O actual FC Porto de Paulo Fonseca é capaz de permitir questionar qualquer cenário. Esse é o grau de incerteza que o treinador e a sua equipa geram. Na teoria, a superioridade de um FC Porto contra o Eintracht Frankfurt é absoluta. Não há grandes probabilidades de que os alemães possam surpreender. O FC Porto tem melhor plantel, melhor individualidades (salvo algumas posições) e um pedigree europeu que o maior clube da capital financeira europeia não possui. Os próprios alemães já o admitiram. A sua luta é outra.
Depois de uma brilhante temporada na Bundesliga do último ano, a realidade voltou a bater à porta. O Frankfurt segue em 12º lugar, a apenas três pontos do último lugar de despromoção (via play-off), ocupado pelo Freiburg. Para o treinador Armin Veh essa é a sua máxima prioridade. Atrás de si seguem equipas com melhores planteis e condições económicas (Hamburg, Stuttgart, Bremen) que em duas ou três jornadas podem, perfeitamente, dar o salto na classificação que os homens de Frankfurt dificilmente conseguirão dar. Dito isso, também é preciso recordar que as duas últimas derrotas na prova ligueira foram contra Dortmund e Bayern, os dois jogos mais difíceis da segunda ronda e que os seus rivais vão ter ainda que disputar.
Também por isso para o Eintracht este jogo é um trâmite. Sabem que não vão longe na competição (a seguir vem, previsivelmente, o Napoli) e que têm a corda ao pescoço no campeonato. Não podia ser um rival mais apetecível nestas circunstâncias. Mas as surpresas desagradáveis que este FC Porto nos tem dado obrigam-nos à cautela. O FC Porto é o claro favorito mas tem de o demonstrar em campo e não é com as exibições recentes que isso se consegue. Num duelo a 180 minutos, é preciso maior disciplina defensiva e contundência no ataque. Precisamente as duas áreas onde o Eintracht tem melhores argumentos individuais
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O guarda-redes da equipa alemã, Kevin Trapp, está entre as maiores promessas europeias debaixo dos postes. Pertence a uma geração espantosa de guardiões alemães e por isso a sua ascensão à Mannschafft poderá ser cortada antes de tempo. Ter Manuel Neuer, ter Stegen ou René Adler à sua frente não ajuda mas Trapp é, inquestionavelmente, um guarda-redes com um futuro brilhante e um presente apaixonante. No ataque, Veh tem à sua disposição o rápido espanhol Joselu, o oportunista checo Vaclav Kadlec e o rápido japonês Inui, o mais criativo futebolista da equipa e uma das grandes revelações da passada temporada. São as individualidades mais destacadas a nível técnico. Ainda assim, apesar do seu valor individual, o clube de Frankfurt tem o pior ataque da prova, apenas 24 golos em 21 jogos. Em comparação, tem uma defesa mais consistente (34 golos sofridos, a 9º melhor da prova).
O melhor jogador do Frankfurt está na medular e não ficará no clube por muito tempo. Internacional sub21, escolhido pessoalmente por Guardiola como eventual sucessor de Schweinsteiger a partir da próxima época, Sebastian Rode é o dínamo do meio-campo da equipa, o médio que está em todo o lado e traz equilíbrio e critério ao jogo colectivo. Anular Rode é, basicamente, retirar qualquer capacidade de reacção do Eintracht.
Os alemães jogarão previsivelmente num 4-2-3-1 com uma linha defensiva avançada, pressionando no meio campo e utilizando as subidas dos laterais Jung (internacional A alemão com 22 anos) e Okzipka para procurar ganhar superioridade. Rode, Inui e o veterano Alexander Maier vão associar-se no triângulo de meio campo procurando dominar o jogo e criando oportunidades para Joselu/Kadlec, Aigner e o veterano suíço Tranquilo Barnetta explorarem. Um esquema que pode encaixar perfeitamente no 4-3-3 do FC Porto, com Herrera/Carlos Eduardo em duelo directo com os dois médios mais recuados e Fernando responsável de coordenar a ocupação de espaços de Inui ou Maier. A qualidade de jogo da temporada passada (e a sua capacidade de pressionar e sair a jogar rapidamente) parece ter desaparecido mas as individualidades estão lá. A esmagadora maioria dos jogadores transita da época passada o que abre a possibilidade de uma noite inesperada trazer à tona o que as "águias" de Frankfurt foram capazes de fazer.
