboa no dia 15 de dezembro de 1960 para jogar no… SLB, onde esteve até 18 de junho de 1975.
Foi nas 15 épocas ao serviço das águias, que Eusébio atingiu a esmagadora maioria dos êxitos da sua carreira – 11 Campeonatos Nacionais, 5 Taças de Portugal, 1 Taça dos Campeões Europeus (1961/62) e a presença em mais três finais da Taça dos Campeões Europeus (1962/63, 1964/65 e 1967/68). Foi ainda, por três vezes, o melhor marcador da Taça dos Campeões Europeus e sete vezes o melhor marcador do campeonato português, tendo em duas dessas ocasiões (1967/68 e 1972/73) ganho a Bota de Ouro (de melhor marcador dos campeonatos europeus).

Mas, se ao serviço do seu clube de sempre – o SLB – Eusébio conquistou inúmeros títulos e troféus individuais, sendo o maior goleador da história dos encarnados de Lisboa (638 golos em 614 partidas oficiais), o mesmo não pode ser dito da Seleção Nacional.

Eusébio estreou-se na Seleção Portuguesa de Futebol a 8 de outubro de 1961 e fez o seu 64º e último jogo a 19 de outubro de 1973, mas os sucessos alcançados com a camisola das quinas foram escassos e resumem-se ao 3º lugar no Campeonato do Mundo de 1966.

Evidentemente, um jogador sozinho não faz uma equipa, mas se há algo que ninguém pode dizer é que a geração dos anos 60 era fraca e que não havia matéria prima para fazer uma grande Seleção, bem pelo contrário. Aliás, dizê-lo seria um contrassenso, porque na década de 60 o Benfica (que era a base da Seleção) foi a cinco finais da Taça dos Campeões Europeus (ganhou duas) e o Sporting venceu uma Taça das Taças.

Haverá diferentes explicações (dependendo da visão e/ou agenda de cada um) para todos os insucessos da Seleção portuguesa em confronto com outras seleções, mas o que fica para a história é que nos 12 anos em que jogou pela “equipa de todos nós” Eusébio apenas foi a uma fase final de um Mundial, ou seja, falhou os Europeus de 1964, 1968, 1972 e os Mundiais de 1962 e 1970 (por exemplo, e em contraponto, Cristiano Ronaldo nunca falhou a presença numa grande competição internacional e já foi vice-campeão em 2004 e semifinalista em 2006 e 2012).

Independentemente das simpatias clubísticas, toda a gente reconhece que o Eusébio foi um extraordinário avançado e, tendo sido o primeiro grande futebolista africano a atingir o estrelato internacional, é também unanimemente considerado o melhor jogador português da sua geração (já é discutível se será o melhor de sempre).
Mas se Eusébio foi um enorme futebolista, o maior, o King, ou o que a comunicação social lhe quiser chamar, foi-o essencialmente com a camisola do SLB e não com a camisola da Seleção Portuguesa de Futebol. Esta é a realidade dos factos.

Dito isto, acho normais todas as homenagens que jogadores, treinadores, dirigentes e clubes adversários lhe fizeram.
E, por tudo aquilo que o Eusébio deu e ainda hoje representa para o seu clube de sempre, percebo perfeitamente as homenagens que o SLB lhe fez em vida, ou queira fazer agora, desde o anunciado recorde de um ano de luto, decretado por Luís Filipe Vieira, à intenção de transformar a zona da estátua numa espécie de mausoléu (mudar o nome do estádio é que não, porque o Eusébio pode ser um mito, mas Vieira não está disposto a abdicar dos milhões que conta encaixar com os naming rights...).

Contudo, não alinho na onda da histeria coletiva dos media da capital, à moda da Coreia do Norte, no absurdo de quererem fazer de Eusébio uma “referência” ou “herói nacional” e muito menos em descarados aproveitamentos político-desportivos.

Governo, Primeiro-Ministro e Presidente da República na missa de corpo presente

Presidente da República na missa de corpo presente

Eu, pessoalmente, defendo que Eusébio deve ir para o Panteão. Se há algum português que lá deve estar é ele
Teresa Leal Coelho, vice-presidente do PSD, 06-01-2014

[a transladação dos restos mortais de Eusébio para o Panteão Nacional] é uma exigência do povo português e não do Benfica
Luís Filipe Vieira, em entrevista à RTP no dia 06-01-2014

Exigência?! Pode ser uma exigência dos benfiquistas, dos amigos, de admiradores ou de políticos oportunistas, mas certamente que não é uma exigência do povo português.
Para que fique claro, por tudo aquilo que escrevi atrás, sou completamente contra a que sejam depositados no Panteão Nacional os restos mortais de um futebolista, por melhor que ele tenha sido, mas cujos feitos estejam (e no caso do Eusébio estão), no essencial, associados a um clube e não à Seleção Nacional ou ao país como um todo.

Aliás, a associação de Eusébio ao SLB foi sempre clara e inequívoca, mesmo após a sua morte. Por exemplo, não foi certamente por acaso que o corpo de Eusébio esteve em câmara ardente no estádio da Luz e não na sede da FPF.

Urna de Eusébio (foto: PÚBLICO / Nuno Ferreira Santos)

Como também não foi esquecido, pelos responsáveis benfiquistas, o desejo do próprio Eusébio em que a sua urna, coberta com a bandeira do SLB (e não com a bandeira de Portugal), desse uma volta de honra ao relvado do estádio do seu clube de sempre.

E, já agora, a foto seguinte, com um segurança contratado pelo SLB a retirar cachecois de outros clubes da zona da estátua do Eusébio, fala por si, sem precisar de legenda ou de comunicados de última hora com explicações mais ou menos esfarrapadas.


Quanto às comparações com a Amália Rodrigues, cuja transladação para o Panteão Nacional também me pareceu algo forçada, é bom dizer o seguinte: os sucessos da fadista não foram alcançados com a Amália a envergar a camisola de uma empresa, clube ou cidade e muito menos as alegrias que proporcionou implicaram a tristeza de uma parte dos portugueses.


P.S. Para que serve o Panteão Nacional? De acordo com a lei 28/2000, as honras do Panteão destinam-se a “perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.

Atualmente, o Panteão Nacional abriga cenotáfios (memoriais fúnebres) de grandes vultos da História de Portugal, como D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral e Afonso de Albuquerque, bem como, os restos mortais de alguns presidentes da República e escritores. As excepções a este perfil de personalidades são Humberto Delgado e Amália Rodrigues.

O próximo, tudo o indica, será o futebolista Eusébio da Silva Ferreira, porque há “um grande consenso nacional” e os partidos políticos (pelo menos o PS, PSD, CDS e BE) já vieram dizer que são a favor.