É preciso atenção, boa coordenação ofensiva e eficácia na área para evitar uma surpresa inesperada. Dito isso, salvo mais um desastre fonsequiano, somos favoritos para vencer e seguir em frente com alguma comodidade e marchar rumo a um previsível duelo debaixo da sombra do Vesúvio!
Muito boa a análise ao jogo e ao adversário. Se ao menos Paulo Fonseca analisasse metade destas linhas já era meio caminho andado (passo o exagero). estou com um bom feeling. Na verdade, espero que Fonseca tenha preparado bem o jogo, mas também espero que não haja nenhum Defour ou Herrera a ser expulso em momentos cruciais nem nenhum Helton a "frangar", nem nenhum Danilo a meter auto-golo. às vezes a culpa não é do treinador. Espero que estejam inspirados
ResponderEliminarO treinador teve muito tempo para preparar o jogo (outra coisa é que o tenha feito ou tenha tido cabeça para isso) e este Frankfurt não é diferente daquele pré-paragem no campeonato. Tem as mesmas virtudes e os mesmos defeitos.
EliminarUma coisa tenho clara. O FC Porto é muito superior e ao Frankfurt não lhe interessa demasiado acumular jogos numa competição que sabe que não pode ganhar. O seu nível de motivação não será o maior, não há muito dinheiro em jogo e eles estão com problemas na Bundesliga que podemos aproveitar bem!
excelente análise do adversário, parabéns.
ResponderEliminarObrigado Nuno, espero que a do treinador tenha sido 100 vezes melhor e mais exacta mas em traços gerais é isso!
Eliminar"Águias"? Dissete "Águias"?
ResponderEliminarAcho que não nos precisamos de preocupar com motivação...
Era bom que alguém lembrasse os jogadores disso...por se acaso!
EliminarO adversário, de hoje, tem um perfil muito idêntico ao da equipa austríaca que nos calhou na CL. Espero dificuldades muito semelhantes.
ResponderEliminarVamos continuar a caminhada com sobressaltos – tal qual nas duas épocas anteriores – e não conto com muitos títulos, como não contava nas duas épocas passadas. Caíram dois campeonatos no colo, foi muito bom, mas se calhar criaram ilusões pouco fundamentadas, particularmente, por parte daqueles que consideravam que, depois da saída do mal maior, só podíamos crescer e melhorar. Enganaram-se. Com os jogadores que a equipa dispõe, é indispensável um upgrade ao modelo de posse. Com um meio campo com Fernando, Herrera e Carlos Eduardo ou Josué e com alas tradicionais para jogar pelos corredores, o modelo tem de se acomodar ao perfil dos jogadores e não ao seu contrário. Se PF estiver a fazer isso, é provável que a equipa cresça e ganhe confiança. Mas todas as mudanças contêm riscos.
Caíram? O facto de terem sido ganhos com 1 derrota em 2 anos, é sinal de terem caído? Até parece que foram resultado de sorte e não de mérito...
Eliminar" Caíram dois campeonatos no colo" ?
Eliminar2009/2010
Benfica------24 vitórias, 4 empates, 2 derrotas, 76 pontos
2012/2013
FC Porto----24 vitórias, 6 empates, 0 derrotas, 78 pontos
Benfica------24 vitórias, 5 empates, 1 derrota, 77 pontos
Talvez Mário Faria, perante estes números, me consiga explicar onde está o colo, já que eu não o vislumbro. Vejo, isso sim, um grande campeonato do FCP em 2012/2013...
Olha lá, isso cheira-me a conversa de Lampião...
EliminarO Benfica não venceu o campeonato da época passada porque o FCP teve o grande mérito de alcançar uma elevada pontuação, de levar a que o Benfica se agarrasse à ideia errada de querer chegar ao Dragão com uma vantagem pontual que lhe permitisse perder o encontro, o que provocou um desgaste psicológico nos seus jogadores de tal modo que acabaram por sucumbir em todas as provas. Mas tudo isto devido à superioridade evidenciada pelo FCP nos confrontos directos com o rival, por mérito próprio, jamais por sorte ou por demérito do adversário!
EliminarCom portistas assim quem precisa de encarnados e calimeros?????
ResponderEliminarNinguem comenta a renúncia do Angelino Ferreira? essa notícia preocupa-me muitíssimo...que se terá passado? Espero que não seja nenhum buraco!!!!
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